Umas & Outras

Arte, Cultura, Informação & Humor
  • rss
  • Início
  • Quem sou?
  • #DiretoDaBolha
  • Livraria
  • FotoComTexto

O Haiti no meu coração

Clotilde Tavares | 15 de janeiro de 2010

Não consigo tirar da minha cabeça o que está acontecendo no Haiti. Ontem à noite, depois que vi os noticiários na TV, meu coração ficou pesado, meus olhos túmidos e a garganta grossa: como ter apetite para encarar o jantarzinho caseiro que estava pronto quando as imagens da TV me mostravam o indescritível: crianças famintas e feridas vagando pelas ruas, mortos abandonados à putrefação na margem das avenidas, pessoas disputando um copo de água na tapa, e o sofrimento, a miséria, a sensação de perda, de desenraizamento, de completa e total incapacidade de superar o caos ao redor.

O problema atual do Haiti é puramente de logística: como organizar o socorro, a alimentação, a segurança, a volta do fornecimento de serviços básicos, se toda a estrutura que havia foi arrasada? E ainda é preciso aturar insanos como um pastor evangélico norte-americano, Pat Robertson, que diz que o que aconteceu ali foi porque o país fez um pacto com o Diabo!

Ou então o cônsul do Haiti no Brasil, George Samuel Antoine que, sem saber que estava sendo gravado, afirmou ao que a tragédia causada pelo terremoto que atingiu o Haiti está sendo boa, pois traz visibilidade ao consulado.

Braulio Tavares, na sua coluna de hoje no Jornal da Paraíba, fala sobre o lento terremoto de exploração e desmandos que afeta o Haiti há 200 anos; e muito outros profissionais- cientistas, filósfos, analistas políticos e econômicos, jornalistas – muitos outros discutem e buscam explicações.

Eu não. Eu simplesmente fico triste, choro, perco o apetite. Daqui, do meu canto, nada posso fazer. Já sou muito velha para pegar um avião e ir até lá ajudar. Não me sinto disposta fisicamente para tanto. E tenho medo, minha gente. Sou medrosa. Tenho medo de morrer longe de casa. Sou humana, sou frouxa, sou covarde. Sinto tudo isso quando vejo o medo, a tristeza e o sofrimento que pulsa no coração de parte da Humanidade, Humanidade essa que também é a minha Humanidade.

Nós somos um, e um de nós – um não, muitos – sofrem e sentem fome e medo.

Eu sinto também.

Comentários
4 Comentários »
Categorias
Uncategorized
Tags
haiti, terremoto no haiti
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

"Triste do país que precisa de heróis"

Clotilde Tavares | 7 de janeiro de 2010

Vejo na TV que um menino encontrou uma bolsa, cheia de objetos de valor: relógio, MP3, jóias – e em vez de ficar com tudo devolveu ao dono. O garoto foi recompensado, virou matéria de TV, foi homenageado pelo prefeito da cidadezinha – que ficou muito bem na fita ao lado do garoto – e serviu de mote para as famosas exortações hipócritas nas quais a TV se esmera tanto: “Vejam que coisa linda! Um menino honesto! Filho de agricultores! Pobre de Jó! E devolveu a bolsa! Que coisa mais linda, e exemplar!” Tenho certeza de que domingo ele vai estar no Faustão, como exemplo de “história de vida”.

Minha gente! Ser honesto é obrigação. Ninguém deveria receber prêmio especial nem virar matéria em jornal nacional por achar e devolver um objeto que não lhe pertence. Ninguém deveria ser considerado herói por ser honesto. Talvez por enfrentar as chamas de um incêndio para salvar alguém desconhecido – porque se for filho ou parente é o que se espera, não? Ou por se atirar à água da enchente para resgatar pessoa que vai na enxurrada.

Eu não suporto a boa ação escancarada, para todo mundo ver. Não estou dizendo que o menino fez isso, mas aqueles que capitalizaram o gesto dele assim o fizeram. Para mim, a boa ação real é aquela que fazemos em silêncio, em segredo, onde muitas vezes nem o próprio beneficiado sabe. Mas essa boa ação oculta e secreta não satisfaz a vaidade daqueles que só vêem sentido em ser “bom” se puderem ostentar isso para os outros. E considero o escoteiro fardado atravessando a rua com a velhinha é a imagem perfeita e acabada da hiprocrisia, do “está-vendo-como-sou-bom-correto-honesto?”

É muito triste viver num país como esse, onde se rouba tanto e de tal forma escancarada que um gesto de honestidade é alçado ao nível de “grande gesto nacional”. “Triste de um país que precisa de heróis”, já dizia Brecht em uma das últimas falas da peça “Galileu Galilei”. E eu completo: triste de um país onde um gesto que deveria ser um comportamento natural de honestidade é alçado a gesto de heroísmo.

Comentários
1 Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

O mundo é colorido outra vez!

Clotilde Tavares | 5 de janeiro de 2010

Estou de volta. Finalmente hoje acordei sem aquela depressão natural que toda virose braba imprime no físico e que termina por se refletir no mental. Desde o dia 26 de dezembro que estou gripada, uma gripezinha, que começou leve, mas que no dia 30, dia em que desembarquei em Cabedelo de um cruzeiro que fiz pela costa nordestina, já chegava a me incomodar e foi o que me impediu de passar o reveillon com amigos em Tambaú, ao som do Buena Vista Social Clube.

Com tosse, espirrando, e o corpo que parecia ter sido passado num moedor de carne, me enfiei dentro de um táxi e vim direto pra Natal, ficar doente na minha cama e com minha filha me trazendo sopinha quente, chocolate, coca-zero e outros mimos.

Com esse tratamento, acrescido de antitérmicos, analgésicos e muito líquido, fui aos pouquinhos me recuperando e ontem o mundo começou a sair do estado preto-e-branco em que se encontrava, a adquirir algumas cores; os sons começaram a chegar mais suaves aos meus ouvidos e as idéias pareceram encontrar o trilho costumeiro e a forma correta de se expressarem.

Hoje, quase plenamente recuperada, estou de volta à blogosfera, troncha de saudade dos meus leitores e ainda sem saber direito com0 vou contar a vocês as novidades e os acontecimentos da minha primeira viagem de navio. Viagem é o modo de dizer, porque não fui para lugar algum: fiquei acima e abaixo pela costa nordestina, desfrutando da experiência de estar sobre as águas e já lhe adianto que não há coisa mais agradável do que dormir embalada pelas ondas. Parecia que eu era menina de novo, e que alguém me balançava a rede para que eu adormecesse…

Estou pensando em fazer um blog especial somente com essa experiência da viagem, porque esses cruzeiros estão cada vez mais acessíveis em termos de preço e muita gente como eu está querendo viajar e precisa de informações, que as companhias não dão direito e que eu mesma, bem-informada que sou, internauta experiente, tive dificuldades de obter.

Aguardo sugestões.

Comentários
4 Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Voltando devagar

Clotilde Tavares | 4 de janeiro de 2010

Nunca este blog passou por uma quebra de periodicidade tão grande. Como me propus desde o início (26 de março) a postar diariamente, fiquei muito ansiosa nesses dias em que estive doente, sem a menor condição de me sentar em frente a um teclado para dar formato de texto a qualquer idéia.

Eu só pensava: “Ai meu Deus, vou perder todos os meus leitores…” Mas aqui estou de novo, ainda devagar, depois de uma gripe forte. Este vírus – que gosto de dizer que não é o vírus da gripe suína pois não andei beijando nenhum porquinho – este vírus, repito, me pegou no dia 28 de dezembro e quase acaba com o restinho da minha viagem pelos Sete Mares – que na verdade foi somente pelo Atlântico, sem se afastar muito da costa nordestina, mas que eu gosto de dizer que foi pelos Sete Mares porque fica mais romântico e aventuroso.

Então, como você mesmo pode comprovar, minhas idéias ainda estão soltas, desalinhavadas, desbussoladas, e não adianta eu ficar escrevendo muito aqui porque não vai sair coisa com coisa. Espere mais uns dias – poucos, espero, que voltarei com a corda toda e na pressão costumeira, para encher o seu cootidiano de novidades.

(E o post vai assim, semgracinha, sem foto, sem nada, porque o WordPress hoje está muito estranho, deve ter pegado a mesma gripe que eu).

Comentários
4 Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Um final de ano atribulado

Clotilde Tavares | 2 de janeiro de 2010

Sei que você meu caro leitor, pode estar chateado por vir aqui e não encontrar coisa nova desde o dia 29/12.

Mas estou com uma gripe terrível.

Tosse, moleza, corpo dolorido, e a cabeça sem coragem de pensar.

Tenha paciência, e navegue pelos outros 263 posts deste blog.

Eu volto. Deixe só eu melhorar, que estou de novo por aqui.

Enquanto isso, leia meus livros:

Coração Parahybano e Formosa és: memórias do internato, ou siga-me no Twitter.

Comentários
3 Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

A divina Sarah

Clotilde Tavares | 27 de dezembro de 2009

Para os fãs do teatro, o nome de Sarah Bernhardt sempre soa envolto em uma aura quase divina. Esta atriz foi um ídolo mundial na sua época, e encarnava aquele ideal de diva, de deusa, de femme fatale, de pessoa cujo talento ficava acima da linha da normalidade.

Nascida em Paris em 1844, dominou os palcos da Europa e logo em seguida sua fama ganhou o mundo. Além de atriz, foi cortesã famosa tendo aos seus pés desde intelectuais de renome até cabeças coroadas. Na época, o limite que separava as duas atividades quando se tratava de mulheres era bem tênue, e Sarah, sem querer a principio assumir o papel de mulher galante para o qual havia sido empurrada por sua mãe, terminou por encarná-lo e e seus amores e aventuras ficaram famosos, suas peripécias corriam o mundo.

Oscar Wilde escreveu Salomé para ela; teve casos com Gustave Doré, Georges Clarin, , os atores Jean Mounet Sully e Lou Tellegen, e com o escritor Victor Hugo. Teve ainda um caso com a pintora Louise Abbema.

Foi casada com o ator Aristides Damala; o casamento durou pouco em si durou pouco e conta-se que, ainda casada com ele, Sarah teria se envolvido com o Príncipe de Gales, que posteriormente veio a se tornar o rei Eduardo VII da Inglaterra.

Chamavam-na “A Divina Sarah”. Excursionou pelo mundo quase todo com suas peças de teatro; além de atriz cuidava da sua companhia de teatro com grande tino empresarial e fez fortuna com seu trabalho. Seu papel mais marcante foi o da peça A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas. Representou todo tipo de papel, incluindo Hamlet, de William Shakespeare.

Como Hamlet.

Em 1905, encenava La Tosca no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Na cena final, ela se atirava do alto de um muro para a parte de trás do cenário, onde deveria cair em cima de colchões ali colocados. O contra-regra esqueceu de fazê-lo, e ela quebrou a perna, que não se recuperou, precisando ser amputada tempos depois. Mesmo assim, continuou representando, sentada em uma cadeira de rodas, aproveitando-se da sua presença magnética e da sua voz envolvente e cheia de nuances, que manteve-se incólume ao envelhecimento.

Em 1923, com quase 80 anos, estava rodando um filme quando desmaiou. Faleceu a 26 de março do mesmo ano, sob os cuidados do seu filho Maurice.

Um video do You Tube mostra a atriz em uma pequena cena; a interpretação é calcada no teatralismo, com largos gestos e gritos que nao se ouvem no video – o cinema ainda não tinha som.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Uncategorized
Tags
atriz famosa, Hamlet, Sarah Bernhardt, teatro
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

A energia de Sagitário!

Clotilde Tavares | 11 de dezembro de 2009

Quando chega o mês de dezembro, começa a agitação. Como se um vento poderoso varresse o ar, o planeta é avassalado pela energia sagitariana, uma energia vigorosa e entusiasmada, que faz com que as pessoas se lancem ao trabalho ou à diversão com alegria e inspiração.

Acredite ou não em Astrologia – eu mesma não acredito nem um pouco – você há de concordar comigo em que o mês de dezembro é uma das épocas mais interessantes e bonitas do ano. Praticamente estamos no final de nossas tarefas, e começamos a planejar as festas de fim de ano. O comércio, animado pela perspectiva das vendas de Natal, se enfeita todo, as vitrines mostram tudo o que é de coisa bonita e secretamente começamos a pensar em todas as extravagâncias que vamos fazer, tanto em compras como em violações da dieta, com a desculpa do Natal.

Nessa época, a cidade fica mais bonita, com suas luzes coloridas, e há muitos lançamentos de livros, exposições, festas, espetáculos quase todo dia e as confraternizações de final de ano acontecem, aumentando a cota de diversão e prazer. É também nesse mês que quem está longe volta, para rever família e amigos, e matar as saudades.

O meu caro leitor já deve ter adivinhado que nasci sob esse maravilhoso signo de Sagitário, responsável talvez pelo meu otimismo e despreocupação mas também por uma certa excentricidade e extravagância que estão permanentemente me metendo em confusão.

Exatamente no dia 14, segunda-feira, “colho mais uma rosa no jardim da existência”, como se dizia antigamente. As rosas já são muitas, e formam um enorme e perfumado ramalhete, que às vezes fica meio pesado de carregar, embora eu continue fazendo isso com grande prazer.

Espero que você, meu caríssimo leitor, deseje-me muitas felicidades e muitos anos de vida. Como toda legítima sagitariana, eu tenho certeza de que mereço.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Carnatal: encerrando o assunto

Clotilde Tavares | 5 de dezembro de 2009

Sempre me nego neste blog a falar sobre temas locais, e se desde quinta-feira venho falando sobre o Carnatal é porque afeta de tal maneira a cidade em que vivo e a mim mesma como cidadã e habitante da vizinhança que é impossível ficar alheia. E você, caro leitor, mesmo que não more em Natal, talvez  já tenha passado por situações semelhantes àquelas que são descritas aqui.

Hoje – agora – estou encerrando este assunto. Supreendentemente para mim mesma, o evento não me afetou tanto quanto eu imaginava e como me deram a entender. O barulho não me impediu de dormir pois o vento está a meu favor e leva a zoada na direção contrária; a minha rua foi escolhida para reunião da peãozada que trabalha nos blocos segurando cordas, fiscalizando, e por isso não tem charme suficiente para que os pleibóis estacionem seus carros barulhentos ; além disso, é também na minha rua que estacionam os carros de fiscalização da Polícia, e onde os policiais se concentram em grande número antes de saírem para fazer o seu trabalho nas outras ruas.

Sendo assim, não precisei sair de casa para dormir em outro lugar e, com dois dias do evento – que dura quatro – a rua está limpa e nenhum odor desagradável está me aborrecendo. Ontem à noite havia muita sujeira na rua, pois durante a tarde são distribuídos lanches ao pessoal que vai trabalhar e que se aglomera na rua – estou falando de … 200, 300 pessoas – que depois de comer atiram latas e embalagens plásticas em qualquer lugar. Hoje, quando acordei às oito, a rua estava limpa.

Mesmo assim, mesmo que do ponto de vista pessoal eu não seja afetada pelo Carnatal, mantenho todas as críticas que fiz no post Festa de alguns, transtorno de muitos. Acho um absurdo a segregação de um espaço público para uso privado. Entre outras coisas, penso em todas as pessoas que não podem dormir à noite, que lidam com a dificuldade de acesso às suas casas e estabelecimentos comerciais, pessoas que não podem sair de onde moram pois têm bebês, ou gente doente ou velha que precisa dormir direito. Lembro de quando tive comigo meu pai, já esclerosado, bem velhinho, que se assustava com qualquer barulho alto e estranho vindo da rua. Infelizmente, os interesses econômicos e políticos se sobrepõem nesta cidade à necessidade de qualidade de vida de seus habitantes.

Então é isso, meu caro leitor de Natal e alhures. Encerro agora esse assunto e voltarei amanhã, domingo, retomando o ritmo de um texto por dia como você já está acostumado.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Você cumpre seus horários?

Clotilde Tavares | 30 de novembro de 2009

Pense assim: se você fosse ganhar dez centavos por cada hora que já passou esperando por alguém que estava atrasado, você seria quase milionário, não é? Eu, com certeza, seria.

Vivemos numa sociedade – pelo menos no Brasil, que é onde eu vivo – onde é praxe não se respeitar horário. “Ninguém chega na hora mesmo”, dizemos, e saímos calmamente com 10, 15, 30 minutos de atraso para os nossos compromissos. Chagamos ao ponto de reclamar quando as coisas começam na hora, como vi uma vez, num seminário que fiz em Natal. A programação incluía um show de encerramento de nada mais nada menos que os Titãs, um show fechado somente para os participantes, marcado para as 21h30. Na saída do show, às 22h45 mais ou menos, havia pessoas revoltadas pois haviam chegado há pouco e o show já havia terminado. Acostumadas com os espetaculares atrasos desse tipo de evento, chegaram uma hora depois.

No tempo em que eu gostava de fazer festas – década de 1980, época das grandes festas na minha casa da rua da Saudade – eu marcava o fuzuê para as nove da noite mas as pessoas só começavam a chegar à meia-noite; se eu marcasse para a meia-noite, chegavam às três da manhã, para espanto de estrangeiros que eventualmente estavam entre os convidados e que chegavam na hora certa. Lá ficava eu, entretendo esse povo até a multidão chegar, com três horas de atraso.

Os alunos chegam atrasados nas aulas – e o professor também (na UFRN, onde ensinei por quase 30 anos, era assim). A faxineira, o jardineiro, o pedreiro, ninguém chega na hora e nós, como ficamos esperando por eles para poder sair, nos atrasamos também, gerando um efeito em cascata difícil de controlar.

O pessoal que vem dar assistência técnica à TV por assinatura ou à máquina de lavar marca o dia, mas não marca a hora. E se dizem que estão vindo no “primeiro horário” – esta entidade abstrata que pode ser qualquer coisa – pode ter a certeza de que chegarão às cinco e meia da tarde, quando você já perdeu o dia inteiro esperando por eles.

No consultório médico é que a coisa é mais grave. Antes eu escolhia meus médicos pela competência técnica, pelo currículo, queria saber onde tinha feito residência, qual serviço havia frequentado na especialização. Agora não. Agora procuro aqueles que atendem com hora marcada, embora sejam muito raros; e quando não encontro, seleciono o profissional pelo conforto das poltronas da sala de espera ou pela presença de rede wi-fi para me distrair navegando na internet durante as três ou quatro horas que sei que vou passar ali.

E imagine como seria interessante a vida se os ônibus urbanos tivessem hora certa para passar nos pontos. Fico imaginando como deve ser viver num país onde se cumpre horários, na Inglaterra, por exemplo, onde há um trens que passam às 13h52, nem mais nem menos.

O que fazer? Para mim, só tem uma solução: romper com o padrão de atraso. Sempre fui considerada chata e “casquinha” pelos alunos porque começava as aulas na hora. Mas isso era somente no início, porque depois eles se acostumavam e passavam a chegar no horário. Cumprindo os compromissos na hora, cada um de nós estará dando o exemplo e rompendo com o padrão de atraso e perda de tempo que aflige todo mundo, gerando estresse, desperdício de horas preciosas e gasto de dinheiro.

E você, meu caro leitor? O que acha disso tudo? Você acha que devemos assumir mesmo o jeito atrasado de ser ou que devemos romper com o padrão? Fica a pergunta.

Comentários
9 Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

Maluquices de escritores famosos

Clotilde Tavares | 16 de novembro de 2009

Ando devendo a alguns leitores deste blog um post sobre essa história de “escrever”. Isso porque depois que fiz o “lançamento virtual” do meu livro Coração Parahybano, algumas pessoas me enviaram e-mails com perguntas variadas sobre o ato de escrever ou pedindo que eu opinasse sobre seus textos.

O assunto é tão interessante que quero escrever com mais cuidado, coisa que não pude fazer ainda, pois o fim-de-semana foi animado e cheio de compromissos e eu não sou tão nerd assim que fique o tempo todo enfiada em casa.

Então, enquanto você espera, divirta-se com essas maluquices de escritores famosos que pesquei na Internet para sua diversão.

goethe

Goethe

Goethe escrevia em pé. Ele mantinha em sua casa uma escrivaninha alta. Hemingway também colocava a máquina de escrever numa prateleira da estante. (Eu também, durante um período de intensas dores na coluna, também passei um tempo escrevendo em pé. Ainda faço isso, quando estou muito excitada com um trabalho novo e não consigo ficar sentada enquanto escrevo).

Pedro Nava aparafusava os móveis de sua casa a fim que ninguém os tirasse do lugar. Nilo Tavares (meu pai) colava os pés da mesa no chão com Araldite, pelo mesmo motivo.

Gilberto Freyre não sabia ligar sequer uma televisão. Todas as obras foram escritas a bico-de-pena, como o mais extenso de seus livros, Ordem e Progresso, de 703 páginas.

aluizio_5

Aluísio de Azevedo

Aluísio de Azevedo, antes de escrever seus romances, desenhava e pintava, sobre papelão, as personagens principais, mantendo-as em sua mesa de trabalho, enquanto escrevia.

Carlos Drummond de Andrade imitava com perfeição a assinatura dos outros. Falsificou a do chefe durante anos para lhe poupar trabalho. Ninguém nunca notou.

Érico Veríssimo era quase tão taciturno quanto o filho Luís Fernando, também escritor. Numa viagem de trem a Cruz Alta, Érico fez uma pergunta que o filho respondeu quatro horas depois, quando chegavam à estação final.

Monteiro Lobato adorava café com farinha de milho, rapadura e içá torrado (a bolinha traseira da formiga tanajura), além de Biotônico Fontoura. “Para ele, era licor”, diverte-se Joyce, a neta do escritor.

manuel bandeira

Manuel Bandeira

Manuel Bandeira sempre se gabou de um encontro com Machado de Assis, aos dez anos, numa viagem de trem. Puxou conversa: “O senhor gosta de Camões?” Bandeira recitou uma oitava de Os Lusíadas que o mestre não lembrava. Na velhice, confessou: era mentira. Tinha inventado a história para impressionar os amigos.

Mário de Andrade provocava ciúmes no antropólogo Lévi-Strauss porque era muito amigo da mulher dele, Dina. Só depois da morte de Mário, o francês descobriu que se preocupava em vão. O escritor era homossexual.

Jorge Amado para autorizar a adaptação de Gabriela para a tevê, impôs que o papel principal fosse dado a Sônia Braga. “Por quê?”, perguntavam os jornalistas, Jorge respondeu: “O motivo é simples: nós somos amantes.” Ficou todo mundo de boca aberta. O clima ficou mais pesado quando Sônia apareceu. Mas ele se levantou e, muito formal disse: “Muito prazer, encantado.” Era piada. Os dois nem se conheciam até então.

Achei isso aqui.

Comentários
Sem Comentários »
Categorias
Uncategorized
Comentários RSS Comentários RSS
Trackback Trackback

« Entradas Anteriores Próximas Entradas »

Tópicos Recentes

  • GERÚNDIOS
  • ROMANCEIRO VIVO
  • Estranhas iguarias
  • Adiza Santa Cruz Quirino, “Tia Adiza” (1916-1990)
  • Como escolher um texto para encenar na escola?

Tags

barulho barulho urbano biblioteca blog blogosfera Braulio Tavares cabelos brancos Campina Grande Cariri Cariri Paraibano Carnatal cinema comportamento humano corrupção Coxixola cultura popular Design escrever escritor Fotografia e design gatos Gerúndios Hamlet Harold Bloom hoax idade Internet leitura Literatura literatura de cordel livros meio ambiente Memória Moda mundo blog Natal Nilo Tavares padrão de atendimento Paraíba poesia sertão Shakespeare teatro turismo Viagem

Categorias

  • Arte (57)
  • Comportamento (202)
  • Cultura (103)
  • Curiosidades (62)
  • Fotografia e design (20)
  • Humor (44)
  • Memória (45)
  • Pop-filosofia (12)
  • Qualidade de vida (30)
  • Sem categoria (39)
  • Tecnologia e Internet (26)
  • Uncategorized (65)
  • Viagens e turismo (27)

Páginas

  • #DiretoDaBolha
  • Livraria
  • Quem sou?

Arquivos

  • julho 2024 (4)
  • julho 2023 (7)
  • março 2023 (1)
  • abril 2022 (1)
  • novembro 2021 (1)
  • junho 2021 (2)
  • abril 2021 (6)
  • agosto 2020 (1)
  • julho 2020 (1)
  • junho 2020 (1)
  • outubro 2019 (2)
  • abril 2018 (1)
  • janeiro 2018 (5)
  • novembro 2017 (1)
  • agosto 2017 (2)
  • junho 2017 (1)
  • maio 2017 (2)
  • março 2015 (1)
  • fevereiro 2015 (4)
  • janeiro 2015 (9)
  • julho 2014 (2)
  • maio 2014 (4)
  • dezembro 2013 (1)
  • setembro 2013 (6)
  • junho 2013 (1)
  • março 2013 (1)
  • setembro 2012 (3)
  • agosto 2012 (1)
  • maio 2012 (1)
  • fevereiro 2012 (1)
  • janeiro 2012 (1)
  • dezembro 2011 (5)
  • novembro 2011 (2)
  • outubro 2011 (3)
  • junho 2011 (1)
  • maio 2011 (2)
  • abril 2011 (3)
  • janeiro 2011 (14)
  • outubro 2010 (3)
  • setembro 2010 (11)
  • agosto 2010 (3)
  • julho 2010 (5)
  • junho 2010 (2)
  • maio 2010 (5)
  • abril 2010 (13)
  • março 2010 (19)
  • fevereiro 2010 (18)
  • janeiro 2010 (17)
  • dezembro 2009 (25)
  • novembro 2009 (28)
  • outubro 2009 (31)
  • setembro 2009 (29)
  • agosto 2009 (28)
  • julho 2009 (30)
  • junho 2009 (27)
  • maio 2009 (29)
  • abril 2009 (29)
  • março 2009 (6)

Agenda

julho 2025
D S T Q Q S S
 12345
6789101112
13141516171819
20212223242526
2728293031  
« jul    

Meta

  • Acessar
  • Feed de posts
  • Feed de comentários
  • WordPress.org
rss Comentários RSS valid xhtml 1.1 design by jide powered by Wordpress get firefox