Flores do meu Cariri
Clotilde Tavares | 10 de dezembro de 2009No mês de fevereiro deste ano, Inês Tavares e Cristina Evelise (minha irmã e minha cunhada) fizeram uma viagem ao Cariri paraibano. Ficaram hospedadas numa fazenda, na região de Sumé; mas andaram, viraram, mexeram, fizeram uma ruma de fotos que, quando voltaram, descarregaram no meu computador. São fotos de gente, de natureza, de plantas e de bichos. Fotos que eu não sei, das duas, quem fez, se uma ou a outra.
Portanto, com crédito duplo, eu trouxe para vocês essas flores do meu Cariri, floreszinhas bestas, sem nome, sem a sofisticação ou a majestade das orquídeas ou rosas mas tão caprichosas na minúcia e na beleza que parecem jóias coloridas brotando daquele chão seco e áspero, assim que dá a primeira chuva.










fia da região. Tudo verde, tudo úmido, tudo com aquela impressão de Paraíso Terrestre, de um mundo que parece que foi inventado naquele instante, com milhares de matizes de verde e cheio, lotado de vida, passarinhos, insetos, formigas, abelhas, marimbondos, imbuás e tudo quando é de bichinho miúdo e bonitinho rastejando, voando, zum-zum-zumbindo, cantando, chilreando, borboleteando, no meio das flores de todas-todas-todas-todas as cores. E veja
você, meu caro leitor: eu que sou avessa ao frio e que só gosto de Natureza se ela estiver do outro lado de um vidro blindex, me abestalhei com o cuidado de filigrana de detalhe, de minúcia, que o Universo empregou para criar essa jóia que repousa no centro do escrínio verde do Brejo. Ô Paraíba bonita danada, minha gente! Cheia de tesouros que não conhecemos. A temperatura amena, mesmo neste abril que está ainda calorento em muitos lugares do Nordeste, traz uma noite de sono tranqüilo, “sem rádio e sem notícia das terras civilizadas”, debaixo de um cobertor quentinho.
dos grandes centros. O metro quadrado disparou de preço e não é todo mundo que pode comprar um terreno por lá, como acontecia há alguns anos. A cidade passa por um surto de desenvolvimento, com novas construções se erguendo a cada esquina – algumas, é verdade, subvertendo a arquitetura característica da cidade, o que é uma pena – mas o fato é que os novos empreendimentos geram riqueza para o município, movimentam a economia, introduzem novos hábitos, civilizam os costumes. Mas essa história de progresso tanto tem o lado bom como o lado ruim, porque toda moeda tem duas faces. No pátio da Matriz, na sexta feira da Paixão, eu estava esperando sair a procissão para fotografar. Uma criatura me pediu esmola. Quando eu disse que não tinha, a resposta foi dura e impertinente: “É melhor pedir do que roubar…”























