Leio, logo existo.
Clotilde Tavares | 28 de maio de 2014Passei a tarde de ontem espalhada no sofá, na companhia de “Como e por que ler”, do crítico Harold Bloom.
O bom deste livro, pelo menos para mim, é que ele me remeteu a leituras que nunca mais eu tinha feito, como Jorge Luís Borges. Reli com extremo prazer “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”, recomendado por Bloom, e de quebra li outras coisas das quais gosto muito, como “Funes, o Memorioso” e “Aproximação a Almotásim”. Também dei por falta na estante dos meus exemplares de “O Aleph” e “História Universal da Infâmia”. Emprestados não foram, pois tomo nota de todos. Devem estar perdidos em outras estantes, quem sabe entre os livros de teatro ou de folclore.
Falando sobre o hábito da leitura, Bloom diz que crianças criadas em frente da TV e que passam a adolescência na frente do computador realmente não formam esse hábito, e chegam à Universidade completamente refratárias a esse estranho objeto chamado livro.
Eu que o diga. Quando ensinava na UFRN, todo ano passava pelo mesmo tormento de explicar aos meus alunos que um curso universitário implica em leitura, sim; e que não podemos ler apenas um livro por semestre. Muitos achavam “absurda” a “exigência” que eu fazia para que eles lessem de três a quatro livros sobre os temas estudados.
Quem não tem hábito de ler, não sabe o que está perdendo. A leitura nos livra da solidão, nos faz viajar sem gastar dinheiro e ajuda a gente a se entender melhor, e a compreender os outros.
Numa entrevista de Bloom, lembro que ele dizia que “uma democracia depende de pessoas capazes de pensar por si próprias. E ninguém faz isso sem ler.”
Passo sem computador e sem Internet. Mas sem livros, não me atrevo sequer a pensar.
(A foto é da minha estante.)