Umas & Outras

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Sou chata

Clotilde Tavares | 19 de agosto de 2009

Uma das coisas que mais me surpreende nas pessoas é a grande capacidade que elas têm de se acomodar. Não estou falando na capacidade de se adaptar às situações novas, que é uma coisa bem diferente e que, para mim, é sinônimo de inteligência. Estou falando na imobilidade das pessoas que se adaptam a uma situação que não lhes agrada muito, apenas por preguiça e comodismo, sem reagir, sem falar, sem se colocar. Diante de uma situação assim, em lugar de tomarem uma atitude e transformarem a situação, a maioria das pessoas se acomoda, procurando uma zona de relativo conforto, onde seja possível sobreviver com um mínimo de aporrinhação.

Agitada e inquieta por natureza e questionadora de tudo por formação, sou difícil de me acomodar passivamente seja lá com o que for. Adapto-me com relativa facilidade às vicissitudes do destino, àquelas coisas contra as quais nada podemos fazer, como a Morte, a Doença ou a Paixão. Mas não me acomodo nunca, nunca, jamais, àquilo que considero que posso modificar.

E é por isso que sou chata. Sou chata e assumo, correndo todos os riscos dessa atitude mas em paz com minha natureza e ouvindo lá dentro de mim a voz de Mamãe, que sempre dizia: se acredita que está errado, vá lá e defenda seu ponto de vista.

Sou chata porque vivo telefonando para o Banco no qual sou correntista exigindo que coloque uma mesinha nos postos de serviço, para que a gente não precise manusear contas e papéis “no ar”, sem um apoio.

Sou chata porque ligo para a administração dos shoppings pedindo para instalarem ganchos nos banheiros femininos para que nós possamos pendurar a bolsa e as sacolas enquanto usamos o sanitário.

Sou chata porque não vejo como me adaptar à barulheira infernal de carros de propaganda, dos pit-boys com seus sub-woofers ou do carro de som da paróquia anunciando a missa, que me impedem de falar ao telefone, de ouvir o aparelho de TV ou simplesmente me acordam, quando quero dormir.

Sou chata quando me torno – como irônicamente me chamaram um dia desses – “guardiã da obra de William Shakespeare” e mais da obra de Borges, de Machado, de Oscar Wilde, de Clarice Lispetor e que quem mais tiver seus textos distorcidas, mutilados, publicados com autoria trocada ou – pior, muito pior – tiver seu nome associado a um texto que nada tem a ver com sua obra.

Sou chata, e vou continuar reclamando.

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O virtual e o real

Clotilde Tavares | 16 de agosto de 2009
Natal

Natal. A foto é de Canindé Soares.

Nesta próxima semana, estou mudando minha base para Natal. E para você, que chegou aqui há pouco tempo e não está entendendo, eu explico. Morei do meu nascimento até 1969 em Campina Grande-PB. De 1970 a 1977 vivi em Natal, onde fiz Faculdade; depois, foram dois anos em Recife fazendo Mestrado (78 e 79) e voltei a Natal, em 1980, ficando lá até 2005. Aposentada, gostando de variar, querendo viver entre Recife e Campina, estabeleci minha base em João Pessoa, perto de tudo, inclusive de Natal.

Amo Natal. É a cidade que me acolheu em 1970, onde cheguei sozinha, anônima, com uma mão na frente outra atrás, e lá “me fiz”. Estudei, trabalhei, amei, casei, tive meus filhos e eles tiveram meus netos. Já a Parahyba é mais do que a minha terra: é minha Pátria, tão “íntima doçura e vontade de chorar” que para ela escrevi um livro apaixonado, o “Coração Parahybano”. Não consigo me decidir entre Natal e a Parahyba. Fico com as duas.

Minha sala, na Parahyba.

Minha "base".

Essa história de “base” é porque eu não quero mais morar em lugar nenhum. Não quero me comprometer com nenhuma cidade, com nenhum lugar físico, nenhuma casa ou apartamento. Por outro lado, tenho meus 1.800 livros, minhas coisinhas, meus trocinhos, minhas coleções, meus CDs e DVDs, porta-retratos e quadros, a poltrona macia, a cama fofa, e essas coisas mais do que eu precisam habitar um lugar fixo, protegido de chuva e de vândalos. Quando baixa o encosto da cigana Gipsy, eu tranco a porta e me dano no ôco do mundo, mas minhas coisinhas precisam ficar protegidas, limpas e arrumadas para quando eu voltar.

Penedo, e o rio São Francisco.

Penedo, e o rio São Francisco.

A base agora vai ser em Natal, mas se eu me aborrecer lá me mudo de novo. Tenho vontade de morar em Manaus, para sentir a respiração da floresta e o rumor do rio, ou em Florença, na Itália, perto das obras imortais dos mestres renascentistas, ou ainda em Penedo, Alagoas, não me perguntem porque. Talvez faça isso, em algum lugar do futuro. São cidades que vivem me chamando o tempo todo, me acenando com seus mistérios, me estimulando com sua arquitetura, me instigando com suas lendas.

O engraçado disso tudo é que muita gente reclamou porque eu vou sair de João Pessoa para Natal. Mas minha gente! Eu vivo dentro de casa, não vou a lugar nenhum, não frequento, não vou a eventos, não tenho vida social presencial. Então para mim e para os outros, tanto faz eu morar em João Pessoa, como em Natal como no Raio-Que-Me-Parta. Em julho eu estava em Natal e encontrei uma pessoa amiga que não sabia que eu, há quatro anos, estava com minha base estabelecida em João Pessoa. Para ela, eu jamais havia saído de Natal. “Mas Clotilde” me disse, “você está todo dia na minha caixa de email, e eu lhe vejo o tempo todo no Twitter e no MSN. Para mim, você nunca saiu daqui.”

Raciocine comigo, meu caro leitor. Os adjetivos “virtual” e “real” sempre são colocados como opostos. Mundo virtual x mundo real. Mas está errado. O oposto de “virtual” não é “real”: é “presencial”, porque tudo, tudo, o virtual e o presencial, tudo é real. Eu aqui agora falando com você na dimensão virtual deste blog não é real? Se isso não for real, não sei mais o que é realidade. Presencialmente, de hoje em diante, tanto posso estar aqui como ali; virtualmente também há a Internet e todas as suas instâncias. E tudo, tudo é Real, como Real é o espaço do meu Coração, sempre habitado, em imensa algazarra, em clima de eterna festa, por você que me lê agora e por todos os meus outros leitores.

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Dona Maria de Padilla

Clotilde Tavares | 14 de agosto de 2009

O Umas & Outras é rock and roll. Como muita gente já está careca de saber, o rock é uma das minhas paixões. Meus filhos são roqueiros, e o casal Ana Morena/ Anderson Foca, filha e genro, vivem disso há bem uns dez anos, estando em Natal à frente do empreendimento roquístico Dosol, que inclui um Centro Cultural – só de rock – um Festival Nacional que rola todo ano, estúdio de gravação, produtora de video e – melhor que tudo – um moinho de idéias novas sempre em movimento. O Foca é um dos nomes mais respeitados no país na cena rock independente, e hoje o Umas & Outras, junto com dezenas de outros sites, está lançando o novo EP do Rejects, a banda do genro. É só clicar na figura para baixar. Mas aumenta o som que é rock and roll.


Nos meus tempos de louca e airada juventude, de aventuras e delírios, uma pessoa amiga, receosa de que algo de ruim me acontecesse, disse que tudo aquilo não era coisa minha: era obra de uma entidade que vivia perto de mim e que me levava a ser tão trelosa e aventureira. No meu irrecorrível ceticismo, não quis dar atenção ao caso; mas os meus dez por cento supersticiosos começaram a me incomodar e vez por outra eu me pegava olhando por cima do ombro para ver se surpreendia a tal entidade que supostamente estava me jogando nos caminhos da perdição.

Por via das dúvidas, fui então a um lugar onde há gente habilitada para lidar com esse tipo de coisa, sendo recebida por uma mulher muito mais velha do que eu, sábia e maternal, que me esclareceu e aconselhou. Descobri então que a entidade era uma certa Maria Padilha, figura popular nos cultos afro-brasileiros, às vezes identificada com a Pomba-Gira, mulher bonita, doida por homem, com algo de prostituta e feiticeira. Algumas obrigações então me foram impostas para satisfazer os apetites da aparição, principalmente sua sede pelo bom vinho tinto, que lhe presenteei largamente através de muitas garrafas quebradas nas encruzilhadas.

Devo dizer que não entendo nada dessas coisas; apenas faço o que é preciso quando chega a hora de fazer e quem quiser saber mais sobre esse povo encantado pode perguntar ao professor Luiz Assunção, pesquisador desse lado oculto, oculto ele mesmo numa sala da UFRN onde pesquisa e estuda, como os verdadeiros estudiosos, com discrição e em silêncio.

Então o meu caro leitor não imagina a minha surpresa quando, lendo sobre história da Espanha no período medievo dou de cara logo com quem? Com Dona Maria Padilha, ela mesma, em pessoa, carne, osso e história. O livro conta a história de Pedro, conhecido como “o Cruel”, filho de Afonso XI de Castela. O rei tinha uma esposa legítima – a mãe de Pedro – e uma amante fértil, que lhe deu vários filhos bastardos, preferidos pelo pai. Aos quinze anos, depois de uma infância obscura e amargurada, Pedro subiu ao trono em 1350 e baniu todos os irmãos, condenando à morte a amante do pai. Quando sua noiva, Branca de Bourbon, chegou da França, desposou-a, passou duas noites com ela e depois desprezou-a, indo em busca da amante, Dona Maria de Padilla, “cuja beleza era tão embriagadora que os cavaleiros da corte bebiam extasiados a água na qual ela tomava banho”. Quevedo a descreve : “Era hermosa la Padilla/ Manos blancas e ojos negros/ Causa de muchas desdichas/ Y desculpa de más yerros.” Pedro foi mais tarde assassinado por um seu meio-irmão, que se tornou Henrique II de Castela.

A partir daí, fui rastrear o que teria Dona Maria de Padilla, amante de Pedro, o Cruel, a ver com a entidade cultuada nas religiões afro-brasileiras. Encontrei então o excelente livro “Maria Padilha e toda a sua quadrilha: de amante de um rei de Castela a pomba gira de umbanda” (São Paulo, Duas Cidades, 1993) da autoria de Marlyse Meyer, essa pesquisadora incansável que conheci em Natal, onde ela esteve várias vezes para palestras e seminários. Marlyse Meyer estabelece, em uma narrativa encantadora, sem perder o rigor da pesquisa, todos os links entre a criatura de verdade e o ser imaterial que andou, ao meu lado, ou melhor, atrás de mim, por uns tempos.

Quer dizer: andou, não. Ainda anda. E o interessante disso tudo é que, com os anos, eu amadureci, mas a criatura não. Como gente encantada que se preza, permanece perene e imutável no tempo-que-não-é-tempo e continua comigo, muito mais calma agora porque cabe a ela todo o álcool que eu não consumo há quase vinte anos. Hoje já consigo vislumbrá-la quando olho por cima do ombro, especialmente nas noites em que a lua cheia e a brisa convidam à aventura, ou quando uma bela figura de homem se levanta e atravessa o bar, a sala, o restaurante, a rua. No acordo que estabelecemos uma com a outra, finalmente conseguimos viver em paz e é para ela essa crônica de hoje, para Dona Maria Padilha, minha amiga, minha acompanhante, de brancas mãos e negros olhos, com todo o respeito e agradecimento por tudo aquilo que, mesmo perigosamente, me fez viver.

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A arte de conversar

Clotilde Tavares | 11 de agosto de 2009

Nos dias de hoje, existe uma febre de aprender que toma conta de todas as pessoas, principalmente aquele tipo de conhecimento que a gente não sabe direito se precisa dele mas mesmo assim vai atrás. Os livros que começam por “Como fazer…” enchem as estantes das livrarias, desde o pioneiro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie, passando por coisas práticas do tipo “Como resolver o problema de insônia do seu filho”, “Como se faz uma tese”, “Como lucrar na crise”, e chegando a títulos mais sugestivos: “Como se dar bem com as mulheres”, “Como desmanchar feitiços” ou “Como falar com seu anjo”.

Entre tantas coisas que as pessoas podem aprender a fazer, eu quero sugerir algo que, nos últimos trinta anos, parece que se desaprendeu um pouco: conversar. Isso mesmo, conversar, bater papo, dialogar. A conversação é uma arte, que se aprende, se pratica, se desenvolve como dom. Conversar é como jogar tênis, porque os conversadores hábeis, os bons de papo, fazem o possível para manter a bola no ar, sem deixá-la cair no chão do silêncio, da falta de assunto ou do monopólio da palavra.

As pessoas, principalmente os mais jovens, não sabem mais conversar porque não sabem escutar, uma vez que a arte de conversar inclui também os momentos de escutar o que o outro diz. Hoje, interrompem sem necessidade, não prestam atenção ao rumo da conversa, se irritam, esbravejam e tentam impor suas opiniões.

Montaigne

Montaigne

Montaigne, no capítulo VIII do Livro III dos “Ensaios” diz que a conversação é o mais proveitoso e natural exercício do espírito. Mas é preciso, para usufruir das benesses de uma boa conversa, estar atento para alguns detalhes. É importante discutir as coisas no plano do universal, sem puxar para o particular.

Por exemplo: a discussão sobre as vantagens e desvantagens do casamento pode ser interessante, mas começar a esmiuçar os detalhes do casamento da vizinha transforma a conversa em fofoca. E só podemos conversar se houver diferença de opiniões. Se todo mundo estiver de acordo não há necessidade de falar: basta ficar em silêncio e comungar espiritualmente com quem esteja do seu lado, uma vez que não há opiniões para serem confrontadas.

Para quem tiver interesse, recomendo três livros: “A Arte da Conversação”, de Peter Burke (UNESP); “A arte de conversar”, de Alcir Pecora (Martins Fontes), e “A Arte de Conversar”, de James A. Morris Jr. (Record). No mais, é praticar essa arte cujas regras de ouro são: não monopolizar, não interromper, não teimar, não tentar impor seu pensamento. Você vai ver como é bom.

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Meu pai

Clotilde Tavares | 9 de agosto de 2009

Tenho muito orgulho do meu pai. Houve uma época de rebeldia na minha juventude em que eu detestava ser conhecida como “a filha de Nilo Tavares”, na Campina Grande meio provinciana da década de 1960. Mas isso passou. Adulta, sempre me orgulhei disso, principalmente em um dia em que ele, em Natal, cidade em que eu morava e onde pouca gente o conhecia, me disse cheio de orgulho: “Eu adoro quando me chamam ‘o pai de Clotilde'”. Abaixo, uma notícia e fotos dele e de sua vida, neste Dia dos Pais. Este texto já foi publicado no meu livro Coração Parahybano (baixe grátis clicando no link da coluna à direita) e n’A União.


Nilo Tavares aos 20 anos.

Nilo Tavares aos 20 anos.

Jornalista, poeta, boêmio, Nilo Tavares nasceu em 1913, em Maceió, Alagoas, e veio ainda muito pequeno para Recife, com os pais, o jornalista e poeta Fernandes Tavares e Clotilde Pereira Tavares, do lar, mas também dada a fazer versos e tocar violão. Seus outros irmãos, todos dedicados às letras, eram Stélio, Nabuco e Cláudio, e as mulheres Amelina, Cândida e Luísa. Uma das coisas de que eu mais gostava, ainda adolescente, era ouvir o relato das aventuras dele quando rapaz jovem, em Recife, aprontando palhaçadas nos bairros da Torre e Madalena, onde morou. Através do meu pai vinha toda aquela vida das décadas de 1930 e 1940, da boemia, da poesia, dos encontros no bar Savoy, das histórias da revolução de 1930.

Com Mamãe, em 1950.

Com Mamãe, em 1950.

Papai tinha apenas o curso primário. Era autodidata em tudo o que fazia e isso para ele era motivo de orgulho. Desde jovem fez todo tipo de coisa: foi gráfico, escreveu para jornais, fez versos de encomenda e finalmente, como secretário da Prefeitura de Angelim, Pernambuco, conheceu Cleuza Santa Cruz Quirino, minha mãe, com quem casou em 1941. Vieram para Campina Grande em 1946, onde ele trabalhou como tipógrafo na Livraria Pedrosa, e depois redator das Rádios Borborema e Cariri e posteriormente do Diário da Borborema. Ocupou a cadeira numero 27 do Clube Literário de Campina Grande, cadeira cujo patrono era Emílio de Menezes, militou intensamente nos meios esportivos locais, não apenas como comentarista esportivo de rádio e jornal, mas também como admirador e eventual membro de diretoria do Paulistano Esporte Clube e Treze Futebol Clube.

No seu gabinete de trabalho, década de 1960.

No seu gabinete de trabalho, década de 1960.

Por três vezes candidatou-se à Câmara de Vereadores, não tendo sido eleito: em 1951 pelo PSB, em 1963 e em 1968 pelo MDB. Na terceira tentativa, aproveitando as pichações de “vote nulo”, mandou pichar um “i” por cima do “u”, ficando “Vote Nilo”. Foi quando teve mais votos. No final da década de 1950 tornou-se secretário executivo da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, onde permaneceu vários anos, até ser convidado para secretário da recém-criada Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal da Paraíba, tendo permanecido nesta função até 1970. Depois foi chefe de gabinete do Reitor Antonio Lucena, na Universidade Regional do Nordeste (URNe),  atual UEPB, e permaneceu nesta posição durante três reitorados sucessivos da Universidade: Antonio Lucena, Luís Almeida e José Figueiredo.

Já doente, com seu grande amigo Pedrosa, da Livraria.

Já doente, com seu grande amigo Pedrosa, da Livraria.

Aposentou-se por invalidez em 1980, após sofrer um AVC. Aí, dedicou-se ao seu passatempo predileto, o charadismo, tendo sido um dos membros mais ativos da TERNOR (Tertúlia Nordestina). Publicou em edição independente as coletâneas de versos intituladas “Minha Vizinha Ivete” e “Sonetos de Natal e Outros Poemas”. Em 25 de março de 1983 assumiu a cadeira número 25 da Academia de Letras de Campina Grande, cadeira cujo patrono era o compositor Rosil Cavalcanti. Fez parte de numerosas associações, entre elas o Rotary Club de Campina Grande e Associação Campinense de Imprensa.

Quando Mamãe faleceu, em dezembro de 1997, levei-o para minha casa em Natal. Durante quase um ano e meio, até sua morte em maio de 1999, desfrutei do privilégio de tê-lo junto a mim, já velhinho, esclerosado, esquecido das coisas. Seus súbitos lampejos de consciência, que por vezes perduravam alguns dias, lhe faziam recitar sonetos e mais sonetos e contar histórias antigas. Eu entrava no quarto à noite pé ante pé para ver se ele estava bem e o encontrava sussurrando. “O que é, Papai? Está falando o quê?” “Estou recitando”, dizia ele.

Minha primeira foto com Papai, 1948.

Minha primeira foto com Papai, 1948.

Às vezes me confundia com sua própria mãe, de quem herdei o nome e alguma parecença física. Eu dizia: “Não, papai, eu sou Clotilde, sua filha.” E ele respondia: “Não! Clotilde, a minha filha, é uma meninazinha lourinha, bem bonitinha, que quando eu chego em casa ela põe as mãozinhas na cintura e dança contente dizendo: Papai chegou, papai chegou!”

Pois é essa meninazinha lourinha que lhe manda hoje um beijo, Papai. Um beijo grande, cheio de luz, de tanta luz quanto a luz das estrelas entre as quais o sr. hoje habita, e que devem estar todas ao seu redor, enquanto o sr. recita seus poetas preferidos: Olavo Bilac, Castro Alves, Emílio de Menezes, Carlos Penna Filho. Feliz Dias dos Pais.

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Comemorando outra vez

Clotilde Tavares | 27 de julho de 2009

Pois não é que ontem este blog completou quatro meses no ar? E eu passei batida, sem comentar a efeméride. Sim, meu caro leitor, porque eu estou muito feliz com esta experiência de blogar todo dia, excetuando uma vez ou outra que, por falta absoluta de condições, eu falto a esse encontro.

Desde que comecei, no dia 26 de março, foram até agora 118 posts, com um total de 18.700 visitas. O dia mais visitado foi o dia 6 de julho, quando escrevi o post O rapaz, a moça e o sistema, com 358 visitas; e o post mais visitado até hoje é – pasmem! – um que escrevi sobre a história do clip de papel e que tem o título O triunfo do design.

Há dois meses, o blog tinha uma média de 100 visitas por dia; hoje está com 280 em média. E repito que é uma honra para mim que esse monte de gente deixe de fazer outras coisas para ler o que escrevo, olhar as figuras ou pelo menos clicar em algo dentro do blog. De coração, agradeço a todos e me considero eterna devedora de cada um de vocês.

O numero de leitores pode parecer pouco a alguns. Eu mesma conheço pessoas como eu, que têm blogs com mais de 3.000 visitas por dia, mas geralmente são blogs temáticos, que se tratam de um assunto específico, e por isso formam um exército de seguidores fiéis, interessados naquele assunto. O Umas & Outras é um blog sem tema fixo, feito sem nenhum objetivo a não ser canalizar essa minha mania de escrever e de meter o bedelho em tudo. Por isso, fico satisfeita com essas médias, que podem parecer modestas a alguns mas são perfeitamente satisfatórias para mim.

051-046-01-Woman-JoggingUma coisa boa é que com apenas quatro meses de blog, mesmo com essa temática assim dispersa, eu consegui um PageRank 3. O PageRank é uma medida que o Google utiliza para estabelecer a credibilidade de um site ou blog. Varia de zero a dez, e para você ter uma idéia, o meu é 3, o Sempre Algo a Dizer, de Sandro Fortunato – referido ao lado, nos meus links preferidos – é 4, o De(coeur)ação é 5 e o UOL e o Terra oscilam entre o 6 e o 8. A grande maioria dos blogs e sites do mundo tem Page Rank zero.

Para saber o PageRank de qualquer página clique aqui.

Para saber mais sobre o que é PageRank clique aqui e aqui.

Quanto aos comentários, continuo respondendo a todos, uns diretamente no blog e a maioria pessoalmente e já fiz alguns amigos virtuais desde que iniciei esta experiência. Uma experiência que está sendo cheia de prazer, graças a vocês, meus queridos leitores, que aqui aparecem e dão o ar de sua graça.

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Igrejas do interior – V

Clotilde Tavares | 18 de julho de 2009

Aqui estão elas de novo: as tradicionais e poéticas igrejas das cidades do interior. Com este post, já são 50 fotos de igrejas publicadas aqui no Umas & Outras, que você pode ver clicando na categoria correspondente na coluna da direita. E mandando para mim uma foto da igreja de sua cidade, de preferência feita por você ou por fotógrafo amador, eu publico.

Caraúbas-PB. Matriz. Foto de Egberto Araújo.

Caraúbas-PB. Matriz. Foto de Egberto Araújo.

Areia-PB. Foto de Karl Leite.

Areia-PB. Foto de Karl Leite.

Boa Vista-PB. Foto de Egberto Araújo.

Boa Vista-PB. Foto de Egberto Araujo.

Caraúbas-PB. Igreja do Rosário. Foto de Egberto Araújo.

Caraúbas-PB. Igreja do Rosário. Foto de Egberto Araújo.

Francisco Dantas-RN. Foto de Karl Leite.

Francisco Dantas-RN. Foto de Karl leite.

Pombal-PB. Foto de Guy Joseph.

Pombal-PB. Foto de Guy Joseph.

Lagoa Nova-RN. Foto de Karl Leite.

Lagoa Nova-RN. Foto de Karl Leite.

Portalegre-RN. Foto de Karl Leite.

Portalegre-RN. Foto de Karl Leite.

Pau dos Ferros-RN. Foto de Karl Leite.

Pau dos Ferros-RN. Foto de Karl Leite.

Remigio-PB. Foto de Karl Leite.

Remigio-PB. Foto de Karl Leite.

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Gerundiando

Clotilde Tavares | 16 de julho de 2009

Estou…

… LENDO Angélica, a Marquesa do Anjos.
… ESCREVENDO minha memórias. Já estou nos meus cinco anos de idade.
… BEBENDO litros de água para “fluidificar as secreções”
… COMENDO Ovomaltine em pó, com colherinha.
… DORMINDO muito, já que disseram que retarda o envelhecimento.
… ACORDANDO pra vencer, como me ensinou a Rainha Denize.
… BEIJANDO ninguém. Estou gripada.
… TOSSINDO pra caramba.
… ACENDENDO velas pra ficar logo boa essa gripe.
… ACREDITANDO que não é a gripe suína, pois não beijei nenhum porquinho.
… ARRUMANDO os “troços” pra me mudar em agosto.
… ESPERANDO ansisoamente a mudança para o apê/estudio que aluguei em Natal.
… BRIGANDO comigo mesma antes de me desfazer de cada coisa que quero jogar fora.
… COMPROVANDO que ter 1.800 livros em um apartamento de 80 m2 é impossível.
… NAMORANDO umas cortinas novas…
… FAZENDO  um esforço inaudito para manter postagens diárias, com a gripe – e a tosse – que me arrasa.
… VIVENDO cada dia um dia.
… NADANDO em felicidade.

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Ainda sem condição

Clotilde Tavares | 15 de julho de 2009

Estou gripada. Isso significa dor no corpo, moleza geral, tosse e absoluta vontade de não fazer nadinha.

Para não dizer que não estou atualizando o blog, seguem alguns estilos de vida, para você clicar nos links e visitar. Sem figura sem nada, que não há coragem suficiente.

Vivendo na parede

http://cakeheadlovesevil.wordpress.com/2009/07/11/living-on-the-edge/

Vivendo em espaço mínimo

http://www.rachaelrayshow.com/show/segments/view/small-space-makeover/

Vivendo na rua

http://www.huffingtonpost.com/2008/09/13/homeless-90210-slummin-ti_n_126235.html

Vivendo numa “caixa de fósforos”

http://madeinjapan.uol.com.br/2005/12/25/vivendo-numa-caixa-de-fosforos/

Vivendo dentro de um carro

http://maragao.com.br/2009/03/oito-anos-vivendo-dentro-do-carro/

Vivendo em um caminhão

http://newserrado.com/2008/01/18/vivendo-em-um-caminho/

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Sem a menor condição

Clotilde Tavares | 14 de julho de 2009

doente2

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