Umas & Outras

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Sou chata

Clotilde Tavares | 19 de agosto de 2009

Uma das coisas que mais me surpreende nas pessoas é a grande capacidade que elas têm de se acomodar. Não estou falando na capacidade de se adaptar às situações novas, que é uma coisa bem diferente e que, para mim, é sinônimo de inteligência. Estou falando na imobilidade das pessoas que se adaptam a uma situação que não lhes agrada muito, apenas por preguiça e comodismo, sem reagir, sem falar, sem se colocar. Diante de uma situação assim, em lugar de tomarem uma atitude e transformarem a situação, a maioria das pessoas se acomoda, procurando uma zona de relativo conforto, onde seja possível sobreviver com um mínimo de aporrinhação.

Agitada e inquieta por natureza e questionadora de tudo por formação, sou difícil de me acomodar passivamente seja lá com o que for. Adapto-me com relativa facilidade às vicissitudes do destino, àquelas coisas contra as quais nada podemos fazer, como a Morte, a Doença ou a Paixão. Mas não me acomodo nunca, nunca, jamais, àquilo que considero que posso modificar.

E é por isso que sou chata. Sou chata e assumo, correndo todos os riscos dessa atitude mas em paz com minha natureza e ouvindo lá dentro de mim a voz de Mamãe, que sempre dizia: se acredita que está errado, vá lá e defenda seu ponto de vista.

Sou chata porque vivo telefonando para o Banco no qual sou correntista exigindo que coloque uma mesinha nos postos de serviço, para que a gente não precise manusear contas e papéis “no ar”, sem um apoio.

Sou chata porque ligo para a administração dos shoppings pedindo para instalarem ganchos nos banheiros femininos para que nós possamos pendurar a bolsa e as sacolas enquanto usamos o sanitário.

Sou chata porque não vejo como me adaptar à barulheira infernal de carros de propaganda, dos pit-boys com seus sub-woofers ou do carro de som da paróquia anunciando a missa, que me impedem de falar ao telefone, de ouvir o aparelho de TV ou simplesmente me acordam, quando quero dormir.

Sou chata quando me torno – como irônicamente me chamaram um dia desses – “guardiã da obra de William Shakespeare” e mais da obra de Borges, de Machado, de Oscar Wilde, de Clarice Lispetor e que quem mais tiver seus textos distorcidas, mutilados, publicados com autoria trocada ou – pior, muito pior – tiver seu nome associado a um texto que nada tem a ver com sua obra.

Sou chata, e vou continuar reclamando.

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Os contos de Cantuária – uma romaria medieval

Clotilde Tavares | 18 de agosto de 2009

Provavelmente o meu caro leitor sabe o que é uma romaria, e talvez até já tenha participado de uma. Quando falo em romaria quero dizer a viagem de um grupo de pessoas a um lugar santo, a um igreja, a uma cidade sagrada. A minha mãe era romeira do meu padrinho Padre Cícero Romão Batista e todos os anos, no mês de janeiro, partia para o Juazeiro, em ônibus lotado especialmente para esse fim. São famosas as romarias ao Bom Jesus da Lapa e a São Francisco do Canindé, para citar apenas duas das mais concorridas do Nordeste.

Uma romaria que passou à história embora jamais tenha acontecido de verdade é o tema de uma das maiores obras da literatura universal, obra essa que me apaixona há muito tempo e que hoje quero compartilhar com você: trata-se de “Os Contos de Cantuária” (“The Canterbury Tales”) escrito em 1368, ou seja, há mais de seiscentos anos por Geoffrey Chaucer, escritor inglês, funcionário da corte na época de Ricardo II.

“Os Contos de Cantuária” tem como fio condutor uma romaria que vinte e nove peregrinos resolvem fazer juntos ao túmulo do Santo Thomas Beckett. Combinam então contar histórias para encurtar a viagem e se distraírem no trajeto. Essa estrutura narrativa era comum na literatura medieval e ainda continua sendo uma boa forma de contar histórias nos dias de hoje.

O melhor do livro é que ele mostra um variado panorama da vida medieval, uma vez que diferentes pessoas estavam representadas nessa animada companhia: um cavaleiro, um moleiro, um monge, um padre, uma freira, um mercador, um estudante, um proprietário de terras, um médico, um magistrado… Cada um, ao contar sua história, traz elementos da sua profissão, da sua visão de mundo, enriquecendo o relato e dando exemplos da cultura medieval e das atividades humanas em narrativas palpitantes, cheias de vida e, muitas vezes, picarescas, como no Conto do Moleiro, repleto de leves e graciosas obscenidades.

Um dos meus preferidos é o Conto da Mulher de Bath, onde a narradora defende que os prazeres do sexo não devem ser prerrogativa exclusiva do sexo masculino, tendo as mulheres o direito de se divertirem da mesma forma que os homens. A defesa que ela faz dessa tese antes de narrrar o conto propriamente dito é ousada, inteligente e engraçadíssima, tornando a mulher de Bath uma das grandes personagens da literatura universal.

Um dos traços mais importantes dessa obra é que, numa época em que os livros eram escritos em latim, considerada a língua oficial, a língua culta, Chaucer escreveu em inglês. Não o inglês que conhecemos hoje, porque naquela época a língua inglesa, a rigor, ainda não existia. Chaucer utilizou parte inglês anglo-saxão, parte francês normando, recheado de palavras latinas, enfim, a língua que se falava na corte. Nessa época de consolidação política da nação inglesa o idioma também nascia e se consolidava, tomando feição própria a partir de elementos saxões, normandos, latinos e o mais que fosse. Pode-se dizer, sem medo de errar, que Chaucer “inaugurou” a língua inglesa na literatura.

Chaucer

Chaucer

Vale a pena embarcar nessa viagem com os peregrinos e ouvir suas histórias. O livro é difícil de encontrar, mas na Biblioteca da UFRN eu encontrei uma edição em português, editada por T. A. Queiroz, com data de 1988, que traz apresentação e notas de Paulo Viziolli, que também assina a tradução. Há ainda um filme de Pasolini – simplesmente maravilhoso – embora não contenha a totalidade das histórias contadas por Chaucer e, obviamente por ser uma adaptação, priva o leitor dos aspectos literários do texto.

De uma coisa estou certa: lendo o livro, além do prazer natural que tirará de leitura tão agradável e rica, o meu caro leitor receberá as bênçãos generosas do santo Thomas Beckett, em nome do qual se empreendeu esta monumental romaria literária.

Mais links: Quadrilha Medieval, De Rerum Natura,

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O virtual e o real

Clotilde Tavares | 16 de agosto de 2009
Natal

Natal. A foto é de Canindé Soares.

Nesta próxima semana, estou mudando minha base para Natal. E para você, que chegou aqui há pouco tempo e não está entendendo, eu explico. Morei do meu nascimento até 1969 em Campina Grande-PB. De 1970 a 1977 vivi em Natal, onde fiz Faculdade; depois, foram dois anos em Recife fazendo Mestrado (78 e 79) e voltei a Natal, em 1980, ficando lá até 2005. Aposentada, gostando de variar, querendo viver entre Recife e Campina, estabeleci minha base em João Pessoa, perto de tudo, inclusive de Natal.

Amo Natal. É a cidade que me acolheu em 1970, onde cheguei sozinha, anônima, com uma mão na frente outra atrás, e lá “me fiz”. Estudei, trabalhei, amei, casei, tive meus filhos e eles tiveram meus netos. Já a Parahyba é mais do que a minha terra: é minha Pátria, tão “íntima doçura e vontade de chorar” que para ela escrevi um livro apaixonado, o “Coração Parahybano”. Não consigo me decidir entre Natal e a Parahyba. Fico com as duas.

Minha sala, na Parahyba.

Minha "base".

Essa história de “base” é porque eu não quero mais morar em lugar nenhum. Não quero me comprometer com nenhuma cidade, com nenhum lugar físico, nenhuma casa ou apartamento. Por outro lado, tenho meus 1.800 livros, minhas coisinhas, meus trocinhos, minhas coleções, meus CDs e DVDs, porta-retratos e quadros, a poltrona macia, a cama fofa, e essas coisas mais do que eu precisam habitar um lugar fixo, protegido de chuva e de vândalos. Quando baixa o encosto da cigana Gipsy, eu tranco a porta e me dano no ôco do mundo, mas minhas coisinhas precisam ficar protegidas, limpas e arrumadas para quando eu voltar.

Penedo, e o rio São Francisco.

Penedo, e o rio São Francisco.

A base agora vai ser em Natal, mas se eu me aborrecer lá me mudo de novo. Tenho vontade de morar em Manaus, para sentir a respiração da floresta e o rumor do rio, ou em Florença, na Itália, perto das obras imortais dos mestres renascentistas, ou ainda em Penedo, Alagoas, não me perguntem porque. Talvez faça isso, em algum lugar do futuro. São cidades que vivem me chamando o tempo todo, me acenando com seus mistérios, me estimulando com sua arquitetura, me instigando com suas lendas.

O engraçado disso tudo é que muita gente reclamou porque eu vou sair de João Pessoa para Natal. Mas minha gente! Eu vivo dentro de casa, não vou a lugar nenhum, não frequento, não vou a eventos, não tenho vida social presencial. Então para mim e para os outros, tanto faz eu morar em João Pessoa, como em Natal como no Raio-Que-Me-Parta. Em julho eu estava em Natal e encontrei uma pessoa amiga que não sabia que eu, há quatro anos, estava com minha base estabelecida em João Pessoa. Para ela, eu jamais havia saído de Natal. “Mas Clotilde” me disse, “você está todo dia na minha caixa de email, e eu lhe vejo o tempo todo no Twitter e no MSN. Para mim, você nunca saiu daqui.”

Raciocine comigo, meu caro leitor. Os adjetivos “virtual” e “real” sempre são colocados como opostos. Mundo virtual x mundo real. Mas está errado. O oposto de “virtual” não é “real”: é “presencial”, porque tudo, tudo, o virtual e o presencial, tudo é real. Eu aqui agora falando com você na dimensão virtual deste blog não é real? Se isso não for real, não sei mais o que é realidade. Presencialmente, de hoje em diante, tanto posso estar aqui como ali; virtualmente também há a Internet e todas as suas instâncias. E tudo, tudo é Real, como Real é o espaço do meu Coração, sempre habitado, em imensa algazarra, em clima de eterna festa, por você que me lê agora e por todos os meus outros leitores.

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Dois copinhos e um barbante

Clotilde Tavares | 15 de agosto de 2009

Um leitor deste blog me mandou esta semana um email perguntando se determinado texto postado aqui não já havia sido antes publicado no Tribuna do Norte. Quando eu disse que sim, que o texto já havia sido publicado, ele chiou! Pois é: esses meus leitores são danados de temperamentais, chiam, reclamam, xingam – a maior parte elogia e gosta – mas eu também dou a mesma atenção para as reclamações, uma vez que é ouvindo a voz discordante que crescemos e aprimoramos o trabalho.

Pois bem, como ia dizendo, o meu leitor xingou porque, segundo ele, não estava querendo “ler matéria requentada”! Mas minha gente, me diga: eu posso fazer algo além de me divertir com uma coisa dessa? Primeiro porque não tenho intenção de publicar inéditos; depois porque não sou jornalista, não publico “matérias”. Sou uma escritora, e agora blogueira. Publico textos, crônicas, artigos, conversa fiada, miolo de quartinha, coisas escritas na hora – como essa de hoje – e também textos que foram publicados em jornais e se perderam, embulhando o peixe no mercado no outro dia, e que jamais sairão publicados em livro.

Este blog, entre outras coisas, tem a proposta de recuperar esses textos, porque uma vez publicados na Internet e não sendo deliberadamente apagados pelo autor, aqui ficarão eternamente, espero eu, abrigados em algum dos trocentos milhões servidores que existem pelo mundo afora. Vocês devem ter notado que é essa tônica que caracteriza o Umas & Outras nessa sua nova fase. (Leia mais sobre o Umas & Outras no link Quem Somos, abaixo do cabeçalho do blog.)

telefonelataAqui, escrevo geralmente textos novos, mas isso não me impede de postar textos adredemente escritos, como gostava de dizer a minha avó, com sua mania de palavras em desuso. E nestes próximos dias, em que estou mudando de cidade, sem Internet, prepare-se para ler algumas coisas “requentadas”, como diria o meu caro leitor cujo comentario deu início a este post. Além disso, tenha paciência se eu não responder imediatamente aos comentários. A partir de segunda-feira, estou dependendo da dupla Oi/Velox, e quem depende dessa dupla está sujeito a chuvas, trovoadas e tsunamis, sem nenhuma esperança de uma previsão segura.

Diz Sandro Fortunato, com sua eterna mania de reclamar e de botar defeito nas coisas, que depois de “umas duas semanas e muitos telefonemas, eles entregam dois copinhos e o barbante em sua casa…” Esperemos, pois.

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Dona Maria de Padilla

Clotilde Tavares | 14 de agosto de 2009

O Umas & Outras é rock and roll. Como muita gente já está careca de saber, o rock é uma das minhas paixões. Meus filhos são roqueiros, e o casal Ana Morena/ Anderson Foca, filha e genro, vivem disso há bem uns dez anos, estando em Natal à frente do empreendimento roquístico Dosol, que inclui um Centro Cultural – só de rock – um Festival Nacional que rola todo ano, estúdio de gravação, produtora de video e – melhor que tudo – um moinho de idéias novas sempre em movimento. O Foca é um dos nomes mais respeitados no país na cena rock independente, e hoje o Umas & Outras, junto com dezenas de outros sites, está lançando o novo EP do Rejects, a banda do genro. É só clicar na figura para baixar. Mas aumenta o som que é rock and roll.


Nos meus tempos de louca e airada juventude, de aventuras e delírios, uma pessoa amiga, receosa de que algo de ruim me acontecesse, disse que tudo aquilo não era coisa minha: era obra de uma entidade que vivia perto de mim e que me levava a ser tão trelosa e aventureira. No meu irrecorrível ceticismo, não quis dar atenção ao caso; mas os meus dez por cento supersticiosos começaram a me incomodar e vez por outra eu me pegava olhando por cima do ombro para ver se surpreendia a tal entidade que supostamente estava me jogando nos caminhos da perdição.

Por via das dúvidas, fui então a um lugar onde há gente habilitada para lidar com esse tipo de coisa, sendo recebida por uma mulher muito mais velha do que eu, sábia e maternal, que me esclareceu e aconselhou. Descobri então que a entidade era uma certa Maria Padilha, figura popular nos cultos afro-brasileiros, às vezes identificada com a Pomba-Gira, mulher bonita, doida por homem, com algo de prostituta e feiticeira. Algumas obrigações então me foram impostas para satisfazer os apetites da aparição, principalmente sua sede pelo bom vinho tinto, que lhe presenteei largamente através de muitas garrafas quebradas nas encruzilhadas.

Devo dizer que não entendo nada dessas coisas; apenas faço o que é preciso quando chega a hora de fazer e quem quiser saber mais sobre esse povo encantado pode perguntar ao professor Luiz Assunção, pesquisador desse lado oculto, oculto ele mesmo numa sala da UFRN onde pesquisa e estuda, como os verdadeiros estudiosos, com discrição e em silêncio.

Então o meu caro leitor não imagina a minha surpresa quando, lendo sobre história da Espanha no período medievo dou de cara logo com quem? Com Dona Maria Padilha, ela mesma, em pessoa, carne, osso e história. O livro conta a história de Pedro, conhecido como “o Cruel”, filho de Afonso XI de Castela. O rei tinha uma esposa legítima – a mãe de Pedro – e uma amante fértil, que lhe deu vários filhos bastardos, preferidos pelo pai. Aos quinze anos, depois de uma infância obscura e amargurada, Pedro subiu ao trono em 1350 e baniu todos os irmãos, condenando à morte a amante do pai. Quando sua noiva, Branca de Bourbon, chegou da França, desposou-a, passou duas noites com ela e depois desprezou-a, indo em busca da amante, Dona Maria de Padilla, “cuja beleza era tão embriagadora que os cavaleiros da corte bebiam extasiados a água na qual ela tomava banho”. Quevedo a descreve : “Era hermosa la Padilla/ Manos blancas e ojos negros/ Causa de muchas desdichas/ Y desculpa de más yerros.” Pedro foi mais tarde assassinado por um seu meio-irmão, que se tornou Henrique II de Castela.

A partir daí, fui rastrear o que teria Dona Maria de Padilla, amante de Pedro, o Cruel, a ver com a entidade cultuada nas religiões afro-brasileiras. Encontrei então o excelente livro “Maria Padilha e toda a sua quadrilha: de amante de um rei de Castela a pomba gira de umbanda” (São Paulo, Duas Cidades, 1993) da autoria de Marlyse Meyer, essa pesquisadora incansável que conheci em Natal, onde ela esteve várias vezes para palestras e seminários. Marlyse Meyer estabelece, em uma narrativa encantadora, sem perder o rigor da pesquisa, todos os links entre a criatura de verdade e o ser imaterial que andou, ao meu lado, ou melhor, atrás de mim, por uns tempos.

Quer dizer: andou, não. Ainda anda. E o interessante disso tudo é que, com os anos, eu amadureci, mas a criatura não. Como gente encantada que se preza, permanece perene e imutável no tempo-que-não-é-tempo e continua comigo, muito mais calma agora porque cabe a ela todo o álcool que eu não consumo há quase vinte anos. Hoje já consigo vislumbrá-la quando olho por cima do ombro, especialmente nas noites em que a lua cheia e a brisa convidam à aventura, ou quando uma bela figura de homem se levanta e atravessa o bar, a sala, o restaurante, a rua. No acordo que estabelecemos uma com a outra, finalmente conseguimos viver em paz e é para ela essa crônica de hoje, para Dona Maria Padilha, minha amiga, minha acompanhante, de brancas mãos e negros olhos, com todo o respeito e agradecimento por tudo aquilo que, mesmo perigosamente, me fez viver.

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história da Espanha, Maria de Padilla, Maria Padilha, pomba-gira, umbanda
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Necessidades especiais

Clotilde Tavares | 13 de agosto de 2009

vejablog2Este blog foi indicado o blog da semana no VejaBlog. Uma coisa muito simpática, que toda “a equipe do Umas & Outras”, ou seja, eu mesma, fiquei muito feliz. Você, que vem aqui e lê estas mal-tecladas linhas, é responsável também por isso. Continue chegando junto, que só nos dá prazer.


No tempo em que eu escrevia na Tribuna de Norte, em Natal, jornal no qual sustentei coluna semanal aos domingos durante dez anos, era para mim uma diversão ver como a pessoa que editava o caderno me chamava. A cada semana, era uma coisa diferente. Ao lado do meu nome, na cabeça da coluna, uma palavra nova: professora, escritora, colaboradora, poeta e também combinações dessas atividades, como “poeta e professora”, por exemplo. O jornal usou por algum tempo essas denominações diversas, na tentativa meio frustrada de tentar explicar o que eu sou e o que mais me caracteriza em termos de atividade, coisa que nem eu mesma sei e nem toda uma geração de terapeutas consegue explicar, como essa minha mania danada de variar.

carinhaIsso me faz refletir sobre a maneira como somos conhecidos e nomeados quando nosso nome chega às páginas de um jornal ou a um noticíário de televisão. Você talvez já tenha passado pela situação de ser assunto, ou tema, ou participante, ou entrevistado de uma matéria jornalística. E lá, no texto, não consta somente o nome da pessoa: consta também a ocupação, ou profissão, ou atividade que a criatura desenvolve na sua vida social. E é aí que a coisa começa a ficar engraçada, porque as denominações usadas para as pessoas são às vezes muito curiosas.

Por que não chamar o cara que tem um quiosque na praia ou no shopping de “comerciante”? Não é isso que ele faz? Não comercia seus produtos? No jornal, não. No jornal ele vira “o permissionário de quiosque Fulano”. Quer outra? “Foi assassinado o braçal Sicrano…” O “braçal”? Deve ser um trabalhador braçal, mas “braçal” assim, solto, fica engraçado. E aquela moça simpática que trabalha para uma empresa atendendo os clientes se transforma na “contato comercial Maria de Tal…” E um dia desses li uma notícia em que a pessoa era nomeada como “o evangélico Fulano”, muito embora a matéria não tratasse de religião nem sobre qualquer coisa ligada à igreja.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh

O jornal – ou telejornal – certamente tem nas suas regras ou nos seus manuais de redação parâmetros para essas classificações. E isso obviamente difere de jornal para jornal, porque em uns encontramos coisas mais engraçadas e curiosas do que em outros. Compreendo o trabalho dos profissionais da imprensa e a sua busca por excelência, muitas vezes dobrando horário, reescrevendo, conferindo informações, procurando o melhor texto. Filha e neta de jornalista, respeito demais essa atividade, muito embora às vezes goste de refletir um pouco sobre suas curiosidades, como estou fazendo agora.

Para encerrar, deixei para o final a melhor de todas, que encontrei em uma matéria que dizia “o portador de necessidades especiais Fulano de Tal…” Essa foi demais, minha gente. É genérico demais para o meu gosto porque, ao pé da letra, se eu alimento o sonho de um dia ter um encontro com Brad Pitt eu também posso ser classificada como “portadora de necessidades especiais”! Afinal, vocês hão de convir que não existe nesse mundo nada mais especial do que o belo, portentoso e deslumbrante Brad Pitt.

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Esfriando a cabeça

Clotilde Tavares | 12 de agosto de 2009

Estou naquela fase de milhares de coisas para fazer e sabendo muito bem que o tempo não vai dar para fazer tudo. Vou mudar não só de apartamento como de cidade; e são muitas providências de última hora, mil detalhes a me chamar a atenção; se eu não fosse uma mulher muito organizada já estaria provavelmente à beira da loucura.

Sempre fui muito boa no planejamento de coisas; e a prática teatral durante anos completou aquilo que a vida não havia me ensinado, porque só faz um teatro de qualidade, principalmente quem produz, escreve, atua e faz outras coisas no mesmo espetáculo quem tem capacidade de organização.

Além disso, para o dia-a-dia, sou adepta do GTD, que é um método de organização pessoal e gerenciamento de tempo, criado pelo americano David Allen e que tem seguidores no mundo inteiro. Você pode ler alguma coisa no site Efetividade.net ou assinar a lista do Yahoo onde eu aprendi tudo que sei. Pode ainda, é claro, comprar o livro do titio Dave, Getting Things Done ou, em português, A Arte de Fazer Acontecer (Ed. Campus, 2005)

Finalmente, quando a coisa aperta no mundo das tarefas a cumprir, dos prazos estourados, dos relatórios atrasados e o que seja, o remédio melhor é esfriar a cabeça, como você pode ver na foto abaixo e que já virou mania na Internet, da qual você também pode participar.

Eu ensino. Tire uma foto sua “esfriando a cabeça”, ou seja, com a cabeça dentro da geladeira,  e chame o arquivo de “241543903”. Isso mesmo, essa sequência de números. Poste a foto em um blog, ou site, ou flickr, ou album on-line. Qualquer pessoa que digitar no Google “241543903” vai encontrar um monte de fotos de gente com a cabeça dentro da geladeira, incluindo essa minha, e a sua, se você assim o fizer.

Para que serve?

Para nada. É mais uma das bobagens divertidas da Internet. (A foto foi feita by myself, especialmente para este blog).

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A arte de conversar

Clotilde Tavares | 11 de agosto de 2009

Nos dias de hoje, existe uma febre de aprender que toma conta de todas as pessoas, principalmente aquele tipo de conhecimento que a gente não sabe direito se precisa dele mas mesmo assim vai atrás. Os livros que começam por “Como fazer…” enchem as estantes das livrarias, desde o pioneiro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie, passando por coisas práticas do tipo “Como resolver o problema de insônia do seu filho”, “Como se faz uma tese”, “Como lucrar na crise”, e chegando a títulos mais sugestivos: “Como se dar bem com as mulheres”, “Como desmanchar feitiços” ou “Como falar com seu anjo”.

Entre tantas coisas que as pessoas podem aprender a fazer, eu quero sugerir algo que, nos últimos trinta anos, parece que se desaprendeu um pouco: conversar. Isso mesmo, conversar, bater papo, dialogar. A conversação é uma arte, que se aprende, se pratica, se desenvolve como dom. Conversar é como jogar tênis, porque os conversadores hábeis, os bons de papo, fazem o possível para manter a bola no ar, sem deixá-la cair no chão do silêncio, da falta de assunto ou do monopólio da palavra.

As pessoas, principalmente os mais jovens, não sabem mais conversar porque não sabem escutar, uma vez que a arte de conversar inclui também os momentos de escutar o que o outro diz. Hoje, interrompem sem necessidade, não prestam atenção ao rumo da conversa, se irritam, esbravejam e tentam impor suas opiniões.

Montaigne

Montaigne

Montaigne, no capítulo VIII do Livro III dos “Ensaios” diz que a conversação é o mais proveitoso e natural exercício do espírito. Mas é preciso, para usufruir das benesses de uma boa conversa, estar atento para alguns detalhes. É importante discutir as coisas no plano do universal, sem puxar para o particular.

Por exemplo: a discussão sobre as vantagens e desvantagens do casamento pode ser interessante, mas começar a esmiuçar os detalhes do casamento da vizinha transforma a conversa em fofoca. E só podemos conversar se houver diferença de opiniões. Se todo mundo estiver de acordo não há necessidade de falar: basta ficar em silêncio e comungar espiritualmente com quem esteja do seu lado, uma vez que não há opiniões para serem confrontadas.

Para quem tiver interesse, recomendo três livros: “A Arte da Conversação”, de Peter Burke (UNESP); “A arte de conversar”, de Alcir Pecora (Martins Fontes), e “A Arte de Conversar”, de James A. Morris Jr. (Record). No mais, é praticar essa arte cujas regras de ouro são: não monopolizar, não interromper, não teimar, não tentar impor seu pensamento. Você vai ver como é bom.

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Faltou família

Clotilde Tavares | 10 de agosto de 2009
A Escola de Atenas, de Rafael.

A Escola de Atenas, de Rafael.

Nas aléias ensombradas da Grécia Antiga, mestres e discípulos caminhavam juntos e conversavam, discutiam. A cada resposta dada pelo aluno, o mestre o remetia a nova problematização que gerava nova pergunta, e que suscitava outras perguntas, outras reflexões. Discípulo e mestre, envolvidos pelo suave ar da tarde e pelos temas discutidos, tornavam-se amigos, cúmplices, companheiros de aventura.

Conheci um rapaz, aprovado num dos cursos da UFRN, que se matriculava aleatoriamente em todas as disciplinas que pudesse cursar e que lhe interessassem, independentemente de serem ou não do seu curso. Quando alguém observava que desse jeito ele jamais iria se formar, respondia que isso não importava: ele gostava mesmo era de aprender coisas novas.

O escritor e critico Edson Nery da Fonseca diz que a sua idéia de Universidade é uma imensa biblioteca, onde os alunos lêem durante uma boa parte do tempo e depois voltam às salas de aula apenas para discutir as idéias suscitadas por essas leituras.

O pescador leva para o meio do oceano seu filho de oito anos, que o acompanha na pesca e, junto com o pai, fazendo e experimentando, aprende os segredos das ondas, dos cardumes, da direção do sol e dos ventos.

Volto no tempo e vejo os serões da minha infância. Papai, sentado na sala, ouvia rádio, e lia, interrompendo a leitura para ler um trecho para minha mãe em voz alta. Nós, crianças, fazíamos nossos deveres de casa, e Mamãe e Titia nos ensinavam. Havia tempo para isso e a TV não roubava a atenção de toda a família. Quando ficamos maiores, as noites eram animadas com jogos de palavras, adivinhações, recitativos, histórias. Toda noite recitávamos um soneto que havíamos decorado durante o dia e é assim que eu ainda hoje sou capaz de recitar horas a fio, porque aprendi na infância. Mamãe nos mandava fazer a conta para pagar ao leiteiro: um litro e meio por dia, a tantos cruzeiros o litro… e corríamos a pegar um lápis e um papel, para ver quem dava o resultado primeiro. E eram charadas, palavras cruzadas, logogrifos, consultas aos dicionários. Papai era charadista, e cedo nos iniciou nos mistérios da enigmística. Havia também um grande Atlas em casa, e papai nos mandava procurar as cidades no mapa. “Encontre… Adis-Abeba!” “Onde é isso, papai?” “No mapa da África.” E começava a competição para ver quem encontrava primeiro. Assim íamos aprendendo geografia.

Afastada da sala de aula desde 2002, quando me aposentei da docência universitária, continuo refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem, que foi meu “métier” durante quase trinta anos. A agenda das crianças é uma loucura, sobrecarregada de atividades extra-classe e sem tempo para brincar. As tarefas caseiras são feitas sempre com a televisão ligada porque a mãe ou o pai, quando está ali ensinando, não quer perder o episódio da novela ou do reality-show da hora. E os pais sempre se estão esperando mais da escola do que ela pode dar, mais do que ela tem a obrigação de dar.

Meus pais nunca delegaram à escola o compromisso de me educar. Eles me educaram em casa, e na escola eu fui aprender a conviver com crianças da minha idade, adquirir informações sobre temas que meus pais não dominavam e ter experiências relacionais que o espaço familiar não permitia. Mas educação, formação, essa foi doméstica mesmo.

Hoje, vemos adolescentes e jovens se comportarem como verdadeiros trogloditas nas praias, nas festas, na sociedade e também na escola, onde são selvagens, truculentos, agressivos e mal-educados. Os professores estão aterrorizados dentro das salas de aula, temendo processos e ações se levantarem a voz para os alunos; e as famílias continuam exigindo da escola o que não quiseram, não souberam ou não puderam dar em casa, quando deveriam, ou seja, desde a mais tenra, tenríssima idade de seus filhos; ou então vemos pais e mães acuados, cheios de culpa porque trabalham fora e tentando se compensar dessa culpa dando aos filhos tudo que eles pedem.

Técnicos e governantes vão para a TV dizer que a educação é a base de tudo, e etecetera e quás-quás-quás; e que as escolas precisam melhorar e que está na hora de investir mais em educação para que não faltem escolas.

Mas eu acho que não está faltando escola não. Está faltando família.

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educação, ensino-aprendizagem, escola, pedagogia
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Meu pai

Clotilde Tavares | 9 de agosto de 2009

Tenho muito orgulho do meu pai. Houve uma época de rebeldia na minha juventude em que eu detestava ser conhecida como “a filha de Nilo Tavares”, na Campina Grande meio provinciana da década de 1960. Mas isso passou. Adulta, sempre me orgulhei disso, principalmente em um dia em que ele, em Natal, cidade em que eu morava e onde pouca gente o conhecia, me disse cheio de orgulho: “Eu adoro quando me chamam ‘o pai de Clotilde'”. Abaixo, uma notícia e fotos dele e de sua vida, neste Dia dos Pais. Este texto já foi publicado no meu livro Coração Parahybano (baixe grátis clicando no link da coluna à direita) e n’A União.


Nilo Tavares aos 20 anos.

Nilo Tavares aos 20 anos.

Jornalista, poeta, boêmio, Nilo Tavares nasceu em 1913, em Maceió, Alagoas, e veio ainda muito pequeno para Recife, com os pais, o jornalista e poeta Fernandes Tavares e Clotilde Pereira Tavares, do lar, mas também dada a fazer versos e tocar violão. Seus outros irmãos, todos dedicados às letras, eram Stélio, Nabuco e Cláudio, e as mulheres Amelina, Cândida e Luísa. Uma das coisas de que eu mais gostava, ainda adolescente, era ouvir o relato das aventuras dele quando rapaz jovem, em Recife, aprontando palhaçadas nos bairros da Torre e Madalena, onde morou. Através do meu pai vinha toda aquela vida das décadas de 1930 e 1940, da boemia, da poesia, dos encontros no bar Savoy, das histórias da revolução de 1930.

Com Mamãe, em 1950.

Com Mamãe, em 1950.

Papai tinha apenas o curso primário. Era autodidata em tudo o que fazia e isso para ele era motivo de orgulho. Desde jovem fez todo tipo de coisa: foi gráfico, escreveu para jornais, fez versos de encomenda e finalmente, como secretário da Prefeitura de Angelim, Pernambuco, conheceu Cleuza Santa Cruz Quirino, minha mãe, com quem casou em 1941. Vieram para Campina Grande em 1946, onde ele trabalhou como tipógrafo na Livraria Pedrosa, e depois redator das Rádios Borborema e Cariri e posteriormente do Diário da Borborema. Ocupou a cadeira numero 27 do Clube Literário de Campina Grande, cadeira cujo patrono era Emílio de Menezes, militou intensamente nos meios esportivos locais, não apenas como comentarista esportivo de rádio e jornal, mas também como admirador e eventual membro de diretoria do Paulistano Esporte Clube e Treze Futebol Clube.

No seu gabinete de trabalho, década de 1960.

No seu gabinete de trabalho, década de 1960.

Por três vezes candidatou-se à Câmara de Vereadores, não tendo sido eleito: em 1951 pelo PSB, em 1963 e em 1968 pelo MDB. Na terceira tentativa, aproveitando as pichações de “vote nulo”, mandou pichar um “i” por cima do “u”, ficando “Vote Nilo”. Foi quando teve mais votos. No final da década de 1950 tornou-se secretário executivo da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, onde permaneceu vários anos, até ser convidado para secretário da recém-criada Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal da Paraíba, tendo permanecido nesta função até 1970. Depois foi chefe de gabinete do Reitor Antonio Lucena, na Universidade Regional do Nordeste (URNe),  atual UEPB, e permaneceu nesta posição durante três reitorados sucessivos da Universidade: Antonio Lucena, Luís Almeida e José Figueiredo.

Já doente, com seu grande amigo Pedrosa, da Livraria.

Já doente, com seu grande amigo Pedrosa, da Livraria.

Aposentou-se por invalidez em 1980, após sofrer um AVC. Aí, dedicou-se ao seu passatempo predileto, o charadismo, tendo sido um dos membros mais ativos da TERNOR (Tertúlia Nordestina). Publicou em edição independente as coletâneas de versos intituladas “Minha Vizinha Ivete” e “Sonetos de Natal e Outros Poemas”. Em 25 de março de 1983 assumiu a cadeira número 25 da Academia de Letras de Campina Grande, cadeira cujo patrono era o compositor Rosil Cavalcanti. Fez parte de numerosas associações, entre elas o Rotary Club de Campina Grande e Associação Campinense de Imprensa.

Quando Mamãe faleceu, em dezembro de 1997, levei-o para minha casa em Natal. Durante quase um ano e meio, até sua morte em maio de 1999, desfrutei do privilégio de tê-lo junto a mim, já velhinho, esclerosado, esquecido das coisas. Seus súbitos lampejos de consciência, que por vezes perduravam alguns dias, lhe faziam recitar sonetos e mais sonetos e contar histórias antigas. Eu entrava no quarto à noite pé ante pé para ver se ele estava bem e o encontrava sussurrando. “O que é, Papai? Está falando o quê?” “Estou recitando”, dizia ele.

Minha primeira foto com Papai, 1948.

Minha primeira foto com Papai, 1948.

Às vezes me confundia com sua própria mãe, de quem herdei o nome e alguma parecença física. Eu dizia: “Não, papai, eu sou Clotilde, sua filha.” E ele respondia: “Não! Clotilde, a minha filha, é uma meninazinha lourinha, bem bonitinha, que quando eu chego em casa ela põe as mãozinhas na cintura e dança contente dizendo: Papai chegou, papai chegou!”

Pois é essa meninazinha lourinha que lhe manda hoje um beijo, Papai. Um beijo grande, cheio de luz, de tanta luz quanto a luz das estrelas entre as quais o sr. hoje habita, e que devem estar todas ao seu redor, enquanto o sr. recita seus poetas preferidos: Olavo Bilac, Castro Alves, Emílio de Menezes, Carlos Penna Filho. Feliz Dias dos Pais.

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