A divina Sarah
Clotilde Tavares | 27 de dezembro de 2009Para os fãs do teatro, o nome de Sarah Bernhardt sempre soa envolto em uma aura quase divina. Esta atriz foi um ídolo mundial na sua época, e encarnava aquele ideal de diva, de deusa, de femme fatale, de pessoa cujo talento ficava acima da linha da normalidade.
Nascida em Paris em 1844, dominou os palcos da Europa e logo em seguida sua fama ganhou o mundo. Além de atriz, foi cortesã famosa tendo aos seus pés desde intelectuais de renome até cabeças coroadas. Na época, o limite que separava as duas atividades quando se tratava de mulheres era bem tênue, e Sarah, sem querer a principio assumir o papel de mulher galante para o qual havia sido empurrada por sua mãe, terminou por encarná-lo e e seus amores e aventuras ficaram famosos, suas peripécias corriam o mundo.
Oscar Wilde escreveu Salomé para ela; teve casos com Gustave Doré, Georges Clarin, , os atores Jean Mounet Sully e Lou Tellegen, e com o escritor Victor Hugo. Teve ainda um caso com a pintora Louise Abbema.
Foi casada com o ator Aristides Damala; o casamento durou pouco em si durou pouco e conta-se que, ainda casada com ele, Sarah teria se envolvido com o Príncipe de Gales, que posteriormente veio a se tornar o rei Eduardo VII da Inglaterra.
Chamavam-na “A Divina Sarah”. Excursionou pelo mundo quase todo com suas peças de teatro; além de atriz cuidava da sua companhia de teatro com grande tino empresarial e fez fortuna com seu trabalho. Seu papel mais marcante foi o da peça A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas. Representou todo tipo de papel, incluindo Hamlet, de William Shakespeare.
Em 1905, encenava La Tosca no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Na cena final, ela se atirava do alto de um muro para a parte de trás do cenário, onde deveria cair em cima de colchões ali colocados. O contra-regra esqueceu de fazê-lo, e ela quebrou a perna, que não se recuperou, precisando ser amputada tempos depois. Mesmo assim, continuou representando, sentada em uma cadeira de rodas, aproveitando-se da sua presença magnética e da sua voz envolvente e cheia de nuances, que manteve-se incólume ao envelhecimento.
Em 1923, com quase 80 anos, estava rodando um filme quando desmaiou. Faleceu a 26 de março do mesmo ano, sob os cuidados do seu filho Maurice.
Um video do You Tube mostra a atriz em uma pequena cena; a interpretação é calcada no teatralismo, com largos gestos e gritos que nao se ouvem no video – o cinema ainda não tinha som.