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Cascavilhando…

Clotilde Tavares | 24 de abril de 2009
Biblioteca Digital Mundial: uma grande viagem.
Biblioteca Digital Mundial: tela de abertura.

Biblioteca Digital Mundial: tela de abertura.

Quando um dia eu morrer e chegar no outro mundo – céu, inferno, ou o que seja – a minha primeira pergunta vai ser: “Onde fica a biblioteca?” E se o cara lá responder que não tem biblioteca eu sei que estou frita porque devo estar mesmo no Inferno, da Terceira Caldeira pra lá.

O meu consolo é que, como dizem que o Diabo é o pai do rock, devo encontrar por lá alguns amigos roqueiros e a possibilidades de uns shows bem trash-metal, do jeito que eu gosto.

Mas voltando ao assunto bibliotecas, ando nesses dias navegando na Biblioteca Digital Mundial.

É uma iniciativa da UNESCO e da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, reunindo como parceiros a Biblioteca de Alexandria, a Biblioteca Nacional do Egito, a Biblioteca Nacional da Rússia e a Biblioteca Nacional do Brasil.

Antigos manuscritos

Antigos manuscritos

São documentos, cartas, fotos, mapas. Tudo é apresentado nas seis línguas oficiais da ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo) e mais o português. O Brasil participa do projeto, por intermédio da Fundação Biblioteca Nacional.

Nesta primeira fase, somente a parte brasileira é constituída por 1.500 mapas raros dos séculos XVI a XVIII e 42 álbuns com cerca de 1.200 fotografias pertencentes à Coleção Thereza Christina Maria, doada pelo Imperador D. Pedro II à Biblioteca Nacional.Esta coleção de fotografias foi registrada como Patrimônio da Humanidade no Programa Memória do Mundo da UNESCO.

Imagine o acervo dos outros países.

writer03Eu ando assim: as colunas para os jornais atrasadas, o arroz queima no fogão, as camas não são mais forradas, a roupa lavada dorme três dias dentro da máquina sem que eu me lembre de pendurar no varal e filhos e amigos pensam que eu sumi do mapa. Mas não é não: estou lá, na tal Biblioteca Digital.

Você pode ir direto lá, clicando aqui. Mas eu escolhi umas duas coisinhas pra você ir direto.

Christine de Pisan

Christine de Pisan

A primeira é o livro “Crônica de Cavaleiros em Armadura”, escrito por volta de 1410 pela francesa Christine de Pisan, uma das primeiras mulheres a ganhar a vida como escritora. Trata sobre o modo de conduta apropriado para um cavaleiro e foi traduzido para o inglês e impresso em 1489, por ordem de Henrique VII, que desejava torná-lo disponível aos soldados ingleses.

O livro continha não apenas regras de conduta, tais como um cavaleiro vitorioso deveria tratar um prisioneiro de guerra, mas também informações práticas que Pisan havia adquirido a partir de vários textos clássicos, por exemplo, como escolher o melhor local para armar uma tenda e como evitar que um castelo fosse cercado. Eu não entendo uma palavra desse inglês do século quinze mas, e daí? Só olhar praquilo, mesmo na tela, me dá um prazer que só um bibliófilo entende.

A outra jóia rara que trago para voccê é um arquivo sonoro, para ouvir. É uma das primeiras gravações da Marselhesa, o glorioso hino da França composto por Rouget de Lisle em abril de 1972 1792.

Então está esperando o quê? Vai lá cascavilhar no site.

Este post é dedicado a Regina Cascão Viana, que vive cascavilhando.

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bibliofilia, Biblioteca Virtual Mundial, Internet, leitura, livros antigos
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Uma visita real

Clotilde Tavares | 1 de abril de 2009

No dia 10 de fevereiro de 1910 um grupo de príncipes abissínios em viagem pela Inglaterra solicitou oficialmente uma visita ao gigantesco navio almirante “Dreadnought”, o mais novo e poderoso navio de guerra da Marinha Real Inglesa, ancorado na baía de Weymouth, em Dorset. Os príncipes estavam acompanhados por um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros e por um intérprete.

Cercada do maior protocolo, a visita teve recepção ao som de gaita de foles e oficiais envergando farda de gala; mas aconteceram algumas gafes, cometidas pelos ingleses, que em lugar da bandeira do país dos visitantes hastearam a bandeira e executaram o hino nacional de Zanzibar, em vez da Abissínia. Os convidados foram muito corteses e evitaram qualquer comentário; e mostraram sua admiração a todos os pormenores técnicos que o almirante inglês, em pessoa, lhes forneceu sobre a embarcação. Ao final da visita, enquanto os convidados esperavam o trem para regressarem a Londres, a multidão apinhou-se na estação ferroviária para ver os príncipes, todos negros, usando altos turbantes e vestidos em seus trajes exóticos e coloridos.

E era tudo mentira, meu caro leitor. Esse fato ocorreu realmente, mas tudo foi uma peça pregada à Marinha Real Inglesa por Horace Cole, um rico e ocioso membro da alta sociedade londrina, ajudado pelo amigo Adrian Woolf, irmão da escritora Virginia Woolf. Para preparar a farsa, contratou Willy Clarckson, maquilador da atriz Sarah Bernardt, para fazer a caracterização do grupo que contava ainda com a própria Virginia, fazendo um dos príncipes; o jogador de críquete Anthony Buxton; Duncan Grant, um artista; Guy Ridley, filho de um juiz. Adrian Woolf fazia o papel de intérprete do grupo e o próprio Horace Cole, envergando fraque e cartola, se anunciava como sendo alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A audácia dos brincalhões foi espetacular. Na manhã da visita, Horace Cole dirigiu-se à estação de Paddington, em Londres, e pediu um comboio especial para levar os príncipes a Weymouth e um comitê para saudá-los na hora da partida. O chefe da estação reclamou do pedido feito à última hora mas a autoridade que emanava do “alto funcionário” ministerial era tamanha que organizou tudo a contento: reuniu os funcionários da estação para a saudação protocolar e mandou até colocar um tapete vermelho para que os príncipes subissem a bordo do trem.

Já havia sido enviado um telegrama falso em nome do Ministério  ao almirante da frota, ordenando-lhe que dispensasse todas as atenções aos ilustres visitantes. Durante a visita, os príncipes recusaram toda a alimentação que lhes foi oferecida, alegando motivos religiosos; o verdadeiro motivo, porém, era porque poderiam estragar a maquilagem, onde todos usavam uma tinta escura no rosto e barbas e bigodes postiços. Para completar a caracterização, Cole mandou imprimir cartões de visita em uma língua africana e deu instruções para que seus colegas improvisassem uma língua própria para fazer perguntas e se dirigirem aos oficiais do navio, enquanto Adrian Woolf, o “intérprete”, traduzia o que os “príncipes” diziam para o inglês.

No trem de volta para Londres, a brincadeira chegou ao seu auge quando Cole explicou aos criados do vagão-restaurante que, segundo os hábitos abissínios, os príncipes podiam ser servidos apenas por pessoas que usassem luvas cinzentas de pele de cabrito. Quando o trem parou em Reading, um empregado foi enviado a comprar as luvas, para que os visitantes reais pudessem jantar.

Para se ter uma idéia da audácia do embuste, um dos militares de alta patente a bordo do navio era William Fisher, primo de Virginia e Adrian Woolf, que os conhecia muito bem; mas em nenhum momento notou que os príncipes eram seus primos. No dia seguinte, Cole enviou à imprensa o relato da história, acompanhado de uma foto do grupo e toda a Inglaterra se divertiu às custas da marinha inglesa.

Os "príncipes abissínios" Virgina Wolf, Duncan Grant, Adrian Stephen, Anthony Buxton, Guy Ridley e Horace Cole.

Os "príncipes abissínios" Virginia Wolf, Duncan Grant, Adrian Woolf, Anthony Buxton, Guy Ridley e Horace Cole.

Você pode ver essa foto no blog Modern Books and Manuscripts e também há outras informações na Wikipedia. O episódio ficou conhecido como “The Dreadnought Hoax” e os embusteiros não sofreram qualquer dano porque, de acordo com as leis inglesas eles não teriam cometido nenhum crime.

Nada melhor do que uma história dessas para comeorar o primeiro de abril e também porque considero saudável uma boa brincadeira para alegrar o ambiente. A conclusão é que ninguém escapa de ser enganado ou levado ao ridículo, nem mesmo a poderosa Marinha Real Inglesa, que já dominou os sete mares. Num caso assim, só resta relaxar, sorrir e torcer para não ser enganado outra vez.

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