Cora Coralina, doceira e poeta
Clotilde Tavares | 26 de outubro de 2009Já andei por aqui falando de uma visita que fiz a Goiás Velho, a antiga capital do estado de Goiás, um lugar lindo, encantado, cheio de recordações de um tempo antigo, com igrejas, casarões e chafarizes de encher os olhos.
Lá também foi a morada da poeta/doceira Cora Coralina, de quem visitei a casa agora transformada em museu, guardando todos os objetos do dia-a-dia da poeta, como a cadeira onde escrevia, seus tachos de fazer doce, seus livros na estante, seus vestidos.
Pois é com grande prazer que apresento hoje um indispensável complemento dos encantos dessa cidade: o livro “Cora Coralina, doceira e poeta”. Que livro maravilhoso, meu caro leitor! Uma viagem poético-visual-saborosa em torno do universo de Cora, especialmente da sua atividade à frente do fogão e dos seus tachos de cobre, o que a levou a dizer: ” – Sou mais doceira do que poeta”.
O livro é um edição da Global Editora, em tamanho grande (30×23 cm) capa dura, magnificamente ilustrado por Claudia Scatamacchia e com fotos das receitas por Cristiano Lopes. Tem textos sobre Cora de sua filha Vicencia Bretas Taham, do neto de Cora, o advogado e jornalista Flavio de Almeida Salles Junior, além de texto de J. A. Dias Lopes, jornalista e gourmet.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto, a Cora Coralina, nasceu na cidade de Goiás Velho, mas saiu de lá bem jovem, indo morar em São Paulo. Voltou a Goiás Velho aos 45 anos de idade e, tornando a habitar na casa velha dos seus ancestrais, chamada a Casa Velha da Ponte, começou a fazer doces para sobreviver. Escrever já era hábito desde os 14 anos de idade. Publicou seu primeiro livro com 75 anos e, reconhecida nacionalmente tanto como doceira como quanto poeta, falceceu aos 96 anos, deixando vários livros publicados.
Esta publicação traz suas receitas, apresentando o texto na redação original de Cora e em seguida sua interpretação, com as quantidades, para que eu ou você possamos repeti-las. Isso porque a receita original geralmente é escrita sem as quantidades, ou com quantidades aproximadas, tornando impossível a sua reprodução por uma pessoa com dotes culinários reduzidos, como esta blogueira e quem sabe muitos dos seus leitores.
A viagem é doce, saborosa e cheia de poesia, pois as receitas são entremeadas com fotos da cidade, da casa, e com poemas de Cora. São doces, bolos, pudins, biscoitos, broas, geléias, cremes, licores e vinhos caseiros, todos com fotografias e todos de dar água na boca.
Eu adorei esse livro que a Global editou para celebrar os 120 anos de nascimento desta mulher espetacular, que nos deixou esse legado poético de doces delícias, esse versos cheios de sabor, e o exemplo de sua vida.
CORA É NOSSA AMIGA
LI O LIVRO RUAS E BECOS DE GÓIAS E ME APAIXONEI GOSTO MUITO DO TRABALHO DE CORA COMO GOSTARIA DE TÊ-LA CONHECIDO EM VIDA AMEI AS HISTORIA DELA AMO-A DE CORAÇAO ELA FOI TUDO QUE EU NAO POSSO SER QUE DEUS A TENHA EM UM BOM LUGAR DE DESCANÇO.
Voltei para te agradecer sobre a postagem de Drummond que no próximo final de mês estará de aniversário de nascimento. Obrigada por compartilhar sua vida conosco. Abraço Jusseli Rocha
eu estou estudando sobre cora coralina
no dia 15/08/2011 eu começei a estudar
é o mô chato
Bela matéria, inspirada numa mulher admirável e que merece tamanha homenagem.
Os escritos de Cora são lindos porque falam sobre a “doçura” de viver o cotidiano.
Parabéns pelo artigo!
Oi Clotilde, sou o Antonio, aquele brigão de Brasilia (kkk). Lembra? Que maravilhosa esta reportagem, até porque tudo que se refere à Cora me emociona demais. Tive o prazer de conhecê-la pessoalmente e de passar quase um dia inteiro de prosa com esta mulher, um dos momentos mais prazerosos da minha vida – senão o mais – Parabéns. Comprei um livro maravilhoso de Darcy França Denófrio : Cora Coralina – melhores poemas, que trás à tona o lado professoral desta moça de 120 anos. Agora, além de poeta e doceira ela também é professora, por meio de seus poemas e crônicas que repassam lindamente, lições e lições de vida.
Meus beijos.
Já voltou pra Natal?
Antonio da Costa Neto
Oi Iran. Eu não sei lhe responder. Lembro-me de ter ouvido muitas discussões sobre isso entre mulheres poetas/poetisas com quem eu convivia. Havia um grupo que não gostava de ser chamada “poetisa” pois considerava o termo “pejorativo”. Queriam ser chamadas de “poetas”, como os homens; e outro grupo defendia o uso da forma feminina: “poetisa”, porque – diziam – imagine se a moda pega, se a forma feminina vai terminar sendo desprezada como pejorativa, daqui a pouco vão dizer o ator Fernanda Montenegro, ou o escritor Clarice Lispector. Quando eu era mais jovem, e gostava de fazer poemas (hábito que não tenho mais, uma vez que minha seara é a prosa) nunca me incomodei de ser chamada de poetisa. Mas a mulherada em geral não gosta. Eu, pra evitar aborrecimentos, chamo todo mundo de “poeta”. Mas isso é um bom tópico para discussão, que vou passar à minha amiga Lola, do blog “Escreva Lola Escreva” uma vez que ela é muito mais habilitada a falar sobre isso do que eu: é feminista militante e formada em Letras.
Não é um comentário e sim uma pergunta: nos meus tempos de ginásio aprendíamos que havia o masculino poeta e o feminino poetisa; agora as mulheres que fazem poesia são também chamadas de poetas, abandonada a suave denominação de poetisa; e eu pergunto qual é a fundamentação para tal mudança.