Umas & Outras

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“O Estado são eles”

Clotilde Tavares | 3 de outubro de 2010

O memorialista Sandro Fortunato, inventor e mantenedor do site Memória Viva vem colocando no ar exemplares antigos da revista O Cruzeiro.

Recordação viva de uma época, é lá que eu mato as saudades da adolescência e vez por outra sou instigada por um bom texto como esse, da imortal Rachel de Queiroz, sobre os privilégios que os homens – e mulheres – ditos públicos se dão quando no exercício da coisa pública. O texto foi publicado em 12 de setembro de 1959. Nem vou comentar. Vou só reproduzir alguns trechos, para sua reflexão. Então, é ler e pensar sobre.

Diz Rachel:

“ (…) Lembrou-me a minha velha mestra de música, Dona Elvira Pinho, abolicionista e republicana histórica, mulher de rígida virtude particular e cívica. Uma de suas alunas era filha do governador e vinha para as aulas no carro oficial. E D. Elvira interpelava a garota, em plena classe: “Como vai o nosso automóvel? Você tem agradecido aqui às meninas o empréstimo do carro para você passear? Sim, porque tanto o automóvel como o motorista, a gasolina, tudo é nosso – nós que pagamos!”

“A menina ficava encabulada ou furiosa, não sei, e Dona Elvira, abandonando a teoria musical, dava um aula de boa ética republicana. Que tudo pertence ao povo, pois quem paga é o povo. Os governantes que gastam consigo o dinheiro dos contribuintes estão usurpando essas regalias – aliás, a própria palavra está dizendo: regalia – privilégio do rei! República não tem rei, e, assim, os governantes republicanos não deviam ter palácios para as suas famílias nem carros oficiais para passear os meninos, nem comida e luxo à custa do povo.

(…) “Até a ditadura ainda havia um certo pudor. Talvez porque ainda restassem vivos muitos republicanos da cepa de D. Elvira. Com o Estado Novo, todo o mundo amordaçado, sem ninguém para estrilar, o hábito da regalia se universalizou. Os homens públicos deixaram de separar o que era do Estado e o que era deles, ou antes, o uso e abuso dos bens públicos passou a ser privilégio dos cargos e, por extensão natural, da parentela dos cargos. Ninguém se lembra mais da origem do dinheiro com que se custeia o luxo dos poderosos – aqueles ínfimos impostos que o pobre mais pobre tem que pagar: o cruzeiro a mais no preço do feijão, da farinha, do metro de pano, a licença para vender um pé de alface ou um chapéu de palha.

“Talvez se esses aproveitadores da riqueza pública – e entre eles haverá muitos homens honestos – se detivessem um instante a pensar de que pobreza, de que miséria, provém aquela riqueza, que não foi para tal fim que a arrancaram ao triste contribuinte; que aquele automóvel do seu uso talvez custe dez leitos que faltam num hospital; que aquele passeio de avião talvez represente mais cem analfabetos; que aquela comissão no estrangeiro valha por alguns quilômetros de estrada; que aquele piquenique oficial em Brasília talvez esteja custando o DDT que iria acabar a malária numa região inteira ou o barbeiro – em outra; se eles pensassem, talvez recuassem envergonhados, e devolvessem o seu a seu dono.

“Mas eles não se lembram. Vêem apenas o dinheiro fácil, abundante, bom de gastar. Dizem que se um não gastar, outro gasta. E, acima de tudo, convencem-se de que eles próprios e os seus é que representam o Estado, e que emprego da fazenda pública em regalias pessoais para os que encarnam o Estado, é tão legítimo quanto os gastos em ordenados de professoras, em remédios para os ambulatórios.”

(…) “Quando se funda uma nação, o povo promete obedecer aos seus chefes escolhidos e pagar uma percentagem determinada sobre tudo que produzir, para o sustento da indispensável máquina de direção e defesa nacional. Os líderes, por sua vez, juram não ser mais que fiéis servidores do povo que os emprega. Mas parecem que juram à falsa fé. Porque, mal se apanham com a máquina nas mãos, esquecem de quem é o dono e de quem é apenas o gerente. Transferem para a sua pessoa, a grandeza que só era do cargo. Querem palácios condignos, carruagens condignas, tratamento condigno, privilégios condignos.”

(…) “E nessa preocupação de se regalarem a si, acabam esquecendo para que subiram tão alto, e se convencem de que o povo existe apenas para sustentar o Governo, e não o Governo para servir o povo.”

As palavras de Rachel de Queiroz são sábias, fundadoras, tão atuais que parecem ter sido escritas hoje. E são também uma boa lembrança para todos nós, que acabamos de eleger nossos governantes.

Leia aqui a crônica inteira.

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corrupção, O Cruzeiro, Rachel de Queiroz, uso da coisa pública
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Para você, que vota

Clotilde Tavares | 2 de outubro de 2010

Você, caro leitor, que vota e que acredita na democracia, acorde neste domingo certo de que vai exercer um dos direitos mais importantes da sua cidadania. Nas democracias, o voto tem peso igual para todos os cidadãos, e tanto faz ser um pedreiro como um dono de banco, tanto faz ser uma empregada doméstica como uma dondoca ataviada em griffes caríssimas. O voto vale a mesma coisa para todos e, pelo menos nessa hora, todos nós somos realmente iguais perante a lei.

Durante todo o período de campanha eleitoral você conheceu os candidatos e, a acreditar nas pesquisas, já deve ter se decidido. De qualquer maneira, é bom você se lembrar de que o voto é uma procuração que você passa para alguém decidir no seu lugar.

Imagine que você vai viajar, vai passar quatro anos fora, e que durante esse tempo você não vai poder decidir sobre questões que são muito importantes para você, como a condução dos seus negócios, a educação dos seus filhos e a saúde da sua família. Então você vai escolher uma pessoa, que deve ser alguém muito decente, muito amigo e absolutamente confiável para resolver todos esses problemas e tomar todas essas decisões enquanto você está fora.

Esse alguém deve ser uma pessoa cujos ideais, crenças e valores sejam semelhantes aos seus. Deve ser uma pessoa que pense como você, cuja alma tenha sintonia com a sua, e que diante de um imprevisto, ou de uma situação fora do comum, faça o que você faria naquela emergência. Se não for assim, se você não tiver essa confiança, você não passa a procuração porque não tem a certeza de que a tal pessoa vai tomar as atitudes corretas quando necessário.

Pois o voto é a mesma coisa. Durante um certo período de tempo, aquela pessoa em quem você votou tem uma procuração passada por você para tomar conta da cidade ou para propor medidas de melhoria de vida que vão atingir diretamente você e sua família.

Somente com base na confiança do eleitor no seu candidato é que essa escolha deve ser feita. O mínimo que o candidato, uma vez eleito, pode fazer, é mostrar-se digno dessa confiança, já que ele foi nomeado por você seu “bastante procurador”, como se diz nos documentos oficiais.

Então, boa sorte e boas urnas, para você e para todos nós.

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Eu adoro papel!

Clotilde Tavares | 21 de setembro de 2010

O site Efetividade.net sempre está lançando novos desafios aos adeptos da organização e produtividade pessoal. Eu sou uma dessas pessoas e atendendo ao convite do site estou postando aqui como faço para organizar minhas anotações e meu material de referência. O post é longo. Se achar chato vá ler uma coisinha mais amena aqui, ou aqui.

A pergunta de Augusto Campos, do Efetividade, é: que ferramentas você usa para gerenciar suas anotações e referências?

Primeiro vamos definir: anotações para mim são todas as notas que escrevo para me lembrar das coisas mais tarde. E referências é todo o material escrito por outras pessoas, impresso ou não, que me ajuda no meu trabalho.

Eu sou escritora, pesquisadora, professora aposentada e trabalho em casa – ou viajando. Apesar da nerdice que me faz encher a casa de tranqueiras eletrônicas, e de passar 8 a 10 horas por dia no computador, uso para minhas referências um sistema principal de pastas suspensas, pastas reais, cheias de papel. Outro motivo, além de gostar de papel, é que sou da era pré-informática, e não sei como me livrar do monte de papel que já juntei antes. Tenho aquelas maletinhas de plástico com 10 pastas cada uma, que distribuo pelo apartamento – que é pequeno, por isso não posso colocar tudo num lugar só.

Lá está uma delas, entre uma estante e outra.Clique na foto - nessa e nas outras - que aumentam de tamanho.

Cada maletinha dessas tem um assunto que se refere aos meus campos de estudo e pesquisa – uma para Genealogia, outra para Cultura Popular, outra para Teatro, e outra – ou outras – para cada assunto específico em que eu esteja trabalhando no momento.

Na maletinha de Genealogia tem pastas como “Bibliografia”, “Árvores”, “Documentos”, “Olavo de Medeiros Filho” (porque estou reunindo material sobre ele, que é patrono da cadeira nº 2 que ocupo no Instituto de Genealogia e Heráldica da Paraíba.)

Olhaí as pastinhas sobre genealogia.

Na maletinha de Teatro tem “Originais”, que são as peças da minha autoria; “Shakespeare”; “Hamlet” (uma pasta somente sobre Hamlet, que é a peça que mais estudo); “Artigos”, e assim por diante. Na maletinha Cultura Popular tem pastas “Literatura de cordel”, “Cantoria de Viola, “Conto”, e etc. Todas essas maletinhas têm uma pasta chamada “Variado”, onde eu jogo o que não consigo classificar nas outras.

Por exemplo: meu último trabalho foi escrever uma biografia. Então abri uma maletinha dessas para organizar em pastas separadas o material que iria precisar. Mas só um trabalho grande onde vou lidar com muito papel justifica isso. Na maioria dos casos, cada trabalho merece apenas uma pasta, que coloco na gaveta mostrada a seguir.

Essa é uma gaveta de pastas suspensas para assuntos diversos. 1) “Contratos”, onde estão meus contratos com as editoras e com os clientes, contrato de aluguel, com prestadoras de serviço, etc. Todos os contratos – e os distratos – estão nessa pasta. 2) “Receitas e exames”, onde guardo todo aquele material gerado nas consultas médicas. Aqueles exames grandões, que não cabem em canto nenhum, estão embaixo da roupa num das gavetas da cômoda. Além disso, em cima da minha mesa e em lugar fácil está um envelope com todos os meus exames mais novos, para num caso de urgência as pessoas – ou eu mesma – não perderem o juízo procurando.

Olhaí a maletinha de Genealogia e abaixo o móvel com a gaveta de baixo - que é um arquivo de pastas suspensas.

3) “Assuntos”: nesta pasta guardo montes de papeluchos com assuntos possíveis para crônicas, posts, textos. Sacudo lá dentro e esqueço. Quando falta assunto, pego a pastinha e pronto: está tudo lá, montes de ideias. 4) “Cruzeiro”: tenho nesta pasta o material do cruzeiro de navio que realizei, porque minha intenção era escrever um blog sobre isso. Quando eu tiver tempo e voltar a vontade, o material está lá, todo separadinho e fácil de encontrar; 5) “Currículo”: toda vez que faço uma palestra, ou dou um curso, etc, que me dão um papel ou um certificado, jogo lá. No meu currículo virtual coloco apenas os títulos mais significativos. 6) “Casa própria”: estou numa questão com a Caixa Econômica Federal em relação à minha casa, então todo o material está separado numa pasta; 7) “Book”: aqui coloco recortes de jornais e revistas que trazem coisas sobre a minha pessoa. Quando enche, tiro um dia e recorto, ajeito, e coloco numa pasta de saquinhos plásticos onde fica tudo visível. 8 ) “Recibos”. 9) “Palestras e cursos”: roteiros de palestras, rascunhos, fichas de aula. 10) “Documentos”: tudo que não for currículo, contrato, distrato ou recibo vem pra cá. Aí estão titulo de eleitor, carteira profissional, passaporte, documentos do carro… A escritura da casa morava aqui; mas com a questão da Caixa eu abri uma pasta só para isso e a escritura está morando provisoriamente lá. Tem mais outras pastas, é tedioso enumerar aqui, e o objetivo era você entender o mecanismo. Algumas dessas pastas não são necessariamente “Anotações” ou “Referências”, mas é assim que essa gaveta está organizada.

Tudo bonitinho, com etiquetas!

Tudo em que ponho a mão é organizado dessa forma, e resulta disso que eu consigo encontrar qualquer papel com relativa facilidade. As pastas recebem uma etiqueta feita com um etiquetador desses baratinhos, de criança.

Para cada pasta dessa tenho uma com o mesmo título no computador onde armazeno as coisas digitalizadas, coisas diferentes dessas de papel (talvez o ideal fosse digitalizar tudo mas além de ser um trabalho insano eu gosto de pegar em papel). Quando encontro algo interessante na Internet, transformo em PDF com um plug-in do Firefox e armazeno no local adequado, com um título bem descritivo para facilitar a localização do sistema de busca do Windows. Tentei usar Evernote e outros programas semelhantes mas não deu certo, eu simplesmente no dia-a-dia esqueço que eles existem. Não uso Outlook nem qualquer desses programas sincronizados com outros, não tenho paciência.Tenho back-up de tudo – mas não tenho back-up das coisas de papel, of course, porque aí seria maluquice demais. Num incêndio, perderei tudo… menos as coisas que estão no Dropbox– onde eu tenho um espaço gratuito e pequeno, e coloco sempre o trabalho que estou fazendo no momento. Tenho pensado ultimamente em fazer uma assinatura do serviço, que vai me permitir armazenar “na nuvem” todos os meus arquivos importantes.

Vejam essa outra maletinha debaixo da mesinha do quarto. É a de Cultura Popular, assunto com o qual não estou trabalhando agora. No quarto, o tema dorme e descansa para arcordar daqui a uns meses!

Além disso, todas as minhas recordações – cartas, bilhetes, lembranças, e todo tipo de papelucho – recordações essas reunidas ao longo de décadas são guardas em pastas de saquinho plástico, separadas por épocas da minha vida. Eu gosto de folhear essas pastas e me lembrar das coisas – ser feliz de novo, só manuseando as recordações. E estando assim organizadas facilitam a minha vida, uma vez que já comecei a escrever minhas memórias.

Uma das pastas de recordações. O autógrafo à direita é do escritor Ignácio de Loyola Brandão, da década de 1980...

Como o apartamento não cabe todos os meus papéis, tenho um espaço na casa da minha filha onde coloco o “arquivo morto”: papéis que não utilizo todo dia mas que estão lá, todos colecionados e sinalizados para que eu encontre o que precisar na hora certa. Aí eu tiro uma foto da estante onde eles estão guardados e é só olhar a foto e procurar, como se estivesse em frente à estante – daí é só ligar para Ana Morena, minha filha roqueira pedindo a ela para pegar na estante e olhar, se for o caso, sem precisar ir até lá.

O que importa disso tudo é que sei onde está cada papel meu.

Apesar de toda essa maluquice, sempre estou aprimorando o sistema e aceito sugestões.

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“Só vingança, vingança, vingança…”

Clotilde Tavares | 18 de setembro de 2010

Hoje quero falar sobre vingança. Mas por que um assunto desses? Por nada não, só porque me deu vontade. Não quero me vingar de ninguém, não estou com raiva de ninguém – agora. Vez por outra tenho minhas raivas e quero matar, assassinar, fico doente de raiva e quero me vingar! Pois é meu caro leitor, se você pensa que sou uma doce velhinha você está muito enganado.

A diferença é que eu sinto essas coisas aí por uns cinco minutos, respiro fundo e aplico a mim mesma a frase que eu mais gosto sobre o tema: “A maior vingança é o sucesso!” E corro a escrever, a pensar, a ter ideias, sempre naquela direção dos sentimentos positivos porque esse negócio de ter raiva e de guardar rancor detona com nossas pobres artérias e nos leva ao enfarte mais cedo do que programado.

Apesar disso, não posso negar que o assunto me atrai pela sua força literária, por carregar um conteúdo tão forte de drama e de tragédia.

Quem não se lembra do samba “Mas enquanto houver voz em meu peito eu não quero mais nada/ Só vingança, vingança, viangança aos anjos clamar…”? Quando ouço cantar isso em mesa de bar ou roda de amigos, é divertido olhar para as pessoas, e as expressões que fazem mostram que cada uma tem sua vingançazinha particular guardada em algum canto, atrás de alguma porta interna, esperando…

Sun-Tzu, autor de “A Arte da Guerra”, disse:”Se esperar bastante junto ao rio, os corpos dos seus inimigos passarão boiando”, mas aqueles eram tempos cruéis. Isso não impede que eu me recorde imediatamente do aforisma caririzeiro que aprendi em pequena: “Todos os meus inimigos estão mortos” – pra quem não entendeu, explico que a vingança do autor da frase é tão definitiva que ele não tem mais nenhum inimigo vivo.

São muitas frases: “A vingança é um prato que se come frio” ou “Não há maior vingança do que o esquecimento.”

Mas a melhor delas é o verso da poeta Rosalia de Castro citada no livro de Alfredo Bosi O ser, o tempo e a poesia:

“Não cuidarei dos rosais
que ele deixou, nem dos pombos
que eles sequem, como eu seco
que eles morram, como eu morro.”

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O Corvo e a Alegria

Clotilde Tavares | 17 de setembro de 2010

A ilustração é de Gustave Doré.

Uma vez, quando esse Umas & Outras ainda era uma newsletter que eu mandava pra uma lista de amigos, comecei escrevendo assim:

(…)

Foi uma vez: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,
a ler doutrinas de outro tempo em curiosíssimos manuais,
e, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito de um ruído,
tal qual se houvesse alguém batido à minha porta, devagar,
“É alguém” — fiquei a murmurar — “que bate à porta, devagar;
sim, é só isso e nada mais.”

(O Corvo, de Edgard Allan Pöe)

E, depois de citar o poeta de “O Poço e o Pêndulo”, continuei:

“É nesse clima de expectativa, noite e dia agarrada a vetustos livros de genealogia, com os antepassados me rondando, tomada pela energia esquisita de Pöe e sua ave sombria, que me encontro.

Sem concentração, sem sossego, esperando o que está do outro lado da porta mas sem estar pronta ainda para abri-la.

Deve ser o inverno, a chuva, o frio, esse tempo que me deixa assim.”

(…)

Aí foi um dilúvio de emails, as pessoas muito preocupadas comigo, perguntando carinhosamente como eu estava, julgando-me deprimida ou mergulhada numa crise existencial.

Mas não era nada disso, meu caro leitor. O que acontece é que eu tenho o gosto do drama, da tragédia. Adoro um clima soturno e sombrio, uma história de assombração, um romance gótico. Nada disso é de verdade, sendo apenas uma curtição estética e incorporada aos pequenos papéis que represento aqui no palco da Internet, mais para me divertir e para divertir os leitores do que para qualquer outra coisa. Por isso fiquei constrangida, e fico sempre quando vez por outra pessoas boas e amorosas embarcam na minha viagem alucinada e pensam que é de verdade.

Fique o meu caro leitor sabendo que sou alegre, otimista e cheia de tesão pela vida; tenho meus momentos de contrariedade, desilusão e tristeza, porque isso é inerente à condição humana mas a tônica da minha vida são a Alegria, o Bom-Humor e o Entusiasmo.

Edgar Allan Pöe e o Corvo me dão muito prazer estético, mas – felizmente – são só para tirar uma onda.

E viva a Vida!


Veja aqui como era o Umas & Outras antes de virar blog.


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Edgar Allan Poe, gótico, O Corvo
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In omnia paratus

Clotilde Tavares | 16 de setembro de 2010

Alguns posts atrás, quando falei da frase de Thoreau que no momento encerra minha assinatura de e-mail, prometi estender o assunto das frases, falando de outras frases das quais gosto muito. Uma delas é a frase de Yeats, “Aos bons falta convicção, enquanto que os maus estão cheios de fé e entusiasmo”. Retirada do poema The Second Coming, essa frase resume aquilo que eu vejo em 90 por cento das pessoas que me cercam – os bons, sem convicção, cheios de tédio, desiludidos com a vida, sem tesão para a luta; e os maus cheios de força e entusiasmo. Eu procuro formar do lado dos bons nesta equação, embora conservando dos maus aquilo que presta – que é o tesão e o entusiasmo. E vambora ver no que dá.

Outra frase ótima é o provérbio oriental (well, a gente chama de provérbio oriental quando não sabe de quem é…): “Antes de sair para consertar o mundo dê três voltas dentro de sua própria casa”. Essa frase me pegou de jeito num momento da minha vida em que eu, cheia de ideais missionários e transformadoras, queria interferir de todas as maneiras na realidade, com especial ênfase na realidade dos outros. A frase me fez voltar o olhar crítico na minha própria direção, me fez enxergar a trave diante dos meus olhos antes de me incomodar com o cisco no olho do outro, como diria Dona Cleuza, minha mãe, expressando sua sabedoria caririzeira. Então dediquei-me de tal forma a dar as três voltas dentro da minha própria casa que ainda não terminei a tarefa. Acho que o mundo tem conserto, mas deve começar pelo nosso próprio quintal. Eu até escrevi um livro sobre isso, “A Magia do Cotidiano: como melhorar sua qualidade de vida”, que está praticamente esgotado, mas eu tenho intenção de colocá-lo disponível para download assim que tiver tempo de transformar o livro, que está em Pagemaker 6.5 no formato .pdf, mais apropriado para a web – como já fiz com o Coração Parahybano e Formosa És.

Uma boa frase, lida no blog da jornalista Rossana Herman é : “Interesse-se pelos interessantes e ignore os ignorantes”. Parece óbvio, mas é tão freqüente a gente fazer exatamente o contrário! Quantas vezes não damos cabimento a gente sem graça, estúpida, que nada tem para acrescentar, nem ao Universo e nem a nós mesmos? Enquanto isso as pessoas interessantes passam ao largo… E essa pérola, que colhi no douto texto de Santo Agostinho: “Senhor, dai-me continência e castidade, mas não agora!” Preciso comentar?

Finalmente, deixo você com um brocardo latino que há algum tempo vem logo abaixo do meu nome, na assinatura dos e-mails: In omnia paratus, que quer dizer simplesmente: Pronta para tudo, e é a atitude atual minha diante da vida. Ou seja, eu sempre estive pronta, mas nunca estive tão pronta como estou agora.

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Cortando lenha

Clotilde Tavares | 12 de setembro de 2010

Aqueles que recebem meus emails já devem ter notado que uso uma assinatura fixa onde, além dos meu nome e telefones, eu refiro a cidade onde estou morando – Natal/RN – e links para o twitter, para este blog e para o meu site de Genealogia.

Também vez por outra acrescento mais uma informação, ou uma frase, como a de Thoreau que atualmente fecha a minha assinatura: “Corta tua própria lenha e ela te aquecerá duas vezes.”

É uma das minhas frases favoritas – tenho outras – mas essa traz embutida a ideia da pessoa encontrar realização nas tarefas secundárias do próprio trabalho, tirando dali prazeres extra, que muitas vezes não se percebe à primeira vista. A lenha tem o objetivo de aquecer a pessoa, enquanto queimada na lareira; mas se a pessoa cortá-la ela mesma, também terá um benefício adicional, pois a atividade a aquecerá também.

É por isso que continuo arrumando minhas estantes e eu mesma espanando meus livros; faço todo o trabalho manual suscitado pela minha atividade de escritora, como digitar textos, colar meus próprios recortes de jornal num caderno, arrumar as gavetas, limpar e organizar a mesa e mais o que for preciso. Enquanto estou ali, mexendo naqueles objetos que uso para desempenhar minha atividade, estou me “aquecendo” pela primeira vez. O manuseio dos lápis e canetas, dos papéis e cadernos, das imagens, recortes, postais e fotografias que são pregados no quadro de avisos que mantenho, tudo isso leva o cérebro a entrar na frequência do trabalho.

Quem convive comigo acha engraçado porque não me vê escrever. É assim mesmo. Escrevo dentro da cabeça, “enquanto corto minha lenha”. Quando sento no computador, já está tudo pronto, bem organizado, com começo-meio-fim, e escrevo quase de uma “sentada”. Depois, é só imprimir e corrigir, corrigir, corrigir até ficar limpo.

Simples assim.

Outra coisa que há na minha assinatura de e-mail é a frase latina “In omnia paratus”. Mas isso fica para o próximo post.

No blog SalaDa Médica, Meire Gomes conta uma história engraçada que se passou comigo. Aproveite para dar uma passadinha lá e ver os outros posts da Dra. Meire, inteligentíssima e antenada, dando opinião sobre tudo o que é de assunto.

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Esplendor no céu da tarde

Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2010

Hoje de tardezinha eu vinha voltando para casa, logo depois das cinco e meia da tarde. A avenida lotada de carros, o trânsito se arrastando, aí eu olhei pela janela do carro e vi o céu. Na tela azul turqueza, o arco prateado da Lua Nova, novinha em folha, acabadinha de nascer; e mais acima, como retesando esse arco, o planeta Vênus, na sua plenitude, brilhante, parecendo uma jóia rolando em campo de cetim. Só isso, mais nada. O Sol ainda não havia sumido e outros astros não haviam aparecido para empanar o brilho da visão.

E lá saí eu, comemorando porque o trânsito estava lento e eu podia ir, devagarinho, contemplando aquela maravilha.

Mas seria mesmo Vênus? Um dia desses eu tinha visto a deusa prateada na madrugada, como estrela matutina; será que já havia terminado essa sua parte do ciclo e ela já estava de novo aparecendo de tarde? O tempo passou tão rápido assim que eu nem me dei conta?

Mas foi isso mesmo, meu caro leitor. Era mesmo Vênus, e confirmei logo ao chegar em casa com um telefonema para o físico João da Mata, que localizei através do celular perdido e sequioso no centro da cidade em busca de uma cerveja.

Fiquei pensando: quem mais viu isso? Pouca gente, eu acho. Pouca gente olha o céu, e não vê mais a Lua, nem as estrelas, nem os planetas. Não conhece as constelações, Não sabe que a Via-láctea, como um pálio aberto, cintila, como diria o poeta que ouvia estrelas; e nem desfruta da maravilha que é Júpiter, que está no zênite todas as noites, enfeitando a abóbada com seu esplendor luminoso.

Júpiter é é a grande fotuna astrológica, o planeta que domina a minha existência, e quando eu nasci, ele estava na minha décima primeira casa, com o Sol e Mercúrio dominados por ele. Por isso sou assim, tão faladeira, tão metida, e gosto de falar pra um mundo de gente que nem sei quem é, como faço por este blogue que, agora, vou ver se atualizo com mais frequência.

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Meu amor por D. Pedro I

Clotilde Tavares | 7 de setembro de 2010

Quando, aos onze anos de idade, fui estudar no Alfredo Dantas, em Campina Grande, descobri que, nas comemorações do 7 de setembro eu teria que desfilar marchando, mas na última fila, porque era pequena para a minha idade e era a menorzinha de todas. No primeiro ensaio, as meninas maiores riam de nós, as “pequenas”, e eu, valendo-me de “desmaios” de mentira que D. Alcide, a diretora, e Mamãe tomaram como verdadeiros, consegui ser retirada da formatura e dispensada da humilhação pública de ser a última menina das fileiras.

Aos quatorze anos, já tendo conseguido alguns centímetros a mais, fui tomada de paixão avassaladora por D. Pedro I, ou melhor, pelo garoto de quinze anos que representava o Imperador, cavalgando um imenso cavalo negro que o pai dele mandava vir diretamente da fazenda para o filho montar no “dia 7”. O menino era tão lindo, com seu bigode desenhado a lápis, a jaqueta azul com botões dourados e a calça branca enfiada no cano das botas negras de couro, que eu sentia o coração parar quando ele passava, com as ferraduras do cavalo tirando faíscas nas pedras do calçamento.

Esperei ansiosamente ser escolhida para fazer parte do pelotão das “gregas”, meninas vestidas com uma túnica curta que deixava à mostra as pernas e uns dez centímetros de coxa. Quando já me considerava eleita fui recusada porque além das pernas grossas era preciso também ser bonita, e eu não era. Para me consolar, comecei a brincar com os instrumentos da banda e descobri que era hábil no tarol; alguém me ensinou uns solos e daí a pouco eu era a nova sensação do ginásio, entre rufos e contratempos. O tarol vinha na frente da banda, e era uma posição de destaque, onde o que valia era a habilidade e não as pernas grossas ou a cara bonita. Saí orgulhosíssima para o primeiro ensaio nas ruas da cidade, alimentando a secreta esperança de que D. Pedro reparasse em mim.

Mas deu tudo errado. Na cidade pequena, a novidade logo chegou aos ouvidos de Papai que, quando cheguei da aula, proibiu minha nascente carreira marcial com uma frase seca: “Não quero filha minha tocando tambor pelo meio da rua”. E pronto. Novamente jogada para o último pelotão, sem tarol ou roupa de grega, só me restou desmaiar no sol quente e ser dispensada outra vez da formatura.

Quanto a D. Pedro, nunca mais o vi, nem soube dele. A voraz passagem do tempo consumiu na minha memória o seu nome, deixando apenas o bigode feito a lápis, o lampejo da jaqueta azul num dia claro de sol e o grito de “Independência ou morte!” lançado pela sua garganta adolescente enquanto o cavalo negro erguia para o ar as patas indóceis.

A foto mostra o desfile de 7 de setembro de 1973, em Campina Grande-PB e o colégio a desfilar é o Colégio das Lurdinas. O fato que narro na crônica deve ter se passado uns dez anos antes desse desfile que a imagem mostra, mas pouca coisa havia mudado desde então.

Essa e outras fotos sobre o passado de Campina estão no blog Retalhos Históricos de Campina Grande.

Talvez você também goste de ler o texto sobre a data que publiquei aqui neste blog há um ano. É um texto do qual gosto muito, e os leitores também gostaram.

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Ri-ri, miss e Jesus

Clotilde Tavares | 15 de agosto de 2010

Talvez o meu caro leitor não saiba, mas sou uma moça prendada, educada em colégio de freiras e dominando habilidades que hoje não mais fazem parte da educação das jovens. Assim é que sei costurar, bordar, fazer tricô, crochê e ponto de cruz. Imbuída da importância de tais tarefas, e horrorizada com o preço cobrado pelas costureiras, vez por outra resolvo eu mesma costurar, tarefa na qual me saio muito bem, apesar de certa dificuldade em enfiar a linha na agulha.

Entre os aviamentos usados na arte da costura, um dos mais comuns é o fecho éclair, que sempre me faz lembrar de uma conhecida minha, que chamava essa peça de “flash”, segundo ela porque abria e fechava com rapidez. Ora, essa explicação tem tudo a ver, já que “éclair”, em francês, significa relâmpago. Minha mãe o chamava de “ri-ri”, pelo barulhinho que o fecho fazia ao deslizar. E se você achou engraçado, caro leitor, lembre-se de que em inglês o termo para esse tipo de fecho é “zipper”, que vem exatamente da palavra “zip”, que quer dizer silvo, sibilo. Tanto a palavra sertaneja como a inglesa servem ao mesmo propósito: designar o objeto aludindo ao som que ele provoca.

É curioso observar os nomes que as coisas adquirem, de acordo com o estado, ou a região. Eu chamo aquele arco de colocar na cabeça prendendo os cabelos de “diadema”. Muita gente chama de “arco”, ou “tiara” e já vi chamarem também de “traca”.

Um simples friso de cabelo pode levar a confusões indescritíveis. Você pode andar uma cidade inteira à procura de um friso, e não vai encontrar, pois nesse local o conhecem por “grampo”. E eu andei uma tarde todinha pelas lojas da Avenida Sete, no Campo Grande, na Bahia, querendo comprar uma caixa de frisos, para somente depois, ao chegar no Hotel, descobrir que o nome daquilo, na Bahia, era “miss”. Já minha mãe, no seu linguajar sertanejo, chamava friso de “biliro”.

Tem também umas coisas que são deliciosas. No Maranhão, por exemplo, existe – ou existia – um refrigerante como um guaraná que é cor de rosa e cujo nome é “Jesus”. Uma das coisas que eu mais gostava quando ia a São Luís era entrar numa lanchonete e dizer “- Moço, me dá um Jesus!” E lá vinha o homem com aquela garrafa da cor de uma pétala de rosa.

Palavras, palavras, palavras: tão ricas, tão belas, tão saborosas. Inglesas, francesas ou sertanejas, não importa: na boca do povo ganham vida, ganham alma e graças a elas esta que hoje vos escreve tem assunto para este domingo preguiçoso.

Essa garrafinha de Jesus foi meu compadre Carlos von Sohsten quem trouxe pra mim do Maranhão no ano passado. Fui na casa dele degustar a iguaria e fiz a foto com meu afilhado Vinicius. Eu adoro Jesus!

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