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Arrobas e léguas

Clotilde Tavares | 28 de dezembro de 2009

Um dia desses uma pessoa me perguntou de onde era que vinha a “arroba” que no dia-a-dia usamos com tanta frequência , uma vez que faz parte do endereço eletrônico que chamamos comumente de e-mail. Como passei minha vida sendo professora, acho natural que as pessoas me perguntem coisas desse tipo. O melhor ainda é quando não sei as respostas, pois isso me leva a ler, pesquisar, aprender coisas novas.

E fui logo respondendo que “arroba” é uma medida de peso que se usava muito antigamente, e que hoje não é mais tão comum. Na minha infância, se falava muito em arroba lá em casa, juntamente com “légua”, medida de comprimento que compreende seis quilômetros. Mamãe usava também “uma “quarta”, para designar 250 gramas (“Menino, vai ali comprar uma quarta de charque!”), ou “um quarto” de quilo; uma “mão” de milho, que são 50 espigas; uma “garrafa” de leite, 600 ml; e “meia-garrafa”, 300 ml, essas, medidas numa garrafa de cerveja e numa de guaraná, respectivamente; uma “grosa”, 12 dúzias. E em Campina Grande, ainda hoje, se você entrar em um bar qualquer e pedir um “quinto” de cachaça o garçon traz uma garrafinha de 200 ml da chamada “água-que-passarinho-não-bebe”.

Mas lá estou eu saindo do assunto. Voltemos à arroba. Uma arroba corresponde a dezoito quilos e, junto com a légua está lá no folheto “O Pavão Misterioso”, obra prima da literatura de cordel, escrito pelo poeta José Camelo de Melo Rezende, nos versos que descrevem a máquina voadora construída para que o herói alcançasse a alta torre onde vivia prisioneira a sua amada:

Ele fez um aeroplano

Do formato de um pavão

Que armava e desarmava

Comprimindo num botão

E levava doze arrobas

Três léguas acima do chão.

Ora, o perguntador não se conformou com essa minha enrolação poética e insistiu na resposta exata não sobre essa arroba, que ele também sabia o que era, mas sobre a arroba do e-mail, me forçando a pesquisar aqui e ali e trazer agora a resposta.

Na Idade Média, os livros eram copiados à mão e os copistas buscavam simplificar o trabalho susbtituindo palavras ou conjunto de letras por símbolos. Então, para substitutire a palavra latina “ad”, que significa “casa de”, inventaram o símbolo @. Quando veio a imprensa, o símbolo continuou a ser usado nos livros de contabilidade, aparecendo entre o número de unidades da mercadoria e seu preço, passando a ser conhecido, em inglês, como “at” (“a” ou “em”).

Depois, já no século XIX, quando os espanhóis passaram a usar as práticas comerciais dos ingleses, pensaram que o símbolo seria uma unidade de peso e o atribuíram à “arroba” que era a sua unidade de peso mais comum. Quando as máquinas de escrever foram inventadas, o símbolo foi incluído e sobreviveu no teclado dos computadores. Em 1972, quando começou a ser desenvolvido o primeiro projeto de correio eletrônico, o programador Ruy Tomlinson aproveitou o sentido original do símbolo @ em inglês, que significava “at” ou “em” e o colocou entre o nome do usuário e o nome do provedor. Então, Fulano@ProvedorTal passou a significar Fulano no provedor Tal.

Pergunta respondida, dúvida esclarecida, meu caro leitor. E se quiser ampliar seus conhecimentos sobre a arroba, é só clicar aqui, que tem um artigo muito completo sobre o tema.

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