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Conta de mentiroso

Clotilde Tavares | 7 de julho de 2009

Hoje, dia 7 do 7, por sugestão da escritora Leila Miccolis, republico com algumas modificações um texto que saiu há uns meses no Correio da Paraíba sobre o número 7. Este texto também está sendo publicado no site da Leila, o Blocos on Line.

7Todo mundo sabe que “sete é conta de mentiroso”. Mas é um número que eu gosto, sabe-se lá o motivo. Os numerologistas devem ter explicações para isso, mas o número sete permeia a minha vida e quando preciso escolher algo que tem a ver com quantidades menores do que 10, escolho o sete, sem piscar.

Sete são as maravilhas do mundo, os pecados capitais, os dias da semana, as cores do arco-íris, os anões da Branca de Neve, as notas musicais, as vidas do gato e finalmente os sete palmos que pesarão sobre nós no dia fatal, seguido pela missa do sétimo dia. Tudo em sete.

Ultimamente, para espantar o tédio dos dias, andei fazendo uma brincadeira com o número sete fazendo listas de 7 coisas. Tenho me divertido muito com essas pequenas listas, que divulgo pelo Twitter (http://twitter.com/ClotildeTavares). Hoje compartilho com você algumas delas.

haagen-dazsVamos começar pelas 7 delícias culinárias, que adoro, e que vivem constituem constante ameaça à minha dieta: penne al pesto, camarão termidor, umbuzada, maionese de lagosta, xerém com galinha guisada, haagen-dazs, arroz-ovo-ketchup. Esse último item é porque, quando a gente está enjoada de toda essa comida sofisticada de restaurante, nada como “comida-de-estudante”: arroz-ovo-ketchup.

As 7 coleções que faço: caixinhas, bichinhos de barro, leques, livros minúsculos, traduções do Hamlet, canecas, folhetos antigos de cordel. 7 séries de TV que acompanho: Two and a Half-Man, The Big Bang Theory, Fringe, C.S.I., Ugly Betty, Desperate Housewives e The Sopranos. As 7 coisas que adoro fazer: ler, escrever, dançar dança-de-salão, compartilhar o que sei, bater papo, atuar no palco, pesquisa genealógica.

No cinema, os 7 atores que pagam o filme: Kevin Spacey, Albert Finney, Ian McKellen, Anthony Hopkins, Sean Connery, Harrison Ford, Al Pacino. Mais 7 atores bonitões que também pagam o filme: Brad Pitt, Leonardo de Caprio, George Clooney, Tom Cruise, Johnny Depp, Denzel Washington e Viggo Mortensen. 7 comedias adocicadas imperdíveis: A Garota de Rosa-Shocking, O Cantor de Casamentos, Uma Bela Mulher, O Clube das Desquitadas, Uma Secretária de Futuro, Sabrina e Casamento Grego.

pontanegraAgora, 7 lugares em João Pessoa que eu adoro: calçadão do Cabo Branco, bistrô Savoir, Salão de Artesanato em janeiro, Terraço Brasil, o cafezinho do Shopping Manaíra no primeiro andar, Restaurante Mediterrâneo e o Sebo Cultural. E, finalmente, 7 lugares em Natal: Ladeira do Sol, cafezinho da Siciliano do Midway, Restaurante Camarões (o antigo), Mamma Itália, Pizza Pazza, luar em Ponta Negra e o pôr-do-sol olhado da Capela do Campus.

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7, as sete maravilhas do mundo, conta de mentiroso, João Pessoa, Natal, numero 7
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Os bonitões das séries

Clotilde Tavares | 3 de julho de 2009

Todo mundo sabe que sou fã das séries de TV. Mas digamos que 30 a 40% do que gosto nessas séries é a visão dos bonitões que por elas desfilam. Afinal, quem não gosta de homem bonito? Ah, bom… Para quem não gosta, prometo em breve um post com as bonitonas das séries.

Adam Rodriguez, que faz Eric Delco, de CSI Miami.

Adam Rodriguez, que faz Eric Delco, de CSI Miami.

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Matthew Gray Gubler, que faz o agente especial Dr. Spencer Reid, um típico gênio com um QI alto e pouca vida social em Criminal Minds.

Shaemar Moore

Shaemar Moore, também em Criminal Mins é o agente especial Derek Morgan.

Seth Gabel

Seth Gabel, que em Dirty Sexy Money faz Jeremy Darling, um dândi mimado e irresponsável, que confia no dinheiro do pai para aprontar todas.

RufusRufus Sewell como o Dr. Jacob Hood, em The Eleventh Hour, um biofísico brilhante e conselheiro científico do governo americano.
Goran Visnijc

Goran Visnijc, o eterno Luka Kovach de E.R.

Medium

Jake Weber (Joe Dubois), o adorável marido de Patricia Arqette (Allison Dubois) na série Medium.

Os irmãos Winchester

Os irmãos Winchester, Sam (Jared Padalecki) e Dean (Jensen Ackles), que caçam demônios em Supernatural.

Cris

E finalmente o bonitão dos bonitões: Chris Noth, que faz o Detetive Mike Logan em Law & Order mas que todas nós conhecemos como o maravilhoso Mr. Big, de Sex and the City!

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bonitões, Criminal Minds, CSI, homem bonito, Medium, Sex and the City, Sirty Sexy Money, Supernatural
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O que é bonito…

Clotilde Tavares | 1 de julho de 2009

… é o que persegue o infinito.*

Hoje, imagens que me inspiram.

1. A atriz Sarah Bernhardt

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2. Uma cidade com planta em forma de estrela.

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3. Página de manuscrito medieval.

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4. Salão que antecede o teatro do castelo da cidade medieval de Cesky-Krumlov, na república Theca, todo adornado com pinturas ilusionistas, no estilo barroco, sobre temas da commedia dell’arte.

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5. Tela do artista plástico paraibano Sérgio Lucena.

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6. As peças de William Shakespeare.

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7. Igrejas barrocas brasileiras. Essa é a Capela da Jaqueira, em Recife-PE.

capela da jaqueira


*A frase “O que é bonito é o que persegue o infinito” é de Braulio Tavares.

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Capela da Jaqueira, Cesky-Krumlov, Livro de horas, Sarah Bernhardt, Sérgio Lucena, Shakespeare, star-shaped cities, teatro
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A fala dos bichos

Clotilde Tavares | 30 de junho de 2009

beija_f1aaO beija-flor, suspenso no ar diante dos hibiscos do quintal, arrulha. A ovelha, paciente e terna, bale. O pardal inquieto chilreia. O peru, majestoso e solene como um juiz togado, gorgoleja. O canário, em súbita aparição nas frondes do coqueiro, trina, mas o encanto dura pouco e ele desaparece no azul. A cobra silva e logo se esconde, deslizando sua serpeante anatomia por entre pedras e arbustos. O sagui, reclamando suas bananas de todo dia, chia. A mosca zumbe, impedindo o sono matinal.

onçaA onça, nos grotões esquecidos, esturra. O lobo uiva, em qualquer filme de vampiro. O jumento, excitado e descomunal, orneja. O cachorro ladra, late, gane, rosna, acua e uiva imitando o lobo. O cavalo relincha e nitre, entre nuvens de suor, levantando as patas no ar. O cabrito berra. Ou melhor: o mau, porque o bom cabrito fica caladinho de tão sonso. A andorinha gorjeia em revoada fazendo o verão, como num samba antigo. O corvo crocita seu eterno nunca mais, e prenuncia desgraças. O ganso grasna e grita, espantando os intrusos. O sapo coaxa, mora na beira da lagoa e não lava o pé porque não quer. O porco grunhe, ronca, guincha e se revolve na lama quente e macia, enquanto acumula delícias em sua carne suculenta.

elefanteO elefante barre. A galinha cacareja, cacareja, cacareja e o galo canta e clarina enquanto os pintainhos piam, desesperados e carentes. A abelha zune, zumbe, zunzuna, zonzoneia e zoa, tudo com “z”, somente para fazer mel. O bode bodeja, arrastando sua imponência de pai-de-chiqueiro atrás de cabras e cabritas, que berram e balem, mas ficam para ver qual é a proposta.

cegonhaA cegonha eu nunca vi, mas dizem que glotera. O morcego trissa e farfalha, em vôos rasantes e sonarizados, desafiando os obstáculos. O papagaio parla e protagoniza anedotas. A cigarra canta, chia, cigarreia, estridula e retine, a zombar da muda e estúpida formiga que, muda como o peixe,  trabalha sem parar. O gavião guincha, com as garras famintas de preás rechonchudos. O touro muge, tuge e brame. A vaca, com seus olhos doces e suaves, também muge, mas noutro tom. O grilo tritrila e estridula quando a noite cai.

E o gato? O gato ronrona, mia, resmoneia, rosna e reina sobre a casa, da qual é dono e senhor.

Everaldo, que uma noite sumiu e nunca mais voltou.

Everaldo, que uma noite sumiu e nunca mais voltou.

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Camas

Clotilde Tavares | 28 de junho de 2009

Domingo, dia bom pra passar o dia na cama, nosso assunto – visual – de hoje.

Começando com a cama de Luís XVI, no Louvre.

Cama do rei

Achei na Wikipedia.


Cama de Elvis Presley.

Cama de Elvis Presley.

Achei aqui.


Cama de Mahatma Gandhi.

Cama de Gandhi.

Achei aqui.


Cama do Padre Cícero Romão Batista.

Cama do Padre Cícero Romão Batista.

Achei aqui.


Cama de Ernest Hemingway. Um gato dorme sobre ela, como ele gostava.

Cama de Hemingway. Um gato dorme sobre ela, como ele gostava.

Achei aqui.


Cama de Napoleão Bonaparte em Versailles.

Cama de Napoleão Bonaparte em Versailles.

Esqueci onde achei.


Cama de Jackie Kennedy, na casa Branca.

cama_jacqueline_kennedy

Achei aqui.


Minha cama.

visao geral

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cama, Elvis Presley, Ernest Heminguay, Jackie Kennedy, John Lennon, Luís XVI, Mahatma Gandhi, Padre Cícero
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As estampas do sabonete Eucalol

Clotilde Tavares | 24 de junho de 2009
Carrinhos do Kinder-Ovo

Carrinhos do Kinder-Ovo

Ontem o meu neto veio me visitar e perguntou onde estavam os meus carrinhos. Os carrinhos aos quais ele se refere é uma coleção de minúsculos carrinhos, motos, caminhões, barcos e aviões que eu fiz durante um tempo da minha vida e que vinham dentro do “Kinder-Ovo”. Para quem não sabe do que se trata, o Kinder-Ovo é um “ovinho” que tem chocolate numa metade e um “brinquedo” na outra, geralmente coisas minúsculas e bonitinhas. Eu passei um tempo da minha vida colecionando tudo o que fosse de veículo que saía dentro dos ovinhos, depois de comer o chocolate.

Aí, por tabela, me lembrei de um dos maiores fetiches dos colecionadores brasileiros que são as estampas do sabonete Eucalol, que ainda conheci na minha infância. Entre meus tesouros infantis, tinha algumas, que terminaram sumindo na voragem dos anos. Mas o que eram essas estampas?

Nas caixas de sabonete Eucalol vinha sempre esse pequeno retângulo ilustrado em papel-cartão, mais ou menos do tamanho e formato de uma carta de baralho e “durinha”. Eu lembro de que guardava as minhas, que eram poucas, amarradas numa cinta de elástico, e trocava com outras crianças quando havia duplicatas.

Elas começaram a circular em 1930 e foram até 1957. Havia séries temáticas, como “A Vida de Santos Dumont”, “Aves do Brasil”, “Compositores Célebres”, e outras. Foram ao todo 54 temas distribuídos em 2.400 estampas.

Samuel Gorberg, pesquisador e colecionador, é autor de um livro sobre o assunto, com muitas informações on line no seu blog. Segundo Gorberg, séries como “História do Brasil” e “Lendas do Brasil” eram usadas em escolas pelo Brasil afora como material didático; uma das séries mais interessantes é “Viajando pelo Brasil”, desenhada pelo artista Percy Lao, que ilustrava os livros do IBGE.

O colecionardor Ariel Schneider, no seu site dedicado aos colecionadores e ao colecionismo, refere ter todas as 2.400 estampas na sua coleção, contando todo o seu trabalho para conseguir completá-la. Encontrei em vários sites da Internet as estampas para venda com preço que variam entre R$ 10,00 a R$ 25,00 cada.

Nasci com o vírus do colecionismo. Tenho a forma atenuada da doença e por isso me controlo e não encho a casa de objetos. Mas lá estão minhas caixinhas, meus folhetos de cordel antigos, minhas edições de Hamlet, meus livrinhos minúsculos, minhas canecas de louça, os livros sobre temas medievais… Entre esses objetos faz falta a minha nascente e desaparecida coleção de estampas do sabonete Eucalol, que deve ter se perdido quando eu fui para o internato aos oito anos de idade. Poucas, manuseadas, amarradas num elástico. Inesquecíveis.

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O fim do mundo

Clotilde Tavares | 19 de junho de 2009

Há uns quinze anos, eu lia muita literatura esotérica, mais por curiosidade do que por qualquer outro motivo, uma vez que todas as minhas tentativas de acreditar em alguma coisa que escapasse à minha concepção lógica do Universo deram errado.

Sou cética por natureza, embora tenha uma mente muito reverente diante dos milagres – naturais, sempre naturais! – que vejo acontecerem todo dia na minha frente.

fimdomundo_palenque2Nessa época li uns livros sobre o calendário maia e fiquei abismada com a forma como aquela civilização concebeu e desenvolveu explicações sobre o funcionamento do Universo, fez cálculos astronômicos de rara precisão e já tinha conhecimento do zero enquanto a Europa ainda estava mergulhada na superstição e no obscurantismo.

Os livros que li sobre o calendário maia foram um poderoso insight para mim e alimentaram com um rico veio a minha fantasia e a minha criatividade. Além disso, a forma como esse povo antigo media o tempo era tão sofisticada e elegante que até hoje me deixa entusiasmada.

fimdomundo_maiacalendarimgEntre outras coisas, os maias falavam que o ano de 2012 reperesentaria, segundo a sua forma de medir o tempo, o fim de uma era; que isso se daria a 21 de dezembro; e que a partir daí o mundo como o conhecemos iria se modificar de maneira completamente radical. Muitas pessoas que conheço acreditavam e ainda acreditam nisso. Respeito as crenças e acho que todo mundo tem direito de acreditar no que quiser mas eu mesma nunca acreditei. Acho bonito, mas não acredito.

Mas existe na Internet um site de uma organização científica, o Instituto para a Continuidade Humana, onde há depoimentos de cientistas que afirmam que os acontecimentos previstos para 2012 são inevitáveis, e que há 94% de certeza de que nesse ano ocorram eventos cataclísmicos que irão devastar o nosso planeta, sendo é preciso que providências urgentes sejam tomadas a respeito. Eles apontam inclusive algumas dessas providências e mostram simulações do que vai acontecer em 2012.

Choque de fragmentos do "Planeta X" com a terra. Site do IHC.

Choque de fragmentos do "Planeta X" com a Terra, previsto para 2012, segundo o site do Instituto para a Continuidade Humana.

Mas é tudo mentira, meu caro leitor. Se você acessar o site do tal Instituto, – que é um site muito bem feito, parecendo mesmo “a cara” de uma instituição científica respeitável – você vai ver que lá no finzinho, na última linha, depois que você rola a tela todinha, os direitos autorais do site pertencem à Sony Pictures Digital Inc., e que tudo não passa da propaganda de um filme que a produtora estará lançando em breve.

Orson Welles dramatiza A Guerra dos Mundos.

Orson Welles dramatiza A Guerra dos Mundos.

O problema com esse tipo de material publicitário é que pessoas desavisadas podem entar num estado de verdadeiro terror e tomar tudo como verdadeiro, com consequências imprevisíveis, a exemplo do que aconteceu em Nova York em 1938 quando Orson Welles, então um simples locutor de rádio, encenou A Guerra dos Mundos, de H.G.Wells, em uma emissora da cidade, narrrando uma suposta invasão de “marcianos” com tanta veracidade que a população se apavorou, havendo todo tipo de transtornos na metrópole e gerando as maiores confusões. Pessoas que haviam perdido o início do programa dizendo que era uma dramatização acreditaram piamente na invasão “marciana” e tentaram deixar a cidade causando gigantescos engarrafamentos. Outras, armadas até os dentes, atiravam em tudo que achavam parecido com “naves alienígenas”.

Soube dessa história do site do pretenso “Instituto para a Continuidade Humana” através do boletim HypeScience, que sempre me fornece histórias interessantes. Se você assinar a newsletter, as histórias vão chegar direto na sua caixa postal. Mais matérias sobre esse assunto de hoje, de onde tirei os elementos para este post,  você pode ver aqui e aqui.

Aurora Miranda

Aurora Miranda

Para concluir, não deixo de me lembrar do delicioso samba de Assis Valente que eu gostava de ouvir com Aurora Miranda, regravado um dia desses por Adriana Calcanhoto, e do qual lhe dou a letra, para você tomar tenência e não embarcar nessas histórias de fim-de-mundo, cometendo excessos que depois vão lhe deixar na maior saia-justa.

E o Mundo Não se Acabou, de Assis Valente

Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar
Por causa disso minha gente lá de casa
Começou a rezar…

E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite lá no morro
Não se fez batucada…

Acreditei nessa conversa mole, pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir, e sem demora fui tratando
De aproveitar…

Beijei a boca de quem não devia, peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um samba em traje de maiô
E o tal do mundo não se acabou…

Chamei um gajo com quem não me dava, e  perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento, gastei com ele mais de quinhentão…
Agora eu soube que o gajo anda dizendo coisa que não se passou
E, vai ter barulho e vai ter confusão, porque o mundo não se acabou…

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2012, A Guerra dos Mundos, Adriana Calcanhoto, Assis Valente, Aurora Miranda, calendário maia, ceticismo, fim do mundo, HypeScience, Orson Welles
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16 de junho: Bloomsday

Clotilde Tavares | 16 de junho de 2009
James Joyce

James Joyce

Hoje é o Bloomsday, ou melhor, o dia de Bloom. Mas quem é Bloom, e por que há um dia dedicado a ele?

Curiosamente, Bloom não é uma pessoa real. É um personagem fictício chamado Leopold Bloom e criado pelo escritor irlandês James Joyce, nascido em Dublin em 1882 e falecido na Suiça em 1941. Joyce é considerado um dos mais importantes escritores do século XX e Leopold Bloom é o personagem principal do seu livro Ulisses, que tem a fama de ser o livro mais citado e menos lido da literatura mundial.

A ação do livro decorre durante 16 horas do dia 16 de junho de 1904, e representa – isso aqui numa descrição muito simplista – os acontecimentos da vida de Leopold Bloom durante esse dia, utilizando-se o autor da técnica do fluxo de consciência, de piadas, de paródias, de fragmentos justapostos, tudo isso sgnificando uma nova forma de contar uma história, uma nova técncica do romance que é uma das grandes contribuições do livro para a literatura modernista do século XX.

Manuscrito da 1ª página do Ulisses.

Manuscrito da 1ª página do Ulisses.

Como a maioria das pessoas, eu também não li o Ulisses por inteiro. Mas me dá muito prazer abri-lo ao acaso e ler trechos, e já fiz uma adaptação do famoso “monólogo de Molly Bloom” para o teatro, que eu pretendia levar à cena em 2004 no centenário do Bloomsday. Como não encontrei parceiros dispostos a topar a parada, e o teatro é uma arte coletiva, ninguém faz sozinho, engavetei o projeto como outros tantos. Mas o texto é grandioso e sempre me dá muito prazer lê-lo outra vez.

Natal comemora o Bloomsday hoje.

Natal comemora o Bloomsday hoje.

Em Natal, durante alguns anos, chefiei as comemorações do Bloomsday junto com Arlene Venâncio, na época aluna da pós-graduação do curso de Letras e que era entusiasmada com Joyce. Fizemos umas duas ou três comemorações na antiga A.S. Livros e uma na Bienal do Livro de Natal em 2003, que coincidiu com o Bloomsday.

Este dia é comemorado em todo o mundo e as comemorações exigem que as pessoas declamem poemas de Joyce, bebam bastante, cantem e façam aquilo que se chama a “polifonia”: depois de ler o trecho final do monólogo de Molly Bloom, que encerra o livro, em quantas línguas forem possíveis entre os participantes, lê-se novamente o trecho em todas as línguas, em voz alta e ao mesmo tempo. Cabia a mim ler o trecho em português, o que me deixava sempre muito feliz.

Cartaz do Bloomsday 2008

Cartaz do Bloomsday 2008

Além da polifonia, que tinha um efeito final muito excitante, lembro-me do belo Paulo Marcelo, aluno também da UFRN, cantando a canção irlandesa Molly Malone e finalmente do acontecimento mais inusitado que penso já ter havido em qualquer Bloomsday: na comemoração que houve na Bienal do Livro, no auditório repleto, enquanto se sucediam os recitativos, o recinto foi invadido pelo poeta Sopa D’Osso, emblemático na sua magreza, com seu sobretudo verde-escuro, olhos loucos, estado completamente alterado de consciência, a declamar um poema de Joyce traduzido por ele para o tupi-guarani.

Fique então com o trecho final do monólogo de Molly Bloom, que é todo escrito assim mesmo, sem pontuação, pois essa era a técnica de Joyce, o famoso fluxo da consciência. Leia em voz alta e não procure entender. Deixe-se levar pelas palavras, deixe-se tomar pelo som da sua voz e comemore hoje comigo, com todos os leitores deste blog e com todos os joyceanos do mundo este escritor sem par, esta obra sem fronteiras.

Trecho final do monólogo de Molly Bloom, encontrado nas duas últimas páginas do Ulisses, com tradução de Antonio Houaiss:

Angeline Ball

Angeline Ball como Molly Bloom

“… ..o sol brilha para você ele disse no dia que a gente estava deitado entre os rododendros no cabeço do Howth no terno de tuíde cinza e chapéu de palha dele dia que levei ele a se propor a mim sim primeiro eu dei a ele um pouquinho do bolinho-de-cheiro da minha boca e era ano bissexto como agora sim dezasseis anos atrás meu Deus depois desse beijo longo eu quase perdi minha respiração sim ele disse que eu era uma flor da montanha sim assim a gente é uma flor todo o corpo de uma mulher sim essa foi uma coisa verdadeira que ele disse na vida dele e o sol brilha para você hoje isso foi por que eu gostei dele porque eu via que ele entendia ou sentia o que é uma mulher eu sabia que eu podia dar um jeito nele e eu dei a ele todo o prazer que eu podia levando ele até que ele me pediu pra dizer sim e eu não queria responder só olhando primeiro para o mar e o céu eu estava pensando em tantas coisas que ele não sabia de Mulvey e do Sr Stanhope e Hesier e meu pai e do velho capitão Grovas e os marinheiros brincando de coelho-sai e pula-carniça e lavar-pratos como eles chamavam no cais e o sentinela na frente da casa do Governador com a coisa em redor do capacete branco dele pobre diabo meio tomado e as garotas espanholas se rindo nos xailes e nas grandes travessas delas e os pregões da manhã os gregos e os judeus e os árabes e o diabo sabe quem mais de todos os confins da Europa e a Rua do Duque e o mercado de aves todas cacarejando em frente do Larby Sharon e os pobres dos burricos escorregando meio dormidos e os sujeitos vagos nas mantas dormitando na sombra nos degraus e as rodas grandes das carroças de touros e o velho castelo milhares de anos velho e aquèles mouros bonitos todos de branco e tuìbantes como reis pedindo à gente pra sentar nas lojinhas pequeninas deles e Ronda com as velhas janelas das posadas olhos vislumbrados em muxarabiê escondidos para o amante dela beijar o ferro e as bodegas de vinho meio abertas à noite e as castanholas e a noite que a gente perdeu o bote em Algeciras o vigia indo por ali sereno com a lanterna dele e oh aquela tremenda torrente profunda oh e o mar o mar carmesim às vezes como fogo e os poentes gloriosos e as figueiras nos jardins da Alameda sim e as ruazinhas esquisitas e casas rosas e azuis e amarelas e os rosais e os jasmins e gerânios e cactos e Gibraltar eu mocinha onde eu era uma Flor da montanha sim quando eu punha a rosa em minha cabeleira como as garotas andaluzas costumavam ou devo usar uma vermelha sim e como ele me beijou contra a muralha mourisca e eu pensei tão bem a ele como a outro e então eu pedi a ele com os meus olhos para pedir de novo sim e então ele me pediu quereria eu sim dizer sim minha flor da montanha e primeiro eu pus os meus braços em torno dele sim e eu puxei ele pra baixo pra mim para ele poder sentir meus peitos todos perfume sim o coração dele batia como louco e sim eu disse sim eu quero Sims.”

Veja aqui videos sobre o tema e a atriz Angeline Ball arrasando como Molly Bloom.

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Enterrado vivo

Clotilde Tavares | 14 de junho de 2009

poe2“…escancarada a porta, apareceu, de pé, a figura altaneira e amortalhada de Lady Madeline Usher. Havia sangue na sua veste branca e vestígios de alguma luta áspera em cada parte do seu corpo emagrecido. Por um momento, ela ficou, trêmula, a vacilar no umbral – depois, com um pequeno grito lamentoso, caiu pesadamente para dentro, sobre o corpo de seu irmão, e, na sua violenta e agora final agonia, o que ela arrastou para o chão foi apenas um cadáver, a vítima dos horrores que ele mesmo previra.”

Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe

No conto A Queda da Casa de Usher, Edgard Allan Poe conta uma tragédia de horror, em que a bela Lady Madeline Usher, sofrendo de catalepsia, é enterrada vida. Poe retrata neste conto um terror atávico do ser humano que é ser sepultado por engano, quando ainda há vida no corpo. O terror é tão largo e disseminado que, em diversas culturas, dispositivos variados são adicionados aos ataúdes para que os supostos “enterrados vivos” possam pedir socorro, caso isso aconteça.

poe3Esses casos poderiam ser possíveis em virtude de uma doença rara denominada catalepsia, espécie de ataque que pode durar de alguns minutos até alguns dias, onde as funções orgânicas diminuem de velocidade e intensidade, fazendo que com que pessoas desavisadas e sem maior informação julguem que o indivíduo está morto. A causa da catalepsia é desconhecida; mas acredita-se que hoje em dia, com todo o aparato técnico existente em hospitais e pronto-socorros não é mais possível um caso desses passar despercebido, tendo como consequência o “enterramento vivo” do paciente.

Somente em regiões longínquas sem profisionais médicos ou equipamentos seria possível que um ataque dessse tipo pudesse ser confundido com a morte. Por outro lado, o tema é excitante e dá boa margem para enredos literários, como o fantástico conto de Edgard Allan Poe, citado acima, e muitos outros.

poethurmanO medo de ser enterrado vivo está associado com outra fobia semelhante: a claustrofobia, uma vez que o enterrado vivo geralmente se acorda fechado em um caixão com espaço minúsculo. Aqui, é bom lembrar de Uma Thurman em Kill Bill II, que sai do túmulo onde a enterraram literalmente “na marra”.

Freud de Melo

Freud de Melo

Para lidar com esses medos, um camarada chamado Freud de Melo, advogado, empresário e produtor rural de Hidrolândia, estado de Goiás, já tratou de construir seu túmulo com tudo o que tem direito: TV, celular, alto-falantes, sistema de ventilação e alimentos.

No You Tube tem um video; se você quiser ver, pode clicar aqui.

Eu sempre achei essas histórias todas muito curiosas. Mas é assim que são os seres humanos: curiosos e diferentes pra caramba, dando assunto abundante para blogueiras desocupadas que nem eu.

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catalepsia, claustrofobia, enterrado vivo, Kill Bill, Poe, Uma Thurman, Usher
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"Corpos tristes"

Clotilde Tavares | 11 de junho de 2009

Hoje o meu dia começou na madrugada, pois andei sem sono; asssim aproveitei para observar o planeta Vênus, que está um verdadeiro esplendor, principalmente quando o céu vai mudando de cor prenunciando o amanhecer. Se você é daqueles que gostam de levantar cedo aproveite. O espetáculo é deslumbranate.

°°°°°°°°°°

Todo ano fico meio confusa sem saber direito de que festa é essa de Corpus Christi que a Igreja católica celebra no dia de hoje. Sempre pensei que fosse a Ascenção de Cristo, mas finalmente neste ano resolvi descobrir do que se tratava. Pois bem: é uma festa instituída para celebrar a presença do corpo vivo de Cristo na Eucaristia. Remonta ao século XIII e foi criada pelo Papa Urbano IV. Muitas cidades decoram suas ruas para a passagem da procissão, como Pirenópolis (GO), Mariana (MG), Matão (SP) e Jacobina (BA). Fui buscar essa erudição toda na Wikipedia, onde você pode ver mais sobre isso. Não sou religiosa, mas adoro as coisas da religião, quando envolvem milagres, rituais, e demonstrações coletivas e fé. E me lembro também de uma amiga “sem noção”, que só chamava essa festa de “Corpos Tristes”, crente que estava abafando…

°°°°°°°°°°

No primeiro episódio da 15a. temporada de uma das minhas séries preferidas, E.R., atravessei oceanos encapelados de grandes emoções. A série perdeu um dos personagens mais interessantes, mas promete, na seqüencia dos capítulos, a volta de muita gente que já deixou a trama.

°°°°°°°°°°

Leia sobre o conflito USP x PM no site de Sandro Fortunato. Ele escreve e eu assino embaixo.

°°°°°°°°°°

E divirta-se com Mari Melo, tentando montar um carrinho aramado com instruções em mandarim, no blog Brincando de Casinha, onde assino ponto todo dia.

°°°°°°°°°°

E quem vai à procissão?

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