Umas & Outras

Arte, Cultura, Informação & Humor
  • rss
  • Início
  • Quem sou?
  • #DiretoDaBolha
  • Currículo
  • Livraria
  • FotoComTexto

O que você leva na bolsa?

Clotilde Tavares | 26 de setembro de 2009

Esse meme andou circulando por aí, tem um tempo, e em tudo que é de blog as pessoas postaram fotos dos objetos que carregam na bolsa. E o curioso é que, ao contrário do que se apregoa, as bolsas femininas andam muito organizadas sim senhor.

As mulheres muitas vezes carregam artigos de maquilage e cuidados pessoais numa enorme variedade, mas a maioria das que eu vi estavam todos muito bem organizados e separados em “necessaires”. Os homens também são organizados, e eu lhe envio para dois exemplos: a bolsa de Jady, do blog Between Us e a mochila de Augusto Campos, do blog Efetividade.net. Por que eles? Ora, minha gente, por que são blogs que gosto e visito todo dia e nada melhor do que fazer com que você os visite também. Há também um Flickr onde as pessoas postam o conteúdo das suas bolsas e o blog Xeretando Bolsa, de Fabiana Martins.

Mas eu, o que levo na bolsa? Já escrevi um grande e minucioso artigo sobre “Bolsa de Mulher” que você pode ler completo aqui, no site da Rainha Denize Barros, o La Reina Madre. O artigo foi escrito há uns dois anos e eu nem sei mais se o que eu levava naquele tempo é o mesmo que levo hoje. Então, vamos lá.

Levo na bolsa hoje a carteira com dinheiro, cartões de credito, documentos, cartões de visita, moedas. Dentro dela ainda carrego um pendrive de 1 Giga. Além da carteira, o celular, um leque, as chaves da casa, do carro e do portão do prédio, tudo em um chaveiro muito feio e sem graça (aceito um novo de presente…). Os óculos escuros, um estojo com batom e espelho, uma “piranha” para o cabelo, a Moleskine vermelha (do modelo Pocket Weekly Notebook) e umas duas ou três canetas Stabile point 88 (só uso esse tipo). Levo ainda uma lanterna, pois esse meu prédio é velho e assombrado, e se eu ficar presa no elevador ou tiver de descer ou subir pela escada escuríssima, tenho a minha lanterna salvadora.

Só isso meu caro leitor, só carrego isso. Como não trabalho fora nem passo o dia na rua, sou poupada de ter de carregar outras coisas que as outras pessoas precisam levar. Somente em casos especiais – ida a consultorio médico, por exemplo – levo um livro ou a Moleskine preta, maior, na qual escrevo.

E você? Leva o que na bolsa? Confesse aqui nos comentários.

O que eu levo na bolsa.

O que eu levo na bolsa.

Comentários
2 Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
bolsa de mulher, Moleskine
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Gripe suína: muito barulho por nada

Clotilde Tavares | 25 de setembro de 2009

virusHoje tenho uma pergunta que pode parecer boba, mas que vou fazer aqui: alguém me dá notícias da gripe suína? Aquela que ocupou todos os espaços da mídia há poucos meses, que foi comparada à epidemia de gripe espanhola de 1918, que ia causar espetacular mortandade entre os chamados grupos de risco?

Sem a menor explicação, a mídia silenciou a respeito, pararam de noticiar os óbitos com estardalhaço, deixaram de mostrar gente de máscara na TV, talvez porque as próprias pessoas, vendo o descabido dessas medidas, tenha por si só raciocinado com bom senso e deixado de usar as tais máscaras que, a rigor, só funcionam se o mascarado estiver doente ou se teve contato com gripados e está em fase de incubação do vírus; a máscara é usada não para proteger a ele, mas aos outros, isso valendo em qualquer doença respiratória de alto contágio como, por exemplo a já citada gripe e tuberculose pulmonar.

Desde o início não acreditei em nada disso. Tenho olho para estatística e experiência como epidemiologista, uma vez que tenho formação na área, embora não atue como tal há muitos anos. A maioria dos óbitos que foram citados nos telejornais eram de pessoas suscetíveis a ter complicações respiratórias em caso de virose; as pessoas faleciam e no mesmo dia o noticiário dizia que elas haviam tido como causa de morte a gripe suína, quando o exame laboratorial que comprova esse diagnóstico demora pelo menos 10 dias. E tudo que a mídia propaga com tanto barulho deve ser sempre muito bem analisado antes de achar que aquilo é a verdade absoluta.

Pois bem: é isso que está aí. Ninguém mais fala da tal gripe, a “pandemia” resolveu-se por si própria, os fabricantes do tamiflu e de álcool-gel devem ter enchido as burras de dinheiro e, para não dizer que não restou nenhum benefício disso tudo talvez essa pretensa epidemia tenha contribuído para formar nas nossas crianças o hábito de lavar as mãos com frequência, hábito desejável em qualquer situação.

Quanto ao mais, é como o título daquela peça de Shakespeare: muito barulho por nada.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
gripe, gripe suína, tamiflu
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Honra e dignidade

Clotilde Tavares | 24 de setembro de 2009

De todas a coisas que atrapalham e perturbam a nossa vida, penso que uma das mais difíceis é a falta de habilidade que temos para lidar com o outro, com as outras pessoas, com aquelas a quem comumente chamamos “o próximo”.

É tão difícil lidar com o outro ser humano que está ao nosso lado, ou à nossa frente, que quando por algum motivo se juntam dez ou mais pessoas para fazer um trabalho ou qualquer atividade juntas é preciso contratar um “animador”, um profissional com experiência em dinâmica de grupo para quebrar as barreiras que existem entre as pessoas.

Saber se relacionar, conviver, tratar bem, é um talento cada vez mais difícil de ser encontrado. Há tempos, era natural. O cavalheirismo, a polidez, a cerimônia, o esmero no trato com os semelhantes, eram sinais de boa educação e não tinham a ver com classse social, pelo menos na minha época e no meio em que fui criada, estudando em escola pública e filha de uma família apenas remediada mas que levava essas coisas muito a sério. Tais costumes ainda permanecem quando você vai para o interior, para as brenhas, para os lugares “sem rádio e sem notícia das terras civilizadas”.

Modernamente, as relações se deterioraram. As palavras mágicas “desculpe”, “por favor”, “com licença” e “muito obrigado” estão virando coisa do passado. Só tratamos bem ao outro quando queremos um favor, quando queremos conseguir alguma coisa, quando estamos lidando com alguém que achamos que é superior a nós. Para esses reservamos reverências e salamaleques. Já para os que consideramos abaixo de nós, usamos palavras bruscas, desdém e pouco caso.

Isso me faz lembrar um trecho do “Hamlet”, do grande William Shakespeare. No segundo ato, no episódio em que um grupo de atores chega ao castelo para uma apresentação, o príncipe Hamlet ordena a Polônio, um cortesão, que os aloje a alimente, recomendando que os trate bem. Polônio responde que os tratará segundo o merecimento de cada um.

Hamlet então retruca: “Por Deus, homem! Tratai-os melhor! Muito melhor! Se fordes tratar cada homem segundo o seu merecimento, quem escapará da chibata? Tratai-os segundo vossa própria honra e dignidade. Quanto menos eles merecerem, maior será vossa generosidade.”

E depois das palavras de Shakespeare, o que me resta dizer? Apenas, e citando novamente o poeta inglês: “O resto é silêncio.”

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
Comportamento, diálogo, Hamlet, relacionamento entre pessoas, Shakespeare
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Comercial Havaianas e cenas de hipocrisia explícita

Clotilde Tavares | 23 de setembro de 2009

Penso que todo mundo já viu o comercial das sandálias Havaianas que estava passando na TV. Leve, divertido, bem humorado, foi criado pela AlmapBBDO e tem a presença do ator Cauã Reymond, que vira o foco de uma conversa entre avó e neta na mesa de um restaurante. Se você não viu, deve vê-lo clicando abaixo, antes de continuar lendo. É rápido, tem apenas 32 segundos.

http://www.youtube.com/watch?v=u9G5NHkhsFI&feature=related

Pois bem: o comercial foi retirado do ar. As chamadas pessoas “de bem”, baluartes da moral e da pureza, acharam que a peça publicitária ofendia a “sagrada” instituição do casamento e pressionaram a empresa, que achou melhor suspender a exibição, no que eu não a condeno uma vez que precisa vender seu produto e não vai brigar com supostos clientes, sejam eles hipócritas ou não. E chamo sim essas pessoas de hipócritas porque se julgam mais puros e decentes de que os outros e nessa tentativa de impor seus valores atropelam os valores das outras pessoas. Veja abaixo o vídeo que está disponiblizado no You-Tube contra o comercial, com direito a citações bíblicas e tudo o mais. Dura 2 minutos.

http://www.youtube.com/watch?v=vs2vmr7vZeE

O video começa com a declaração: “Fui obrigado a falar de sexo com minha filha de 5 anos!” Ora, minha gente! Qual o problema? Todo mundo sabe que é nessa idade que as crianças começam a perguntar sobre “aquilo que papai e mamãe fazem quando se trancam no quarto”, sem precisar da televisão para que essa curiosidade seja despertada. A clareza e a sinceridade nas respostas vai determinar no futuro a atitude saudável ou não dessa criança em relação ao sexo. Mas o video continua dizendo que a criança viu “uma avó dizer à neta que fazer sexo é moderno!” Na verdade, a avó não disse isso. Dise que ela, a avó, era moderna, porque convenhamos: fazer sexo é a coisa mais antiga que existe.

Eu duvido que a criança tenha perguntado isso aos pais. A referência a sexo é rápida, casual e sutil, dentro da conversa, e tenho certeza de que a criança não atentou pra isso. E se atentou? E se perguntou? Qual o problema de uma criança de cinco anos perguntar o que é sexo e a mãe responder? E será que e só esse comercial a única referência ao sexo que há na TV, cuja programação a criança assiste inteirinha enquanto os pais trabalham? E os comerciais de outros produtos, como os de cerveja, por exemplo, carregados de conteúdos eróticos?

O pior de tudo é que o vídeo traz o exemplo da criança de 11 anos, estuprada e engravidada pelo padastro pedófilo. O que o video quer demonstrar aqui? Que as crianças, conhecendo o sexo tão cedo, e preferindo o sexo ao casamento, se fazem estuprar e engravidar de propósito pelo inocente padastro, aprisionado nas garras da menininha que aprendeu sexo na TV?

O mundo está cheio desse tipo de hipocrisia, meu caro leitor. O mundo nestá lotado de pessoas puras e melhores do que as outras, que vêem pecado e sujeira em tudo, porque o pecado e a sujeira está dentro dos seus corações e mentes, toldando sua visão, distorcendo a sua forma de ver a realidade e prejudicando toda a sociedade.

Para concluir, veja como a empresa contornou com elegância a situação, tirando o comercial do ar mas o substituindo pelo apresentado abaixo.

http://www.youtube.com/watch?v=q4Lsk_cEdQA

UPTADE: (24/09)

Quero agradecer a todos que participaram desta discussão. Tenho lido atentamente todos os posts e justamente por essa leitura notei que os argumentos começam a se repetir. Considero que, uma vez que as diversas opiniões, contra, a favor, mais ou menos, quase, em certos casos e talvez já foram apresentadas, replicadas e treplicadas, chegou a hora de encerrar. Agradeço a todos, e aproveitem para visitar os outros 172 posts deste blog, sobre temas variados. Mais uma vez, muito obrigada.

Comentários
93 Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
comercial havaianas, hipocrisia, propaganda
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Girafas na geladeira

Clotilde Tavares | 19 de setembro de 2009
Rolando Lero, o rei do bla-bla-bla.

Rolando Lero, o rei do bla-bla-bla.

O ser humano, principalmente o ser humano dito civilizado, tem uma tendência quase doentia a complicar o que é simples. Falamos demais, somos prolixos, gostamos de demonstrar um conhecimento que não temos, adoramos falar difícil… Se o meu caro leitor duvida do que estou dizendo, preste atenção quando as pessoas são entrevistadas na televisão. Desde o ministro de estado ao cidadão comum todos eles complicam o que dizem e são incapazes de dar uma resposta simples e clara para qualquer pergunta. Os ministros e políticos muitas vezes fazem isso de propósito, para complicar mesmo, ou para não dizer dando a impressão de que estão dizendo. O homem comum faz para causar boa impressão, para “se  mostrar”, para fazer bonito.

Na vida doméstica também é  a mesma coisa. Se você é adolescente, experimente chegar em casa e dizer para sua mãe: “Tem almoço?” Provavelmente ela vai fazer uma longa digressão filosófica sobre a condição feminina, vai falar sobre o tempo que os alimentos levam para ficar prontos, vai comentar o preço absurdo da comida no supermercado, e refletir em voz chorosa sobre como ela se dedica a cuidar da casa e dos filhos quando poderia estar cumprindo “a sua lenda pessoal”. Nunca, nunca, jamais a resposta será um simples “Tem almoço, sim” ou “Não, não tem.”

Recebi um dia desses um email que trazia um teste engraçadíssimo, constando de perguntas e respostas que tem tudo a ver com isso que estou dizendo. Aliás, não faz muito tempo aqui escrevi um post sobre isso, onde citei o meu batidíssimo exemplo do filho perguntando à mãe se tem almoço. Mas vamos ao teste.

girafa2Começa assim: “Como você colocaria uma girafa dentro de uma geladeira?” A resposta certa é: “Abra a geladeira, coloque a girafa dentro e feche a porta.” O teste diz então que essa pergunta testa aquela sua tendência de achar soluções complicadas para coisas simples.

O teste continua com a pergunta seguinte: “Como você colocaria um elefante dentro da geladeira?” Ora, se você responde: “Abra a geladeira, coloque o elefante dentro e feche a porta”, a resposta está errada. A correta seria: “Abra a porta da geladeira, retire a girafa, coloque o elefante e feche a porta.” Aí o teste informa que essa pergunta testa a sua capacidade de pensar nas consequências de ações anteriores.

Mas vamos pra frente. A pergunta a seguir é: “O leão, rei dos animais, está organizando numa conferência animal na floresta. Todos os animais compareceram, exceto um. Qual foi o animal que nao compareceu?” Ora, meu caro leitor! Quem não compareceu foi o elefante, que estava trancado na geladeira, onde você mesmo o colocou. Essa pergunta testou a sua memória.

jacareFinalmente, a última pergunta: “Como você faria para atravessar um rio infestado de jacarés?” e a resposta é clara e simples: você poderia atravessar o rio nadando tranquilamente já que todos os jacarés estão na conferência de animais… O teste informa, finalmente, que essa pergunta testa a sua capacidade de aprender com seus próprios erros.

Mas não leve isso muito a sério. Esses testes não têm valor científico e não testam rigorosamente nada a não ser a sua paciência, e servem apenas que você, visitando este blog, possa variar um pouco das notícias que enchem a mídia, sobre falcatruas, roubos, sequestros, atos secretos e outras patifarias. De quebra eu também arranjei tema para escrever hoje, nesta manhã de sábado, que me pegou assim meio sem assunto e sem inspiração.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
comunicação, comunicação entre pessoas, falar difícil, perguntas, Rolando Lero, teste
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

O Tempo, compositor de destinos

Clotilde Tavares | 18 de setembro de 2009
Brigitte Bardot, foto recente.

Brigitte Bardot, foto recente.

Navegando na Internet, encontrei umas fotos da atriz Brigitte Bardot, atualmente com setenta e cinco anos. E não falta quem compare a imagem atual da atriz com aquela deslumbrante e esplendorosa juventude que encantou a todos na década de 1960, transformando-a num dos mais poderosos símbolos sexuais do século XX. Na foto atual a atriz, que nunca quis se submeter a plásticas, mostra a face sulcada de rugas, e os comentários dos blogs sempre são “o estrago que o tempo faz nas pessoas” ou “como o tempo destrói a beleza”.

Brigitte, na década de 1960.

Brigitte, na década de 1960.

Ah, meu caro leitor, permita-me discordar. As pessoas não são somente pele, músculos e articulações – estruturas mais afetadas pelo tempo do que outras. As pessoas são muito mais do que uma pele perfeita e uma musculatura sarada. Ao contrário de quem tem medo de envelhecer e vive correndo atrás dos milagres da plástica e tratamento, penso que o tempo age em nós de forma mais positiva do que negativa, melhorando, aprimorando, acrescentando sabedoria através da experiência.

Se não fosse a passagem do tempo, como ficaria a Esperança? Como ficaria a Utopia, que nos arrasta e conduz a novas conquistas, se ela não fosse localizada no Futuro, no tempo distante à nossa frente? Isso sem falar no efeito lenitivo e suavizante do tempo sobre as nossas dores, nossos males, nossas angústias. É o tempo que nos faz esquecer, perdoar, esvaziar o nosso coração das coisas que não deram certo para poder tentar de novo, sonhar de novo, amar outra vez.

Essa sou eu. Foto de 2008.

Essa sou eu. Foto de 2008.

À medida que nos premia com uma ruga aqui outra ali, com centímetros a mais na cintura ou com articulações mais duras, o tempo também nos dá tranquilidade para aceitar os imprevistos e sabedoria para compreender os enganos, nossos e dos nossos semelhantes, e ter paciência com eles.

É o tempo que apura a nossa percepção, afia nossa inteligencia e nos dá acuidade para compreender melhor os fatos e as coisas que nos cercam. Com a passagem do tempo, ficamos mais seletivos e entendemos o que o poeta quer dizer quando diz que “só quero saber do que pode dar certo, não tenho tempo a perder”.

Em 1969, eu tinha 21 anos.

Em 1969, eu tinha 21 anos.

Se o tempo nos embranquece os cabelos, também acalma os ardores juvenis que nos levam a fazer tanta bobagem sem querer, a dizer coisas das quais nos arrependemos depois. É o tempo quem doura as nossas recordações, que nos acalma, nos reconforta.

Finalmente, os versos de Caetano Veloso dizem mais do que eu posso dizer agora:

“E quando eu tiver saído

Para fora do teu círculo

Não serei nem terás sido.

Ainda assim acredito

Ser possível reunir-nos

Num outro nível de vínculo.”

O título deste post também foi tomado de empréstimo a Caetano Veloso.

Comentários
13 Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
Brigitte Bardot, Caetano Veloso, envelhecer, envelhecimento, idade, tempo, velhice
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Telejornal matutino: nunca mais.

Clotilde Tavares | 16 de setembro de 2009

Vou deixar de ver noticiário de manhã. As coisas que vejo na tela me dão vontade de voltar para a cama e dormir de novo, ou então tiram o meu entusiasmo para sair à rua, para meus compromissos de almoço e encontrar amigos. Hoje, por exemplo, a primeira notícia foi a de uma adolescente batendo em colega de escola, incentivada pela mãe, que dizia: “Bate! Chuta! Mete o pé como eu te ensinei! Teu pai está no carro!”

Depois deste horror, a TV mostrou pessoas atingidas por pedras enormes que os bandidos atiram sobre os carros na linha vermelha (no Rio de Janeiro) na tentativa de assaltar quem passa na avenida.

O telejornal informa a nova de Sarney. Diz ele que “a imprensa está atrapalhando o Senado”. Então ele propõe o que? Que a imprensa se cale e deixe o Senado trabalhar em paz, com seus atos secretos e outras patifarias?

Outra matéria extensa foi a do lixo que ameaça soterrar a cidade de São Paulo, lixo que cidade não tem condição de recolher por inteiro e que a população está sempre produzindo.

Mais adiante, uma matéria sobre a tentativa do governo de “controlar” a Internet em relação à propaganda eleitoral, fazendo com que meu estômago se contraia todo à lembrança da ditadura militar. Felizmente, o jornalista Alexandre Garcia fez um comentário que salvou o dia. Disse ele: “Daqui a pouco o governo resolve mudar a Lei da Oferta e da Procura, a Lei da Gravidade…”

Depois, tenho o prazer de saber que no governo de Tocantins há vinte e cinco mil funcionários públicos em cargo de confiança, e que a maioria passa do dia sem fazer nada, tomando cerveja e banho de sol!

Então, está resolvido. Telejornal de manhã, nunca mais.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
Alexandre Garcia, notícias, telejornal, telejornal matutino
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

De novo os ceresumanos

Clotilde Tavares | 14 de setembro de 2009

Saio pouco de casa. O mundo ultimamente se tornou um lugar barulhento, quente e sem vagas para estacionamento. Eu também fiquei mais velha, mais exigente, mais seletiva, mais comodista. Além disso, em casa tenho o mundo inteiro à minha disposição através da TV a cabo e da Internet, sem falar nos famosos 1.800 livros mencionados aqui tantas vezes. Quando saio, é para jantar ou almoçar com amigos, ir ao shopping ou livraria, dar uma volta de carro, visitar filhos ou amigos. Como não bebo nem gosto de balada ou noitadas, não vou a barzinhos; e qualquer reunião com mais de quatro pessoas para mim é evento, e não frequento eventos. Mas gosto muito de receber visitas, além de visitar muito também.

Enfim, estou caminhando para ser uma anacoreta urbana, empoleirada neste quarto andar, distante “do mundo e das suas pompas”, cumprindo o destino astrológico que colocou Vênus e a Lua em conjunção na minha décima segunda casa, só não me tornando uma freira por causa dos pecados cometidos na juventude e que, mesmo indo contra o bom-senso, estou doidinha para cometê-los de novo.

Oscar Wilde

Oscar Wilde

Reproduzo de memória um texto de Oscar Wilde em “O Retrato de Dorian Gray” – o livro está ali na estante mas estou com preguiça de me levantar para pegá-lo – sobre essa coisa dos pecados da juventude.

Num jantar, uma mulher já velhusca pergunta ao personagem:

– Como poderia sentir-me jovem outra vez?

– Oh, Lady X., lembra-se de alguma grande loucura que tenha cometido na juventude?

– É claro.

– Então cometa-a novamente…

Outra coisa que me assusta no mundo exterior é a presença dos ceresumanos, criaturas que parecem comigo mas que definitivamente não pertencem à minha espécie sendo, como já disse, meus “dessemelhantes”. Ontem, no supermercado mais alinhado da cidade, encontrei cinco espécimes. Três rapazes, duas moças, todos na casa dos vinte anos. Lindos, altos, bem proprocionados, bem vestidos, roupas caras, as garotas muito manicuradas e penteadas, roupas de griffe, bolsas caríssimas, tudo de muito bom gosto; não eram certamente garotas de programa como alguns podem estar pensando.

Em bloco, essas cinco criaturas se deslocavam pelos corredores da loja, falando em tom altíssimo, zoando uns com os outros aos gritos, usando palavrões, desarrumando as prateleiras, arrotando alto e emitindo outros sons escatológicos, e imitando animais. Os rapazes latiam, miavam, esturravam; e as moças cacarejavam e grasnavam, numa barulheira infernal, inadmissível naquele local e tolerável apenas se fossem crianças muito pequenas, e olhe lá.

Os ceresumanos também são identificáveis no cinema, e Sandro Fortunato, do blog Algo a Dizer, registrou um dia desses a presença deles. Eu deixei de ir ao cinema também porque me assusta a convivência com esses meus dessemelhantes, cada vez em maior número e mais barulhentos, fazendo-me lembrar do clássico cinematográfico  “Invasores de Corpos”, onde seres alienígenas se apossam do corpo das pessoas.

Tenho paciência com muita coisa neste mundo. Mas com os ceresumanos, fruto da falta de educação, representantes da grosseria e da cafajestice, meu grau de tolerancia é zero.


Uma mulher já velhusca – assim como nós pergunta:
– Como poderia sentir-me jovem outra vez?
– Oh, Lady X., lembra-se de alguma grande loucura que tenha cometido na juventude?
– É claro.
– Então cometa-a novamente…
Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
anacoreta, anacoreta urbano, comportamento humano, Invasores de Corpos, O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde, Sandro Fortunato, sem-noção, Sempre Algo a Dizer, tolerância zero
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Como fazer perguntas, como dar respostas

Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2009

Nos meus tempos de médica, quando trabalhava atendendo populações carentes em consultórios nos bairros pobres, rolava uma espécie de anedota sobre a desinformação do médico recém-formado quando começa a lidar com uma população para a qual ele não foi preparado na universidade.

Dizia a história que a mãe chegava com a criança, fraca, mal-nutrida, doente, com todos os indícios de quem estava passando fome. Travava-se, então o absurdo diálogo.

“Esse menino está comendo?” – perguntava o médico.

“Está, sim senhor” – era a resposta da mãe.

“E ele come carne?”

“Come, sim senhor.”

“Toma leite?”

“Toma sim senhor.”

“Come feijão, arroz, verduras, frutas?”

“Come, sim senhor” – continuava afirmando a mãe.

Aqui,então, o médico expressava sua confusão:

“Então por que é que ele está tão magro e tão doente?”

E a mãe:

“Pois é, doutor, quando tem, ele come.”

Toda a confusão se dava pelo fato da mãe responder corretamente a pergunta do médico, e do profissional perguntar uma coisa quando na verdade queria saber outra. E quantas vezes isso não acontece na nossa vida? Quantas confusões e problemas ocorrem porque quem faz a pergunta não sabe formulá-la ou quem dá a resposta responde outra coisa, e não aquilo que foi perguntado?

É comum a seguinte cena: o adolescente chega em casa, às nove horas da noite. Está atrasado para o jantar. Pergunta então para a mãe:

“Mãe, tem jantar?”

A mãe, geralmente, responde uma coisa mais ou menos assim:

“Você pensa que eu sou sua escrava, ou sua empregada, ou sua garçonete, para ficar aqui de plantão até uma hora dessas esperando que você chegue para colocar seu jantar?”

Aí o menino olha assim de lado, meio desconfiado e diz:

“Mãe, eu apenas perguntei se tinha jantar, e você responde sim ou não. Se tiver, eu janto. Se não tiver, eu como qualquer coisa e vou dormir…”

E assim, prestando atenção à pergunta e respondendo apenas o que teria sido perguntado, muitas batalhas domésticas seriam evitadas.

Mas, para mim, a campeã dessas histórias aconteceu num desses colégios americanos onde o ídolo estudantil do futebol precisava ter um aproveitamento mínimo nas matérias para poder entrar em campo e defender as cores da escola. Louro, alto, forte, atlético, vivia tão concentrado nos treinos que relaxou com a prova de Filosofia e havia tirado zero. Era a final do campeonato e o garoto não podia entrar no campo, a não ser que se saísse bem numa prova de emergência que a direção havia permitido que ele fizesse. O estádio lotado, as animadoras de torcida no gramado fazendo suas coreografias, as equipes esperando e, no vestiário, todo paramentado para entrar em campo, nervoso, suando, o nosso herói esperava o professor de Filosofia que vinha aplicar a prova.

O professor chegou, afobado e foi logo comunicando:

“Vou lhe fazer apenas uma pergunta”, disse. “Se responder certo, entra em campo. Se não, não vai poder jogar.”

A tensão era visível em todos que ali estavam: o treinador, o massagista e um membro da direção, que havia vindo fiscalizar a prova.

O professor continuou:

“A pergunta é a seguinte: quero que você me diga tudo que sabe sobre Sócrates”.

O garoto ficou pálido.

“Sócrates? Tudo que sei sobre Sócrates?” Pensou um pouco. “Sócrates era grego e tomou veneno. Pronto. É tudo que sei sobre Sócrates.”

“Resposta certa”, disse o professor, exultante. “Podem deixá-lo entrar em campo.”

Pois é, minha gente. Saber perguntar, saber responder: uma arte, que todos deveriam praticar.

//

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
como perguntar, como responder, comportamento humano, comunicação entre pessoas, Sócrates
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Chupa, Maradona!

Clotilde Tavares | 6 de setembro de 2009

Sei que ontem todo mundo ficou pregado na tela da TV vendo o jogo Brasil x Argentina. Eu também fiquei, pelo menos durante o primeiro tempo da partida. Gosto de futebol, mas os times do meu coração são o Flamengo do Rio e o Treze de Campina Grande. O resto eu vejo por falta de coisa melhor para fazer mas não consigo me empolgar, e muito menos pela seleção brasileira.

Por isso é que ontem, uma vez que no final do primeiro tempo o Brasil já havia feito dois gols e eu achei que seria difícil a Argentina virar o jogo, dei minha missão patriótica por encerrada e fui para a cama com um livro.

Duas imagens me ficaram. A primeira delas, o bronzeado de Galvão Bueno; e a segunda, Maradona chupando o dedo.

Galvão Bueno é um chato, e penso que boa parte do Brasil pensa assim. É um chato irrecorrível, daqueles que “se acham”, e diz cada coisa durante a trasmissão dos jogos que eu tiro o som da TV para ficar somente vendo o futebol. Aliás, não sei porque é que tem locutor durante a transmissão na TV: a gente não está vendo tudo, ora bolas? Para mim, é a mesma coisa que colocar um locutor num alto-falante no campo de futebol, transmitindo a partida que está ali, diante dos olhos de todo mundo.

Lembrei de um cara, na década de 1960, quando a TV começou a chegar em Campina Grande. Ele ficava na frente do aparelho para ver o jogo, mas sentia falta do suspense da irradiação do rádio, onde o locutor falava sem parar para dar uma idéia do que ocorria em campo. Então, tirava o som da TV e via o jogo com o som do rádio!

Bem, mas o que era aquilo, minha gente, na pele de Galvão Bueno? Imitação de Vera Fischer – única na TV que tem bronzeado igual aquele? Eu nunca vi coisa tão horrível. O twitter está cheio de coisas engraçadas a respeito do “bronze” do Galvão.

Quanto a Maradona chupando o dedo, eu achei foi pouco. Só posso dizer, como disse alguém no Twitter:

“Chuuuuuuuuuuuuupa Maradona! Chupa que é de uva!”

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Comportamento
Tags
Brasil x Argentina, chupa que é de uva, Galvão Bueno, Maradona chupando dedo, Vera Fischer
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

« Entradas Anteriores Próximas Entradas »

Tópicos Recentes

  • A CARA DA RIQUEZA
  • GERÚNDIOS
  • ROMANCEIRO VIVO
  • Estranhas iguarias
  • Adiza Santa Cruz Quirino, “Tia Adiza” (1916-1990)

Tags

barulho barulho urbano biblioteca blog blogosfera Braulio Tavares cabelos brancos Campina Grande Cariri Cariri Paraibano Carnatal cinema comportamento humano corrupção Coxixola cultura popular Design escrever escritor Fotografia e design gatos Gerúndios Hamlet Harold Bloom hoax idade Internet leitura Literatura literatura de cordel livros meio ambiente Memória Moda mundo blog Natal Nilo Tavares padrão de atendimento Paraíba poesia sertão Shakespeare teatro turismo Viagem

Categorias

  • Arte (57)
  • Comportamento (202)
  • Cultura (103)
  • Curiosidades (62)
  • Fotografia e design (20)
  • Humor (44)
  • Memória (45)
  • Pop-filosofia (12)
  • Qualidade de vida (30)
  • Sem categoria (40)
  • Tecnologia e Internet (26)
  • Uncategorized (65)
  • Viagens e turismo (27)

CURRÍCULO MIAS

  • #DiretoDaBolha
  • Currículo
  • Livraria
  • Quem sou?

Arquivos

  • outubro 2025 (1)
  • julho 2024 (4)
  • julho 2023 (7)
  • março 2023 (1)
  • abril 2022 (1)
  • novembro 2021 (1)
  • junho 2021 (2)
  • abril 2021 (6)
  • agosto 2020 (1)
  • julho 2020 (1)
  • junho 2020 (1)
  • outubro 2019 (2)
  • abril 2018 (1)
  • janeiro 2018 (5)
  • novembro 2017 (1)
  • agosto 2017 (2)
  • junho 2017 (1)
  • maio 2017 (2)
  • março 2015 (1)
  • fevereiro 2015 (4)
  • janeiro 2015 (9)
  • julho 2014 (2)
  • maio 2014 (4)
  • dezembro 2013 (1)
  • setembro 2013 (6)
  • junho 2013 (1)
  • março 2013 (1)
  • setembro 2012 (3)
  • agosto 2012 (1)
  • maio 2012 (1)
  • fevereiro 2012 (1)
  • janeiro 2012 (1)
  • dezembro 2011 (5)
  • novembro 2011 (2)
  • outubro 2011 (3)
  • junho 2011 (1)
  • maio 2011 (2)
  • abril 2011 (3)
  • janeiro 2011 (14)
  • outubro 2010 (3)
  • setembro 2010 (11)
  • agosto 2010 (3)
  • julho 2010 (5)
  • junho 2010 (2)
  • maio 2010 (5)
  • abril 2010 (13)
  • março 2010 (19)
  • fevereiro 2010 (18)
  • janeiro 2010 (17)
  • dezembro 2009 (25)
  • novembro 2009 (28)
  • outubro 2009 (31)
  • setembro 2009 (29)
  • agosto 2009 (28)
  • julho 2009 (30)
  • junho 2009 (27)
  • maio 2009 (29)
  • abril 2009 (29)
  • março 2009 (6)

Agenda

dezembro 2025
D S T Q Q S S
 123456
78910111213
14151617181920
21222324252627
28293031  
« out    

Meta

  • Acessar
  • Feed de posts
  • Feed de comentários
  • WordPress.org
rss Comentários RSS valid xhtml 1.1 design by jide powered by Wordpress get firefox