A dois passos do Paraíso – Bananeiras-PB
Clotilde Tavares | 12 de abril de 2009Abrindo o site da prefeitura de Bananeiras, o texto diz que a cidade está “… localizada na Serra da Borborema, região do Brejo paraibano, a 130 km de João Pessoa e a 70 km de Campina Grande. Com altitude de 526 metros, Bananeiras possui clima frio úmido, com temperatura média de 28°C no verão e 10 °C no inverno.”
Esta é apenas a informação técnica, que não fala da Natureza exuberante, da sucessão de paisagens que nossos olhos descortinam de onde quer que a gente esteja, cada uma diferente da outra, proporcionadas pela topografia da região. Tudo verde, tudo úmido, tudo com aquela impressão de Paraíso Terrestre, de um mundo que parece que foi inventado naquele instante, com milhares de matizes de verde e cheio, lotado de vida, passarinhos, insetos, formigas, abelhas, marimbondos, imbuás e tudo quando é de bichinho miúdo e bonitinho rastejando, voando, zum-zum-zumbindo, cantando, chilreando, borboleteando, no meio das flores de todas-todas-todas-todas as cores. E veja você, meu caro leitor: eu que sou avessa ao frio e que só gosto de Natureza se ela estiver do outro lado de um vidro blindex, me abestalhei com o cuidado de filigrana de detalhe, de minúcia, que o Universo empregou para criar essa jóia que repousa no centro do escrínio verde do Brejo. Ô Paraíba bonita danada, minha gente! Cheia de tesouros que não conhecemos. A temperatura amena, mesmo neste abril que está ainda calorento em muitos lugares do Nordeste, traz uma noite de sono tranqüilo, “sem rádio e sem notícia das terras civilizadas”, debaixo de um cobertor quentinho.
Também por isso Bananeiras está se transformando num destino desejado por muitos, para fugir do calor e da agitação dos grandes centros. O metro quadrado disparou de preço e não é todo mundo que pode comprar um terreno por lá, como acontecia há alguns anos. A cidade passa por um surto de desenvolvimento, com novas construções se erguendo a cada esquina – algumas, é verdade, subvertendo a arquitetura característica da cidade, o que é uma pena – mas o fato é que os novos empreendimentos geram riqueza para o município, movimentam a economia, introduzem novos hábitos, civilizam os costumes. Mas essa história de progresso tanto tem o lado bom como o lado ruim, porque toda moeda tem duas faces. No pátio da Matriz, na sexta feira da Paixão, eu estava esperando sair a procissão para fotografar. Uma criatura me pediu esmola. Quando eu disse que não tinha, a resposta foi dura e impertinente: “É melhor pedir do que roubar…”
Passei somente um dia na cidade, a sexta-feira da Paixão. Não vi quase nada. Havia muita coisa que eu queria ver: a feira de Solânea no sábado, fazer uma visita a uns parentes Santa Cruz que moram por lá, visitar e fotografar a antiga estação de trem – só fotografei um dos túneis – ver o cemitério, andar a pé pelas ladeiras, ver a contadeira de histórias que dizem que é famosa, entrar nas bodegas, conversar com as pessoas na rua.
Mas o lugar não tem uma conexão de Internet com a rapidez e a facilidade que eu preciso para trabalhar. Levei meu notebook, que tem wireless mas ficou desconectado, e como tenho meus blogues e colunas de jornais com prazos para escrever e enviar, peguei o ônibus no sábado de manhã de volta a João Pessoa.
Sinceramente, acho isso uma pena. É tão simples uma conexão sem fio! O camarada lá que fornece o sinal sem fio que havia na cidade – mas que o meu notebook não podia captar por não estar cadastrado – deveria disponibilizar para os visitantes conexões temporárias, renováveis a cada 24 horas, e cobrar por isso. Eu estava disposta a pagar até dez reais por 24 horas de conexão, se isso fosse oferecido, para poder ficar mais uns dias naquela cidade. Não me interessa essa nova tecnologia G3 pois já tenho em João Pessoa um pacote que envolve telefones fixo e móvel, conexão à Internet, e estou satisfeita com ela. Então, o bom seria mesmo chegar em algum lugar, dar um telefonema, dar o meu número IP e o cara lá configurar uma conexão provisória para mim, que eu podia pagar no meu cartão de crédito, uma coisa simples como colocar crédito num celular pré-pago. Já tive essa facilidade em outras viagens, em outros estados. Então, é possível. Acho que está faltando espírito empreendedor nesse terreno de comunicação. E não venham me dizer que estou mal-informada pois me hospedei na casa da Secretária de Turismo do minicípio, a minha amiga Ana Gondim, que mais que qualquer pessoa conhece a realidade do local. Aliás, a casa de Ana Gondim não é propriamente uma casa mas um chalé de contos-de-fadas, cujos detalhes não revelarei aqui porque eu, se fosse ela, manteria aquele ninho em completo segredo…
Enfim, depois de dois dias incomunicável, fui à rodoviária, pegar um ônibus para João Pessoa. Sentei no batente junto com minhas sacolas – os poucos bancos estavam no sol – e esperei o ônibus da empresa Boa Viagem, que me disseram que passaria às 10h40. Passou às onze horas, e lá fui eu, a bordo daquele veículo todo desconjuntado, ladeira abaixo, descendo a serra. Janelas abertas, cortinas despregadas, ventania dentro do ônibus, e eu fiquei imaginando como deve ser essa viagem quando está fazendo os tais 10 graus que dizem que faz no inverno. Paguei catorze reais pela passagem até João Pessoa, onde cheguei às 13h40, depois de passar por Rua Nova, Belém, Pirpirituba, Guarabira, Mari, Sapé, Sobrado, Café do Vento, Santa Rita, Bayeux e João Pessoa, onde finalmente me conectei para baixar centenas de e-mails que se acumularam nesses dois dias, atualizar os blogues, e saber das novidades.
Bananeiras é um paraíso, mas vá de carro, para não precisar usar os “serviços” da rodoviária e da empresa de transporte; e se precisar de Internet rápida, esqueça. Espero que resolvam esse problema logo, porque quero voltar para passar uma semana.
BANANEIRAS – PB
(A natureza assina em baixo)
***
Esculpida pela natureza
De braços dada com a ecologia
Por essa cidade eu passei um dia
E fiquei encantado por sua beleza
Foi numa estação inverno onde a frieza
De clima serrano, bem aconchegante
Envolve a arquitetura que se expande
Nas ruas encravadas pelas montanhas
Parecendo as colinas na Espanha
Ou Bento Gonçalves, no Rio Grande.
Quando por uma janela eu te avistei
Não resisti aos teus encantos
Visitei aos teus lugares que foram tantos
Com papel e lápis na mão eu rascunhei
Um poema te exaltando onde conjuguei
Relatos da tua história pra te compor
Desde a velha estação que o trem passou
Aos casarões que embelezam a cidade
Da nota máxima da tua universidade
Até as Cachoeiras do Roncador.
Amiraldo Patriota.
patriotajp@hotmail.com
Página na Internet: Blog
http://www.sertaoonline.com
(Amiraldo Patriota visitou a cidade de Bananeiras – PB nas suas férias de inverno de 2010). Hospedou-se com sua esposa Rosana, na pousada da estação. E de lá, visualizando a cidade, fez vários poemas sobre uma bananeiras poética, romântica e cheia de encantos.
Tive o prazer de visitar a cidade de Bananeiras nessa estação inverno 2010 e fiquem encantado com o que vi. Então de imediato peguei lapis e papel e comecei a compor poesias sobre essa fábula. Quem quizer conhecê-las melhor e até outros trabalhos poéticos que faço com as cidades que visito, acesse o meu BLOG no seguinte endereço: http://www.sertaoonline.com (depois clikar em cima da minha foto com o nome: Página Amiraldo Patriota) Outros poemas ainda serão feitos de minha autoria para essa cidade e lá também serão publicados.
Clotilde, faz muito tempo que acompanho seus artigos e crônicas. Hoje moro a bordo de um veleiro e navego pela costa do Brasil. Tenho um blog com o titulo: diariodoavoante.wordpress.com, onde conto minhas histórias e também algumas coisas do mundo. Escrevo uma coluna semanal, aos Domingos, no jornal Tribuna do Norte, que é de lá que passei a lhe acompanhar. Mais vamos ao que interessa: Hoje postei um texto no blog sobre a cidade de Bananeiras – DO MAR PARA O FRIO DA PARAÍBA – e quando estava mostrando aos amigos fiquei com a curiosidade de saber o que se falava de Bananeiras na net, foi quando me deparei com essa maravilha de texto. Muito Bom! Valeu! Só mais um detalhe, a internet sem fio, o frio e a beleza da cidade continuam do mesmo jeito.
Abraços, Nelson Mattos Filho
Clotilde,
É interessante a forma apaixonada com que escreve sua crônica. A aura bucólica do Brejo Parahybano é maravilhosa. Me sentí nas ladeiras de Bananeiras lendo o texto.
Abraço
Em Bananeiras também já tem coca cola.
Estimada Senhora Clotide Tavares.
Fuçando a Internet a procura da cidade de Bananeiras(PB), encontro esse seu belissimo texto sobre a mesma, e há tempo venho tendo saudade de suas crônicas em jornal local no estado do RN.
Fico feliz em está morando na cidade de João Pessoa(PB), boa escolha para residir.
No mais, saúde boa a você e a todos aqueles que lhe são caros.
Um forte abraço
Allan Sena
Boa noite, gostei da sua enquete sobre Bananeiras, mas fiquei triste com a afirmativa sobre internet, deu a entender que ñ tem acesso ainternet. o principais meios de hospedagens (Pousada da Estação e Vale do Paraiso) dispoe do serviço de internet sem fio. E como tem o sinal da claro, tim as pessoas podem trazer seus moldens. em alguns lugares tem o sinal da oi e vivo.
E quando vier a Bananeiras pode nos visitar, faço parte da Casa do Turista, um receptivo local.
Moro na cidade.boa noite
RESPOSTA
Marina, veja a resposta que dei a Maésia. Eu não dei a entender que não havia acesso à Internet. Leia direitinho e veja que o próprio Ramalho Leite, esposo da prefeita Marta, a quem conheço e estimo, concorda comigo. Um abraço.
Sou de Campina Grande. Em 1970 fui morar em Natal, onde fiquei até 2005. Aí, resolvi morar um tempo na Paraíba, e estou em João Pessoa. Mas tenho muitas saudades de Natal, onde moram meus filhos e netos.
Boa tarde Clotilde!
Você é de João Pessoa mesmo?
Gostei dos seus comentários. Volte sempre. A internet vai melhorar. A propósito, na cidade tem torre para recebimento de sinal Claro e Tim, a Oi é alcançada nos pontos mais altos.
Veja: eu não disse que não havia Internet sem fio em Bananeiras. Há, sim. Na casa em que eu estava, a amiga tem internet sem fio, mas a senha da conexão dela não servia para mim. Se eu quisesse me conectar tinha que ser pelo notebook dela. Pelo meu notebook, que é modernosíssimo e tem wireless, eu não conseguiria. Em João Pessoa tenho uma conexão Velox e um roteador sem fio que distribui o sinal para todo o apartamento. Agora mesmo, enquanto lhe escrevo, além desse meu notebook há mais dois conectados na minha rede, o da minha filha e o do meu genro, que estão hospedados aqui hoje. Passei a minha senha para eles e pronto, simples assim. Então, em Bananeiras não encontrei essa facilidade. E não existe coisa pior do que vc ter seu notebook, veloz, configurado do jeito que vc quer e com todos os seus arquivos e programas dentro e só poder se conectar pelo computador dos outros…
Clotilde!
Me diverti ao ler “A dois passos do Paraíso”. Mas confesso que fiquei assustada com a falta de net sem fio por lá…rsrsrsr…preciso ficar lá uns quatro dias trabalhando e preciso da Net e agora? Vou precisar me deslocar até Campina? Tem pelo menos sinal da Claro?
Um abraço.
Eita saudade danada!
Clotilde,
Adoro o brejo e principalmente no frio…. pra tomar umas RAINHAS, com caldo de fava. Parabens pelo relato. Realmente, descer a serra a 10C é beleza… e se tiver chovendo… todo cuidado é pouco. Já fiz esse percurso muitas vezes. Boa pascoa. Abs, Karl