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Deífilo Gurgel (1926-2012)

Clotilde Tavares | 1 de fevereiro de 2012

Aqui neste blog fica minha homenagem ao professor Deífilo Gurgel, que nos deixou hoje. Em 2003, eu publicava na Tribuna do Norte o texto abaixo. Deífilo foi importante na minha vida de muitas maneiras, mais do que posso relatar aqui, pois a emoção e a dor não me deixam escrever direito.

Minha eterna saudade.

UPDATE 02/02/2012 às 9:37 – Ao acordar e ver os jornais, soube que o prof. Deífilo encontra-se na UTI, em estado gravíssimo, respirando por aparelhos, e que a notícia de sua morte – transmitida a mim por um telefonema do seu filho Carlos Gurgel, que me ligou chorando copiosamente – foi devida a um desencontro de informações. Resta a nós orar por ele e a mim pedir desculpas ao leitores e à família pelo erro involuntário que cometi.

UPDATE 06/02/2012 às 19:30 – Vi há pouco no noticiário que o prof. Deífilo Gurgel faleceu hoje por volta do meio-dia. Depois de tudo que já foi dito aqui, quase nada me resta, a não ser desejar paz e conformação à família e reafirmar minha saudade e a gratidão por tudo que aprendi com ele.




Por que Deífilo Gurgel?

No mais recente número da Revista Preá, ao ser entrevistada para a coluna 13 x 1, pediram-me que citasse uma “personalidade cultural do Rio Grande do Norte”. Não precisei pensar muito, e citei o nome de Deífilo Gurgel.

Mas quem é Deífilo? Se o meu caro leitor não sabe, informo-lhe que o pesquisador e folclorista Deífilo Gurgel é filho de Areia Branca, mas adotou Natal como moradia há mais de cinqüenta anos. Estudioso e entusiasta do folclore potiguar, vem trilhando os caminhos abertos por Câmara Cascudo, tendo sido professor da Disciplina de Folclore Brasileiro da UFRN até aposentar-se, no início dos anos 90. Além de folclorista é poeta e ensaísta, tendo publicado inúmeros livros, entre os quais se destaca “Espaço e Tempo do Folclore Potiguar”, uma obra fundamental para conhecer a cultura do nosso povo e que ainda espera uma edição mais bem cuidada, à altura da importância do conteúdo.

Deífilo Gurgel é irmão do escritor Tarcísio Gurgel, pai do poeta Carlos Gurgel e do artista plástico Fernando Gurgel, além de outros sete filhos, belos e talentosos. Junto com Zoraide, sua esposa, protagoniza uma história de amor que já dura décadas e que parece ter fôlego para estender-se até a Eternidade.

Mas, o que torna este homem uma personalidade cultural maior neste estado? O que faz brilhar sua luz acima de todas as outras? Para mim, o que distingue Deífilo Gurgel entre os inúmeros homens cultos deste estado, todos eles produtores de obras importantes para a nossa vida cultural, é a sua postura de intelectual sinceramente comprometido com o exercício e a prática da busca do conhecimento. É a abnegação quase franciscana com que se dedica aos estudos da cultura popular, empregando na maioria das vezes seus próprios recursos, pagando para produzir conhecimento, tirando do orçamento doméstico para financiar viagens, para comprar fitas para o gravador e muitas vezes ajudando financeiramente os artistas que o descaso da sociedade deixa muitas vezes morrer à míngua. É a simplicidade que ele professa como traço principal de caráter numa terra de culturas ocas, de falsas competências, de reputações construídas sobre o vazio. É a boa vontade que manifesta em auxiliar aqueles que o procuram com dúvidas sobre os temas que estuda, nunca sonegando informações, nunca exercendo qualquer monopólio sobre o conhecimento. É Deífilo Gurgel, o homem afável, bondoso, simpático, alegre. É a inocência marota com que nos conta a história do “cabelinho crespo”, mais uma colhida dentro da sua pesquisa sobre os contos do “demônio logrado”.

Por isso o admiro, e quero hoje com você, meu caro leitor, dividir e proclamar essa admiração. Ao ler minha entrevista na Revista Preá, ele me mandou uma carta, onde se diz envaidecido pela indicação e conclui com uma frase que deixo aqui, concluindo este elogio público, para que você possa alcançar o grau de simplicidade que ele mostra em tudo o que faz, e que o torna único entre todos.

Diz Deífilo Gurgel: “Clotilde, aceito sua homenagem, mas peço licença para dividi-la com todos aqueles que, na distância dos humildes povoados, esquecidos da civilização, preservam na memória privilegiada os tesouros fabulosos de uma cultura que o Brasil insiste em ignorar. Estes, sim, no silêncio do seu anonimato são, para mim, as grandes personalidades da cultura brasileira e norte-rio-grandense.”

É por isso que admiro e louvo Deífilo Gurgel.

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