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Olimpíada 2016 – a festa do Rio de Janeiro

Clotilde Tavares | 3 de outubro de 2009

Acompanhei ontem com emoção a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. No twitter, os comentários de sucediam, e eu me diverti muito porque, além da torcida normal de uma ocasião dessa havia ainda as piadas, cada qual mais engraçada do que a outra, e, como toda piada  que se preza, oscilando através de vários graus da escala do políticamente incorreto.

Desde o engraçadíssimo Yes, we crew, de Marcelo Tas e Xico Sá propondo malabarismo em semáforo como esporte olímpico, foi engraçado ver alguém dizendo que na abertura “Ronaldo leva a tocha e Marcelo D2 acende”, outro lembrando que “Vanusa vai ter sete anos pra aprender a cantar o Hino” e um terceiro levantando a possibilidade de Niemeyer começar a treinar assim que sair do hospital.

E as piadas não param. Dizem que as medalhas vão ser de “ouro, prata, bronze e chumbo” e sugerem que os sete anos que nos separam das Olimpíadas são suficientes para aposentar Galvão Bueno.

Piadas à parte, fiquei feliz. Nesse momento agora, não me interessa se metade da verba vai ser desviada, se vai faltar dinheiro para saúde e educação, se a bandidagem no Rio de Janeiro vai deitar e rolar, se os engarrafamentos vão ser imensos, e todos os outros argumentos que estão usando para tentar empanar a alegria desta hora.

Todos esses problemas podem acontecer, e provavelmente vão acontecer, mas minha gente! Numa hora dessa, em que estamos pela primeira vez na América Latina sediando uma Olimpíada, é muito ruim torcer contra. É feio, é mesquinho, é pobre. O que a gente tem que fazer daqui pra frente é exercer o papel de cidadão, cada um dentro da sua esfera de atuação, e fiscalizar o que é que vão fazer com essa grana toda, ver como é que as verbas vão ser aplicadas através dos mecanismos controladores de que a sociedade dispõe. O melhor desses mecanismos é o voto, e no próximo ano já vai ser possível aplicá-lo.

No mais, é comemorar, alegrar-se com a festa do esporte, com a celebração da saúde e da alegria, e torcer para que mais uma vez nossos atletas subam ao pódio coroados de ouro.

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Olimpíada 2016, Rio 2016, yes we crew
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Banheiros

Clotilde Tavares | 26 de agosto de 2009

Ainda mergulhada no caos da minha mudança, não tenho tido tempo de escrever. Questões muito importantes monopolizam a minha atenção, como, por exemplo: “Onde está o fio dental?” ou “Como posso lavar a roupa se ainda não instalaram o varal?” ou a mais importante de todas, “Em que diabo de lugar foi parar meu chinelinho de antes de dormir?” Ah, meu caro leitor, a falta do chinelo velho para acolher os pezinhos 34 mortos de cansados de carregar, além do meu peso acima da tabela, as caixas e pacotes e livros e objetos, ah, a falta dos chinelinhos velhos não tem contribuído para melhorar a minha qualidade de vida.

Dos meus cinco cômodos, três  já estão razoavelmente em ordem: o quarto, a cozinha e a área de serviço. Mas a sala continua em estado parcial de caos – evoluiu do total para o parcial – e o banheiro, além de estar desarrumado, é um banheiro de tamanho médio, de apartamento antigo que não quero reformar e que constitui um formidável desafio à minha capacidade de decoração, ou melhor, de ambientação, que é assim que se diz agora.

Aí, entrei na Internet em busca de idéias. Não encontrei nenhuma, mas achei um monte de banheiro engraçado que quero compartilhar com você, enquanto resolvo o problema do meu.


O cara se exercita, come, lê, vê TV, acessa a Internet e nunca deixa de ser Rei, ou melhor, nunca abandona o Trono. Aqui.

Indicativo para porta de banheiro masculino e feminino. Achei aqui, onde tem mais.

Design arrojado e tecnologia em pouco espaço. Aqui.

Na Europa, uma versão mais limpa do que tem sido visto nas festas brasileiras como Carnaval e outras. Encontrei aqui.

Nas horas de aperto, um banheirinho portátil.

Essa é boa! Achei aqui.

O banheiro do batera. Aqui.

Cortina de banheiro inspirada no filme “Psicose”, de Hitchcock. Aqui.

Siga o link para ver os detalhes e me diga se você teria coragem de usar este banheiro!

Para encerrar, este banheiro nas nuvens, para quem gosta de esquiar.

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ambientação, ambientação para banheiros, banheiro, decoração, decoração para banheiros, louça sanitária
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Necessidades especiais

Clotilde Tavares | 13 de agosto de 2009

vejablog2Este blog foi indicado o blog da semana no VejaBlog. Uma coisa muito simpática, que toda “a equipe do Umas & Outras”, ou seja, eu mesma, fiquei muito feliz. Você, que vem aqui e lê estas mal-tecladas linhas, é responsável também por isso. Continue chegando junto, que só nos dá prazer.


No tempo em que eu escrevia na Tribuna de Norte, em Natal, jornal no qual sustentei coluna semanal aos domingos durante dez anos, era para mim uma diversão ver como a pessoa que editava o caderno me chamava. A cada semana, era uma coisa diferente. Ao lado do meu nome, na cabeça da coluna, uma palavra nova: professora, escritora, colaboradora, poeta e também combinações dessas atividades, como “poeta e professora”, por exemplo. O jornal usou por algum tempo essas denominações diversas, na tentativa meio frustrada de tentar explicar o que eu sou e o que mais me caracteriza em termos de atividade, coisa que nem eu mesma sei e nem toda uma geração de terapeutas consegue explicar, como essa minha mania danada de variar.

carinhaIsso me faz refletir sobre a maneira como somos conhecidos e nomeados quando nosso nome chega às páginas de um jornal ou a um noticíário de televisão. Você talvez já tenha passado pela situação de ser assunto, ou tema, ou participante, ou entrevistado de uma matéria jornalística. E lá, no texto, não consta somente o nome da pessoa: consta também a ocupação, ou profissão, ou atividade que a criatura desenvolve na sua vida social. E é aí que a coisa começa a ficar engraçada, porque as denominações usadas para as pessoas são às vezes muito curiosas.

Por que não chamar o cara que tem um quiosque na praia ou no shopping de “comerciante”? Não é isso que ele faz? Não comercia seus produtos? No jornal, não. No jornal ele vira “o permissionário de quiosque Fulano”. Quer outra? “Foi assassinado o braçal Sicrano…” O “braçal”? Deve ser um trabalhador braçal, mas “braçal” assim, solto, fica engraçado. E aquela moça simpática que trabalha para uma empresa atendendo os clientes se transforma na “contato comercial Maria de Tal…” E um dia desses li uma notícia em que a pessoa era nomeada como “o evangélico Fulano”, muito embora a matéria não tratasse de religião nem sobre qualquer coisa ligada à igreja.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh

O jornal – ou telejornal – certamente tem nas suas regras ou nos seus manuais de redação parâmetros para essas classificações. E isso obviamente difere de jornal para jornal, porque em uns encontramos coisas mais engraçadas e curiosas do que em outros. Compreendo o trabalho dos profissionais da imprensa e a sua busca por excelência, muitas vezes dobrando horário, reescrevendo, conferindo informações, procurando o melhor texto. Filha e neta de jornalista, respeito demais essa atividade, muito embora às vezes goste de refletir um pouco sobre suas curiosidades, como estou fazendo agora.

Para encerrar, deixei para o final a melhor de todas, que encontrei em uma matéria que dizia “o portador de necessidades especiais Fulano de Tal…” Essa foi demais, minha gente. É genérico demais para o meu gosto porque, ao pé da letra, se eu alimento o sonho de um dia ter um encontro com Brad Pitt eu também posso ser classificada como “portadora de necessidades especiais”! Afinal, vocês hão de convir que não existe nesse mundo nada mais especial do que o belo, portentoso e deslumbrante Brad Pitt.

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De clique em clique

Clotilde Tavares | 24 de julho de 2009

Uma das melhores coisas da Internet é ficar zapeando por aí, descobrindo coisas estranhas, divertidas, inteligentes, instigantes.

Trouxe algumas delas hoje para você.

1. Catálogo de manuscritos medievais: um primor. Eu passo horas enfiada num site desses, imaginando que estou na biblioteca do Mosteiro de Saint-Gallo…  AQUI.

2. Um Quadrante. Para navegar e olhar as estrelas. Eu não navego, mas olho estrelas, e gosto de saber a altura de edifícios, de árvores… Fiz um para mim, que mostro na foto. Usei papelão, um canudinho de refrigerante, um barbante e uma argola de um brinco velho. Fiz a graduação dos ângulos com um transferidor escolar. Faça um para você e aprenda a usar AQUI e AQUI.

3. O homem cobra. Um dançarino turco incrível, contorsionista, e muito, muito lindinho…

4. Me diga se não é um luxo este papel higiênico! Achei AQUI.

5. A Cega Natureza do Amor, novo livro de Patrício Jr, que foi lançado em Natal há uns dias. Para divulgar a noite de autógrafos, casais encapuzados namoravam no maior shopping da cidade. Veja mais AQUI e AQUI.

6. Vida de solteiro. Sem comentários. Clique AQUI.

7. O Livro Egípcio dos Mortos. Uma coisa belíssima, um documento impressionante que, por sobre os séculos que nos separam dele, ainda conserva a força e a estranha beleza dos rituais fúnebres do Antigo Egito. AQUI.

8. Torneira. Quer me agradar? Me dê uma dessa de presente! A azul, eu quero a azul. E tem mais AQUI.

9. Colar de crochê. Um primor de habilidade. Belo belo belo. Mas é preciso ter um colo de acordo. Como diz o cantador de viola, “o pescoço é quem confeita o colar”. AQUI.

10. E finalmente esse bicho estranho, que deve se chamar PhotoShop, que nem fui eu que encontrei: ele apareceu aqui de enxirido!

Para divulgar o lançamento, casais encapuzados namoravam no maior shopping da cidade.
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Facilitando a vida

Clotilde Tavares | 25 de junho de 2009

Hoje, com preguiça de escrever, vou lhe apresentar aqui umas dicas de organização e facilitação da sua vida, retiradas dos sites que visito o tempo todo e todas testadas por mim.

1 No site Efetividade.net o que fazer com os documentos, recibos de bancos e extratos de contas. Jogo ou não jogo fora? A respota está aqui. http://www.efetividade.net/2009/06/23/organizacao-de-documentos-em-casa-nova-lei-pode-acabar-com-nossas-montanhas-de-recibos/

2 Antonio Azevedo diz: “Faça agora”. E é mesmo! http://www.antonioazevedo.com.br/2008/10/faca-agora/

3. PocketMod ajuda. Faça um para você. http://repocketmod.com/

4. Use esse diagrama de produtividade http://rmaues.org/blog/2009/03/27/nerdy-productivity/

5. A melhor lista telefônica virtual. http://www.102web.com.br/telemar.htm

6. Tabela supercompleta de calorias. http://www.cdof.com.br/nutri4.htm

7. Cozinha pra quem não sabe cozinhar direito. http://www.muitogostoso.com.br/

8. Um timer on line para você não esquecer a panela no fogo. http://e.ggtimer.com/1minute

9. Converta qualquer documento em PDF. http://www.freepdfconvert.com/

10. E se o barulho da vizinhança lhe incomoda, informe-se aqui. http://www.chegadebarulho.com/

Finalmente, se nada der certo, chame o Aristeu.

aristeu-evangelico-honesto_1

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Enterrado vivo

Clotilde Tavares | 14 de junho de 2009

poe2“…escancarada a porta, apareceu, de pé, a figura altaneira e amortalhada de Lady Madeline Usher. Havia sangue na sua veste branca e vestígios de alguma luta áspera em cada parte do seu corpo emagrecido. Por um momento, ela ficou, trêmula, a vacilar no umbral – depois, com um pequeno grito lamentoso, caiu pesadamente para dentro, sobre o corpo de seu irmão, e, na sua violenta e agora final agonia, o que ela arrastou para o chão foi apenas um cadáver, a vítima dos horrores que ele mesmo previra.”

Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe

No conto A Queda da Casa de Usher, Edgard Allan Poe conta uma tragédia de horror, em que a bela Lady Madeline Usher, sofrendo de catalepsia, é enterrada vida. Poe retrata neste conto um terror atávico do ser humano que é ser sepultado por engano, quando ainda há vida no corpo. O terror é tão largo e disseminado que, em diversas culturas, dispositivos variados são adicionados aos ataúdes para que os supostos “enterrados vivos” possam pedir socorro, caso isso aconteça.

poe3Esses casos poderiam ser possíveis em virtude de uma doença rara denominada catalepsia, espécie de ataque que pode durar de alguns minutos até alguns dias, onde as funções orgânicas diminuem de velocidade e intensidade, fazendo que com que pessoas desavisadas e sem maior informação julguem que o indivíduo está morto. A causa da catalepsia é desconhecida; mas acredita-se que hoje em dia, com todo o aparato técnico existente em hospitais e pronto-socorros não é mais possível um caso desses passar despercebido, tendo como consequência o “enterramento vivo” do paciente.

Somente em regiões longínquas sem profisionais médicos ou equipamentos seria possível que um ataque dessse tipo pudesse ser confundido com a morte. Por outro lado, o tema é excitante e dá boa margem para enredos literários, como o fantástico conto de Edgard Allan Poe, citado acima, e muitos outros.

poethurmanO medo de ser enterrado vivo está associado com outra fobia semelhante: a claustrofobia, uma vez que o enterrado vivo geralmente se acorda fechado em um caixão com espaço minúsculo. Aqui, é bom lembrar de Uma Thurman em Kill Bill II, que sai do túmulo onde a enterraram literalmente “na marra”.

Freud de Melo

Freud de Melo

Para lidar com esses medos, um camarada chamado Freud de Melo, advogado, empresário e produtor rural de Hidrolândia, estado de Goiás, já tratou de construir seu túmulo com tudo o que tem direito: TV, celular, alto-falantes, sistema de ventilação e alimentos.

No You Tube tem um video; se você quiser ver, pode clicar aqui.

Eu sempre achei essas histórias todas muito curiosas. Mas é assim que são os seres humanos: curiosos e diferentes pra caramba, dando assunto abundante para blogueiras desocupadas que nem eu.

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catalepsia, claustrofobia, enterrado vivo, Kill Bill, Poe, Uma Thurman, Usher
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Ligeirinho

Clotilde Tavares | 4 de junho de 2009

Rapido como quem rouba, este post de hoje é somente para o bloguinho não passar em branco, coisa que atiraria a minha reputação na sarjeta. Prometi que vou postar todo dia, e é isso que farei.

Então, meu pacientíssimo leitor, deleite-se com esses flagrantes poéticos, fotográficos e anedóticos enquanto eu me dedico a uma veia memorialística aberta desde ontem e que está sangrando copiosamente, enquanto eu escrevo a história dos dois anos que passei no internato, para onde fui com apenas oito anos de idade.


O ano é 1956. Eu sou a dentucinha do meio, na segunda fila, interna no Colégo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, agreste de Pernambuco, a 40 km de Garanhuns.

O ano é 1956. Eu sou a dentucinha do meio, na segunda fila, interna no Colégo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, agreste de Pernambuco, a 40 km de Garanhuns.


SEM VERBO

O poeta Dedé Monteiro, de Tabira, recebeu um pedido de ajuda de uma estudante a quem o professor havia dado como tarefa um trabalho de no mínimo dez linhas, tema livre, rimado, e sem nenhum verbo.

O poeta criou “Casa velha”:

Ah, casa velha do cão
A de vovó Januária!
Caverna bicentenária
Sem um sinal de cristão!…
Morcegos sobre o fogão
Nos móveis, somente pó
No muro, uma planta só
No jardim, rato e mosquito
Eis o retrato esquisito
Da casa da minha avó!

Encontrei essa preciosidade no livro do meu companheiro cangaceiro Paulo Medeiros Gastão “Viagem a Triunfo da Baixa Verde”, nº 1151 da Coleção Mossoroense.


Os bodezinhos lá do Cariri, satisfeitinhos com a chuva...

Os bodezinhos lá do Cariri, satisfeitinhos com a chuva...


COMO É QUE É?

O gerente chama o empregado da área de produção, tipo armário quatro portas, com 1,90 de altura, recém-admitido e inicia o diálogo:
– Qual é o seu nome?
– João – responde o grandalhão.
– Olhe – explica o gerente – eu não sei em que espelunca você trabalhou antes, mas aqui nós não chamamos as pessoas pelo seu primeiro nome. É muito familiar e pode levar a perda de autoridade. Eu só chamo meus funcionários pelo sobrenome: Ribeiro, Matos, Souza, etc, entendeu? E quero que o senhor me chame de Sr. Mendonça. Muito bem, agora quero saber: qual é o seu nome completo?
O empregado responde:
– Meu nome é João Paixão.
– Tá certo, João. Pode ir, agora.


Beleza em estado puro. A foto é de Nicholas Greenway.

Beleza em estado puro. A foto é de Nicholas Greenway.

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Ora, direis, uma chupeta…

Clotilde Tavares | 1 de junho de 2009

Hoje recupero para você, meu caro leitor, este texto que escrevi há dois anos e que fez muita gente rir. O bebê, que ainda não havia nascido, chama-se hoje Marina, e está com cerca de dois anos.


happydays_nuk1Fui convidada para o chá de bebê de Thaís, a filha da minha amiga Vitória. Havia uma lista para escolher o que cada um iria levar. Aí, como não sou muito versada nessas coisas de criança escolhi as chupetas, porque chupeta eu sei o que é, e sei também que se encontra em qualquer farmácia.

Ledo engano, meus caríssimos leitores. Foi uma das tarefas mais difíceis da minha vida conseguir essa chupeta. “Mas ora, direis! Uma chupeta? Coisa mais simples! Clotilde deve estar, como sempre, fazendo drama”.

orto_kukaAh, meus caros e desavisados amigos! Também eu pensava assim e quando criei meus filhos (Ana, a mais nova, tem 28 anos) uma chupeta era apenas uma chupeta. “Vai ali, menino, na farmácia, e traz uma chupeta para o bebê” – era assim que esse assunto era resolvido.

Lembrei-me também do nascimento de Pedro-Quirino-Meu-Irmão. Mamãe atrapalhou-se nas contas e o menino nasceu antes do tempo. Papai estava desempregado, a gente numa pobreza danada, Mamãe desnutrida, magra de fazer dó. O menino nasceu de madrugada e botou a boca no mundo, a berrar, mas o leite ainda não tinha descido, Mamãe, coitada, aperriada, os peitos vazios. E não tinha chupeta para o recém-nascido. No quarto do meio, eu e Bráulio, meu outro irmão,  estávamos cada um em nossas camas, acordados, porque o movimento era grande e acabara de nascer uma criança no quarto vizinho ao nosso. Eu com seis anos; Bráulio tinha apenas três, e estava mais assustado do que eu com as coisas incompreensíveis que se passavam no aposento ao lado.

f_chupetaNessa hora, Titia Adiza entra no quarto e senta-se na cama de Bráulio; “Meu filho, acaba de nascer seu irmãozinho. Está ouvindo ele chorar? Ele chora assim porque não tem chupeta. Será que você pode emprestar a sua?” E Braulio, mais por surpresa do que por generosidade, entregou a Titia aquela impressionante chupeta, enorme, amarelada, amarrada num cordão, com meses de uso, porque ele não largava dela para nada. O prodigioso objeto logo acalmou o bebê, nós adormecemos e quando acordamos no outro dia o leite já havia descido e Pedro-Quirino-Meu-Irmão, muito vermelho e com o cabelo bem preto, mamava furiosamente.

coloridinhasBem, mas voltando ao presente e ao chá de bebê de Thaís: na semana passada, estando eu no shopping, entrei nas farmácias – são duas, ali – para comprar as tais chupetas. Aí, o que se deu foi um alumbramento, uma epifania, uma iniciação. Nesse dia, fui introduzida no maravilhoso universo chupetal.

Descobri que há muitas marcas de chupeta. Lillo – a que eu procurava – da Mônica, Nuk, Dermiwil, Chicco, MAM, Kitstar, Babycare, Neopan, Fiona… Essas marcas apresentavam linhas diferenciadas como Classic, Citrus, Acqua Fish, borda escura ou clara, Trendline, Happydays, Starlight, Soft, Gota Luminosa, Sleeptime, Disney…

coloridaComeçando a ficar confusa, fui conferir as especificações da lista de Thaís: três chupetas Lillo, ortodôntica, cor-de-rosa, do Snoopy. Legal! Lá estava a chupeta Lillo na prateleira da farmácia. Mas não correspondia ao pedido. Encontrei Lillo Classic, Extra-air, Disney, com Peter-pan, Sininho, Ursinho Pooh, Barney, Mickey, Minnie… Mas nada de Snoppy. Havia um linda, cor-de-rosa, maravilhosa, com um simpático unicórnio estampado, mas… nada de Snoopy.

Comecei então a ver que a tarefa era séria e exigia caráter, tenacidade, determinação. Já meio desesperada, na segunda-feira, sabendo que o chá do bebê seria na sexta, consultei a Internet onde encontrei as chupetas Snoopy mas aí surgiu outra dúvida: comprando pela Internet chegariam a tempo? Provavelmente não, e eu achei melhor não arriscar. Afinal, havia ido apenas a quatro farmácias e às Lojas Americanas. Iria então ampliar minha busca.

nuk2E na quinta-feira, véspera do acontecimento, entreguei-me de corpo e alma à missão, a bordo do meu valoroso Palio-96, pelas avenidas da capital parahybana. Peguei a Epitácio no sentido cidade/praia, desde o início, e vim parando farmácia por farmácia. Na segunda encontrei, mas só tinha para criança de seis meses em diante e eu acrescentei mais um dado ao meu conhecimento sobre as chupetas: é que existem tamanhos para várias idades, me fazendo meditar bastante sobre os danos causados a Pedro-Quirino-Meu Irmão, recém-nascido, tendo que encarar a chupetona do irmão mais velho, já com três anos. Mas fui em frente e consegui encontrar um exemplar da Lilo-ortodôntica-cor-de-rosa-com-Snoopy na farmácia número cinco e mais dois exemplares na farmácia número sete, aquela que fica na esquina da Tito Silva, onde, exausta, mas vitoriosa, encerrei minha busca, depois de onze farmácias, Internet e Lojas Americanas. Isso sem contar o Terceirão, shopping popular no centro da cidade, onde fui em busca de outra coisa mas não deixei de procurar pelas chupetas.

snoopyDe tudo, ficam algumas lições. A primeira e mais importante e óbvia delas é que o mundo está muito, muito mudado, e que eu talvez não soubesse hoje cuidar de uma criança pequena, com tantos requisitos de mercado e de puericultura dita científica a cumprir. Também não se deve decepcionar uma mãe de primeiro filho, que ainda curte e se amarra nesses pequenos detalhes da experiência. Depois do segundo ou terceiro pimpolho, começamos a não prestar mais atenção nesses detalhes; mas para a-mãe-de-primeira-viagem, para sua primeira vez, tudo isso é importante, e nós, mulheres mais velhas, mães, tias e avós, devemos permitir que se alimentem essas ilusões.

A última e mais importante lição que aprendi com esse episódio é nunca se deixar enganar por uma aparente trivialidade: por trás de uma prosaica chupeta pode se esconder toda uma teia complexa de relações sociais e de mercado com as quais eu, na minha vã filosofia, nunca teria tido oportunidade de sonhar.

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A linha genética: uma mão-na-roda para a pesquisa genealógica.

Clotilde Tavares | 27 de maio de 2009

Por mais que eu veja coisas estranhas, esquisitas, fora de propósito, sem noção, sempre consigo me surpreender com os episódios pelos quais sou obrigada a passar quando o telefone toca. O telefone, meus amigos, é um objeto mágico e cheio de poderes que até Harry Potter invejaria, pela capacidade que tem de trazer para dentro da nossa casa as coisas mais estranhas.

telefone1Pois ontem de noite foi assim. Estava eu quietinha sentada na frente da TV com o notebook no colo, procurando assuntos amenos e agradáveis para fazer este postzinho de hoje quando o telefone tocou.

raiva

Fui ficando estressada...

Um rapaz me disse que era da Oi e perguntou por Ana. Eu moro sozinha, disse que não havia aqui nenhuma Ana, então ele repetiu a pergunta, desta vez com o nome completo da minha filha, que se chama Ana. Aí começou um papo meio estranho, porque ele disse que havia um problema com um telefone, eu perguntei o número, ele me deu o número mas eu não reconheci, e ele não podia me dizer qual era o problema; e perguntou se eu era mãe da Ana e eu confirmei, em troca perguntei o nome dele, que era Mateus. Eu tentei saber novamente qual era o problema do telefone, ele não me disse. Ele quis mais informações sobre Ana, pediu o CPF dela para confirmar, eu me recusei a dar. Então, pedi o CPF e o RG dele, ele não me deu. Mas continuou querendo saber se eu era responsável pelo número que estava no nome de Ana, e eu não disse, e fui me estressando, e quis saber como ele tinha meu número, já que moro em outra cidade, e ele disse que a discagem tinha sido feita automaticamente, e eu perguntei se ele também funcionava automaticamente, ou seja, se era um robô, ou era gente, e ele disse que era gente, mas que a discagem era feita automaticamente e no meio desse dilema entre o automático e o humano eu terminei perdendo de vez a paciência e mandando ele e a máquina de discagem fazerem um com o outro uma atividade humana e animal que não vou descrever aqui e que nunca compreendi porque, sendo uma atividade tão agradável, é usada como forma de insulto.

Aí liguei para Ana, contei o caso, ela ligou para a Oi e descobriu que se tratava de um telefone antigo dela, que ela havia desativado mas que por um motivo qualquer ainda estava no sistema (Ah! O sistema! Um dia falaremos aqui sobre ele). Pois bem, ela esclareceu as coisas lá com o atendente e então perguntou:

mendel– Porque vocês ligaram para a minha mãe? Ela está morando por um tempo em outra cidade e não tem nada a ver com os meus negócios.

Ele respondeu:

– É porque nós temos aqui uma linha genética que, não encontrando alguém, conecta com o pai, o filho, etc.

Pronto, meus caros leitores.

Aí está a salvação da genealogia brasileira.

livrosantigosNós, incansáveis pesquisadores, não precisaremos mais ficar revirando velhos e empoeirados livros de registros, ou mergulhados em pilhas de documentos antigos cheios de mofo, que jazem há décadas em vetustas sacristias ou empoeirados cartórios.

Nossos problemas se acabaram. É só requisitar a Linha Genética da Oi. De forma automática, sem mofo, sem poeira e sem má-vontade, ela procura seus parentes, completa a ligação, estabelece os contatos e os valorosos garotos que estão ao telefone, que me incomodaram na terça-feira, 26 de maio, às oito e meia da noite, que me tiraram da frente da TV e do computador, que tiraram meu sossego e acanalharam com o meu bom-humor, provavelmente têm capacidade para acordar do sono eterno os nossos antepassados até a décima geração.

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atendimento ao consumidor, genealogia, oi-telemar, padrão de atendimento, SAC
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Xixi no banho!

Clotilde Tavares | 19 de maio de 2009

Quando eu fazia mestrado e morava em Recife, em 1978, estava grávida da minha filha mais nova, que hoje tem 30 anos. Eu mesma tinha 31 anos na época. Moravam comigo uma amiga e minha irmã mais nova, ambas por volta dos 19 anos, que faziam faculdade e trabalhavam. Duas meninas lindas, namoradeiras, que sempre estavam às voltas com os rapazes.

save waterEntão eu, para brincar com elas, preguei no banheiro um cartaz que dizia: “Economize água. Tome banho com o seu namorado.” Era muito engraçado ver a cara dos rapazes quando viam o anúncio, mas no final todos aproveitavam e tomavam banho juntos. O problema é que às vezes a economia não funcionava, pois os banhos juntos demoravam muito mais do que dois banhos separados…

Naquela época não se falava ainda tanto de crise energética nem do esgotamento do suprimento de água do planeta. O meu pensamento de economia referia-se apenas à conta save water3da água, que eu geralmente pagava sozinha, pois as meninas eram jovens, estudantes, com empregos ainda precários e pelos dez anos de diferença, eu fazia mais ou menos o papel de “mãe” da duas. Foi uma boa época, da qual guardo carinhosas recordações.

Hoje, com a ameaça do esgotamento dos recursos naturais do planeta, as campanhas de economia de água, energia e outros recursos se sucedem, sobretudo essa muito curiosa, que está agora sendo divulgada pela Internet e que, por ter a ver com o que se passa dentro do banheiro, fez eu me lembrar da minha “campanha” de 30 anos atrás.

A campanha é Xixi no Banho e defende que, uma vez que 80% do gasto de água de uma casa é no banheiro, e que na privada se gasta mais do que no chuveiro, nada mais saudável para economizar água do que fazer xixi durante o banho.

A argumentação é que o xixi é composto por 95% de água, sendo o restante 5% apenas sais e amoníaco. Não é nojento, não transmite doenças, e a pessoa deve ter o cuidado apenas de fazer o xixi no ínicio do banho, para que a água possa realmente diluir o xixi e levá-lo para longe. A campanha é de uma organização chamada SOS Mata Atlântica, que anuncia um evento para o Ibirapuera, em São Paulo, o Viva a Mata, de 22 a 24 de maio próximo. O site é muito engraçadinho, cheio de animações e vai a pena dar uma olhada lá.

Antes que me esqueça, 75% dos internautas que o visitaram responderam à enquête dizendo que sim, que fazem xixi no banho. E você, faz?

Bem, mas o mundo está cheio de gente desocupada e sem noção, que não perde a oportunidade de tirar sarro dos outros. Então essas criaturas inventaram campanha semelhante, Cocô no Banho, onde defendem que o ato irá economizar papel higiênico e impedir que mais árvores sejam derrubadas. Segundo os idealizadores, cada pessoa gasta por ano 864 metros de papel higiênico que seriam economizados se o freguês optasse por fazer cocô no banho.

O site é engraçadíssimo e oferece ainda sugestões para resolver as mais variadas situações tipo “O que fazer se o cocô ficar preso no ralo” e outros que não me atrevo a mencionar. Faz propaganda do “xampum” Cocô no Banho e do Creme para Pentelhar. É a coisa mais engraçada que já li, e é tão bem feito que se alguém sem senso de humor ler os textos pensa que aquilo é sério e não uma imensa gozação.

É por isso que penso que o mundo tem jeito: primeiro porque há pessoas sérias preocupadas com ele; e segundo porque também ainda tem muita gente com senso de humor.

(Eca! Não achei nem como ilustrar esse post!)

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