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Dando corda aos bestas

Clotilde Tavares | 7 de abril de 2009

bestaUm dia desses recebi um e-mail do meu amigo Cassiano Lamartine, também conhecido com “O orquilouco”. Nesse e-mail, a propósito não me lembro mais do quê, ele citava frase lapidar do seu pai, o grande escritor Oswaldo Lamartine: “Nada melhor do que dar ao besta a importância que ele acha que tem”.

O “besta” é o que chamamos aqui no Nordeste o tolo, o fátuo, o que “se acha”. Essa classe de gente encontramos em todo lugar, em toda esquina, em toda festa, em todo acontecimento social. É o cara que leu duas ou três orelhas de livros e se considera crítico literário; acompanhou um programa de TV sobre economia e já começa a ter idéias sobre como você deve investir seu dinheiro; assiste ao “Dr. Phil” e vira um terapeuta, analisando a tudo a todos. Como se isso não bastasse, vangloria-se do que não tem e faz propaganda do que não sabe.

Mamãe dizia: é só dar uma pequena quantidade de corda a um camarada desses, e depois assistir de camarote quando ele se enforca. Dar corda é um excelente estratégia para se livrar desses chatos abomináveis, que surgem no nosso caminho quando menos esperamos. E por falar em corda lembrei-me de um poema de José Laurentino, o grande poeta popular de Puxinanã, que vive em Campina Grande. No seu poema Eu, Nobelina e a cama ele fala de um casamento “que teve com a Nobelina”. Um belo dia, o casal vai a uma festa e ele nota que a esposa está muito atraída por um certo rapaz. Então, sabiamente, comenta:

Eu fiz que não tava vendo

Fui beber no botequim

Dei uma cordinha a ela

Porque mulher é assim

Quanto tá com a corda toda

Mostra se é boa ou ruim.

Boa estatégia, meu caro leitor. Com corda curta, todo mundo se comporta. E o tolo, o besta, com a corda toda, termina se sentindo solto, independente, e cometendo o erro que vai perdê-lo e revelar aos olhos do mundo a nulidade que ele é.

……….

Ladrão de galinha

Uma piada velha, para distrair.

Pegaram o cara em flagrante roubando galinhas de um galinheiro e levaram para a delegacia.
– Que vida mansa, heim, vagabundo? Roubando galinha para ter o que comer sem precisar trabalhar. Vai pra cadeia!
– Não era para mim não. Era para vender.
– Pior. Venda de artigo roubado. Concorrência desleal com o comércio estabelecido. Sem-vergonha!
– Mas eu vendia mais caro.
– Mais caro?
– Espalhei o boato que as galinhas do galinheiro eram bichadas e as minhas não. E que as do galinheiro botavam ovos brancos enquanto as minhas botavam ovos marrons.
– Mas eram as mesmas galinhas, safado.
– Os ovos das minhas eu pintava.
– Que grande pilantra! – comentou o delegado, já com um certo respeito. – Ainda bem que tu vai preso. Se o dono do galinheiro te pega…
– Já me pegou. Fiz um acerto com ele. Comprometi-me a não espalhar mais boato sobre as galinhas dele, e ele se comprometeu a aumentar os preços dos produtos dele, para ficarem iguais aos meus. Convidamos outros donos de galinheiros a entrar no nosso esquema. Formamos um oligopólio. Ou, no caso, um ovigopólio.
– E o que você faz com o lucro do seu negócio?
– Especulo com dólar. Invisto alguma coisa no tráfico de drogas. Comprei alguns deputados. Dois ou três ministros. Consegui exclusividade no suprimento de galinhas e ovos, para programas de alimentação do governo, e superfaturo os preços.
O delegado mandou pedir um cafezinho para o preso e perguntou se a cadeira estava confortável, se ele não queria uma almofada. Depois perguntou:
– Doutor, não me leve a mal, mas com tudo isso, o senhor não está milionário?
– Trilionário. Sem contar o que eu sonego de Imposto de Renda e o que tenho depositado, ilegalmente, no exterior.
– E, com tudo isso, o senhor continua roubando galinhas?
– Às vezes. Sabe como é…
– Não sei não, excelência. Explique-me.
– É que, em todas essas minhas atividades, eu sinto falta de uma coisa. Do risco, entende? Daquela sensação de perigo, de estar fazendo uma coisa proibida, da iminência do castigo. Só roubando galinhas eu me sinto, realmente, um ladrão, e isso é excitante. Como agora. Fui preso, finalmente. Vou para a cadeia. É uma experiência nova.
– O que é isso, excelência? O senhor não vai ser preso não.
– Mas fui pego em flagrante pulando a cerca do galinheiro!
– Sim, mas primário, e com esses antecedentes…

(Isso é aquele tipo de piada que eu acho na Internet, muito mal escrita, cheia de erros de pontuação, sem autoria. Aí eu ajeito, reescrevo. corrijo o diálogo e transcrevo. Se o autor for um vocês, pode reivindicar o crédito.)

°°°°°°°°°°

Natal da minha saudade.

ig-rosario-e-potengi-m

Natal, RN. O rio Potengi e a ponte Newton Navarro, vistos a partir da Igreja do Rosário.

A tela é do artista plástico Flávio Freitas.

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