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Como fazer perguntas, como dar respostas

Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2009

Nos meus tempos de médica, quando trabalhava atendendo populações carentes em consultórios nos bairros pobres, rolava uma espécie de anedota sobre a desinformação do médico recém-formado quando começa a lidar com uma população para a qual ele não foi preparado na universidade.

Dizia a história que a mãe chegava com a criança, fraca, mal-nutrida, doente, com todos os indícios de quem estava passando fome. Travava-se, então o absurdo diálogo.

“Esse menino está comendo?” – perguntava o médico.

“Está, sim senhor” – era a resposta da mãe.

“E ele come carne?”

“Come, sim senhor.”

“Toma leite?”

“Toma sim senhor.”

“Come feijão, arroz, verduras, frutas?”

“Come, sim senhor” – continuava afirmando a mãe.

Aqui,então, o médico expressava sua confusão:

“Então por que é que ele está tão magro e tão doente?”

E a mãe:

“Pois é, doutor, quando tem, ele come.”

Toda a confusão se dava pelo fato da mãe responder corretamente a pergunta do médico, e do profissional perguntar uma coisa quando na verdade queria saber outra. E quantas vezes isso não acontece na nossa vida? Quantas confusões e problemas ocorrem porque quem faz a pergunta não sabe formulá-la ou quem dá a resposta responde outra coisa, e não aquilo que foi perguntado?

É comum a seguinte cena: o adolescente chega em casa, às nove horas da noite. Está atrasado para o jantar. Pergunta então para a mãe:

“Mãe, tem jantar?”

A mãe, geralmente, responde uma coisa mais ou menos assim:

“Você pensa que eu sou sua escrava, ou sua empregada, ou sua garçonete, para ficar aqui de plantão até uma hora dessas esperando que você chegue para colocar seu jantar?”

Aí o menino olha assim de lado, meio desconfiado e diz:

“Mãe, eu apenas perguntei se tinha jantar, e você responde sim ou não. Se tiver, eu janto. Se não tiver, eu como qualquer coisa e vou dormir…”

E assim, prestando atenção à pergunta e respondendo apenas o que teria sido perguntado, muitas batalhas domésticas seriam evitadas.

Mas, para mim, a campeã dessas histórias aconteceu num desses colégios americanos onde o ídolo estudantil do futebol precisava ter um aproveitamento mínimo nas matérias para poder entrar em campo e defender as cores da escola. Louro, alto, forte, atlético, vivia tão concentrado nos treinos que relaxou com a prova de Filosofia e havia tirado zero. Era a final do campeonato e o garoto não podia entrar no campo, a não ser que se saísse bem numa prova de emergência que a direção havia permitido que ele fizesse. O estádio lotado, as animadoras de torcida no gramado fazendo suas coreografias, as equipes esperando e, no vestiário, todo paramentado para entrar em campo, nervoso, suando, o nosso herói esperava o professor de Filosofia que vinha aplicar a prova.

O professor chegou, afobado e foi logo comunicando:

“Vou lhe fazer apenas uma pergunta”, disse. “Se responder certo, entra em campo. Se não, não vai poder jogar.”

A tensão era visível em todos que ali estavam: o treinador, o massagista e um membro da direção, que havia vindo fiscalizar a prova.

O professor continuou:

“A pergunta é a seguinte: quero que você me diga tudo que sabe sobre Sócrates”.

O garoto ficou pálido.

“Sócrates? Tudo que sei sobre Sócrates?” Pensou um pouco. “Sócrates era grego e tomou veneno. Pronto. É tudo que sei sobre Sócrates.”

“Resposta certa”, disse o professor, exultante. “Podem deixá-lo entrar em campo.”

Pois é, minha gente. Saber perguntar, saber responder: uma arte, que todos deveriam praticar.

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como perguntar, como responder, comportamento humano, comunicação entre pessoas, Sócrates
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Recife, Pernambuco

Clotilde Tavares | 9 de setembro de 2009

De todos os lugares que fazem parte dos primeiros quinze anos da minha vida, a cidade do Recife é de longe aquele que carrega uma carga afetiva maior, uma mistura de sensações vívidas e intensas, mesmo depois de passados tantos anos.

Foi em Recife que eu vi o mar pela primeira vez. Fiquei ali, abestalhada e muda diante daquela imensidão de água, sem saber direito o que pensar e sem esconder uma certa decepção. Ouvira tanto falar do mar que imaginava um espetáculo variegado e colorido, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e agora me mostravam apenas aquele monte de água, indo e voltando, sem nada mais além disso. Ah, caro leitor, eu só tinha cinco anos e esperava que o mar fosse pelo menos melhor do que o circo. Hoje, com mais de sessenta, continuo achando o circo mais interessante do que o mar.

Ascenso Ferreira

Ascenso Ferreira

Mas há outras lembranças. O quintal de mangueiras da casa da minha tia Petroniza. A casa da minha avó numa rua chamada “Subida do S”. A feira do Hipódromo nas quintas feiras onde comíamos sapotis doces e deliciosos e víamos passar, terrível e majestoso, altíssimo, de chapelão e bengala, o poeta Ascenso Ferreira.

Já mocinha, íamos ao passeio no “Quem-me-quer”, que era como se chamava a calçada do cinema São Luiz, e me parece ouvir ainda o som espetacular do gongo, anunciando o início da sessão. Os rapazes usavam terno e gravata para ir ao cinema e nós, garotas, equilibrávamos nossos vacilantes treze anos nos sapatos de saltinho. Ao terminar o filme, íamos tomar sorvete no Guemba, ou na Botijinha.

Av. Conde da Boa Vista

Av. Conde da Boa Vista

Depois, memórias mais adultas, da época em que morei lá quando fazia mestrado. A ditadura militar agonizava mas ainda nos amedrontava em seus últimos estertores e lembro de memorável carreira que dei pela Avenida Conde da Boa Vista afora, perseguida por um policial a cavalo. Fui salva por companheiros anônimos e por dúzias de bolas de gude que fizeram a montaria se estatelar no chão.

Com os ventos da anistia, vi voltarem Arraes, Gregorio e Julião, e comemorei com meu tio Cláudio Tavares, o comunista mais comunista que já conheci em toda a minha vida, a redemocratização.

Era o final dos anos 70, e no coreto da praça da Várzea, a um quarteirão do apartamento em que eu morava, Antonio Nóbrega se apresentava para uma platéia embevecida que já vislumbrava o grande artista que ele viria ser. Nessa mesma época também vi nascer as carreiras de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Lenine. As noites de Olinda eram curtas para os nossos delírios e o carnaval durava dez dias. O bloco Siri na Lata era um território de aprontações e a  violência ainda não tinha tomado posse da festa.

Doces memórias, que dão saudade.

Este texto vai para minhas primas Sonia Neusa Mignot e Dalva Quirino de Arruda Sena, e para meu primo Mauro de Arruda Sena, que comigo compartilharam a maravilha da adolescência no Recife,

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Antonio Nobrega, Ascenso Ferreira, cinema São Luiz, Claúdio Tavares, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, lenine, Recife
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Plágio na Internet

Clotilde Tavares | 8 de setembro de 2009

Uma pessoa me perguntou o que era que eu fazia para impedir que as pessoas copiassem os meus textos publicados neste blog para publicar como se fosse delas. E eu respondi: nada. Nada mesmo. Porque não é possível fazer absolutamente nada para impedir que textos, meus e de qualquer outra pessoa, sejam copiados. O que posso fazer é acionar judicialmente alguma pessoa que publicar esses textos sem a minha licença.

É muito comum a apropriação sem licença de material publicado na rede porque as pessoas têm a impressão de que aqueles textos, ou desenhos, ou fotografias que estão ali não têm dono, são de domínio público.

jacksondopandeiro2Eu mesma tenho sido eventualmente copiada. Muitas pessoas copiaram e continuam copiando meu texto sobre Jackson do Pandeiro que está no site que criei em 1998 sobre o cantor e compositor de “O Canto da Ema”. No início me aborreci, e interpelei – não judicialmente, mas por e-mail ou telefone – alguns desses copiadores. A desculpa que sempre me dão é que colocaram meu nome. Aí eu vou lá e vejo meu nome colocado como “fonte”. Vocês já pensaram? Já imaginaram se a moda pega? Eu publico um livro chamado Dom Casmurro, contando a história de uma certa Capitu de olhos de ressaca e cito Machado de Assis como “fonte”…

Então é preciso saber que ninguém pode publicar o texto de outro sem licença por escrito, mesmo colocando o nome, mesmo colocando o crédito. É preciso a licença, porque você imagine que eu escrevo um texto e alguém publica num site que não tem nada a ver com as coisas que penso ou defendo? Já pensou um texto meu publicado num site racista ou preconceituoso de alguma forma? Ou num site pornográfico? Eu realmente não gostaria nem um pouquinho.

Em 1999 eu precisava de um texto engraçado para encerrar uma palestra que ia fazer no Internet Shopping, um evento que aconteceu naquele ano em Natal. Escrevi então “A Oração do Internauta” e deixei um tempo na primeira página do meu site tendo sido ela até citada na coluna do Gravatá, no Jornal O Globo.

Aí, um camarada cujo nome eu sei mas não me interessa citar, publicou a “Oração…” na Revista Internet-BR como se fosse da autoria dele. Deus e o mundo me mandou e-mail comunicando, e alguns perguntando se eu não ia tomar uma providência, mas achei que não valia a pena. Um texto pequeno, uma bobagem, que não pagava o trabalho de reivindicar a autoria. Hoje, a “Oração…” está em tudo o que é site de humor na Internet, quase sempre com alguma modificação mas mantendo a estrutura original que escrevi. Basta você digitar a palavra no Google que vai encontrá-la. Pensa que me importo? Nem um pouco. De certa forma, fico até feliz por ver o que escrevi tão aceito que todo mundo gosta e quer publicar. E acho mais fácil escrever outra, diferente, ou uma Ave-Maria do e-mail ou um Credo do software. Para mim, é fácil. Deve ser difícil para outros que, por isso, precisam copiar.

Isso também me faz lembrar do tempo da ditadura militar, quando a censura riscava os versos dos nossos poemas, as falas dos personagens das nossas peças, as letras de nossas músicas… Aí a gente ia e escrevia tudo de novo, de outro jeito, e sempre saía melhor.

Felizmente, abençoada que sou pelos deuses, me acho assim como a galinha dos ovos de ouro: me levam um ovo, mas eu ponho quantos mais eu quiser. E há também a constatação de que, quando há uma moeda falsa no mercado é porque existe em circulação a moeda verdadeira, muitas vezes mais valiosa.

Abaixo, a “Oração do Internauta” na sua forma original, do jeito que eu escrevi em 1999.

Satélite nosso que estás no céu
Acelerado seja o vosso link
Venha a nós vosso hipertexto
Seja feita a melhor conexão
Assim na terra como no céu.

O download de cada dia nos dai hoje
Perdoai o café derramado no teclado
Assim como nós perdoamos aos nossos provedores
Não nos deixei cair a conexão
E livrai-nos do spam.
Intel.

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Jackson do Pandeiro, Oração do Internauta, plágio, plágio na Internet
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Ouviram do Ipiranga

Clotilde Tavares | 7 de setembro de 2009

O povo heróico, cujo brado retumbante foi ouvido um dia às margens plácidas do Ipiranga, anda cansado. Heróico, mas cansado, oprimido e estarrecido em meio aos escândalos que superaram o nonsense bigbrotheriano na TV, em meio ao custo de vida sempre crescente, aos impostos mais altos, e à violência das grandes cidades. O brado nem retumba mais: o que retumbam são os disparos nas madrugadas, nas cidades sitiadas pela violência. As margens também não são mais tão plácidas, porque os rios estão sendo assoreados pelo desmatamento ou mergulhados na lixívia da poluição.

Quanto ao sol da liberdade, seus raios fúlgidos persistem em brilhar no céu da Pátria mas não para todos, uma vez que há muitos vivendo na escuridão dos casebres, favelas, cabeças-de-porco e outros tipos de habitações sub-humanas. Há ainda a escuridão do analfabetismo, da ignorância e da brutalidade em que muitos vivem mergulhados. Os braços outrora fortes que conquistaram o penhor dessa igualdade estão cansados de lutar sem ver nenhum resultado, e o nosso peito, que desafiava a morte no seio da liberdade, está fraco, combalido, quase mudo.

Mas ainda te amamos, Pátria. E queremos que te salves, salve, salve!

Ah, Brasil! Do teu formoso céu, risonho e límpido, onde resplandece a imagem do Cruzeiro, desce à terra um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança. És tão grande, tão enorme, de uma natureza tão rica e tão grandiosa, colosso impávido, tão belo, tão forte! Será que o teu futuro vai espelhar esta grandeza? Minha terra adorada, minha Pátria, gentil mãe dos filhos deste solo, meu Brasil… Será, Brasil, que estás te preparando para esse futuro, que deverá um dia espelhar tua grandeza? Será que já não permaneces há muito tempo deitado em berço esplêndido, ouvindo o marulhar das ondas e perdido na contemplação do céu profundo, fulgurando como verdadeiro florão da América iluminado ao sol do Novo Mundo?

Tuas terras não são mais tão garridas, invadidas pela grilagem e pela especulação, enquanto as flores dos teus campos foram calcadas pelos pés daqueles que não têm terra para nela morar e trabalhar. E onde está a vida dos nossos bosques, contrabandeada em gaiolas para o estrangeiro, que vive e registra nossos produtos como sendo deles, que se alimenta e enriquece às custas da apropriação da nossa biodiversidade? Nossa vida, que em teu seio deveria ser repleta de amores, está cada vez mais farta em suores e cansaço na dura labuta que nos fornece apenas o pão de cada dia, o duro catre para o repouso e uma existência sem perspectivas.

Mas continuamos te amando, Pátria idolatrada. Mesmo que seja cada vez mais difícil ver como símbolo de amor eterno tua bandeira, que ostentavas com orgulho cheia de estrelas, e o verde e ouro que prometia paz no futuro e glória no passado. Essa bandeira que serve de pano de fundo para as solenidades oficiais, onde figurões engravatados e desonestos simulam governar para o povo e em nome deles, mas fazem a clava forte da justiça se erguer apenas em defesa dos ricos e poderosos. Teus filhos estão quase sem energia e disposição para irem à luta, temerosos da morte e do esquecimento, e acham que a batalha não vale a pena pois estão certos de que estarão dando a vida por uma ficção, uma miragem, uma figura de linguagem.

Ah, terra adorada! Entre outras mil, és tu, Brasil? Ó Pátria amada, serás mesmo mãe gentil dos filhos deste solo? Pátria amada? Brasil?


Este texto foi escrito e publicado no dia 7 de setembro de 2005, na Tribuna do Norte/Natal-RN. Como continua atual, publico novamente.


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7 de setembro, Brasil, hino nacional brasileiro, Independencia do Brasil, Independencia ou morte, patriotismo
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Chupa, Maradona!

Clotilde Tavares | 6 de setembro de 2009

Sei que ontem todo mundo ficou pregado na tela da TV vendo o jogo Brasil x Argentina. Eu também fiquei, pelo menos durante o primeiro tempo da partida. Gosto de futebol, mas os times do meu coração são o Flamengo do Rio e o Treze de Campina Grande. O resto eu vejo por falta de coisa melhor para fazer mas não consigo me empolgar, e muito menos pela seleção brasileira.

Por isso é que ontem, uma vez que no final do primeiro tempo o Brasil já havia feito dois gols e eu achei que seria difícil a Argentina virar o jogo, dei minha missão patriótica por encerrada e fui para a cama com um livro.

Duas imagens me ficaram. A primeira delas, o bronzeado de Galvão Bueno; e a segunda, Maradona chupando o dedo.

Galvão Bueno é um chato, e penso que boa parte do Brasil pensa assim. É um chato irrecorrível, daqueles que “se acham”, e diz cada coisa durante a trasmissão dos jogos que eu tiro o som da TV para ficar somente vendo o futebol. Aliás, não sei porque é que tem locutor durante a transmissão na TV: a gente não está vendo tudo, ora bolas? Para mim, é a mesma coisa que colocar um locutor num alto-falante no campo de futebol, transmitindo a partida que está ali, diante dos olhos de todo mundo.

Lembrei de um cara, na década de 1960, quando a TV começou a chegar em Campina Grande. Ele ficava na frente do aparelho para ver o jogo, mas sentia falta do suspense da irradiação do rádio, onde o locutor falava sem parar para dar uma idéia do que ocorria em campo. Então, tirava o som da TV e via o jogo com o som do rádio!

Bem, mas o que era aquilo, minha gente, na pele de Galvão Bueno? Imitação de Vera Fischer – única na TV que tem bronzeado igual aquele? Eu nunca vi coisa tão horrível. O twitter está cheio de coisas engraçadas a respeito do “bronze” do Galvão.

Quanto a Maradona chupando o dedo, eu achei foi pouco. Só posso dizer, como disse alguém no Twitter:

“Chuuuuuuuuuuuuupa Maradona! Chupa que é de uva!”

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Brasil x Argentina, chupa que é de uva, Galvão Bueno, Maradona chupando dedo, Vera Fischer
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Telefone

Clotilde Tavares | 5 de setembro de 2009

Alguns modelitos interessantes.

Antigamente, todos eles eram assim.

Antigamente, todos eles eram assim.

Depois o design foi se modificando. Esse é bem anos 60.

Depois o design foi se modificando. Esse é bem anos 60.

Ficaram coloridos...

Ficaram coloridos...

Engraçados...

Engraçados...

Esquisitos...

Esquisitos...

Salvos de contaminação humana...

Salvos de contaminação humana...

Alinhados...

Alinhados...

... e objeto do desejo desta que vos tecla. Eu quero um desse!

... e objeto do desejo desta que vos tecla. Eu quero um desse!

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A arte da paquera

Clotilde Tavares | 4 de setembro de 2009

Você sabia que quando o homem começa a paquerar ele estufa o peito, encolhe a barriga e simula agressividade? E que a mulher arruma o cabelo, abaixa a cabeça, sorri, cruza as pernas e exibe as coxas?

Quem diz isso é Aílton Amélio da Silva, o maior estudioso da paquera no Brasil. Professor da faculdade de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo, ele analisou o flerte durante vários anos. Como resultado desse estudo, publicou um livro, “Relacionamento Amoroso“, onde mostra os fatores que contribuem para o sucesso ou o fracasso de uma relação.

Afinal, se quando a gente vai viajar procura informações sobre o país que vamos visitar, seus hábitos e costumes, e de que forma devemos nos comportar ali para não cometer gafes, e aprendemos os rudimentos do idioma para saber pelo menos perguntar onde é o banheiro, por que não se documentar sobre este país estranho e muitas vezes inóspito que é o coração da pessoa por quem estamos suspirando?

 

Essa arte da paquera faz toda a diferença e, muito embora algumas pessoas sejam bem-informadas naturalmente sobre ela, parecendo ter um dom inato para conquistar um parceiro, a maioria de nós mergulha num mar de indecisões e atitudes desajeitadas que terminam por botar a perder a empreitada amorosa.

Então, não custa nada consultar o Dr. Ailton Amélio, a quem não conheço e de cujos livros estou fazendo merchandising somente porque os achei interessantes.

No final, fique com esse trecho da música “A hipótese do hipopótamo tartamudo”, ou simplesmente “O Hipopótamo”, de Braulio Tavares:

(…)

“Imagine, novamente, um hipopótamo

Caminhando equilibrado

Num fio de arame farpado

Longuissimamente esticado

Por sobre as enormes cachoeiras de lá da foz do Iguaçu

Inquieto como um átomo

Sob o foco das câmaras de TV

Sem olhar para baixo pra não ver

A cascata rugindo pra valer

E a risada feroz de Belzebu…

 

Esta criatura trágica

Este corpanzil corcundo

Abrindo uma goela áfrica

Botando a boca no mundo

Pois é assim que eu sou

Pois é assim que sinto que sou

 

Quando fico de olho numa mulher

E ela fica também de olho em mim

E eu sei muito bem o que ela quer

Porém fico enrolado mesmo assim

Tropeçando nas minhas próprias pernas

Sem saber o que faça, como e quando

Infeliz como um homem das cavernas

Oscarito imitando Marlon Brando

 

Eu sei que tem gente que é muito mais valente

E acha essa história de trepar um negócio extremamente ótimo

Eu acho também!

Mas eu me sinto um hipopótamo…

(…)

A letra, longuíssima, engraçada e completa você encontra aqui.
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Ailton Amélio da Silva, arte da paquera, Braulio Tavares, o hipopótamo, paquera, relacionamento amoroso
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Pelo buraco da fechadura

Clotilde Tavares | 3 de setembro de 2009

Hoje foi o meu primeiro dia depois da mudança no qual eu  iria estar com o apartamento arrumado (quase), com as coisas no lugar (quase). Mas não pude desfrutar do meu espaço como gostaria. Às sete e meia da manhã um carro de som estacionou em frente ao meu prédio, que fica na lateral do D.E.R. Os funcionários daquele órgão resolveram fazer uma paralisação de um dia reivindicando reposição salarial e só podem fazer isso com muito barulho, muita zoada, incomodando quem não tem nada a ver com o assunto, no caso, eu e os outros infelizes moradores do prédio e cercanias.

Aí, depois de passar duas horas escurando músicas de gosto duvidoso e discursos cheios de retórica, referências obsoletas ao capitalismo e às forças sociais, além de sandices como “bom-dia a todos e todas”, eu não aguentei mais e fui para a casa da minha filha em outro bairro, onde estou agora.

Meu dia foi pro brejo, meu planejamento para hoje fez água e afundou e não pude desfrutar do meu apartamento arrumado (quase) pela primeira vez. Então, divido com você essas fotinhas, que fiz hoje antes de sair de lá. Depois de cinco e meia da tarde, voltarei, esperando que a barulhada já tenha acabado.

Aí estão os 1.800 livros, que já subiram para as estantes. Delas, somente a primeira à esquerda está arrumada. nas outras empilhei os volumes, que terão forçosamente que passar por uma triagem ara poderem caber nas prateleiras. Isso se eu conseguir me livrar deles.

Aí estão os 1.800 livros, que já subiram para as estantes. Delas, somente a primeira à esquerda está arrumada. Nas outras empilhei os volumes de qualquer jeito, e eles terão forçosamente que passar por uma triagem para poderem caber nas prateleiras. Isso se eu conseguir me livrar de algum, o que duvido. No braço do sofá, a bandeja com os restos do café da manhã, tomado em meio à algazarra de discursos e música ruim.

A parede em frente às estantes é azul: eu adoro essa cor. Gosto de todas as minhas quinquilarias ao meu redor, porque preciso de muitos estímulos visuais.

A parede em frente às estantes é azul: eu adoro essa cor. Gosto de todas as minhas quinquilharias ao meu redor, porque preciso de muitos estímulos visuais. O restante da parede livre será preenchido pelos quadros. Tenho muitos, e você já pode ver dois, querendo "subir" para as paredes. Mas pregar quadro exige muita reflexão, muito pensamento. Era algo que eu ia fazer hoje, mas não pude, expulsa pela zoada. Notem que tenho um binóculo pronto para espionar a vizinhança.

Outra visão da sala, com a parede azul e a grande porta de vidro de seis painéis, quase cinco metros de extensão que eu estou dando tratos à bola para encontrar um modelo de cortina que eu goste e que eu possa comprar.

Outra visão da sala, com a parede azul e a grande porta de vidro de seis painéis, quase cinco metros de extensão que eu estou dando tratos à bola para encontrar um modelo de cortina que eu goste e que eu possa comprar, porque tenho uma estranha predileção por coisa cara e acima do meu orçamento. Entra muita luz por aí, e preciso de um filtro eficaz senão tenho que andar de óculos escuros dentro de casa.

E basta de voyeurismo por hoje. Na sequência irei sempre postando aqui um pedacinho e outro da minha casa, porque sei que o meu caro leitor é curioso e adora olhar pelo buraco da fechadura.

Este post é dedicado a Denize “La Reina Madre” Barros, artista e designer maravilhosa. Se você não tem ainda uma bolsa da griffe La Reina Madre, não é uma mulher completa.

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Sobre o amor

Clotilde Tavares | 2 de setembro de 2009

 

Hoje quero falar um pouco sobre o amor. E para começo de conversa, nada melhor do que as palavras de Alain de Botton, autor de “Ensaios de amor” (Editora Rocco, 1997). Ele diz que “todos nós temos necessidade de nos sentirmos compreendidos por alguém e de compreender esse alguém, de dividir nossa vida com outro, de contar nossa vida a alguém”. Fala ainda que existem dois tipos de amor: o amor maduro e o amor imaturo.

 

No amor imaturo há uma disputa caótica entre idealização e decepção. Colocamos nas alturas o ser amado para no momento seguinte vê-lo despencar nas profundezas da dúvida e da decepção. O sentimento de amor imaturo é um estado instável em que sentimentos de êxtase e beatitude se misturam com impressões de afogamento e náuseas. Vivemos inseguros, caminhando numa corda esticada sobre o abismo, com o coração em sobressalto.

Já o amor maduro é um sentimento que resiste à idealização. Enxergamos a pessoa do jeito que ela é e não como idealizamos que ela seja, nem projetamos nela qualidades que precisamos desenvolver dentro de nós. O amor maduro também não se compraz no sofrimento, não é masoquista nem obsessivo. Poder-se-ia dizer que o amor maduro seria uma forma muito especial de amizade que permitisse uma dimensão sexual, somente “sexo e amizade”, como diz a canção popular o que, convenhamos, já é muito mais do que a maioria das pessoas consegue na vida. Sendo agradável e pacífico, este tipo de amor dura porque as duas pessoas compreendem quem são e respeitam suas diferenças.

A respeito do amor, Marilyn Fer­guson, no seu inspirado livro “A Conspiração Aquariana” (Editora Record, 1992), comenta que “nosso con­ceito cul­tural das possibilidades do amor é tão limitado que não dispo­mos de um voca­bulário apropriado para descrever as experiências holísti­cas de amor, o qual abrange sentimento, conhecimento e sensibilidade.” Mas considera que a presença do amor é constante e indis­pensável nos re­lacionamentos transfor­madores, que “são caracterizados pela confiança. Os parceiros estão desarma­dos, sabendo que nenhum deles tirará vanta­gens. Cada um arrisca, explora, falha. Não há fingimentos, ou fachadas. Os parceiros cooperam. Deleitam-se com a capaci­dade do outro em surpre­ender. O relacionamento transformador apoia-se na segurança que emana do abandono da certeza absoluta.”

Vivemos na abençoada região do Nordeste, onde as pessoas não dizem “eu te amo”. O nordestino usa outra fórmula para expressar seus mais profundos sentimentos amorosos a respeito de alguém, dizendo “eu lhe quero bem”. Amor se chama “bem-querer”, e bem querer quer dizer exatamente isso: querer o bem, o bem de alguém. Eu não amo alguém para esse alguém me amar. Eu, simplesmente, quero o bem desse alguém incondicionalmente e mobilizo todas as minhas energias para isso, havendo até a possibilidade de deixá-lo livre, se ele assim o desejar.

Gilberto Gil tem uma frase que serve de definição perfeita para o que deve ser o ato de amar: “O seu amor, ame-o e deixe-o livre para amar.”

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