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GERÚNDIOS

Clotilde Tavares | 21 de julho de 2024

ESTOU…

 

… BEBENDO o mar quando está salgado e o rio quando está doce.

… CONTANDO calorias e estrelas.

… COMENDO menos do que a fome pede e mais do que preciso para perder peso.

… ESCREVENDO pouco mas

… IMAGINANDO pra caramba.

… CAMINHANDO e cantando e seguindo a canção.

… LENDO o livro sobre história cultural do parto, da maravilhosa Simone Diniz.

… OUVINDO música revolucionário latino-americana.

… COMPRANDO objetos e utensílios de cozinha para mais uma experiência como dona-de-casa.

… PREPARANDO receitinhas no Air Fryer.

… SENTINDO que uma nova mudança em breve vai acontecer.

… ADIVINHANDO chuva.

… DORMINDO como criança.

… SONHANDO como adulta.

… ESQUECENDO de tudo minutos depois.

… ACOMPANHANDO o trajeto das nuvens e o rumor dos rios subterrâneos.

… PROCURANDO fatias do rio entre os edifícios que pontuam o horizonte.

… ACENDENDO velas para Santa Zoraide na tela do iPhone.

… ACREDITANDO em milagres, sempre.

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Comportamento, Cultura, Curiosidades, Humor, Pop-filosofia
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Gerúndios

ROMANCEIRO VIVO

Clotilde Tavares | 8 de julho de 2024

ROMANCEIRO VIVO: um podcast novo sobre coisas antigas.

As duas temporadas estão no ar, com acesso livre. Escolha onde quer ouvir. Curta, comente, compartilhe, e se inscreva no canal.

Onde: no Spotify e no Youtube.

Q

Como surgiu a ideia de um podcast sobre o romance ibérico tradicional cantado?

As pessoas sempre me perguntam como foi que eu comecei a me interessar pela cultura popular, pelo cordel, pelas histórias, pela poesia. Na verdade, eu nunca “me interessei”: fui criada junto com isso, com essas histórias, ditas decoradas ou lidas nos folhetos que Mamãe trazia da feira todo sábado, em Campina Grande, na Paraíba; ou embalada na rede por Titia, que cantava romances, que eram cantigas em verso com histórias de condes, barões e princesas; e tinha noites em que a velha Severina de João Congo, sentada no batente da porta da cozinha, dava vida a João Grilo, Pedro Malasarte, Juvenal e o Dragão, velhas histórias que a gente não se cansava de ouvir.

Na vida adulta, esse caldo cultural riquíssimo dentro do qual passei a infância terminou por me definir intelectual e artisticamente, e virou campo de estudo, de criação e de prazer. Passei a me dedicar aos temas da poesia popular, convivendo com pesquisadores e mestres que me orientaram e com artistas que me inspiraram. De gravador em punho, registrei poetas, violeiros, cordelistas, contadores de história e romanceiras.

No Departamento de Artes da UFRN, onde fui professora de algumas disciplinas, entre elas Folclore Brasileiro, apresentava tudo isso aos alunos e, no teatro, passei a incluir essa poesia viva nas minhas peças. Cantei romances e recitei cordel em aulas e em palestras incontáveis.

Por causa disso, as pessoas sempre ficam me pedindo que organize um curso com esses saberes. Decidi fazer esse “curso” em formato de podcast porque pensei: se há interesse, por que não difundir esse conhecimento de forma mais ampla, de uma forma que mais pessoas tenham acesso e não precisem pagar por isso?

Então estou aqui, com o podcast ROMANCEIRO VIVO, estreando sua segunda temporada, tendo a primeira entrado no ar em 19 de março de 2023. (No final deste texto deixo links para as temporadas e episódios.) Nele falo principalmente do romanceiro, da poesia tradicional, transmitida informalmente, na maioria das vezes de transmissão oral. Meu tema principal é o ROMANCE IBÉRICO TRADICIONAL CANTADO.

Mas o que é esse tal romance ibérico tradicional cantado, o objeto deste podcast?

São poemas musicados, de autoria anônima, que aparecerem no final da Idade Média, sobre diversos assuntos, desde as aventuras de cavaleiros e guerreiros, casos de amor da nobreza, lutas entre cristãos e mouros, histórias de aventuras marítimas, histórias de santos, e também histórias de gente comum, de amores e aventuras da gente do povo.

Os romances – os poemas cantados – geralmente são construídos em versos de sete sílabas, chamados de redondilha maior, e há inúmeras versões de cada um desses romances, cantados com melodias diferentes e também com finais diferentes. São transmitidos espontaneamente, de pessoa a pessoa. A linguagem é rápida, intensa, com ênfase nos acontecimentos, sem muitas descrições do ambiente. Os versos repetidos facilitam a compreensão e fixam a atenção do ouvinte.

Existem milhares de romances na memória popular em Portugal, Espanha, França e outros países, alguns copiados em documentos manuscritos ou preservados em folhas impressas raras e guardadas nas bibliotecas de universidades e mosteiros, mas repetidos e cantados até hoje, vivos na memória do povo, e que talvez você tenha ouvido também, em criança.

Eu quis trazer para você alguns deles, e usei um critério mais afetivo do que acadêmico pra essa escolha: escolhi os romances que gosto mais, que ouvi quando criança cantado pelas minhas tias e agregadas familiares, e depois mais adulta por Dona Militana e outras grandes romanceiras que tive a honra de conhecer. E quem é Dona Militana? Não se avexe. Lá na frente a gente vai saber.

O podcast é dirigido a quem tem curiosidade sobre o tema, mas sem grandes aprofundamentos teóricos – muito embora tudo seja embasado na teoria e na literatura produzida por estudiosos e pesquisadores, citados nas notas de cada episódio..

Como fiz esse podcast? Quem é a “minha” equipe?

Um podcast parte de uma ideia, que nasce na cabeça de alguém; há vários tipos de podcast: os de entrevista, os de humor, de reportagens, e aqueles que documentam algum assunto, como é o caso deste. Depois da ideia, vem a pesquisa, a elaboração do roteiro, a criação de vinhetas e do tema de abertura, e alguns podcasts, como este, têm o canto com acompanhamento musical. A narração do texto é geralmente feita em estúdio pra maior qualidade; depois de gravada, a primeira versão de cada episódio entra em modo de edição em programa de computador, onde são feitos os cortes, inclusões, e finalmente a mixagem e a masterização.

Depois, chega a hora de colocar os episódios nos tocadores de podcast, em um processo que pode ser mais ou menos laborioso. É preciso construir uma identidade visual, produzir o material visual e escrito da divulgação, como releases e posts para as redes sociais. E também escrever os textos que apresentam o trabalho, aqueles que você lê quando está zapeando nas redes procurando algo para ouvir. Além disso, no caso deste meu, também é preciso compor as notas do episódio, com esclarecimentos e bibliografia. É coisa!

Podacsts profissionais, no modelo desse meu, apresentam cerca de 10 a 20 pessoas envolvidas nessas tarefas: pesquisador, roteirista, narrador, técnico de som, editor, jornalista, compositor, instrumentista, artista visual, e outros. Ouça um podcast até o fim e veja quantas pessoas são mencionadas nessas fichas técnicas.

Infelizmente, não posso contar com isso. Este podcast é feito por três pessoas:

A primeira, Paulo de Oliveira, responsável pelo estúdio e por toda a parte técnica: captação de som, edição, mixagem e a masterização.

Paulo de Oliveira

A segunda pessoa é o multiartista e rabequeiro Caio Padilha, que executa o tema de abertura, as vinhetas e me acompanha no canto dos romances.

Caio Padilha

Finalmente, a terceira pessoa é esta que vos tecla, fazendo o resto, desde a ideia original, a pesquisa, o roteiro e a narração até as atividades que vêm depois que o episódio é produzido, para colocá-los nos tocadores e divulgá-los nas redes.

Nós três fazemos isso por amor, ou, como dizemos aqui “na guerrilha”, sem patrocínio, sem verba, sem financiamento e sem usar as leis ou fundos de cultura. A vontade de fazer é tão grande que não queremos esperar pelos prazos e pela burocracia. Nenhum de nós é remunerado Nosso único e precioso retorno é a sensação de estar contribuindo para registrar uma tradição que está prestes a se extinguir, e isso é tudo que precisamos para continuar nisso que eu gosto de chamar “a batalha da cultura”.

Mas esqueci de acrescentar um quarto nome: você, que me ouve! É graças a você que persistimos aqui, cumprindo nosso papel, disseminando a Poesia, a Beleza, a Cultura Tradicional e contribuindo para fortalecer os laços de união entre os produtores e fruidores de arte.

Vamos aos links!

Se você não viu a primeira temporada, eu recomendo fortemente que veja antes da segunda. Comece por onde quiser, mas o trabalho segue uma organização didática que facilita a compreensão do tema. No entanto, se você é aquela pessoa que gosta da aleatoriedade, veja na ordem em que quiser, porque aqui tem lugar para todo mundo.

PRIMEIRA TEMPORADA

EPISÓDIO 1 – CANTANDO ROMANCES 

Romance apresentado: “JULIANA E DOM JORGE”

No primeiro episódio eu falo de maneira geral sobre o que é esse tal de romance ibérico tradicional cantando. Porque ibérico, porque tradicional e porque cantado.

EPISÓDIO 2 – ROMANCE, CORDEL E CANTORIA

Romance apresentado: “RAINHA E CATIVA”

Detalho melhor as definições e faço diferenças entre o romance, o cordel e a cantoria de viola.

EPISÓDIO 3 – POESIA, POEMA, MÉTRICA E RIMA

Romance apresentado: “GERINELDO”

No terceiro episódio, falo sobre poesia, composição poética, métrica, rimas e estrofes  .

EPISÓDIO 4 – DE ONDE VÊM OS ROMANCES?

Romance apresentado: “SANTA IRIA”

No quarto episódio, o assunto é a origem dos romances, e as teorias a respeito. Também falo um pouco sobre as canções de gesta.

EPISÓDIO 5 – DONA MILITANA, A MAIOR ROMANCEIRA DO BRASIL

Romance apresentado: “BELA INFANTA”

No quinto apresento a você a maior romanceira do Brasil: Dona Militana, e falo sobre a transmissão oral e a comunicação poética.

EPISÓDIO 6 – POR QUE CHAMAM ISSO DE ROMANCE?

Romance apresentado: “FLOR DO DIA”

No episódio sexto, vemos o motivo de se denominar os poemas de romances, e conhecemos alguma coisa sobre a formação dos idiomas nacionais.

EPISÓDIO 7 – ASPECTOS DO MUNDO MEDIEVAL

Romance apresentado: “DONA BRANCA”

No sétimo episódio falo sobre a história da Península Ibérica, principalmente as guerras, as invasões e as relações entre Igreja e Estado.

EPISÓDIO 8 – A MULHER COMO PROTAGONISTA

Romance apresentado: “DONZELA GUERREIRA”

Finalmente, no oitavo episódio, fecho a temporada com um episódio sobre as mulheres, em homenagem a todas aquelas vozes anônimas que, ao longo dos séculos, carregaram essas histórias na memória e as repassaram, geração após geração. As romanceiras, como Dona Militana, incluindo também as da minha infância, e ainda as pesquisadoras e professoras como eu.

 

SEGUNDA TEMPORADA

EPISÓDIO 9 – A RELIGIOSIDADE POPULAR

Romance apresentado: “SANTO ANTÔNIO”

Apresento fatos sobre este santo medieval e português, cuja vida envolta em lenda deu origem a poemas e romances variados.

EPISODIO 10 – ANTONINO E O PAVÃO

Romance apresentado “ANTONINO”

O caso de um romance que não é medieval, mas que tem raízes profundas na infância de muita gente.

EPISODIO 11 – O CEGO SEDUTOR

Romance apresentado: ANINHA E O CEGO

Quem é este nobre, que disfarçado de cego tenta seduzir mocinhas indefesas? O romance “Aninha e o cego” traz essa história que nos revela acertos e tratativas para o casamento na Idade Média.

EPISODIO 12 – LA CONDESSA

Romance apresentado: LA CONDESSA

A difícil arte de casar as filhas nos tempos medievais, e alguns comentários sobre a brincadeira infantil e as cantigas de roda.

EPISÓDIO 13 – UM AMOR QUE VENCE A MORTE

Romamce apresentado: CONDE OLINOS

O eterno tema dos amantes perseguidos pela família, o que conduz à morte de ambos.

EPISÓDIO 14 – FEMINICÍDIO NO MEDIEVO

Romance apresentado: A BELA MAL CASADA

Mesmo inocente, a personagem dessa história triste é tratada cruelmente pelo marido impiedoso

EPISÓDIO 15 – A BELA NA MISSA

Romance apresentado: A BELA NA MISSA

Quem é esta mulher, que ao entrar na igreja perturba toda a celebração?

EPISÓDIO BÔNUS – TANTAS PERGUNTAS

Um episódio sem romance, para responder às perguntas do ouvinte.

EPISÓDIO 16 – A NAU CATARINETA

Romance apresentado: NAU CATARINETA

Sete anos e um dia vagando no imenso mar, calmo e terrível. Essa epopéia é um dos romances mais conhecido e encerra esta segunda temporada.


 

As duas temporadas estão no ar, com acesso livre.

Onde: Spotify, e no Youtube.

 

Escreva, comente, pontue, participe.

Comente nos canais ou escreva diretamente pra mim

Os meus endereços estão abaixo.

Clotilde Tavares, esta que vos tecla.

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Arte, Cultura
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cultura popular, folclore, idade media, medievo, poesia, romance cantado, romanceiro, romanceiro iberico

Estranhas iguarias

Clotilde Tavares | 3 de julho de 2024
Uma das mais doces recordações da minha infância – e quando uso a palavra doce peço que me entendam literalmente – era quando minha tia Adiza, que morava conosco em Campina Grande, fazia uma de suas viagens ao interior da qual sempre trazia, como raro e precioso troféu, uma ou duas latas de chouriço. Esta estranha iguaria, que é na verdade um doce feito com sangue de porco, açúcar, farinha e especiarias era considerado artigo de luxo entre nós, pela dificuldade em obtê-lo, e vinha acondicionado em latas de leite em pó, que ficavam na mais alta prateleira do armário. Nada, porém, era suficientemente inacessível para a nossa gulodice e, armados de uma colher de sopa, abríamos as latas e mergulhávamos a colher naquela substância negra e macia, ornada de castanhas, e roubávamos uma ou duas colheradas. Era o bastante, pois a mistura era forte e podia nos colocar com os intestinos desregulados se comêssemos muito, denunciando o atentado ao doce patrimônio de Mamãe e Titia.
Há um doce muito parecido com esse no universo culinário nordestino: é um doce de gergelim, chamado “espécie”, que conheci já na idade adulta por um amigo que, indo ao confins paraibanos, trouxe para mim a preciosidade, que tem a mesma aparência do chouriço mas difere em relação à base, ao ingrediente principal, que no chouriço, é o sangue de porco e, na “espécie”, é o gergelim. Além disso, o chouriço é mais compacto, mais consistente e a “espécie” mais cremosa, e de sabor mais suave.
Cascudo define um e outro. Segundo o Mestre, chouriço é o mesmo que “morcela”, nome comum em Portugal, e dá a receita, constante no seu Dicionário do Folclore Brasileiro: uma tigela de farinha de mandioca peneirada e outra tigela contendo os seguintes ingredientes: erva doce, pimenta do reino, gengibre, cravo, castanha de caju assada bem seca, gergelim, tudo pilado junto e passado na peneira. Faz-se o mel de rapadura, esfria-se e mistura-se em fogo brando com o sangue de porco, mexendo para não encaroçar. Depois de fervido, coa-se, junta-se a farinha e os temperos, leva-se novamente ao fogo e vai-se despejando lentamente a banha derretida de porco, em fogo alto, mexendo-se vigorosamente até despregar do tacho, coisa que deve acontecer depois de umas duas horas. Come-se frio, com farinha fina.
E as quantidades, perguntaria você, meu caro e exatíssimo leitor. De que tamanho é essa tigela? Quantas rapaduras se usa para fazer o mel? Qual a quantidade de sangue de porco, e como se deve obtê-lo? E eu sei? Quem sou eu para saber de coisas tão misteriosas? Receitas como essas, feitas “no olho” durante tantos séculos, passadas de mãe para filha desde os tempos em que se amarrava cachorro com linguiça, nunca trazem as quantidades e para realizá-las você vai usando o bom-senso, repetindo o preparo e testando as quantidades até encontrar a medida certa.
Então, para a sua satisfação, passo-lhe também a receita do doce de gergelim, a famosa “espécie”, uma das muitas que existem na Internet, dessa vez com as quantidades exatas e perfeitamente passíveis de reprodução.
Coloca-se um copo americano (chama-se “copo americano” aquele comum, de bar) de gergelim em uma panela e leva-se ao fogo para torrar. Quando estiver estalando retira-se do fogo e mexe-se até esfriar um pouco quando se deve misturar uma colher de sopa de cravo da Índia torrado e meio copo americano de castanha de caju assada e sem pele. Passa-se tudo no moinho ou no liquidificador, coloca-se numa panela, junta-se uma colher de sopa de manteiga e quatro copos americanos de mel de rapadura. Leva-se ao fogo, mexendo sempre até aparecer o fundo da panela. Enfeita-se com castanhas. Quem ensina a receita, acrescenta que o gergelim pode ser moído ou liquidificado. Para não “embolar”, deve-se colocar no liquidificador, uma porção de gergelim e igual quantidade de farinha de mandioca, pois a farinha “enxuga” o gergelim.
Quanto ao chouriço, há o doce e há o embutido, uma espécie de linguiça, que recebe o mesmo nome. Tratei aqui somente do doce e, se for procurar a receita na Internet, fique atento para não confundir um produto com outro.
No mais, é ter muito cuidado com essas preciosidades culinárias pois são hipercalóricas, desequilibrando sem remédio qualquer dieta de emagrecimento. E bom apetite.
Ah, e esqueci de dizer que quem tiver acesso e quiser me dar um ou outro de presente, eu aceitarei de bom grado e garanto que lhe serei eternamente agradecida pela doce oferenda.
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Comportamento, Cultura, Curiosidades, Memória
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Campina Grande, chouriço, culinária nordestina, culinária popular, doce de gergelim, doce de sangue, espécie, receita de doce

Adiza Santa Cruz Quirino, “Tia Adiza” (1916-1990)

Clotilde Tavares | 1 de julho de 2024

      

Os descendentes de Pedro Quirino Ferreira e Inez Santa Cruz Ferreira, todos eles, são devedores desta mulher, tia Adiza, ou simplesmente “Tia”, cuja dedicação à família foi a motivação mais importante da sua vida. Não houve filha mais dedicada, irmã mais compreensiva, cunhada mais prestimosa e tia mais generosa, boa, dadivosa, sempre gastando o que tinha e o que não tinha para ajudar qualquer um do seu sangue que estivesse em dificuldades. Por causa dessa dedicação sempre colocou em segundo plano sua vida pessoal e, depois de longo noivado, desistiu do casamento para se dedicar a quem precisava dela: irmãos e sobrinhos.

Numa época em que as mulheres só se realizavam através da maternidade e da dedicação aos maridos, Adiza trabalhou no comércio em escrituração contábil, tendo começado ainda na década de 1940 em Ottoni & Cia., em Campina Grande, e depois em uma firma de exportação de couro, Armando Lobo & Cia. A partir dali, quando a firma fechou, trabalhou com João Ferreira Torquato no escritório de contabilidade deste, até aposentar-se.

Morou com a irmã Cleuza (minha mãe) a partir de 1947 e a ajudou na criação dos filhos, mas sempre foi devotada a todos os sobrinhos. Era presbiteriana, mas nunca impôs a ninguém a sua crença, cantando os hinos com bela voz de soprano. Na cozinha mostrava seu talento na pamonha, na canjica, no puxa-puxa, nos bolos e doces, que só ela sabia como dar o ponto. Seu prazer era chegar em casa à noite, depois do trabalho, e deitar-se numa rede, embalando-se com os sobrinhos, enquanto cantava antigos romances; e quando ia balançar a rede para um deles dormir, inventava cantigas especiais para cada um, cantigas até hoje lembradas.

Sob a sua ficha genealógica tive que escrever “sem descendência”, pois não teve filhos. Mas aqui quero registrar toda a rica descendência de Amor com que, inesgotavelmente, nos nutriu a todos.

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adiza, Campina Grande, infancia, Memória, tia adiza

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