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As igrejas do interior – IV

Clotilde Tavares | 9 de junho de 2009

Mande para o blog a foto igreja da sua cidade, se for uma cidade pequena, do interior. Mande de preferência uma foto feita por você, ou por alguém conhecido, uma foto que não seja profissional, para evitar problemas com direitos autorais de publicações de fotos, que existem e devem ser respeitados. E segue mais uma edição das nossas igrejas, desta vez a quarta edição publicada aqui no blog. Para ver as outras, clique no link CATEGORIAS, na coluna da direita. O email é contato@clotildetavares.com.br

Alcântara-MA. Foto de Karl Leite.

Alcântara-MA. Foto de Karl Leite.

Santana do Matos-RN. Foto de Alex Gurgel.

Santana do Matos-RN. Foto de Alex Gurgel.

Pombal-PB. Foto de Guy Joseph.

Pombal-PB. Foto de Guy Joseph.

Remigio-PB. Foto de Karl Leite.

Remigio-PB. Foto de Karl Leite.

Rio Tinto-PB. Foto Guy Joseph.

Rio Tinto-PB. Foto Guy Joseph.

Umarizal-RN. Foto de Karl Leite.

Umarizal-RN. Foto de Karl Leite.

Vila Montemor, Rio Tinto-PB. Foto Guy Joseph.

Vila Montemor, Rio Tinto-PB. Foto Guy Joseph.

Florânia-RN. Foto de Alex Gurgel.

Florânia-RN. Foto de Alex Gurgel.

Aquiraz-CE. Foto de Karl Leite.

Aquiraz-CE. Foto de Karl Leite.

Parelhas-RN. Foto de Hugo Macedo.

Parelhas-RN. Foto de Hugo Macedo.

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Doce de pelo

Clotilde Tavares | 8 de junho de 2009

casc100Em um livro de Câmara Cascudo, Viajando o Sertão, ele faz referência a um certo “doce de palmatória” que havia comido em Assu, cidade do Rio Grande do Norte pela qual o grande folclorista passou, na viagem à qual se refere o título do livro, realizada entre 16 e 28 de maio de 1934.

Curiosa que sou, e metida também a aventureira, refiz esse trajeto de Cascudo 65 anos depois de realizado, no ano de 1999, como você pode ver clicando aqui. A viagem foi gloriosa, cheia de experiências, visões, sabores e poesia, e se nunca publiquei esse relato é porque ninguém se interessou por editá-lo e eu não tinha – e nem tenho – dinheiro suficiente para tanto. Dorme sossegado numa das minhas gavetas, na companhia de textos e mais textos que tiveram o destino do ineditismo. Já escrevei esses mesmo parágrafo em outro post deste blog, aqui.

Ao fundo, a Serra Braca. A foto é de Gustavo Moura, que foi comigo em um trecho da viagem.

Ao fundo, a Serra Braca. A foto é de Gustavo Moura, que foi comigo em um trecho da viagem.

Uma das coisas que não consegui fazer na viagem foi conhecer o tal doce, que Cascudo teria degustado em Assu, em jantar oferecido pelo Dr. Ezequiel Fonseca. Gosto de comer coisas esquisitas, de sabores exóticos, e quando me deparei com essa referência, principalmente quando Cascudo diz que o doce era “superior às geléias de morango”, fiquei curiosíssima.

Ao chegar em Assu, fui informada de que o tal doce de palmatória era chamado de “doce de pelo” e que não era típico de Assu, mas de Angicos, cidade próxima. Embora me mimassem com uma sobremesa deliciosa de mel de engenho com farinha de rosca, não foi possível degustar o tal doce de pelo, que eu não conseguia imaginar como seria.

Carmen Vasconcelos

Carmen Vasconcelos

Finalmente, depois de mais de um ano assuntando aqui e ali em busca do tal doce, consegui ter acesso a esse prodígio da culinária angicana pelas mãos da poeta Carmen Vasconcelos, que me trouxe uma porção, preparada pelas mãos de Dona Terezinha, sua mãe, ambas angicanas de quatro costados. Lá se vão dez anos, mas a experiência sensorial e gustativa foi marcante, e para mim parece que foi ontem.

O doce é estranho. Imagine você que com tanta coisa no mundo para transformar em doce, o cristão inventa de tirar a polpa de uma palmatória cheia de pelos (daí o nome “doce de pelo”). A primeira coisa que se faz, depois de colhido o fruto da palmatória, é tirar-lhe os pelos, ou espinhos; a rigor, o doce de pelo não tem pelo. Bem, uma vez eliminado o pelo, retira-se a polpa do fruto, que se parece assim com um algodão acinzentado e um pouco úmido, polpa essa que também pode ser comida tal e qual, acrescentando-se apenas um pouco de açúcar, parecida com a polpa do ingá. Dessa polpa é que se faz o doce.

Glóbulos

Pérolas douradas de sol.

E o sabor? Bem, o sabor logicamente é de doce, mas feche os olhos e imagine-se colocando na boca um glóbulo do tamanho de uma uva grande e sentir esse glóbulo se desmanchar como minúsculas pérolas douradas dentro da sua boca. Sim, porque o gosto desse doce é dourado, cor de ouro.

As pérolas de ouro ficam rolando deliciosamente dentro da sua boca, numa experiência sensorial única, onde o sabor e a textura se misturam com a sensação de cor-de-ouro, do sol escaldante do sertão acumulado e concentrado no fruto áspero da palmatória e revelado pelas mãos sábias das doceiras angicanas.

Existem coisas, caro leitor, que a gente não deve morrer sem fazer. Provar o doce de pelo é uma delas. Iguaria dos deuses, sabor estranho, frutos dourados do sol: tudo isso é o doce de pelo, glória da nossa culinária popular.

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Alguém se lembra?

Clotilde Tavares | 5 de junho de 2009

gillette5 antig_biotonico

antig_calcafarwest antig_liquidif

modess5 antig_ruralwillis

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Ligeirinho

Clotilde Tavares | 4 de junho de 2009

Rapido como quem rouba, este post de hoje é somente para o bloguinho não passar em branco, coisa que atiraria a minha reputação na sarjeta. Prometi que vou postar todo dia, e é isso que farei.

Então, meu pacientíssimo leitor, deleite-se com esses flagrantes poéticos, fotográficos e anedóticos enquanto eu me dedico a uma veia memorialística aberta desde ontem e que está sangrando copiosamente, enquanto eu escrevo a história dos dois anos que passei no internato, para onde fui com apenas oito anos de idade.


O ano é 1956. Eu sou a dentucinha do meio, na segunda fila, interna no Colégo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, agreste de Pernambuco, a 40 km de Garanhuns.

O ano é 1956. Eu sou a dentucinha do meio, na segunda fila, interna no Colégo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, agreste de Pernambuco, a 40 km de Garanhuns.


SEM VERBO

O poeta Dedé Monteiro, de Tabira, recebeu um pedido de ajuda de uma estudante a quem o professor havia dado como tarefa um trabalho de no mínimo dez linhas, tema livre, rimado, e sem nenhum verbo.

O poeta criou “Casa velha”:

Ah, casa velha do cão
A de vovó Januária!
Caverna bicentenária
Sem um sinal de cristão!…
Morcegos sobre o fogão
Nos móveis, somente pó
No muro, uma planta só
No jardim, rato e mosquito
Eis o retrato esquisito
Da casa da minha avó!

Encontrei essa preciosidade no livro do meu companheiro cangaceiro Paulo Medeiros Gastão “Viagem a Triunfo da Baixa Verde”, nº 1151 da Coleção Mossoroense.


Os bodezinhos lá do Cariri, satisfeitinhos com a chuva...

Os bodezinhos lá do Cariri, satisfeitinhos com a chuva...


COMO É QUE É?

O gerente chama o empregado da área de produção, tipo armário quatro portas, com 1,90 de altura, recém-admitido e inicia o diálogo:
– Qual é o seu nome?
– João – responde o grandalhão.
– Olhe – explica o gerente – eu não sei em que espelunca você trabalhou antes, mas aqui nós não chamamos as pessoas pelo seu primeiro nome. É muito familiar e pode levar a perda de autoridade. Eu só chamo meus funcionários pelo sobrenome: Ribeiro, Matos, Souza, etc, entendeu? E quero que o senhor me chame de Sr. Mendonça. Muito bem, agora quero saber: qual é o seu nome completo?
O empregado responde:
– Meu nome é João Paixão.
– Tá certo, João. Pode ir, agora.


Beleza em estado puro. A foto é de Nicholas Greenway.

Beleza em estado puro. A foto é de Nicholas Greenway.

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Abobrinhas

Clotilde Tavares | 3 de junho de 2009

HAGIOLÓGIO

clotildeHoje, 3 de junho, é dia de Santa Clotilde. Bela, virtuosa, cristã, rainha de França, conseguiu converter o rei Clóvis – seu marido – e toda a França ao catolicismo.

Em tudo diferente dela, cheia de defeitos e pecados, nunca consegui converter ninguém a coisa nenhuma.

Nem por isso deixo de me mirar no doce exemplo da compassiva rainha e aspirar à santidade… pelo menos por um breve instante. Depois, retorno à normalidade.

°°°°°°°°°°

Bem melhor da gripe, com a tosse quase amainada, estou bem mais feliz e sossegada. Porque aqui pra nós, essa gripe é uma barra tão pesada que nos últimos dias eu andava assim: comendo sabão em pó pra cuspir espuma nos outros…

°°°°°°°°°°

Estou aflita com a temporada nova de algumas das minhas séries preferidas que começam neste mês de junho. Aflita porque eles mudaram os horários, e seriados importantes estarão coincidindo, como Desperate Housewives com E.R. Para completar o furdunço, os filmes do canal Warner agora vão ser dublados. Eu odeio.

°°°°°°°°°°°

Viajar, viajar...

Viajar, viajar...

E essa chuva, hein? Que não para? E que a cada ano é mais intensa? Só espero que quando o Dilúvio Uiversal Parte II chegar eu não esteja mais neste planeta, porque nunca tive vocação para Arca de Noé.

°°°°°°°°°°

Que coisa terrível esse acidente com o avião da Air France! Por causa disso, dei um basta nos meus planos de viagem. Tou morrendo de medo de subir num avião. Mas sei que isso é por enquanto. Depois a gente esquece e volta a voar outra vez. Life goes on.

Achei aqui.

Achei aqui.

°°°°°°°°°°

Fui criada me comportando bem dentro de casa, porque “costume de casa vai à praça”. Deixando sempre um pouquinho de comida no prato para não parecer esfomeada. Chamando as pessoas de Sr. e Sra. até receber autorização para o Você. Levantando e cedendo lugar aos mais velhos: no ônibus, na sala de espera… (Agora eu sou ” a mais velha”, mas ainda levanto para alguém mais velho do que eu ). Mastigando com a boca fechada. Ficando em silêncio no cinema. Não penteando o cabelo nem colocando baton em público. Esperando a minha vez para falar, sem interromper os outros no meio da frase.

E cada vez mais sem achar canto no mundo de hoje.

°°°°°°°°°°

Nunca mais fui ao cinema. Desde Volverine, que prometi, prometi e não assisti. E depois veio a gripe, com a tosse. Agora quem sabe? A tosse passa e eu volto à sala escura. Estou fazendo duas coleções de filmes ótimas: a coleção da VEJA, semanal, que são 52 filmes; e a da Folha de São Paulo, também semanal, com 20 filmes. As coleções são diferentes umas das outras. Toda noite em sessão privê aqui em casa. Privê porque sou somente eu. Os últimos que vi foram Out of Africa, com Meryl Streep e Grande Hotel, com Greta Garbo.

°°°°°°°°°°

E até amanhã!

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Trabalho em grupo

Clotilde Tavares | 2 de junho de 2009

teachingQuando ingressei na Faculdade, em 1970, fui apresentada a uma das entidades mais importantes da vida universitária: o trabalho em grupo. Os primeiros foram feitos na Disciplina de Fisiologia, no terceiro período do curso, e tínhamos uma equipe muito boa, de amigos, todos mais ou menos do mesmo nível de ineteresse e estudo. Além disso, os trabalhos sempre eram sobre algum procedimento prático que havíamos realizados em laboratório e eram muito, muito bem bolados.

Por exemplo: o grupo recebia um roteiro detalhado para fazer um determinado tipo de intervenção em um animal de laboratório, observando os resultados. Depois, era necessário buscar nos livros as explicações teóricas para os resultados encontrados, e descrever tudo minuciosamente num relatório, assinado pelo grupo, e em cima do qual era feita ainda uma arguição. Nossos professores, chefiados pelo Prof. Celso Matias, esclareciam, orientavam, levavam tudo aquilo muito a sério e era uma beleza o trabalho em grupo. Todos queriam aprender, ninguém se escorava em ninguém e como o grupo era muito homogêneo o aproveitamento era espetacular.

laboratorioDeEnsinoIIA nota cômica era dada por um dos colegas, que chegava para mim – sempre encarregada de uniformizar a redação final – pois bem, ele me passava discretamente uma listinha de palavras que ele achava “bonitas” para que eu as incluísse no texto final. Eram coisas como “destarte”, “concomitantemente” e outras pérolas da retórica.

Os trabalhos em grupo na época em que estudei – 1970 a 1975 – eram muito instigantes e sempre foi legal fazê-los, principalmente nas disciplinas iniciais do curso: Fisiologia, Farmacologia, Bioquímica. Depois, começou a ficar chato. Começou aquela impressão de que os trabalhos eram feitos em grupo apenas porque as turmas eram grandes e não porque o conhecimento precisava ser discutido em grupo. E eu comecei a ficar entediada, sem saco, achando aquilo tudo uma perda de tempo e sempre pensando que meu estudo rendia mais se eu ficasse sozinha com meus liuvros e anotações. Nos últimos anos do curso foi assim.

blog_lolaTodo esse bla-bla-bla foi causado por um post que vi ontem no blog da Lola Aronovich.  Então você agora vai lá e lê o que ela escreveu porque é a perfeita descrição de um trabalho em grupo, a exemplo do que é feito hoje na maioria das universidades que eu conheço. E se você se der ao trabalho de olhar os comentários ao post dela vai ver que as pessoas concordam com isso.

Eu nunca passei trabalho em grupo para os meus alunos, a não ser sobre assunto eminentemente prático como os trabalhos que fiz há mais de 30 anos da disciplina de Fisiologia, sob o comando do Dr. Celso Matias e sua equipe, esse sim, um professor com P maiúsculo. Como docente, nunca tive preguiça de corrigir 80 ou 100 trabalhos por mês. O que se vê hoje é professor com uma turma de 50 alunos, dividindo-a em grupos de 6 ou 7 para facilitar e diminuir o tempo de correção; alunos construindo trabalhos Frankenstein – quem ainda não leu, leia o post da Lola – ou copiando e colando da Internet…  e o ensino cada vez mais descendo para o esgoto.

Felizmente, estou aposentada desde 2002.

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Ora, direis, uma chupeta…

Clotilde Tavares | 1 de junho de 2009

Hoje recupero para você, meu caro leitor, este texto que escrevi há dois anos e que fez muita gente rir. O bebê, que ainda não havia nascido, chama-se hoje Marina, e está com cerca de dois anos.


happydays_nuk1Fui convidada para o chá de bebê de Thaís, a filha da minha amiga Vitória. Havia uma lista para escolher o que cada um iria levar. Aí, como não sou muito versada nessas coisas de criança escolhi as chupetas, porque chupeta eu sei o que é, e sei também que se encontra em qualquer farmácia.

Ledo engano, meus caríssimos leitores. Foi uma das tarefas mais difíceis da minha vida conseguir essa chupeta. “Mas ora, direis! Uma chupeta? Coisa mais simples! Clotilde deve estar, como sempre, fazendo drama”.

orto_kukaAh, meus caros e desavisados amigos! Também eu pensava assim e quando criei meus filhos (Ana, a mais nova, tem 28 anos) uma chupeta era apenas uma chupeta. “Vai ali, menino, na farmácia, e traz uma chupeta para o bebê” – era assim que esse assunto era resolvido.

Lembrei-me também do nascimento de Pedro-Quirino-Meu-Irmão. Mamãe atrapalhou-se nas contas e o menino nasceu antes do tempo. Papai estava desempregado, a gente numa pobreza danada, Mamãe desnutrida, magra de fazer dó. O menino nasceu de madrugada e botou a boca no mundo, a berrar, mas o leite ainda não tinha descido, Mamãe, coitada, aperriada, os peitos vazios. E não tinha chupeta para o recém-nascido. No quarto do meio, eu e Bráulio, meu outro irmão,  estávamos cada um em nossas camas, acordados, porque o movimento era grande e acabara de nascer uma criança no quarto vizinho ao nosso. Eu com seis anos; Bráulio tinha apenas três, e estava mais assustado do que eu com as coisas incompreensíveis que se passavam no aposento ao lado.

f_chupetaNessa hora, Titia Adiza entra no quarto e senta-se na cama de Bráulio; “Meu filho, acaba de nascer seu irmãozinho. Está ouvindo ele chorar? Ele chora assim porque não tem chupeta. Será que você pode emprestar a sua?” E Braulio, mais por surpresa do que por generosidade, entregou a Titia aquela impressionante chupeta, enorme, amarelada, amarrada num cordão, com meses de uso, porque ele não largava dela para nada. O prodigioso objeto logo acalmou o bebê, nós adormecemos e quando acordamos no outro dia o leite já havia descido e Pedro-Quirino-Meu-Irmão, muito vermelho e com o cabelo bem preto, mamava furiosamente.

coloridinhasBem, mas voltando ao presente e ao chá de bebê de Thaís: na semana passada, estando eu no shopping, entrei nas farmácias – são duas, ali – para comprar as tais chupetas. Aí, o que se deu foi um alumbramento, uma epifania, uma iniciação. Nesse dia, fui introduzida no maravilhoso universo chupetal.

Descobri que há muitas marcas de chupeta. Lillo – a que eu procurava – da Mônica, Nuk, Dermiwil, Chicco, MAM, Kitstar, Babycare, Neopan, Fiona… Essas marcas apresentavam linhas diferenciadas como Classic, Citrus, Acqua Fish, borda escura ou clara, Trendline, Happydays, Starlight, Soft, Gota Luminosa, Sleeptime, Disney…

coloridaComeçando a ficar confusa, fui conferir as especificações da lista de Thaís: três chupetas Lillo, ortodôntica, cor-de-rosa, do Snoopy. Legal! Lá estava a chupeta Lillo na prateleira da farmácia. Mas não correspondia ao pedido. Encontrei Lillo Classic, Extra-air, Disney, com Peter-pan, Sininho, Ursinho Pooh, Barney, Mickey, Minnie… Mas nada de Snoppy. Havia um linda, cor-de-rosa, maravilhosa, com um simpático unicórnio estampado, mas… nada de Snoopy.

Comecei então a ver que a tarefa era séria e exigia caráter, tenacidade, determinação. Já meio desesperada, na segunda-feira, sabendo que o chá do bebê seria na sexta, consultei a Internet onde encontrei as chupetas Snoopy mas aí surgiu outra dúvida: comprando pela Internet chegariam a tempo? Provavelmente não, e eu achei melhor não arriscar. Afinal, havia ido apenas a quatro farmácias e às Lojas Americanas. Iria então ampliar minha busca.

nuk2E na quinta-feira, véspera do acontecimento, entreguei-me de corpo e alma à missão, a bordo do meu valoroso Palio-96, pelas avenidas da capital parahybana. Peguei a Epitácio no sentido cidade/praia, desde o início, e vim parando farmácia por farmácia. Na segunda encontrei, mas só tinha para criança de seis meses em diante e eu acrescentei mais um dado ao meu conhecimento sobre as chupetas: é que existem tamanhos para várias idades, me fazendo meditar bastante sobre os danos causados a Pedro-Quirino-Meu Irmão, recém-nascido, tendo que encarar a chupetona do irmão mais velho, já com três anos. Mas fui em frente e consegui encontrar um exemplar da Lilo-ortodôntica-cor-de-rosa-com-Snoopy na farmácia número cinco e mais dois exemplares na farmácia número sete, aquela que fica na esquina da Tito Silva, onde, exausta, mas vitoriosa, encerrei minha busca, depois de onze farmácias, Internet e Lojas Americanas. Isso sem contar o Terceirão, shopping popular no centro da cidade, onde fui em busca de outra coisa mas não deixei de procurar pelas chupetas.

snoopyDe tudo, ficam algumas lições. A primeira e mais importante e óbvia delas é que o mundo está muito, muito mudado, e que eu talvez não soubesse hoje cuidar de uma criança pequena, com tantos requisitos de mercado e de puericultura dita científica a cumprir. Também não se deve decepcionar uma mãe de primeiro filho, que ainda curte e se amarra nesses pequenos detalhes da experiência. Depois do segundo ou terceiro pimpolho, começamos a não prestar mais atenção nesses detalhes; mas para a-mãe-de-primeira-viagem, para sua primeira vez, tudo isso é importante, e nós, mulheres mais velhas, mães, tias e avós, devemos permitir que se alimentem essas ilusões.

A última e mais importante lição que aprendi com esse episódio é nunca se deixar enganar por uma aparente trivialidade: por trás de uma prosaica chupeta pode se esconder toda uma teia complexa de relações sociais e de mercado com as quais eu, na minha vã filosofia, nunca teria tido oportunidade de sonhar.

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