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As crianças da minha vida

Clotilde Tavares | 12 de outubro de 2009

Tenho dois netos, Marcelo e Isabela. Só Marcelo é criança ainda, com 10 anos, sendo Isabela já uma mocinha de quase 15. Fora Marcelo, há ainda outras crianças importantes na minha vida. Minha sobrinha-neta Maria Luísa, de 1 ano e 2 meses, a quem chamo do “Botãozinho-de-Rosa” e sua irmãzinha de 4 anos, Maria Eduarda. Há ainda “o pequeno João“, de 2 anos e meio, também meu sobrinho-neto, para quem eu sou a “Titia-Grande”. Além dessas crianças, que são ligadas a mim pelo sangue, há outras duas, que se ligaram ao meu coração com laços igualmente poderosos: os do afeto e da amizade. São eles meu afilhado Vinicius, de 10 anos, e Ilana (“Ilaninha”), sua irmã de 8 anos. São filhos dos meus queridos amigos Carlos e Ilana von Sohsten.

Não sou jeitosa com crianças. Não tenho paciência, não sei brincar, não sei lidar com essas criaturas tao especiais e tão diferentes de mim. Mas amo profundamente as crianças da minha vida e através deles as crianças do mundo todo. Quando Vinicius tinha oito meses, escrevi para ele um texto que publiquei na Tribuna do Norte-RN; em 2008, novamente dediquei o mesmo texto a Maria Luísa, quando do seu nascimento. Já quando meus netos nasceram eu fiquei tão abestalhada que não consegui escrever nada. Hoje, quero aqui dedicar a todas as crianças do mundo o mesmo texto que escrevi para Vinicius há dez anos.


Você ainda não sabe ler, pequeno Vinicius, mas hoje eu estou escrevendo para você. Você é tão novinho, nos seus oito meses de vida que além de não saber ler também não sabe sequer o que é um jornal. A televisão, para você, também é apenas um objeto colorido e brilhante que lhe chama atenção mais pelo movimento e pelo som do que pelas imagens propriamente ditas.

Mas não demora muito e você devagarinho vai começar a compreender o mundo, a interpretar as imagens da TV e a entender o que dizem os jornais. Talvez então você se surpreenda com as notícias que a mídia derrama diariamente sobre nós. Confesso, pequeno Vinicius, que muitas vezes preferiria viver num lugar onde não houvesse jornal ou TV para não ver coisas que me deixam assim meio desorientada em relação ao nosso Destino: o meu, o seu, o da Humanidade.

Ultimamente, vimos as notícias estarrecedoras de políticos de várias partes do país envolvidos com o narcotráfico, corrupção e assassinatos. Assistimos boquiabertos à violência do cotidiano, onde as pessoas perdem o controle e voam em cima dos outros para matar por qualquer motivo fútil. Vemos a intolerância, o preconceito, a homofobia, a falta de amor, tudo isso, pipocando na tela na nossa frente, nos deixando muitas vezes temerosos até de sair de casa para comprar o pão na padaria da esquina.

Mas é exatamente por causa de todas essas tragédias que estou mandando este recado para você. O recado, Vinicius, diz apenas o seguinte: o mundo tem jeito. Sabe por que? Porque enquanto todas essas desgraças estão acontecendo, muita coisa boa também acontece. Enquanto a violência corre solta, a corrupção mina a vida política e a crueldade aciona o gatilho dos revólveres, cientistas e pesquisadores trabalham sem descanso para descobrir a cura de doenças, pessoas de bom coração se dedicam a ajudar aqueles que precisam e ecologistas estão vigilantes na defesa do Meio Ambiente.

Enquanto a mídia aumenta seus níveis de audiência graças à exploração da notícia ruim, da desgraça, do flash violento, a Internet aproxima pessoas que conversam, estudam, pesquisa, trocam informações, namoram, praticam a democracia e exercem sua cidadania.

Enquanto bandidos com ou sem gravata se organizam em quadrilhas para matar, seqüestrar e roubar, gente de bem se congrega em organizações e entidades para a promoção dos valores humanos, para a arte, a cultura, a educação.

O mundo tem jeito sim, Vinicius, enquanto a Esperança, de quem você e todas as crianças são o símbolo vivo e amoroso, banhar o coração dos homens. Mesmo diante da morte, da violência, da brutalidade e da injustiça, a Esperança brilha como farol a nos dar alento. Eu, que sou sua orgulhosa madrinha, ainda espero viver bastante para lhe ver desfrutando de um mundo de Paz e Harmonia, como você e todas as crianças merecem.

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Regra de três

Clotilde Tavares | 10 de outubro de 2009

Se você faz dieta para emagrecer ou está seguindo algum regime alimentar onde precisa controlar as quantidades de sódio, ou de carboidratos, ou da gordura que ingere por dia, vai se identificar exatamente com o meu assunto de hoje.

Geralmente, quando temos algum problema que exija o controle das quantidades ou da qualidade da alimentação que ingerimos, e vamos ao nutricionista, entre as diversas recomendações que recebemos está a de observar com cuidado o rótulo dos produtos que compramos no supermercado para adquirir exatamente aqueles que atendem às nossas necessidades. Por lei, todo produto tem que ter essa composição em nutrientes básicos expressa no rótulo, em local facilmente observável e em um tamanho de letra que possamos decifrar. Mas é aí que começam os nossos, os meus e os seus problemas, meu caro leitor.

Quer ver? Pegue na prateleira do supermercado, por exemplo, uma marca qualquer de requeijão. Olhe o rótulo. Lá ele diz que uma porção de 30 gramas tem, por exemplo, 70 calorias. Aí tente comparar com outra marca que está ao lado, na mesma prateleira. Essa já dá a composição por 100 gramas, e para comparar uma com a outra você tem que apelar para a velha regra de três: se requeijão A em 30 gramas tem 70 calorias, requeijão B em 100, vai ter “x”. Aí pegue a terceira marca, que já vai lhe dar a composição em 50 gramas, e não mais em 30 ou em 100, exigindo novo cálculo.

Pegue aquele pacote de bisnaguinhas, aquele pãozinho pequenino tão gostoso. O rótulo apresenta a composição por “porção”. E a tal “porção” não é, como seria lógico e cômodo para o consumidor, um pãozinho, mas “dois pãezinhos e meio”. Se você quiser comer somente um, tem que fazer a regrinha de três. Aí, quem não é bom de conta, ou não tem muita paciência de ficar de calculadora em punho enquanto faz as compras no supermercado sai prejudicado nessa história.

Isso nos atrapalha não somente em relação às calorias, como também em relação aos outros nutrientes, como o sódio, que faz mal aos hipertensos, e também em relação à famigerada gordura trans, ou gordura saturada, que toda pessoa de juízo deveria evitar. Como todo mundo sabe, ou devia saber, a gordura trans é uma gordura maldita, inventada pela indústria de alimentos há bem uns cinqüenta anos, e que gruda na parte interna das artérias como chiclete no cabelo.

Esse veneno químico está presente em biscoitos, massas, frituras industriais, e nos famosos claritos, chitos, bibos, tritos, kikos e toda essa porcariada crocante que encontramos embalados em saquinhos brilhantes e coloridos. É cruel, mas é a verdade, meu caro leitor: a estrada da perdição e da morte está pavimentada com moléculas de gordura trans, e é preciso manter-se longe dessa substancia assassina.

Mas como comparar as tais quantidades de gordura se tudo termina voltando para o problema antigo? Se as porções que norteiam a fórmula da composição mudam conforme a marca do produto, obrigando-nos ao mesmo exercício mental cansativo e duvidoso empregado para ver as tais quantidades de calorias?

Na dúvida, o que venho fazendo é deixar de comprar coisas cujas composições precisem de rótulos e que incluam pouco ou nenhum processamento. Banana, maçã, tangerina, alface, cenoura e tomate, frango, peixe, camarão, alface, rúcula, queijo de coalho, pão francês, abacaxi, pitanga e goiaba, doce de banana em rodinhas, manteiga (pois margarina tem a tal gordura trans), azeite de oliva, vez por outra um ovo de capoeira, café sem cafeína.

Quando vou comer fora, procuro pedir pratos mais simples, como uma massa com molho de tomate, um camarão ensopado, um filé com arroz e purê; e uma vez na vida outra na morte mato a vontade tomando um sorvete de creme com cobertura de chocolate, cheio, lotadinho de gordura trans, porque é preciso um pouquinho de droga de vez em quando para agüentar essa (às vezes) dura tarefa de viver.

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Pausa para a Filosofia

Clotilde Tavares | 8 de outubro de 2009

Depois de alguns dias com posts sobre assuntos como poluição sonora e estresse causado pelo uso dos celulares (veja os três posts anteriores a este), e para que este blog não vire tribuna de reclamações, porque eu acho chato viver reclamando e porque acho que na vida também devem exstir momentos amenos e suaves, hoje não quero reclamar de nada.

Houve um tempo em que eu pegava pesado pelos jornais. Escrevia minhas colunas sempre apontando os problemas, reclamando por soluções, atazanando a vida das tais autoridades competentes que, na verdade, são mais incompetentes do que qualquer outra coisa. Foi aí que o escritor Nei Leandro de Castro, em texto escrito para a orelha do meu livro “A Agulha do Desejo” me chamou de “a fada zangada do cotidiano“. Eu adorei o epíteto, mas esse “zangada” passou a me incomodar, e eu fui a partir disso diminuindo a zanga, ficando mais suave, aprendendo a me divertir mais enquanto escrevo.

Continuo fiscalizando o cotidiano sim, mas não quero viver zangada e é por isso que faço intervalos generosos entre as reclamações, para que também possa, junto com meus leitores, desfrutar de outros temas.

Aí, hoje, querendo fazer este intervalo, lembrei de um conhecido meu, professor da UFRN, um cara inteligentíssimo e meio estranho.

Lá estava ele dando aula na Graduação enquanto caía uma chuva torrencial, um verdadeiro temporal. A biqueira que tinha no exterior derramava uma grossa torrente de água. Ele parou, com o giz na mão, distraído, olhando a chuva… Aí, se virou para os alunos e disse:

– Vocês querem apostar comigo como eu entro debaixo daquela água e não me molho?

– Queremos, professor! – concordaram os alunos já prontos para mais uma piração.

Ele saiu da sala do jeito que estava, arrodeou o bloco de salas de aula e veio para debaixo da bica, onde entrou com tudo e ficou uns cinco minutos debaixo da água. Depois, ainda pingando, entrou na sala de aula molhado até as cuecas. Os alunos, morrendo de rir, cobraram:

Heráclito de Éfeso

Heráclito de Éfeso

– E então professor? O senhor não disse que não ia se molhar?

E ele, pré-socrático todo:

– E não me molhei. O homem que disse aquilo era um homem diferente do homem que se molhou na bica, e a água também já era outra…

Puro Heráclito de Éfeso, que disse: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois quando ele ali entrar a segunda vez, já é outro homem, e o rio também já é outro.”

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A ligação misteriosa

Clotilde Tavares | 7 de outubro de 2009

O celular toca. Eu atendo. A pessoa do lado de lá, um homem, pergunta: “Quem fala?” “Clotilde Tavares”, respondo eu, que não tenho nada a esconder e não me incomodo de dizer meu nome quando atendo ao telefone. A informação, no entanto, não satisfaz ao meu interlocutor, que explica, com voz ansiosa e irritada: “É porque tem uma chamada para o meu celular, vinda desse número.”

Começa aqui um capítulo dessa escravidão tecnológica que algumas pessoas desenvolvem com o telefone celular. Desde o tempo em que esses aparelhos eram raros, feios e pesados, e eu comecei com daqueles estilo “tijolão” da Motorola, sempre entendi o telefone celular como algo para me trazer comodidade, e não aperreio. Até hoje ainda uso o celular dessa maneira, a meu serviço, para facilitar minha vida quando estou fora de casa ou viajando e quero ligar para alguém.

celular2Nunca, nunca o uso para ser encontrada em qualquer lugar que estiver. Não tenho negócios tão importantes assim que necessitem da minha presença o dia inteiro; e não tenho – graças a Deus – nenhum familiar doente. Então pra que danado tenho que ser encontrada durante todas as vinte e quatro horas do dia? Quando chego em casa, atiro a bolsa em qualquer lugar e dentro ela o pobre celular às vezes toca sem parar e eu não me lembro nem que ele existe. Ora, quem me ligar e não conseguir falar comigo, se realmente quiser me encontrar, liga de novo. Quanto a retornar uma ligação que apareceu no visor do meu telefone e que eu não sei de quem é, isso nunca.

Mas o meu interlocutor, aquele, que estava retornando para o meu número, estava ansioso para saber como os meus oito algarismos haviam ido parar no telefone dele, e insistiu. Aí eu perguntei de quem era o telefone; ele respondeu que era de Severiano. Como eu não conheço nenhum Severiano, disse a ele que não tinha sido eu. “Mas o número está aqui, no meu celular”, insistiu a criatura. “Pode ser que esteja, mas eu não liguei para nenhum Severiano, não conheço nenhum Severiano e o senhor está gastando seu tempo à toa…” E gastando também a minha paciência, mas isso eu não disse porque, mais do que ninguém, compreendo o drama dos meus ansiosos e estressados semelhantes. Ele então encerrou o assunto: “Tá certo. Tudo bem. Mas eu ainda vou descobrir o mistério essa ligação.”

Mas não é difícil, meu caro leitor, nem tão misterioso assim. Para esse fato existem pelo menos duas explicações tão plausíveis quanto corriqueiras. A primeira delas é que eu mesma, ligando para alguém, posso ter digitado erradamente um algarismo. Esse engano tão simples, como qualquer pessoa sabe, pode inviabilizar a ligação que a gente quer, nos ligando com quem a gente não quer. Ou então a pessoa que tinha aquele número, que era com quem a gente queria falar, trocou de número. Do ponto de vista técnico pode ser que existam ainda outras explicações que sequer imagino, fazendo com que meu número tenha ido para no celular do tal Severiano.

O pior foi o caso da mulher estressada, que encontrou – segundo ela – meu número no fone do marido e queria sabem quem eu era. Depois de muita conversa, terminei descobrindo que o número que estava lá no celular do marido dela não era o meu: a criatura, descontrolada, discou errado e terminou vindo parar no meu número! Pois é, meu caro leitor! Eu quase pago, e caro, por um pecado que não cometi…

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Ainda o barulho

Clotilde Tavares | 6 de outubro de 2009

Ontem andei aqui falando de barulho urbano. E hoje continuo com o assunto porque recebi alguns e-mails interessantes de pessoas relatando suas próprias dificuldades em lidar com essa praga urbana, como você pode ver em alguns comentários do post anterior, logo abaixo deste. Mas também recebi outros, que não publiquei porque a linguagem não se adaptava àquela adotada neste espaço, uma vez que envolvia xingamentos dirigidos a esta blogueira e prometia que ia sim continuar ligando o som do carro nas alturas, descrevia o equipamento, e terminava com a afirmativa: “Quem for podre que se quebre!”

Pelo tom do e-mail dava para deduzir o perfil do missivista. Deve ser jovem, entre 20 e 30 anos, do sexo masculino, classe média. Baseada na convivência que tive nos edifícios onde morei, e no que observo por aí no meu círculo de convivência, acrescento que geralmente, eu disse geralmente, são de classe média a média-alta, educados em colégios particulares, cursando faculdades também particulares. Gostam de “vaquejada, de forró e de cabaré”, como dizem as letras de suas músicas, e geralmente contam com o pai ou a mãe para tirá-lo de encrencas quando as coisas não vão bem. Na última novela da Globo havia um tipo assim, o “Zeca”. Resumindo, são essas as pessoas que chamo de “ceresumanos”. São muitos e às vezes eu tenho a impressão de que são maioria nessa faixa etária.

Voltando à questão do barulho, penso que é preciso atuar em três eixos.

O primeiro é a educação. Ações nas escolas precisam ser desenvolvidas, principalmente entre os bem jovens, quando as crianças ainda não se tornaram “ceresumanos”. Aulas, atividades, cartilhas, videos, tudo isso pode fazer com que essas crianças além de se educarem sejam multiplicadores da idéia de que a poluição sonora é danosa à saúde; elas também conheceriam as medidas punitivas que podem ser aplicadas aos barulhentos.

O segundo eixo é o da fiscalização e repressão ao barulho já existente. Aqui – volto a dizer – não adianta órgãos de fiscalização criados por governantes bem intencionados, mas sem a correspondente cota de pessoal ou viatura para fiscalizar. Em Natal, o uso do telefone 190 acionando a polícia para dar fim à algazarra funciona muito bem e, dessa maneira indireta, também “educa”.

O terceiro eixo é o que cabe a nós, cidadãos. É surpreendente o número de pessoas que se sente incomodada mas não faz nada, pelo medo de parecer “chata” ou “antipática”. Precisamos entender que a paz e o silêncio são um direito. Precisamos nos informar mais sobre essa questão, porque muita gente pensa que durante o dia é permitido fazer o barulho que quiser, e que a “lei do silêncio” só vale após as dez horas da noite. Barulho é barulho qualquer hora, e o cidadão tem o direito de reclamar.

Então: informe-se, eduque seu filho, fale sobre isso no seu círculo de amigos, cobre políticas educativas na escola em que ele estuda, vote em pessoas que estejam interessadas na questão do meio-ambiente, não tenha medo de parecer antipático, pois se trata de sua saúde, do seu bem-estar e da sua vida sem estresse. Sobretudo, reclame, faça valer seus direitos de cidadão e de habitante de um planeta que, se a gente nao tomar cuidado, daqui a pouco vai se tornar um lugar muito terrível pra se viver.

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Barulho é caso de polícia

Clotilde Tavares | 5 de outubro de 2009

Ontem à noite eu estava esperando um amigo para bater um papo. Esse amigo é Chico Guedes, que tem um blog maravilhoso sobre a Hungria, uma vez que ele é tradutor da língua magiar e apaixonado por aquele país. Mas não é sobre isso que quero falar, pois de húngaro não entendo nada e se você quiser saber mais vai ter que ir lá no blog do rapaz, que é muito interessante pois tem textos inteligentes, especialmente um sobre as planícies da Hungria, e fotos muito bonitas. Eu estava planejando que ficaríamos na varanda do apartamento, para desfrutar da prisa perfumada de Natal e da magnífica Lua Cheia que já se elevava no céu, parecendo uma figura de Goya, pálida, envolta em nuvens, como uma dama escondida atrás de sua mantilha de renda negra.

Essa poesia toda foi para o beleléu quando começou a maior barulhada na vizinhança. Algumas pessoas estacionaram um carro a uns cem metros de onde eu moro, na calçada de um prédio comercial, ligaram o som do veículo em toda altura e se empenharam em poluir a noite com o ruído aterrador dos seus sub-woofers. A música era de baixo nível, mas isso não vem ao caso pois não sou patrulha estética de ninguém; e naquele volume até canto gregoriano seria terrível.

Felizmente, meu caro leitor, aqui em Natal, onde voltei a morar depois de quatro anos na Paraíba, barulho não é caso de meio-ambiente: é caso de polícia. Liguei para o 190 – Rádio Patrulha e em coisa de 20 minutos a farra dos barulhentos terminou. Quando o meu amigo chegou, a paz já havia sido restaurada, a noite havia voltado a ser calma e suave e a Lua Cheia podia ser contemplada com deleite.

Tenho tolerância zero com barulho urbano, principalmente esse causado por equipamentos de som instalados em carros ou aquele oriundo de bares e botequins, que infernizam a vida de qualquer vizinhança. Em João Pessoa, onde morei durante quatro anos, havia um órgão que pretendia disciplinar isso mas não disciplinava coisa nenhuma porque não tinha viatura para atender aos chamados. E queixa de barulho tem que ser atendida na hora, e não no dia seguinte. Quando voltei para Natal, fiquei feliz de ver como a questão do barulho é tratada aqui; e nesses quase dois meses de moradia na Cidade do Sol, chamei a Rádio Patrulha duas vezes, com sucesso.

Nenhuma pessoa é obrigada a aturar barulho provocado por terceiros. O barulho é uma contravenção penal, prevista em lei, e inclui gritaria, algazarra, exercício de profissão incômoda ou ruidosa, uso abusivo de instrumentos sonoros ou sinais acústicos e barulho de animais, como cães, por exemplo. Prevê prisão ou multa, e quanto mais nós, incomodados, exercermos o direito que temos de reclamar, mais os barulhentos vão se educando e entendendo que não têm o direito de perturbar a paz alheia.

Eu faço parte de um grupo de discussão na Internet, o Barulho-Br. Lá são mostradas muitas situações de barulho, e as soluções que podem ser encontradas. Além disso, o setor de links do grupo tem muitos textos e legislação que podem orientar a pessoa que vem sofrendo com esse tipo de incômodo.

Veja também os posts:

O cachorro do vizinho

O barulho vem de jegue

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Olimpíada 2016 – a festa do Rio de Janeiro

Clotilde Tavares | 3 de outubro de 2009

Acompanhei ontem com emoção a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. No twitter, os comentários de sucediam, e eu me diverti muito porque, além da torcida normal de uma ocasião dessa havia ainda as piadas, cada qual mais engraçada do que a outra, e, como toda piada  que se preza, oscilando através de vários graus da escala do políticamente incorreto.

Desde o engraçadíssimo Yes, we crew, de Marcelo Tas e Xico Sá propondo malabarismo em semáforo como esporte olímpico, foi engraçado ver alguém dizendo que na abertura “Ronaldo leva a tocha e Marcelo D2 acende”, outro lembrando que “Vanusa vai ter sete anos pra aprender a cantar o Hino” e um terceiro levantando a possibilidade de Niemeyer começar a treinar assim que sair do hospital.

E as piadas não param. Dizem que as medalhas vão ser de “ouro, prata, bronze e chumbo” e sugerem que os sete anos que nos separam das Olimpíadas são suficientes para aposentar Galvão Bueno.

Piadas à parte, fiquei feliz. Nesse momento agora, não me interessa se metade da verba vai ser desviada, se vai faltar dinheiro para saúde e educação, se a bandidagem no Rio de Janeiro vai deitar e rolar, se os engarrafamentos vão ser imensos, e todos os outros argumentos que estão usando para tentar empanar a alegria desta hora.

Todos esses problemas podem acontecer, e provavelmente vão acontecer, mas minha gente! Numa hora dessa, em que estamos pela primeira vez na América Latina sediando uma Olimpíada, é muito ruim torcer contra. É feio, é mesquinho, é pobre. O que a gente tem que fazer daqui pra frente é exercer o papel de cidadão, cada um dentro da sua esfera de atuação, e fiscalizar o que é que vão fazer com essa grana toda, ver como é que as verbas vão ser aplicadas através dos mecanismos controladores de que a sociedade dispõe. O melhor desses mecanismos é o voto, e no próximo ano já vai ser possível aplicá-lo.

No mais, é comemorar, alegrar-se com a festa do esporte, com a celebração da saúde e da alegria, e torcer para que mais uma vez nossos atletas subam ao pódio coroados de ouro.

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A gaiola do mundo

Clotilde Tavares | 1 de outubro de 2009

Ontem de tarde eu estava escrevendo. Diante de mim, a TV ligada e meus olhos pulando da tela da TV para a tela do notebook. Escrevo melhor no meio da confusão, e se tem muito silêncio, paz e tranquilidade minhas idéias somem e eu não sou capaz de redigir uma só linha. Para completar, a dez metros do meu quarto andar, passa uma das mais movimentadas avenidas da cidade. Pois bem: lá estou eu escrevendo quando um som agudo me chamou a atenção. Um pássaro empoleirado no peitoril da varanda, emitia um trinado impossível de tão alto, e como veio, foi embora, me deixando suspensa e encantada com a visita.

São eles, os meus amigos alados, que me descobriram aqui e já vieram me visitar. E para compartilhar com você essa minha relação com os passarinhos, publico aqui a crônica escrita em 2006, quando ainda morava na Paraíba. O texto também está no meu livro “Coração Parahybano”.


O bem-te-vi.

O bem-te-vi.

Quando eu morava em Natal, na minha casa grande, cheia de plantas, árvores e orquídeas, os passarinhos me visitavam com freqüência. Os bem-te-vis faziam a festa, havia um beija-flor azul que vinha pontualmente às seis e meia da manhã beber todo o mel de uma plantinha de flores vermelhas e vez por outra aparecia ele: o canário-da-terra, o rei do pedaço, de cor marrom-avermelhada, que fazia a maior folia debaixo do coqueiro.

Aqui em João Pessoa, na varanda de um oitavo andar, ainda tentando adaptar plantas que trouxe do Rio Grande do Norte a uma varanda onde o vento chega a ser às vezes destruidor de caules e corolas, já comecei a reencontrar meus pequenos amigos.

O beija-flor azul.

O beija-flor azul.

O bem-te-vi vive na mais alta antena de TV do prédio, e de lá faz seu palco de canto espetacular; e o minúsculo beija-flor já me visitou uma vez, olhando para mim através da vidraça como quem pergunta: “Clotilde, cadê meu mel? Cadê minhas florzinhas vermelhas?” Mas faltava o canário. Aí, uma manhã dessas, ouvi o trinado. Ele estava cantando. Não somente cantando como também pipilando, currucheando, assoviando, arrulhando, chilreando e fazendo todos aqueles magníficos barulhos que tornam o canto do canário tão maravilhoso. Mas esse tinha algo diferente; era um canto mais elaborado, e pesquisa aqui, pesquisa acolá, descobri que quem cantava era um canário belga, um primo mais sofisticado do pequenino canário da terra que brincava debaixo do meu coqueiro.

O canário.

O canário.

Mas onde se escondia o estridente passarinho? Quando ele começava, eu ficava de janela em janela, procurando descobrir onde estava a avezinha, e nada. Aí, peguei o binóculo e fiz campana, esquadrinhando toda a vizinhança até que o descobri, numa gaiola na varanda do terceiro andar do prédio vizinho.

Agora, estando em casa, quando ele começa, eu largo o que estou fazendo e vou assistir da janela da área de serviço ao concerto vocal, à sessão de canto lírico, à ária apaixonada que esse pequeno soprano coloratura me dedica, porque já sei que ele canta somente para mim.

Seu pequeno coraçãozinho de pássaro chora a saudade da liberdade, dos campos verdes, das matas, dos coqueiros, do céu azul, da chuva, do sol e da brisa dos tabuleiros. Preso, sem poder voar, vive cantando, e meu coração de gente também lamenta com ele porque eu também, passarinho, vivo presa na gaiola do mundo, que às vezes me parece tão pequena para os meus anseios, para os vôos da minha alma, para as viagens da minha consciência, para o palpitar do meu coração.

Meu coração e o teu, passarinho, cantando juntos a saudade dos espaços infinitos.


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Trabalho e prazer

Clotilde Tavares | 30 de setembro de 2009

Tem gente que adora o que faz no trabalho; outros odeiam, mas ganham muito bem, e continuam fazendo. A sabedoria popular é quem diz que “quem faz o que gosta não precisa trabalhar”. Mas infelizmente muitas vezes não é possível trabalhar naquilo que gostamos. Em épocas de crise como a nossa, precisamos trabalhar no que aparece e não naquilo em que preferiríamos.

A necessidade de refletir sobre o trabalho é imprescindível para viver bem nos dias de hoje. O mundo do trabalho, dos empregos, está mudando. Um conceito que prevalece mais e mais a cada dia no mundo dos negócios é o conceito de “trabalho prazeroso”. Isso quer dizer que só vale a pena trabalhar se esse trabalho der prazer. O empresário antenado com as mudanças não está mais interessado no “empregado”, que é aquele que “se puder, trabalha menos”. O interesse hoje é no “empreendedor”, que é aquele que “se puder, trabalha mais”.

E qualquer um de nós só trabalha além do mínimo se gostar do que faz. Os empresários estão procurando para contratar pessoas que trabalhem como os artistas. Ora, como é que um artista trabalha? Um cantor, um músico, um ator, um artista plástico, geralmente se entregam à tarefa que fazem – cantar, tocar, atuar, pintar – com um grande prazer e uma dedicação integral.

Você já reparou como é apertada a agenda de muitos artistas? Já reparou que eles trabalham num ritmo que muitos de nós, simples mortais, jamais pensaríamos em conseguir no nosso trabalho normal? O que acontece é que na nossa sociedade, há um grande preconceito contra o trabalho prazeroso. Desde que Adão foi expulso do Paraíso com as palavras terríveis “Comerás o pão com o suor do teu rosto” ainda ecoando nos ouvidos que o homem associa o trabalho com o sofrimento e o sacrifício.

Isso se complica quando um jovem quer trabalhar em coisas que, para a geração mais velha, não são necessariamente “trabalho”. Quando um jovem resolve ser músico, o pai pergunta: “Tudo bem. Mas quando é que você vai arranjar um trabalho de verdade?” Isso é dito como se tocar profissionalmente não fosse um trabalho muitas vezes mais cansativo do que frequentar uma repartição pública das oito às doze e das duas às seis. Ficamos também desconfiados quando vemos alguém feliz com o trabalho. Pensamos lá com os nossos botões: “Bem, se é tão agradável assim, não deve ser trabalho.”

Conheço uma jovem que é especialista em Biologia Marinha, e trabalha de biquini, pé de pato e máscara de mergulhador. A família não aceita essa atividade como trabalho e sempre se refere a ela como “as férias eternas de fulana”, muito embora ela ganhe mais dinheiro do que o seu irmão, que é advogado.

As empresas não estão mais interessadas em “mão de obra” mas em seres humanos empreendedores, felizes e criativos e isso só se consegue se o indivíduo estiver envolvido afetivamente com o seu trabalho. É preciso então seguir as inclinações do nosso coração, ao escolher algo em que vamos trabalhar, muitas vezes para o resto das nossas vidas. O trabalho que nos dá prazer é, assim, uma garantia de felicidade.

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Vaidade das vaidades

Clotilde Tavares | 28 de setembro de 2009

A maioria das pessoas alimenta o sonho de ficar rico. Por isso é que as mega-senas da vida têm tanto sucesso e aceitação. Nada de mais. Ficar rico, ter muita grana, poder fazer o que quiser sem as limitações impostas pela ausência do vil metal deve ser bom demais.

Só que riqueza é uma coisa muito relativa. Uma revista norte-americana mantém atualizado um ranking de ricos, medido pelo tamanho da fortuna em dólares, quero dizer, em bilhões de dólares. Na minha terra, em Campina Grande, onde o povo é exagerado, os ricos também o são; e ouvi dizer que um deles, ao construir a casa nova, nela incorporou não mera e comum quadra de volei ou tênis, mas um campo de futebol nas dimensões oficiais, e chamou Pelé, o rei Pelé, para dar o chute inaugural. Outro – esse eu vi – estava bebendo em um bar nas cercanias de Mamanguape-PB, com a camionete cabine dupla estacionada em frente. Mal vestido, de chinelas, não parecia ter grana. O garoto que atendia às mesas duvidou que o carro fosse dele e ele, o rico, para mostrar que o era, pegou do chão uma pedra e destruiu o para-brisa do próprio carro somente para comprovar sua propriedade.

Qualquer coluna social de província – porque elas estão cada vez mais extensas e variadas, invadindo o espaço dos cadernos culturais dos jornais – exibe os símbolos de riqueza material que enchem os olhos dos deslumbrados: festas descritas em detalhes onde os ditos “ricos” degustam champanhe, crentes que pertencem a uma camada especial da humanidade. Mas no outro dia, meu caro leitor, você vê esse povo todo no trampo, trabalhando, ralando, nos escritórios, consultórios, jornais, empresas, indústrias e outras instâncias da produção de riqueza. No outro dia lá estão todos eles, ainda um pouquinho ressacados, mas suando – pouco – a camisa no ar condicionado, com obrigações, agendas, compromissos e reuniões de trabalho.

Jorginho Guinle

Jorginho Guinle

Ai eu pergunto: e será isso riqueza? Será que esses são realmente os ricos? Rico trabalha? O pobre quer ficar rico para deixar de trabalhar; aí ele descobre que ser rico – pelo menos na província – também dá muito trabalho. Quem estava certo era Jorginho Guinle, rei dos play-boys brasileiros: ser rico é não precisar trabalhar e ele se gabava de nunca ter trabalhado um só dia na sua vida.

Imediatamente me lembrei de Lady Caroline Astor, dama da alta sociedade norte-americana na década de 1890 e que reinava soberana do alto da sua opulenta mansão vitoriana onde passava o verão em Newport, Rhode Island. Foi dela a idéia de criar o “400”, o primeiro índice de “colunáveis” dos Estados Unidos. O índice continha apenas 400 nomes porque era o número de pessoas que cabiam no seu salão de baile. Neste salão, com mais de 600 metros quadrados, havia 833 janelas e espelhos e ser convidado para as recepções de Mrs. Astor em Beechwood – que era o nome da mansão – era quase como ser promovido a santo: significava ser admitido numa classe especial de gente que era diferente dos mortais comuns e, principalmente, para diferenciá-los dos ricos que não eram ricos de verdade.

Beechwood

Beechwood

O conceito de riqueza de Mrs. Astor que norteava a escolha dos seus quatrocentos eleitos era simples: ter pelo menos um milhão de dólares (que no final do século XIX era dinheiro) e não ter trabalhado por três gerações, o que quer dizer que além do camarada não trabalhar, seu pai e seu avô também não deveriam ter trabalhado. O escolhido, além de ser ocioso de carteirinha, tinha de ser também ocioso hereditário.

Essas histórias me vêm à cabeça sempre que vejo aqui na província essas festas descritas nas colunas sociais ou quando ouço alguém dizer que comprou um sofá por dez mil reais.

Futilidade,vaidade, insulto terrível e sem perdão a quem ganha salário mínimo nesse país de desvalidos, todos esses pecados acabo de cometer quando ocupo seu tempo e este espaço para essa minha breve digressão entre os ricos de verdade e os ricos de mentira. Mas não sou santa, meu caro leitor, e como você também não é, espero que tenha se distraído um pouco com este papo fútil, para animar esse início de semana onde estamos todos no final do mês e, ricos ou pobres e remediados, esperamos com ansiedade o nosso contra-cheque.

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