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Um pequeno passo…

Clotilde Tavares | 20 de julho de 2009
Essa era eu, em 1969.

Essa era eu, em 1969.

No dia 20 de julho de 1969 eu estudava para o vestibular de Medicina, para o qual me preparava, pretendendo me inscrever em duas Universidades: a da Paraíba, na capital, e a do Rio Grande do Norte, em Natal.

Espalhava os livros sobre a mesa e enquanto vigiava meu filho Rômulo, que tinha um ano e dois meses, tentava equilibrar reações químicas e dominar o cálculo estequiométrico, estudava as leis de Mendel na Biologia ou me maravilhava com as explicações da Física, matéria que sempre gostei e na qual terminei tirando a maior nota das minhas provas do vestibular, um 8,9.

Eu morava na casa de meus pais, em Campina Grande, e havia terminado um casamento há menos de um ano. Tinha 21 anos e, estudando, procurava retomar a vida e conseguir fazer o curso de Medicina, que na época era meu grande sonho.

Nesta tarde de 20 de julho era domingo, e enquanto eu estudava, meus pais, Titia Adiza e meus irmãos menores viam televisão. A TV nesse tempo era em preto e branco e irradiava uma programação gerada a partir do Recife. Nas tardes de domingo, havia um programa chamado “Dimensão Jovem”, gravado ao vivo, onde se apresentavam cantores, bandas e outros artistas.

pegada_armstrongEra quase final da tarde, e dali a pouco mamãe falou: – Está na hora! E todos fomos para a frente da TV onde ia se apresentar a banda onde o meu irmão Braulio, de 19 anos, tocava. Era uma banda de rock de Campina Grande, os “Sebomatos”, e justamente quando os meninos começaram a tocar e nós vibrávamos, torcíamos, batíamos palmas, o programa foi interrompido. Eram 17 h17 min (hora de Brasília) e a Apolo 11 havia pousado na Lua. Depois os meninos retomaram a música. (Braulio me informa por email que as músicas que tocaram naquele dia no programa foram “Bye Bye Love” (Ray Charles) e “Boys” (Beatles). Acrescenta que o programa era transmitido pela TV Jornal do Commercio e dirigido por Luis Jansen.)

Para nós, a família, era mais importante ver Braulio tocando guitarra do que o homem pousar na Lua, e todos lamentamos a interrupção…

Neil Armstrong só desceu do módulo para pisar na Lua às 23h56min (hora de Brasília), numa transmissão ao vivo para todo o planeta Terra (aliás, uma das primeiras transmissões ao vivo por TV em larga escala) para uma audiência até então recorde. Veja mais aqui.

E você, se tem idade suficiente, o que fazia nesse dia? Quais as suas lembranças?

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Memória
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20 de julho de 1969, Apolo 11, homem na Lua, NASA, Neil Armstrong
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Dez coisas que melhoram a vida

Clotilde Tavares | 18 de julho de 2009

moisesEu estava lendo o Hype Science, que é um site do qual gosto muito, e dei com uma matéria com o título Dez maneiras de mudar sua vida em 59 segundos. Só como título é um achado, porque são DEZ maneiras – quantidade sempre associada a coisas eficazes como os DEZ mandamentos -, contém a palavra mágica “mudar sua vida”, coisa que todo mundo quer porque a maioria das pessoas não está satisfeita com a sua e finaliza com os tais 59 segundos, de maior força semântica do que 1 minuto, por exemplo. Qualquer coisa feita em 59 segundos tem um apelo irresistivel para a maioria preguiçosa – na qual me incluo – que quer resolver seus problemas ou dificuldades no menor espaço de tempo possível. É por isso que as pessoas querem perder os dez quilos que aumentaram em cinco anos em apenas dois meses ou que todo mundo quer ficar rico do dia para a noite e sem trabalhar muito.

Voltando ao artigo, ele trata do livro de Richard Wiseman, psicólogo, “59 seconds. Think a little. Change a lot”, ainda não publicado no Brasil. Com conselhos simples, baseados em fatos comprovados pela ciência, Wiseman propõe um pequeno esforço para uma mudança consistente, incluindo coisas como usar pratos e copos menores para comer menos nas refeições ou contar seus objetivos a amigos e parentes para comprometer-se consigo mesmo a atingi-los. Você pode ler mais sobre o livro no site do HypeScience.

thailand15Eu mesma escrevi um livro assim, chamado “A magia do cotidiano: como melhorar sua qualidade de vida”, (São Paulo, A Girafa Editora, 2005), um livro sobre coisas simples do dia-a-dia que qualquer pessoa pode fazer, coisas que não exigem habilidades especiais e realmente melhoram a vida, e tudo baseado em fatos científicos e na minha experiência como pessoa e profissional de saúde. É um livro que foi escrito há mais de dez anos, que teve a sua primeira edição em 1999 – uma edição artesanal, que eu mesma fiz, e que está esgotada. Este livro ainda me agrada muito e me deixa satisfeita por tê-lo escrito.

Eu não li o livro do psicólogo inglês. Mas vou lhe sugerir aqui dez coisas que só demoram 1 minuto para serem feitas e melhoram muito a sua vida.

1 – Levante AGORA do computador e beba um copo de água. A maioria das pessoas bebe muito pouca água.

2 – Já que está de pé, fique na ponta dos pés e se estique todo, como se quisesse alcançar o teto. Sua coluna agradece.

3 – Abra e feche as mãos com força dez vezes. Previne a tendinite e a L.E.R.

4 – Feche os olhos, faça uma respiração profunda e pense numa coisa boa.

5 – Mude de lugar aquela mesa, ou cadeira, ou armário, com o qual você sempre está trombando e dizendo um palavrão em seguida.

6 – Pegue o telefone AGORA e faça aquele telefonema que você está adiando. É menos de um minuto o tempo gasto para teclar os algarismos.

7 – Reserve um minuto do dia para observar a natureza. Pode ser agora.

8 – Não importa que hora do dia ou da noite seja: decida que você vai fazer de tudo para ser feliz nas próximas 24 horas.

9 – Beije detalhada e carinhosamente alguém que você ama. Somente durante um minuto. Mas planeje antes, para aproveitar bem.

10 – Clique uma vez por dia em https://umaseoutras.com.br

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Comportamento, Qualidade de vida
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59 seconds, auto-ajuda, Magia do Cotidiano, Qualidade de vida, Richard Wiseman
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Igrejas do interior – V

Clotilde Tavares | 18 de julho de 2009

Aqui estão elas de novo: as tradicionais e poéticas igrejas das cidades do interior. Com este post, já são 50 fotos de igrejas publicadas aqui no Umas & Outras, que você pode ver clicando na categoria correspondente na coluna da direita. E mandando para mim uma foto da igreja de sua cidade, de preferência feita por você ou por fotógrafo amador, eu publico.

Caraúbas-PB. Matriz. Foto de Egberto Araújo.

Caraúbas-PB. Matriz. Foto de Egberto Araújo.

Areia-PB. Foto de Karl Leite.

Areia-PB. Foto de Karl Leite.

Boa Vista-PB. Foto de Egberto Araújo.

Boa Vista-PB. Foto de Egberto Araujo.

Caraúbas-PB. Igreja do Rosário. Foto de Egberto Araújo.

Caraúbas-PB. Igreja do Rosário. Foto de Egberto Araújo.

Francisco Dantas-RN. Foto de Karl Leite.

Francisco Dantas-RN. Foto de Karl leite.

Pombal-PB. Foto de Guy Joseph.

Pombal-PB. Foto de Guy Joseph.

Lagoa Nova-RN. Foto de Karl Leite.

Lagoa Nova-RN. Foto de Karl Leite.

Portalegre-RN. Foto de Karl Leite.

Portalegre-RN. Foto de Karl Leite.

Pau dos Ferros-RN. Foto de Karl Leite.

Pau dos Ferros-RN. Foto de Karl Leite.

Remigio-PB. Foto de Karl Leite.

Remigio-PB. Foto de Karl Leite.

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Gripe suína e tosse canina

Clotilde Tavares | 17 de julho de 2009

doentePrimeiro é um gosto estranho na boca, um sabor de maresia, de sargaços, de marés estagnadas. Desagradável como uma premonição, o gosto se instala e a gente começa a ter consciência de que existe algo de anormal entre o nariz e a garganta. Em seguida começa o comichão infernal da faringe irritada, coçando, arranhando, enquanto o nariz passa por algumas – poucas – horas de suave permeabilidade para repentinamente se encher de espirros estrondosos, que vêm sabe-se lá de onde com violência e, antes que rompam costelas e esterno, rebentam em explosão com ruídos que variam de pessoa para pessoa. Uns, como eu, abrem a boca quando espirram, por medo de morder a língua, e se fazem ouvir no prédio inteiro; outros espirram pelo nariz, tentando ser discretos, mas quem pode ser discreto e contido na hora de espirrar? Pois é.

gripe01Aí, a gripe já está instalada. Dor-de-cabeça, corpo mole, uma sensação de que a carne está se despregando dos ossos, olhos intumescidos e vermelhos, o gosto ruim na boca, a febre. Em cada um dos 208 ossos do corpo é como se alguém estivesse enfiando uma agulha finíssima e incandescente. Atrás do esterno, no lugar onde deveria estar o coração, descobrimos que alojou-se um animal traiçoeiro, que respira com pequenos estalidos e com suas garras afiadas parece querer subir pelos nossos brônquios acima, nos fazendo tossir, tossir, tossir, a tosse seca da irritação brônquica, a pior tortura que se pode desejar a um ser humano.

Além disso, nada tem sabor. A macarronada parece batata sem sal, a carne é como se fosse trapo velho e o chocolate – o divino chocolate – parece um pedaço de sabão. Quem mora sozinho, como eu, acaba passando fome, por pura impossibilidade de se levantar e preparar algo para comer; e feliz do freguês que se lembra de tomar água, porque para melhorar da gripe só funcionam três coisas: muito líquido, antitérmico e repouso.

tosse02Depois de uns três ou quatro dias flutuando nesse limbo de sono, prostração, espirros, tosse seca e dor-de-garganta, muito devagar, começamos a achar sabor em um pedacinho de biscoito, sentimos o cheiro do café e já nos arriscamos a uma sopa ou um pratinho de macarrão. Mas nem pensem que passou a pior fase. O animal que morava atrás do esterno, como se tivesse engordado e aumentado de volume, exige mais espaço. A tosse se torna produtiva e escandalosa, impedindo ainda por uma ou duas semanas o convívio social, a frequência a cinema e teatros, e nos deixando sem jeito sempre que tossimos na presença de alguém.

Essa bronquite residual, a famosa “tosse-de-cachorro”, característica da maioria dos episódios de gripe, significa que já estamos curados, que o perigo já passou, e que adquirimos imunidade a mais uma variante desse vírus da influenza, ou gripe, que os cientistas gostam de chamar por letras e números, e que a população adora colocar nomes engraçados, geralmente ligados a acontecimentos da atualidade ou a celebridades da moda.

Não sei o nome dessa que me derrubou, e da qual estou iniciando a fase “início da tosse-de-cachorro”. Talvez tenha sido até a tal “gripe suína”, numa forma atenuada, já que existem casos no estado. Se foi ela, escapei de mais uma, e só me resta comemorar. Mas eu acho que não foi, pois não beijei nenhum porquinho…

origem-da-gripe-suina

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Gerundiando

Clotilde Tavares | 16 de julho de 2009

Estou…

… LENDO Angélica, a Marquesa do Anjos.
… ESCREVENDO minha memórias. Já estou nos meus cinco anos de idade.
… BEBENDO litros de água para “fluidificar as secreções”
… COMENDO Ovomaltine em pó, com colherinha.
… DORMINDO muito, já que disseram que retarda o envelhecimento.
… ACORDANDO pra vencer, como me ensinou a Rainha Denize.
… BEIJANDO ninguém. Estou gripada.
… TOSSINDO pra caramba.
… ACENDENDO velas pra ficar logo boa essa gripe.
… ACREDITANDO que não é a gripe suína, pois não beijei nenhum porquinho.
… ARRUMANDO os “troços” pra me mudar em agosto.
… ESPERANDO ansisoamente a mudança para o apê/estudio que aluguei em Natal.
… BRIGANDO comigo mesma antes de me desfazer de cada coisa que quero jogar fora.
… COMPROVANDO que ter 1.800 livros em um apartamento de 80 m2 é impossível.
… NAMORANDO umas cortinas novas…
… FAZENDO  um esforço inaudito para manter postagens diárias, com a gripe – e a tosse – que me arrasa.
… VIVENDO cada dia um dia.
… NADANDO em felicidade.

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Ainda sem condição

Clotilde Tavares | 15 de julho de 2009

Estou gripada. Isso significa dor no corpo, moleza geral, tosse e absoluta vontade de não fazer nadinha.

Para não dizer que não estou atualizando o blog, seguem alguns estilos de vida, para você clicar nos links e visitar. Sem figura sem nada, que não há coragem suficiente.

Vivendo na parede

http://cakeheadlovesevil.wordpress.com/2009/07/11/living-on-the-edge/

Vivendo em espaço mínimo

http://www.rachaelrayshow.com/show/segments/view/small-space-makeover/

Vivendo na rua

http://www.huffingtonpost.com/2008/09/13/homeless-90210-slummin-ti_n_126235.html

Vivendo numa “caixa de fósforos”

http://madeinjapan.uol.com.br/2005/12/25/vivendo-numa-caixa-de-fosforos/

Vivendo dentro de um carro

http://maragao.com.br/2009/03/oito-anos-vivendo-dentro-do-carro/

Vivendo em um caminhão

http://newserrado.com/2008/01/18/vivendo-em-um-caminho/

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Sem a menor condição

Clotilde Tavares | 14 de julho de 2009

doente2

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Ecos do passado

Clotilde Tavares | 13 de julho de 2009

Ando escrevendo minhas recordações. O principal objetivo disso é me distrair, uma vez que não tenho muita intenção de editar um livro – coisa trabalhosa e cara, que já fiz muitas vezes mas não tenho mais paciência para fazer de novo. A idéia é colocar o conteúdo escrito à disposição na Internet, para quem quiser ler.

Um dia desses andei por aqui publicando um trecho sobre um episódio que me ocorreu na época em que fui interna. Hoje trago ecos de uma passado mais remoto, quando eu era tão pequena que tinha que ficar de joelhos em cima de uma cadeira para acompanhar o que se passava em cima da mesa da cozinha, como verão a seguir.

O período é os anos entre 1950 e 1952, quando morávamos em Campina Grande, na rua Alexandrino Cavalcanti. A família era composta por meus pais, minha tia – um pouco mais velha do que Mamãe – que morava conosco, eu e meu irmão nascido em 1950. Eu devia ter uns quatro anos de idade nessa época, uma vez que nasci em dezembro de 1947.

O curioso é que hoje compramos o frango todo partido e embaladinho, sem sangue nem miúdos, ou já assado no supermercado e sequer imaginamos como era que se matava e tratava de uma galinha há sessenta anos.


(…)

Eu tinha 2 anos.

Eu tinha 2 anos.

Uma coisa de que bem me lembro nesses dias eram as manhãs cheias de sol, que dava na parte de trás da casa. Mamãe com os cabelos soltos nas costas colocando milho para as galinhas e a atenção com que a ave olhava o grão com um olho, depois com o outro e só então bicava certeira o caroço de milho e o engolia. Quando as galinhas engordavam, cabia a Tia matar a galinha, pois Mamãe dizia que não tinha coragem.

O ritual era minucioso e eu o acompanhava de perto. Um caldeirão de água era colocado para ferver e a matança só se iniciava quando a água começava a borbulhar, o que às vezes demorava um pouco, no lento fogão de carvão. A faca maior, a peixeira, era amolada no batente de cimento da cozinha. Iam então ao quintal cercar a galinha ou o frango escolhido, que era deitado no chão e Tia, de cócoras, pisava com um dos pés nas asas do bicho e com o outro pé nos pés do animal. Assim presa, a ave parava de se mexer, de “bater”, e tia arrancava com a mão as peninhas delicadas do pescoço da galinha, expondo a pele, onde passava a faca, interrompendo com a lâmina o jorro da artéria recém-secionada para que não sujasse a cozinha e pingasse somente sobre um prato colocado antes no chão, com um pouco de vinagre e um garfo.

Minha tia Adiza (1916-1990)

Minha tia Adiza (1916-1990)

Quando o sangue parava de jorrar, ela batia o sangue com o garfo, misturando-o ao vinagre para que não coagulasse, e aquela mistura iria servir de base para a cabidela, que era como chamávamos o “molho pardo”. Ela saía então de cima da galinha, colocando discretamente a cabeça do bicho sacrificado debaixo de uma das asas enquanto batia o sangue. A panela de água fervente recebia o corpo da galinha, mergulhado nela pelos pés, e as penas eram assim arrancadas. Essa operação produzia um odor esquisito, de pena queimada e cocô de galinha, que nunca esqueci.

A segunda fase era “tratar” da galinha, ou abri-la. Mamãe colocava uma cadeira encostada à mesa, onde eu ficava de joelhos, prestando atenção a toda a operação, que me deixava fascinada. A galinha era aberta pela frente, pela titela, depois de ter a cabeça e os pés cortados. Os miúdos eram retirados, e eu via os grãos de milho ainda dentro do papo, a moela onde os grãos eram triturados e – como Mamãe explicava – cheia de pedrinhas que a galinha engolia para ajudar no amassamento do milho engolido, o fígado e a “passarinha”, ou baço, o coração com suas artérias, o “bofe”, ou pulmões e as tripas, que eram lavadas, viradas, lavadas de novo e assadas sobre a grelha no fogão.

Meus pais, Nilo e Cleuza, em 1950.

Meus pais, Nilo e Cleuza, em 1950.

Tudo aquilo exercia sobre mim uma grande fascinação. A galinha era partida pelas juntas, ou articulações, mas tudo ia para a panela. Só se colocava no lixo o papo, o bofe e uma parte da cabeça. Cada um tinha seu pedaço preferido e eu me lembro que sempre gostei das asas e da moela e Tia adorava os pés. Mamãe escolhia o sobre-cu, e o pescoço. A papai sempre eram destinadas as coxas e a titela, mas isso era comum naquele tempo: ao chefe da casa, os melhores pedaços de carne sempre eram reservados e embora à noite nós só comêssemos cuscuz com leite e café, para Papai sempre se reservava um pedaço de carne que ele comia com arroz ou macarrão. Ele não comia comida do sertão; e se não houvesse arroz, macarrão ou carne, ele só comia pão com café e talvez um ovo, com a gema bem mole, onde ele ia umedecendo os pedacinhos de pão, só da casca, pois ele detestava o miolo, que tirava todinho e empilhava ao lado do prato.

(…)


O blog não tem fotos da mortandade das aves mas aqui vc vai encontrar processo semelhante, com fotos.

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Campina Grande, matar galinha, rua Alexandrino Cavalcanti
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Calendário

Clotilde Tavares | 12 de julho de 2009

calendario1Nessa nossa vida agitada, vivemos estritamente regidos pelo relógio, pela agenda, pelo calendário. O tempo é medido, fracionado e domesticado através desses três instrumentos e fica difícil para muitos de nós, quando queremos nos livrar do estresse, entregar o tempo à sua natural fluidez, à sua eterna repetição de um dia depois do outro e uma noite no meio. É quase impossível se livrar do relógio mesmo em férias, mesmo numa praia deserta, mesmo num lugar onde não precisamos dele.

Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que a maioria da população media o tempo pela época em que as flores se abriam, ou chegavam as tempestades, ou a neve derretia, ou os rios corria mais cheios. Houve um tempo – parece mentira – onde não existiam o domingo nem os outros dias da semana e onde as “quatro festas do ano” eram determinadas pelo ângulo que os raios do sol faziam com um marco qualquer, revelando os solstícios e equinócios.

Similaridades-0012joaoloboEm algum momento, porém, foi preciso que houvesse uma medição exata do tempo para disciplinar a vida comercial e social de comunidades e países que cada vez estavam mais civilizadas. Como, por exemplo, calcular juros sobre um empréstimo sem um calendário unificado? Como disciplinar entradas e saídas de navios de um porto? Como fazer a cristandade comemorar no mesmo dia a Páscoa e o Natal?

calendario2Todas essas perguntas estão respondidas no livro “Calendário: a epopéia da Humanidade para determinar um ano verdadeiro e exato”, de David Ewing Duncan (Ediouro, 1999). É um livro espetacular, pois o autor, começando a sua história desde a aurora da Humanidade, quando o homem pré-histórico entalhou num osso a passagem dos dias e as fases da Lua, vai até a espetacular epopéia que foi a criação do calendário gregoriano, esse que hoje em dia ainda nos rege. O livro dá detalhes de como foi formado o “grupo de trabalho” de cientistas e sábios, e de todos os estudos precursores dessa forma de medir o tempo que nos parece tão natural e lógica.

houses_of_parliament_city_of_london_englandEstamos tão acostumados com o tempo disciplinado e sendo o mesmo para todos os países do mundo que sequer podemos imaginar que apenas cinco séculos atrás isso não existia e que cada país, ou nação, usava a forma que lhe fosse mais confortável de medir o tempo. Mesmo o calendário gregoriano criado sob o aval do Papa não foi aceito imediatamente por todos os países. A própria Inglaterra só veio adotá-lo no século XIX, da mesma forma que ainda adota o sistema métrico baseado em libras, polegadas e jardas.

calendario3É o autor quem fala: “Afinal fomos nós os humanos que inventamos esta coisa que tanto é uma ferramenta milagrosa quanto uma gaiola de momentos finitos que nos mantém para sempre correndo por aí, tentando tirar o máximo do tempo curto que nos foi destinado.” A leitura deste livro é uma agradável aventura, que, afinal, vai fazer o nosso tempo passar mais rápido e preencher aquelas “horas vagas”, que ficam por ali nos espiando, insistindo sempre para serem preenchidas. Boa leitura.

O calendário bonitinho ao lado achei aqui.

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Gripe

Clotilde Tavares | 11 de julho de 2009

Gripada. Deitada. Ossos doendo. Não é a suína. Mas dói. Hoje, só figuras. Poucas. Com legendas curtas.

Castelo no interior do Rio Grande do Norte.

Castelo no interior do Rio Grande do Norte.

WOW!

WOW!

Teatro em Taormina, na Sicília, estilo grego.

Teatro em Taormina, na Sicília, estilo grego.

Açude Itans, Caicó, RN. Foto Canindé Soares.

Açude Itans, Caicó, RN. Foto Canindé Soares.

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