Começando pelas coisas primeiras
Clotilde Tavares | 1 de agosto de 2020Sobre o livro Poética, de Aristóteles.
Este é o primeiro parágrafo da Poética.
“Falemos da poesia – dela mesma e das suas espécies, da efetividade de cada uma delas, da composição que se deve dar aos mitos, se quisermos que o poema resulte perfeito, e, ainda, de quantos e quais os elementos de cada espécie e, semelhantemente, de tudo quanto pertence a esta indagação – começando, como é natural, pelas coisas primeiras.”
Vejam a simplicidade: se você eliminar o que tem entre os travessões, o que você vai ter?
“Falemos da poesia começando, como é natural, pelas coisas primeiras.”
Isso é o objetivo do livro, condensado em uma frase simples, com a beleza de “começar pelas coisas primeiras”, que dá todo o sentido à prática da compreensão de qualquer tema.
O que há entre os travessões pode ser enumerado em tópicos, que são os tópicos que ele vai desenvolver no trabalho. Quer ver?
“dela mesma e das suas espécies, da efetividade de cada uma delas, da composição que se deve dar aos mitos, se quisermos que o poema resulte perfeito, e, ainda, de quantos e quais os elementos de cada espécie e, semelhantemente, de tudo quanto pertence a esta indagação”
- dela mesma e
- das suas espécies,
- da efetividade de cada uma delas,
- da composição que se deve dar aos mitos, se quisermos que o poema resulte perfeito, e, ainda,
- de quantos e quais os elementos de cada espécie e, semelhantemente,
- de tudo quanto pertence a esta indagação
Então, a leitura fica fácil quando perdemos o medo de “não entender”. Só aqueles experientes entendem da primeira vez.
Sentiu alguma dificuldade? Leia em voz alta. As palavras adquirem sentido, forma, som e cor. Cuidado com a pontuação: vírgula é uma pausa curta e, depois dela, sempre vem mais alguma coisa. O ponto fecha a ideia.
Este texto se destina às pessoas que estão inscritos no Grupo Teatro Grego.