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Dia Internacional do Folclore

Clotilde Tavares | 22 de agosto de 2009

Uma das coisas de que eu mais gostava na minha meninice era quando Mamãe me levava para os pequenos lugarejos perto de Campina Grande, no domingo, para ver as corridas de argolinha. Lugares como São José da Mata, Pocinhos, Lagoa Seca, todos pertinho de Campina, ainda tinham esse divertimento tradicional que misturava habilidade, destreza, tradição e um pouco de romance.

Corrida de argolinha em Janduís-RN

Corrida de argolinha em Janduís-RN

Para quem não sabe, a corrida de argolinha tem sua origem nos antigos torneios medievais, quando os cavaleiros demonstravam suas habilidades no manejo da lança, montados em seus corcéis. Consiste em um arco, ou poste todo enfeitado de papel colorido, do qual pende amarrada por um barbante uma pequena argola, do tamanho de um anel, que deve ser retirada com a ponta da lança pelo cavaleiro em disparada. A argola é então presenteada a alguma moça com a qual o moço simpatize.

Segundo Cascudo, que dedica à corrida de argolinha um dos verbetes do seu insubstituível Dicionário do Folclore Brasileiro, o divertimento aparece no Brasil inteiro desde o século XVI, em pontos variados do seu território, mantendo praticamente as mesmas características, sendo uma “sobrevivência” das justas travadas na Idade Média.

Era assim que a argolinha se apresentava para mim na infância. Nos dias de festa, as corridas tomavam um aspecto mais tradicional, com cavaleiros vestidos de branco e divididos em times nas cores azul e encarnado (porque no interior não é vermelho: o nome é “encarnado”). Mamãe, minha primeira professora de folclore, explicava: os azuis são os cristãos e os encarnados são os mouros, os pagãos, que não acreditam em Deus. Mesmo assim com essas explicações ela torcia pelo encarnado “porque era uma cor mais bonita” e eu torcia também, e torço até hoje.

Era uma beleza de se ver aqueles rapazes enormes em cima dos poderosos cavalos – era assim que me parecia, na pequenez dos meus cinco, sete anos de idade. Eles disparavam deixando atrás de si rolos de poeira, os cavalos em tropel tirando lascas do solo, a comprida lança de madeira enfeitada de fitas, mirando algo tão pequeno que eu não conseguia enxergar de onde estava. E depois lá ia o herói, suado, no resfolego da montaria, entregar à namorada a pequena argola dourada.

Com este registro quero hoje, 22 de agosto, Dia Internacional do Folclore, louvar todos os que fazem a cultura popular: artistas, brincantes, artesões, e demais agentes que, de forma rica, profunda e tradicional trasmitem arte, cultura, conhecimento, práticas e saberes. Também faço esta louvação aos pesquisadores – entre os quais me incluo – que fazem por onde a cultura popular seja valorizada, que a estudam, documentam e refletem sobre ela.

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