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Nunca houve uma mulher como Gilda

Clotilde Tavares | 10 de janeiro de 2015

https://www.youtube.com/watch?v=4rWpND28Jos

O mito, a personagem, o ator. James Dean, ou Caleb Trask? Rodolfo Valentino ou o Sheik? Wagner Moura ou o Capitão Nascimento? Marilyn Monroe, ou a loura do apartamento ao lado? Entre todos, aquela que fazia a terra tremer: Gilda. Nunca houve uma mulher como Gilda. Numa época em que era proibido pelos moralistas tirar a roupa nos filmes, Gilda anda pelo palco, meio desajeitada e cria o “bate-cabelo” mais imitado de todos os tempos. Levanta os braços, mostra nuca e axilas, tira lentamente a luva – só uma – e pronto: está nua, no palco e na imaginação da plateia. Gilda, mulher/mito criada há quase setenta anos pelo diretor Charles Vidor e encarnado por Rita Hayworth, ainda alimenta fantasias. Nestes anos em que vemos divas milimetricamente trabalhadas oito horas por dia nos aparelhos das academias e que se exibem em closes uterinos, Gilda flutua em cetim negro, toda nua/vestida e assumindo: “Put the blame on Mame, boy!”

 

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Ator, Capitão Nascimento, charles vidor, cinema, gilda, hollywood, james dean, Marilyn Monroe, personagem, Rita Hayworth, Wagner Moura
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Um tipo de leitura

Clotilde Tavares | 1 de janeiro de 2015

A leitura melhor de todas é aquela que suscita pensamentos. Leio dez livros desses escritores modernos, que estão por aí ganhando prêmio e nada vem à minha cabeça. Mas imagine, por exemplo, o Grande Sertão, de Guimarães Rosa. Nem bem leio uma página que me levanto dali, acesa, inquieta, a cabeça variando de tanto insight que me chega. Aí caminho pela casa, lavo coisas na pia, mudo objetos de lugar, porque o pensamento em mim exige algo para as mãos, uma tarefa mecânica. E penso em todos os livros que quero escrever, e textos, e peças, e memórias, sabendo que não vou poder, que não vou ter tempo, porque para escrever qualquer coisa eu preciso pensar muito, dez, vinte vezes mais. Enquanto a espuma carrega a gordura da louça e depois é carregada pela água, os pensamentos escorrem um atrás do outro e eu preciso de espaço, caminho pelo apartamento, vou à varanda e espalho minha vista sobre a cidade, e parece que ouço tudo que se passa em cada canto dela…

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escrever, escritor, Grande Sertão, Guimarães Rosa, vida de escritor
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O PAVÃO MISTERIOSO: quem é o autor do romance?

Clotilde Tavares | 30 de julho de 2014

Por conta dessa minha paixão pelo folheto de cordel “O Pavão Misterioso”, sempre tem gente me perguntando isso ou aquilo sobre essa obra. E é uma peça literária tão rica e variada que qualquer dia desse reúno tudo que já escrevi ou pensei a respeito do “Pavão…” e escrevo um livro somente sobre ele.

Um dos aspectos sobre o qual mais me perguntam é a questão da autoria. Uns dizem que o autor do folheto é João Melquíades Ferreira, enquanto outros sustentam que a autoria pertence a José Camelo de Melo Rezende.

No excelente livro “Memória das Vozes: cantoria, romanceiro & cordel” (Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 2006), na página 68 e seguintes, Idelette Muzart-Fonseca dos Santos nos conta a história dessa controvérsia.

Ela relata que nos anos 1920, José Camelo era cantador de viola pelo interior da Paraíba mas, não sendo bom improvisador, preferia compor romances em versos e cantá-los. Foi assim que compôs a história do Pavão, que cantava por onde ia, em dupla com seu parceiro Romano Elias. Em 1927 Camelo se envolveu com um crime, e teve que passar um tempo no Rio Grande do Norte. Enquanto ele estava sumido, saiu uma edição do folheto tendo como autor o poeta João Melquíades Ferreira.

Quando José Camelo voltou à Paraíba, publicou o romance por sua conta, incluindo no início uma nota acusatória a João Melquíades que aqui transcrevo.

Quem quiser ficar ciente

da história do pavão

leia agora este romance

com calma e muita atenção

que verá que essa história

é minha e de outro não.

 

Há muitos anos versei

essa história e muitos dias

fiz uso dela sozinho

em diversas cantorias

depois dei a cópia dela

ao cantor Romano Elias.

 

O cantor Romano Elias

mostrou-a a um camarada

– a João Melquíade Ferreira

e este fez-me a cilada

de publicá-la porém

está toda adulterada.

 

E como muitas pessoas

enganadas tem comprado

a diversos vendelhões

o romance plagiado

resolvi leva-lo ao prelo

para causar mais agrado.

 

Portanto eu vou começar

a história verdadeira

na estrofe imediata

e no fim ninguém não queira

dizer que ela é produção

de João Melquíade Ferreira.

E aí José Camelo segue com as estrofes do romance, que tem pouquíssimas diferenças daquelas publicadas por Melquíades. Infelizmente, apesar dos cantadores e poetas da época confirmarem a história de José Camelo, a retificação não surtiu muito efeito e, em várias obras que foram escritas depois sobre a literatura de cordel, o folheto é referido como sendo da autoria ora de Melquíades ora de José Camelo, como na “Antologia da Literatura de Cordel”, de Sebastião Nunes Batista, onde ele credita o folheto a ambos os poetas. Descendentes de Melquíades, com razão, ficam abespinhados quando, em algum artigo ou texto, se atribui a autoria a José Camelo.

Para mim, baseada em tudo que li e ouvi, aceito que “O Pavão Misterioso” é da autoria de José Camelo de Melo Rezende. Estou convencida tendo como base a argumentação de Idelette Muzart, que considero uma pesquisadora séria e competente. Além disso, desde jovem, sempre soube – não me perguntem como – que o Pavão era da autoria de José Camelo, vindo tomar conhecimento da controvérsia Camelo/Melquíades já adulta, quando comecei a ler, estudar e pesquisar o tema.

“O Pavão Misterioso” é uma história de eterno encantamento para os meus ouvidos. A literatura de cordel, apesar de escrita, é feita para ser lida em voz alta, e as estrofes dessa obra imortal continuam ecoando na minha mente, na voz de Mamãe, que lia para a gente ouvir sentada no batente da porta, nas noites da minha infância em Campina Grande.


Achei aqui a imagem que orna este post. Não consegui descobrir quem é o “Ari” da assinatura. Penso que é Arievaldo Viana, mas não tenho certeza. Se alguém souber, quem sabe o próprio “Ari”, é só entrar em contato que dou o crédito. Aliás, achei essa imagem tão bonita que imprimi e colei na capa de um dos meus cadernos. 

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autoria no cordel, cordel, folheto de cordel, José Camelo de Melo Rezende, O Pavão Misterioso, poesia popular, Romance do Pavão Misterioso, romanceiro, romanceiro nordestino
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Dez moedas de ouro

Clotilde Tavares | 28 de julho de 2014

moedas

Essa é uma história acontecida há muito tempo, nas eras medievais. Dizem que um jovem apaixonou-se perdidamente pela bela mulher de um comerciante com o qual ele negociava. A mulher era tão linda que parecia uma santa, e o rapaz ficou encantado com aquele rosto alvo e puro, com aqueles olhos azuis e com a boca delicada, rósea como um botão recém-colhido. O corpo era esguio, flexível e quando ela andava parecia deslizar, flutuando sobre o solo.

Romântico, o jovem compôs logo alguns metros de pura poesia lírica e mandou entregá-las à jovem por um menino de recados, porque acreditava-a virtuosa mas não inacessível, e tinha fé que ela, mesmo casada, se rendesse ao seu amor. Mesmo que houvesse uma certa resistência durante algum tempo, ele confiava na sorte e estava pronto para uma longa e dedicada corte.

Qual não foi sua surpresa quando o menino voltou e lhe avisou que a mulher, assim sem mais nem menos, e sem sequer ler o poema que lhe tinha sido enviado tinha dito que sim, que aceitava, e que se deitaria com ele naquela mesma tarde por dez moedas de ouro!

Vendo o seu ideal cair por terra, e ainda surpreso pelo rumo que as coisas tinham tomado, o rapaz logo se recuperou e começou a pensar em um jeito de castigar a dama pelo caráter interesseiro e mercenário. Pensou, pensou, pensou, e teve uma ideia.

Foi à loja do marido – que era comerciante e conhecido dele, como o meu caro leitor deve estar lembrado – e pediu-lhe dez moedas de ouro emprestadas. De posse do dinheiro, e depois de se certificar que o marido estaria o dia inteiro fora, dirigiu-se até a casa da mulher onde se apresentou, entregou-lhe o dinheiro e observou quando ela guardava as moedas na gaveta de uma mesinha que havia na sala. Em seguida, dedicou-se por toda a tarde às artes amorosas, na cama, no tapete, na varanda, no jardim, e onde mais lhe deu vontade, gozando o ardor da dama, até que se deu por bem pago pelas dez moedas de ouro. Voltou para casa à tardinha, onde banhou-se, jantou e aguardou que a lua se erguesse sobre os telhados da cidade.

Aí, foi novamente à casa da mulher, sendo recebido dessa vez pelo marido, que já havia chegado da loja. Sentou-se, aceitou um copo de vinho e informou ao comerciante que não ia demorar:

– Só passei aqui hoje à noite – disse o jovem – para lhe avisar que não precisei do dinheiro, e como não quis ficar andando por aí com quantia tão elevada, achei melhor passar aqui e deixar com sua esposa. Ela guardou as moedas na gaveta daquela mesinha.

O marido se virou para a esposa que, sem jeito e sem poder negar, mesmo porque o dinheiro ainda estava onde ela havia guardado à tarde, disse-lhe que realmente assim havia sido, e que tinha se esquecido de avisar-lhe.

O moço então se retirou, não sem antes atirar um olhar de desprezo para a mulher gananciosa e baixa que o tinha enganado com sua aparência de santa de altar. Se ela tivesse traído por amor, provavelmente a desculparíamos. Mas como traiu por dinheiro, tanto eu como você, caro leitor, estamos agora mesmo dizendo a mesma palavra: bem feito!

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Cultura, Curiosidades
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ambição, esperteza, fábula, história, traição
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Leio, logo existo.

Clotilde Tavares | 28 de maio de 2014

Passei a tarde de ontem espalhada no sofá, na companhia de “Como e por que ler”, do crítico Harold Bloom.

O bom deste livro, pelo menos para mim, é que ele me remeteu a leituras que nunca mais eu tinha feito, como Jorge Luís Borges. Reli com extremo prazer “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”, recomendado por Bloom, e de quebra li outras coisas das quais gosto muito, como “Funes, o Memorioso” e “Aproximação a Almotásim”. Também dei por falta na estante dos meus exemplares de “O Aleph” e “História Universal da Infâmia”. Emprestados não foram, pois tomo nota de todos. Devem estar perdidos em outras estantes, quem sabe entre os livros de teatro ou de folclore.

Falando sobre o hábito da leitura, Bloom diz que crianças criadas em frente da TV e que passam a adolescência na frente do computador realmente não formam esse hábito, e chegam à Universidade completamente refratárias a esse estranho objeto chamado livro.

Eu que o diga. Quando ensinava na UFRN, todo ano passava pelo mesmo tormento de explicar aos meus alunos que um curso universitário implica em leitura, sim; e que não podemos ler apenas um livro por semestre. Muitos achavam “absurda” a “exigência” que eu fazia para que eles lessem de três a quatro livros sobre os temas estudados.

Quem não tem hábito de ler, não sabe o que está perdendo. A leitura nos livra da solidão, nos faz viajar sem gastar dinheiro e ajuda a gente a se entender melhor, e a compreender os outros.

Numa entrevista de Bloom, lembro que ele dizia que “uma democracia depende de pessoas capazes de pensar por si próprias. E ninguém faz isso sem ler.”

Passo sem computador e sem Internet. Mas sem livros, não me atrevo sequer a pensar.

(A foto é da minha estante.)

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Borges, Como e por que ler, hábito de leitura, Harold Bloom, literatura. Jorge Luís Borges
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Fome

Clotilde Tavares | 27 de maio de 2014

 

Dormia sossegada debaixo de uma pedra. O sol me aquecia e eu estava tão profundamente mergulhada no sono que não percebi quando o escravo se aproximou e jogou sobre mim um cesto, onde fiquei presa. Cobriram-me com um pano e me levaram para longe. Fui ficando irritada, impaciente e com fome. Adormeci outra vez.

Quando acordei estava escuro ao meu redor, e pela trama do tecido que cobria o cesto não passava mais nenhuma luz. Devia ser noite. O cheiro de essências e de perfumes era forte. Pessoas cruzavam o aposento, que era grande, pois eu ouvia o eco de suas vozes nas paredes. Havia agitação e ansiedade no ar. Eu estava morta de fome, e comecei a me agitar, e a silvar. Minha língua estava seca.

De repente, tudo ficou calmo. Alguém pegou o cesto, tirou o pano de cima, e eu vi, pelas frestas da palha, a luz das tochas tremeluzindo nas colunas e iluminando as pinturas das altas paredes. Ah! Como eu gostava do lápis-lazúli, tão diferente do ocre monótono que sempre me cercava.

Uma mão fina de unhas negras e longas penetrou no cesto e me tomou com delicadeza, quase com carinho. A mulher bateu de leve as pestanas e me aninhou entre os seios. Senti o calor, o latejar da artéria e, inebriada com o almíscar daquela pele, cravei ali as presas e misturei minha saliva com o sangue doce da rainha.

 

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ficçãi, fome
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Joaninha

Clotilde Tavares | 23 de maio de 2014

joaninha

Joaninha sofre todo dia com o marido. Baixinho, magrinho, só tem nervo, tendão e osso. Come feito um bicho, doido por carne gorda, mas tanta gordura ninguém sabe o que o corpo faz dela, deve ser para alimentar a ruindade. O dia todo dentro de casa, na cizânia, na intriga, tecendo, reclamando, ciumando, desconfiando, aborrecendo Joaninha, mexendo nas coisas, abrindo as gavetas, destampando as panelas, botando defeito em tudo, uma praga. De noite, na hora da cama, quer sempre, quer toda noite e demora fazendo. Joaninha, nada. Os filhos dizem: “Mãe, ninguém sabe como você aguenta o pai.” E é porque eles nem sabem da cama.

Um dia ele vai dormir e acorda morto. Vem o padre, olha, benze, deve ter sido derrame, está morto mesmo, foi derrame, diz o padre. Naquelas lonjuras, sem médico sem nada, é o padre quem atesta. E fazem o enterro. Aí, Joaninha vive sossegada e feliz. Até casa de novo, com um bem mais novo do que ela – e gordo.

Trinta anos depois, Joaninha morre. Os filhos vão abrir o túmulo para enterrar a mãe e encontram os ossos do pai, já limpinhos.  No crânio sem olhos, há uma saliência no alto da cabeça. O filho mais novo, curioso, passa o dedo, enfia a unha entre aquela coisa e o crânio, e puxa, devagar, o prego caibral de doze centímetros, batido por mão segura e determinada, há 30 anos.

______________

(A imagem que ilustra este texto é um quadro do pintor peruano Albert Lynch (1851–1912).

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A batalha da Cultura

Clotilde Tavares | 16 de setembro de 2013
Solar da Madalena, um pedaço da história de Macaíba.

Solar da Madalena, um pedaço da história de Macaíba.

Na semana passada fui fazer palestra na Academia Macaibense de Letras, sobre um livro do escritor Octacílio Alecrim, o livro “Província Submersa” sobre o qual já falei aqui.

Para quem não conhece, Macaíba é uma cidade bem próxima a Natal, onde a gente chega de carro em trinta minutos. No final do século XIX e início do século XX foi o berço da nobreza açucareira do Rio Grande do Norte, junto com a cidade de Ceará Mirim, ambas no entorno da Capital. Depois, com a mudança do foco da economia, essas cidades perderam a sua hegemonia – sim, porque enquanto a cana-de-açúcar dominava a economia ambas as cidades eram mais importantes do que Natal.

Essa Academia pode a muitos parecer coisa de gente metida a besta. “Onde já se viu? Macaíba com Academia de Letras?”, é a frase que já ouvi algumas vezes. Na verdade, uma instituição como essa  – em qualquer lugar, em qualquer cidade – serve para preservar a memória, reunir gente interessada em letras e história, elevar a auto-estima da cidade, estimular os jovens à leitura, e um monte de outras coisas que eu poderia relacionar aqui e que, por extensa que fosse a lista, você provavelmente acrescentaria ainda mais alguns itens.

Então eu louvo essa iniciativa, e louvo mais ainda a paciência e o desprendimento dessas pessoas cujo esforço é pouco ou nada reconhecido.

O pior de tudo é que há instâncias – pessoas e instituições – que, além de não ajudarem, trabalham contra, como se pode ver nos dois exemplos abaixo, que refletem a falência da gestão pública na área da educação e da cultura.

1 – A palestra estava marcada para as 15 horas. Chegamos cerca de 14h15 e encontramos o local – Pax Clube – fechado. Depois de esperarmos em pé, em frente, durante uns vinte minutos, fomos (o presidente da Academia, juiz Cícero Martins de Macedo Filho, o acadêmico e historiador Anderson Tavares de Lyra e esta que vos tecla) à Secretaria Municipal que administra o prédio. Lá nos informaram que “o rapaz” que tinha a chave já tinha ido abrir o local. Voltamos, e nada. O camarada só chegou às 15h15. A essa altura já éramos vinte pessoas mais ou menos esperando de pé, ao ar livre, e escutei depois “o rapaz” dizer a um conhecido que, ao sair para abrir o local havia parado em casa para almoçar e depois havia esquecido!

2 – Uma das professoras presentes à palestra não foi liberada de boa vontade pela diretora da escola para comparecer. Segundo a diretora, somente professores de Português teriam direito a serem liberados para um evento na Academia de Letras, e a professora em questão era de História.

Então minha gente, haja força e energia para lutar a Batalha da Cultura, como dizia o grande Vingt-Un Rosado. Eu formo nessas fileiras, e quem sabe um dia a gente ganha a guerra?

———–

Mais sobre a Academia Macaibense de Letras aqui e aqui.

Blog de Anderson Tavares de Lyra.

Mais sobre essa entidade que atende por nome de “o rapaz”, e que tem como companheiras “a moça” e “o sistema”.

E finalmente, eu estou procurando um jeito de disponibilizar a íntegra da palestra aqui neste post. 

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Comportamento, Cultura, Memória
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Academia de Letras, Academia Macaibense de Letras, Anderson Tavares de Lyra, Literatura, Macaíba, Octacílio Alecrim
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Natal cidade querida

Clotilde Tavares | 7 de junho de 2013

DISCURSO PROFERIDO PELA ESCRITORA CLOTILDE TAVARES NA CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL POR OCASIÃO DO RECEBIMENTO DO TÍTULO DE CIDADÃ NATALENSE, NO DIA 6 DE JUNHO DE 2013.

Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Natal, em nome do qual saúdo as demais autoridades presentes.

Exmo. Sr. Vereador Hugo Manso, autor da proposta que me concede este título, meu querido amigo.

Amigos, companheiros de trabalho, meus professores, meus alunos, artistas, escritores, familiares,

Senhoras, Senhores,

Apesar do ambiente ser formal, eu não quero aqui fazer um discurso formal, um discurso de terno e gravata.

O que quero agora é contar a vocês uma história de amor. A história de um caso de amor que mantenho com esta cidade há mais de quarenta anos.

Tudo começou em 1970 quando aqui cheguei, vinda de Campina Grande, para estudar Medicina. Era o meu primeiro ano longe de casa, morando numa pensão na rua Voluntários da Pátria, ali perto da Santa Cruz da Bica, quase no Baldo. Sem amigos, sem família, logo nos primeiros dias tive que ir ao Hospital das Clínicas tirar um atestado médico e me vi, de repente, suspensa entre o céu e o mar na balaustrada da avenida Getúlio Vargas. Ali, às duas e meia da tarde, envolvida por aquela sinfonia azul que ia do mar de safira ao céu turquesa, naquele instante, capturada pela beleza, me apaixonei por esta terra.

Esses primeiros anos foram tempos heróicos. Muitas vezes simplesmente não havia dinheiro, e como matar a fome que meu corpo jovem e saudável manifestava quando o que eu tinha dava apenas para uma grapete e um pão doce, que deviam me sustentar por vinte e quatro horas? Mas era essa mesma juventude que me fazia ir e voltar a pé todos os dias da pensão, na rua Voluntários da Pátria ao Hospital das Clínicas, e parecia tão perto!

Ao lado das tarefas da faculdade, dos estudos, dos plantões, e aulas práticas, comecei a me ambientar na vida cultural da cidade. Iniciei no teatro em 1971, com o Grupo Alavanca de Teatro, tendo à frente Racine Santos, que ensaiava nos altos do Teatro de Amadores de Natal, na rua Voluntários da Pátria, onde também conheci e convivi com Sandoval Wanderley. Comecei também a estudar música – outro grande sonho -, na Escola de Música do Rio Grande do Norte, onde fui aluna de violoncelo do professor Piero Severi e integrei por um ano o naipe das cordas da Orquestra Sinfônica, sob a regência do maestro Clóvis Pereira. Mas a Faculdade me tomava todo o tempo e o teatro e a música precisaram ser deixados de lado.

Comecei a conhecer as pessoas e a fazer amizades, pessoas de teatro, gente da música, os colegas de faculdade, e os meus mestres na Medicina: Dr. Hiram Diogo Fernandes, Dr. Gilberto Wanderley, Dra. Ivalda Santana, Dr. Celso Matias, Dr. Onofre Junior, Dr. Heriberto Bezerra, Dr. Eudes Moura… Os nomes desses professores vêm à minha mente quando evoco aqueles que contribuíram decisivamente para a minha formação médica e também como ser humano e ressalto ainda, com destaque, o nome do Dr. Lauro Gonçalves Bezerra, que me abriu caminhos e horizontes, com quem trabalhei diariamente por mais de dez anos, na dura lide da saúde pública, num tempo em que não existia SUS nem PSF, subindo e descendo as escorregadias ladeiras da rua do Motor e convivendo com a comunidade de Brasília Teimosa. Quero também prestar minha homenagem de imorredoura saudade à Dra. Giselda Trigueiro, que foi para mim uma inspiração e exemplo a ser imitado como médica e cientista, pelas suas aulas magistrais e conduta humana com o paciente mas também como mulher bonita e elegante, como pessoa à frente do seu tempo, com inteligência superior e humanidade cativante, e que me distinguiu com a sua amizade.

Nos últimos anos de faculdade, já morando em Areia Preta, na rua Pinto Martins, eu me encantava todo dia com a visão mais querida desta cidade: a da balaustrada da Avenida Getulio Vargas, palco do meu primeiro encontro amoroso com Natal. Indo e voltando diariamente para o Hospital das Clínicas, aquele azul me alimentava e me envolvia e a paisagem deslumbrante atuava como um energético, me acalmava, me alimentava, me revigorava, recarregava minhas baterias.

A intenção era me formar em Medicina e voltar para Campina Grande, mas quem disse que eu pude? Em 1975, ao colar grau, Natal já havia me capturado com seu perfume, seu encanto, seu céu de brigadeiro e o carinho dos amigos que aqui eu já tinha.

Quando fui fazer mestrado no Recife, onde fiquei nos anos de 1978 e 1979, passei esses dois anos sem vir a Natal – era grande o medo que tinha de vir passar um final de semana aqui e não conseguir mais voltar para o Recife.

Nesta cidade querida vi correrem os anos mais belos da minha vida. Como professora do antigo Departamento de Saúde Coletiva e Nutrição da UFRN batalhei pela Saúde Pública, especificamente a causa do aleitamento materno e da nutrição infantil por anos, e produzi trabalhos dos quais ainda hoje me orgulho. Foram quase vinte anos de militância ininterrupta nessa área, ao lado do Dr. Lauro Bezerra, pioneiro do ensino da Nutrição no Rio Grande do Norte. E enquanto a vida ia tocando seu curso a música, o teatro, e a literatura continuavam ocupando os interstícios entre os estudos e trabalhos na área da saúde.

Alguém aí da platéia que me conhece há muito tempo – talvez até o vereador que me deu esse título – deve estar querendo me perguntar:

– Mas Clotilde, e a boemia? As noitadas? Vai passar por cima de tudo isso?

Eu respondo:

– Como poderia? Até os quarenta anos de idade fui uma grande boêmia, e aproveitei bastante a vida, minha gente! Conhecia todos os bares e botecos dessa cidade, da Tenda do Cigano ao Café Nice, do Chernobyl ao Tirraguso, do Mintchura ao Teco-Teco, do Equilibrista à Barraca de Santiago. Fui sócia-fundadora da República Independente da Praia dos Artistas; no verão, era habitante do Território Livre da Redinha, e sócia-foliã-honorária da Banda Gália, uma das maiores experiências anarco-lírico-carnavalescas que essa cidade já teve, junto com Olinto Rocha, Carlos Piru, Eugenio Cunha, Márcio Capriglione, Julinho Rezende, Zé Avelino, Sergio Dieb, Diva Cunha… E quando o clarim rompia a primeira nota na noite estrelada de Natal eu já caía dentro, no frevo, usando as fantasias mais loucas que alguém possa imaginar. Ah, e lembro dos meus queridos amigos dessa época, que já se foram, já se encantaram: Chico Miséria, André de Melo Lima, Sergio Dieb, Kiria Eleison, Malu Aguiar, Olinto Rocha. Quanta saudade!

Foram anos muito loucos! Foram anos experimentando o perigo, a alucinação da velocidade, os paraísos artificiais, a embriaguez dos sentidos. Até a última gota, esgotei essa tulipa dourada do Prazer, sorvida sem culpa, sem medo, e sem limite. Esgotadas as taças, aprendi que é preciso experimentar de tudo, mas tudo tem limite. E aos quarenta anos, decretei encerrada minha carreira na boemia.

A vida me pedia uma mudança. A Medicina, agora concentrada na docência e na pesquisa na área de Saúde Pública, preenchia uma parte do meu dia, dos meus interesses, mas eu sentia sempre, vindo do mais fundo das minhas entranhas, o chamado da Arte. E foi assim que o teatro voltou à minha vida em 1990, a partir de um encontro com Marcos Bulhões, hoje doutor em teatro pela USP e professor daquela Universidade. Naquele, tempo, Bulhões era ator da Stabanada Companhia de Teatro e estava selecionando atores para um espetáculo.

Foi o início de uma parceria diária militando na cena teatral da cidade. Fizemos, Bulhões e eu, muitos espetáculos, performances, intervenções cênicas, demos oficinas, cursos, éramos “duas-almas-num-corpo-só”. Como não havia espaço na minha vida para duas coisas tão absorventes, considerei que já havia dedicado mais de vinte anos à Medicina, e que agora era hora de voltar às artes. Eu tinha 42 anos de idade, E não tive medo de mudar. Transferi-me então para o Departamento de Artes da UFRN, onde passei a ensinar Folclore Brasileiro e disciplinas ligadas ao teatro.

Foi nessa época, a partir de 1990, que minha carreira de escritora começou a se encaminhar. Fui colunista semanal por anos do Jornal de Natal, Jornal de Hoje, O Mossoroense, Revista RN-Econômico, Revista da Telepesquisa, e na Tribuna do Norte, onde escrevi por dez anos, todos os domingos.

Os livros começam a aparecer a partir de 1987 e já são tantos! Livros, artigos, peças de teatro, folhetos de cordel… Entre todos eles, o meu livro que mais gosto: “Natal a Noiva do Sol”, adotado nas escolas da cidade, com o título emprestado da obra de Cascudo, quando ele diz as palavras imortais que eu sempre assino embaixo:

“Natal, Noiva do Sol, minha cidade querida, deu-me o que sempre esperei: a tranquilidade do espírito, a paz do coração, o amor pelas coisas humildes do mundo, no meio das quais sempre vivi. (…)”

O que dizer mais, de uma vida tão rica e tão produtiva, construída neste chão natalense, respirando o mesmo ar que Câmara Cascudo respirou, contemplando o mar aberto em navegos que Zila Mamede contemplou, e ouvindo as romanceiras tão caras aos ouvidos do mestre Deífilo Gurgel?

Aqui desfruto de perenes e sólidas amizades, como meus companheiros do Rotary e minha amiga quase-irmã Aldanira Barreto, em nome da qual saúdo o rotarismo natalense.

Os que foram meus alunos e hoje estão ocupando cargos importantes, e quando cruzo com eles em algum evento, blindados e defendidos por uma corte de assessores, se destacam do grupo quando me veem e me cumprimentam com aquele que é o meu maior título:

“ – Professora, que bom ver a Sra!…”

Meus parceiros na batalha da cultura: Henrique Fontes e a Casa da Ribeira, João Marcelino, Marcílio Amorim e o Elenco Mosh, Carlos Fialho e a editora Jovens Escribas. A homenagem a estes grandes amigos que já se foram: Sandoval Wanderley, Chico Vila, Jaime Lúcio, Lenício Queiroga, Fernando Ataíde, Carlos Nereu, todos agora fazendo teatro na Eternidade; e Luís Carlos Guimarães, Bosco Lopes, Black-Out, Celso da Silveira, sentados numa nuvem, fazendo versos…

Amigos? Impossível citar! Um ano não seria suficiente para esgotar a lista das amizades, meu maior patrimônio nesta terra.

Minha família querida:

Meu filho mais velho, Rômulo Tavares, publicitário, músico, compositor, brilhante em tudo o que faz, um homem bom e decente, com raízes plantadas aqui e que me continua através dos meus dois netos: Isabela Albuquerque Tavares, aluna do curso de Direito, e Marcelo Rodrigues Tavares, ainda adolescente. As mães dos meus netos, Viviane Albuquerque, psicóloga, e Telma Rodrigues, professora de teatro.

Minha filha Ana Morena Tavares Ramos, empresária, contrabaixista, cantora, atriz, e tudo o mais que ela quiser ser porque é talentosa e linda, e me enche de orgulho a cada dia pelo que é e pelo que faz. Junto com meu querido genro Anderson Foca ela lidera um dos empreendimentos culturais de maior sucesso nesta terra: o Combo Cultural do Sol, e movimentam a cena da cidade em eventos de porte, dois deles em parceria com a Casa da Ribeira: o Circuito Ribeira e a Virada Natal.

Ligados a mim por laços familiares indiretos, uma vez que são sogros da minha filha, o casal José Freitas/Lucidete, paraenses aqui radicados, também são minha família nesta cidade.

Ao longo dessa fala eu citei muitos nomes. Nos discursos, as pessoas sempre dizem que não vão citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Mas eu não me importo. Eu quero correr esse risco, porque enquanto vou desfiando essas recordações os nomes vêm vindo à minha memória e é impossível deixar de citá-los, mesmo sabendo que não vou poder citá-los todos.

E também há aqueles que fazem parte da minha vida e que eu não sei os nomes, os natalenses anônimos, cidadãos desta cidade, a moça que me atende no caixa da loja, o gari que recolhe o lixo, o carteiro, a telefonista que está do outro lado do fio, o frentista que abastece meu carro, homens e mulheres que fazem parte da minha vida e que agora me recebem como conterrâneos e cabem todos dentro do meu coração.

O escritor Nei Leandro de Castro uma vez escreveu:

“Clotilde Tavares é a fada madrinha e a fada zangada do cotidiano. Ela protege Natal com uma varinha de condão e um porrete feito de madeira que cupim não rói.”

É como fada madrinha que me agora me dirijo, nesta casa que é do povo, aos seus representantes, os nobres vereadores que aqui fazem seu trabalho, principalmente ao vereador Hugo Manso, para agradecer esta homenagem, que para mim é como uma flor rara, que regarei com a minha gratidão, e que agora segue embelezando minha vida.

Mas também é como fada zangada do cotidiano que quero deixar aqui o meu primeiro recado como natalense legítima:

– Senhores vereadores! Tomem conta da minha cidade! Fiscalizem os governantes para ver se eles estão se comportando. Ajudem a melhorar a vida do cidadão propondo na área da saúde, da educação, da segurança, do transporte. E tratem a cultura com o respeito que ela merece, e não como diversão de final de semana. Cuidem da minha cidade! Eu estou de olho em vocês.

Minha gente!

Eu amo Natal!

Amo o deslumbramento de mergulhar nesse azul e nesse ouro que é a atmosfera da cidade. Azul do céu de brigadeiro, ouro do Sol e das acácias que ornamentam as avenidas.

Amo a carícia do vento, e o perfume do mato ali nas dunas da Via Costeira.

Amo o bulício do Alecrim no dia da feira, as agitações noturnas em Ponta Negra, os saraus nas livrarias, as conversas nos corredores dos shoppings, as lentas visitas aos sebos no centro da cidade.

Amo essa magia, esse encantamento que torna esta cidade especial entre todas as cidades do mundo. É alguma coisa imponderável, uma brisa, um sopro angélico, um murmúrio de fadas, uma sensação de dia nascendo a toda hora, quando a gente olha para este céu tão sem nuvens, tão luminoso.

Amo as dunas suaves e recortadas sobre o céu da tarde, quando as contemplo da minha varanda, relembrando a sensual anatomia dos corpos femininos.

Amo o Potengi à tardinha, recebendo o sol poente, vermelho e preguiçoso, que se aninha nos braços verdes e escuros do rio.

Amo o hospitaleiro povo natalense, agora também oficialmente meu povo, recebendo quem vem de fora com a mesa posta e a rede armada, o pirão de peixe quentinho e saboroso, o suco de mangaba, a carne de sol.

Porque em Natal quem mora aqui vive rindo à toa porque sabe que desfruta do privilégio de viver nesta esquina do continente, terra de sol, perfume e alegria.

MUITO OBRIGADA!

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Domingo de Páscoa

Clotilde Tavares | 31 de março de 2013

Neste domingo de Páscoa, tenho recebido muitas mensagens desejando Feliz Páscoa, às quais agradeço de coração. A Páscoa, como todos sabem, é uma das maiores festas da cristandade, onde se comemora a ressurreição de Cristo. Quando eu era menina, essas histórias soavam meio estranhas na minha cabeça pois a contabilidade não batia bem: se Jesus foi crucificado e morreu na sexta-feira, e ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, como é que se comemora a ressurreição no domingo, apenas dois dias depois? Para a minha mente lógica de pequena pentelha de oito anos, algo estaria errado nessa conta, até que aprendi que nesses assuntos de religião a gente não questiona muito não, senão a freira vem e põe você de castigo. Aí, nada de ovos de chocolate.

Pois muito bem: se a festa é para comemorar a ressurreição de Cristo, mesmo considerando dois dias no lugar de três, o que isso tem a ver com ovos e coelhos? Só consegui entender isso depois de adulta, meu caro leitor, e compartilho aqui com você o que andei descobrindo.

É que a Páscoa é uma festa muito mais antiga do que Cristo, muito mais antiga do que a cristandade. Para os povos pagãos, que viveram alguns milhares de anos antes de Cristo, a Páscoa, celebrada no hemisfério norte no equinócio da Primavera – ou nas suas proximidades – celebrava as divindades ligadas à fertilidade do solo. Para estes povos, a fertilidade tinha uma grande importância porque a produção nos campos era a base da vida comunitária, que os permitia enfrentar os dias difíceis e estéreis do Inverno.

Na mitologia céltica e saxônica, por exemplo, celebrava-se nessa época a deusa Eostar, que presidia o nascimento da Primavera e o redespertar da vida na terra. Então ovos eram pintados e enterrados para que fossem encontrados depois pelas crianças, já que o ovo é sinal de uma nova vida que renasce. A lebre, que era o símbolo do renascimento e da ressurreição entre essas culturas, também era o animal sagrado dedicado a Eostar.

Quando a Igreja católica se estabeleceu como instituição, por volta do século III depois de Cristo, as festas pagãs foram cristianizadas, ou seja, sua estrutura e data foram mantidas e deslocou-se a reverência aos deuses pagãos para os fatos da vida de Cristo e dos santos. Isso aconteceu com o Natal, as festas juninas, e tantas outras. O Domingo de Páscoa ainda é determinado pelo calendário lunar, e é o primeiro domingo após a Lua Cheia que coincide ou vem em seguida ao Equinócio da Primavera. Nos países de língua inglesa a palavra Páscoa, em inglês, é Easter, palavra derivada de Eostar.

Então, estão explicados os ovos e os coelhos, e o sentimento de ressurreição, de renovação, que deve passar por todos nós nessa época, independente da religião que professemos. É bom para plantar, para mergulhar as sementes na terra, para visualizar as colheitas futuras que deverão surgir dos grãos plantados hoje.

Abençoada seja esta deusa tão gentil, que recupera do frio solo do Inverno as coloridas flores da Primavera, prometendo os frutos dourados pelo sol do Verão.

——

Eu nunca mais havia escrito nada aqui. Hoje me deu vontade. Quem sabe não me animo e volto a blogar? Pois é.

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