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Sem glúten e sem lactose

Clotilde Tavares | 5 de abril de 2010

Pois então: uma das aquisições da minha terceira idade foi a descoberta de que não me dou bem com alimentos que contenham glúten. Quero dizer: nunca me dei bem mas só agora, com tempo para prestar atenção em mim mesma, vim me dar conta disso.

O glúten está presente no trigo, na aveia, no centeio e na cevada. E mais em um monte de alimentos que contêm esses cereais, ou que usam a farinha de trigo como espessante. É por isso que a gente encontra glúten em alguns alimentos como requeijão, por exemplo, que teoricamente não deviam conter essa substância.

Existem pessoas que não podem ter o menor contato com o glúten. São portadores da doença celíaca. Não é o meu caso. Eu tenho apenas uma intolerância média à substância e tenho vivido bem melhor depois que a retirei quase que completamente da minha alimentação.

Acabou-se todo o desconforto intestinal que era constante na minha vida e que se traduzia ora por constipação, ora por diarréia, e outros sintomas como distensão abdominal, por exemplo. Tudo me “fazia mal”. Eu, gulosa que sou, sofria. Consultados, os médicos diziam que eu tinha “síndrome do colón irritável”, prescreviam medicamentos sintomáticos, dieta sem tempero, sem cominho (que eu adoro), mas eu não ficava melhor. Então, observando e lendo, eu mesma entendi o que se passava comigo.

Além de não me dar bem com glúten, descobri que não me dou bem com a lactose – que é o açucar do leite, encontrada nesse alimento, nos produtos lácteos e em tudo o que leva leite na sua preparação. Isso também não é coisa nova, pois eu sempre passei mal quando havia excesso de leite e produtos derivados do leite na alimentação.

O complicado dessa situação é que eu fico com dificuldade de encontrar o que comer. Uma pessoa que não pode ingerir glúten nem lactose vai comer o que no café da manhã, que é geralmente à base de pão, biscoitos, queijo, leite? Pois é. Eu comi hoje iogurte com lactobacilos (os lactobacilos digerem parcialmente a lactose, diminuindo seu efeito danoso) com uma colher de sopa de linhaça. Depois, tapioca com manteiga, ovo e café. Estão vendo, como a gente consegue dar um jeito em tudo?

Voltarei outras vezes com esse tema. E veja esse blog que parece ter sido feito de encomenda para mim e que tem sido uma mão-na-roda nesses dias: Sem Glúten e Sem Lactose.

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Comportamento, Qualidade de vida
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doença celíaca, gluten-free, intolerancia à lactose, intolerancia ao glúten, sem glúten, sem lactose
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O bacalhau da Paixão

Clotilde Tavares | 2 de abril de 2010

Essa foto foi colhida no www.rainhasdolar.com, onde tem um monte de receita gostosa!

Hoje fui almoçar o famoso “bacalhau da sexta-feira santa” na casa do casal Paula Pires / Evandro Fernandes, tradição que cumpro sempre que estou em Natal nesta data e que já vem se repetindo há quase uma década.

Evandro é meu ex-marido. Nos separamos em 1985 mas mantemos uma grande amizade, sincera, alegre, e carregada de confiança e respeito. Paula, que está com ele praticamente desde que nos separamos, é professora do Departamento de Letras da UFRN e eu tenho com ela um diálogo rico e interminável sobre livros e idéias. Aliás, quando visito o casal, converso muito mais com ela do que com ele. E nessa conversa vai conversa vem terminamos por estabelecer esse encontro ritual em torno do bacalhau da sexta feira da Paixão, porque Paula também é uma cozinheira de mão cheia e tem prazer em me receber em sua casa.

Enquanto saboreava aquela delícia, que neste ano veio com batatas inglesas pequenas, ovos de codorna, azeitonas roxas e cebolas minúsculas cozidas inteiras, não pude deixar de me lembrar como era o consumo e o uso do bacalhau na minha infância.

Naqueles anos da década de 1950, em Campina Grande, bacalhau era comida de pobre. Era barato, e quando não havia dinheiro para a carne do almoço, Mamãe mandava um de nós à mercearia da esquina para compra “uma quarta” de bacalhau. Um quarta significava 250 gramas e ela recomendava: “Diga a seu Fulano (o bodegueiro) que embrulhe bem embrulhadinho e venha embora logo.” Isso era para que nossa penúria não fosse denunciada à vizinhança pelo cheiro forte do bacalhau emanando do pequeno embrulho.

Chegando em casa, a “quarta” de bacalhau era “escaldada” várias vezes em água fervente para amolecer e tirar o sal; depois o peixe era frito no óleo e cada um ganhava um pedacinho pequeno daquela anti-iguaria salgadíssima, acompanhando o feijão-arroz-farinha desses tempos remediados, num milagre de multiplicação de pães e peixes que Mamãe era mestra em fazer.

Depois com o passar dos anos e a melhoria da nossa situação, o bacalhau passou a ser preparado de outra forma, mais rica e cheia de adereços. Lembro-me da monumental salada de bacalhau com ovo cozido cortado e grandes azeitonas; e do bacalhau com coco que papai gostava e que denunciava suas origens alagoanas.

Tudo isso me vem à mente agora, às cinco e meia da tarde, enquanto escrevo esse post, ainda jiboiando do opíparo almoço que comi na casa de Paula e Evandro.

Não comi chocolate ainda, mas isso é assunto para amanhã ou domingo.

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Comportamento, Memória
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bacalhau, receita de bacalhau, sexta feira da Paixão
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Um desmantelo verde

Clotilde Tavares | 1 de abril de 2010

“Então pintei de azul os meus sapatos / por não poder de azul pintar as ruas…”

Assim Carlos Pena Filho, poeta enorme, enormíssimo, começa seu “Soneto do desmantelo azul” que ouvi tantas vezes recitado pela voz rouca e forte do meu pai. Carlos Pena Filho é um poeta pernambucano, e um dos meus dez poetas maiores, se eu fosse fazer uma lista. Aqui, em outra ocasião, já transcrevi poema dele muito inspirador nessa minha vida que agora se desenrola sob o delicado véu da terceira-idade.

Mas voltemos ao desmantelo azul.

Eu, doida por novidades, fui fazer as unhas terça-feira, antes de ontem. Aí inventei de pintar uma cor absolutamente escandalosa, diferente, que não tivesse nada a ver com aquilo que à primeira vista eu dou a impressão de ser.

E embarquei num desmantelo verde cintilante, pintando as unhas de uma cor tão berrante que ultrapassa qualquer tipo de mau-gosto. Minha filha odiou; mas fez a ressalva de que não gosta desse tipo de cor nem em adolescentes.

Mas eu fiz sucesso. Onde eu chego as pessoas se aproximam para olhar minhas unhas (ah, e também pintei as unhas dos pés). No supermercado ontem foi um auê, com todas as terceira-idades que encontrei dizendo que iam aderir ao verde.

A vida é boa por causa dessas coisas diferentes e malucas que a gente faz. E o melhor de tudo é que, quando finalmente me aborrecer do desmantelo verde, um algodão com acetona resolve o problema de forma rápida, fácil e indolor.

Fique então com o Soneto do Desmantelo Azul, e com a foto do desmantelo verde.

SONETO DO DESMANTELO AZUL, de Carlos Pena Filho

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

Você encontra o soneto aqui.

E agora, o DESMANTELO VERDE…

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Comportamento, Cultura
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Carlos Pena Filho, soneto do desmantelo azul, terceira-idade, unhas cintilantes
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