Ferro-de-engomar
Clotilde Tavares | 1 de fevereiro de 2010No meulivro Formosa és: memórias do internato eu mostro a foto de um ferro de passar nos moldes do que usávamos naqueles longínquos anos do final da década de 1950.
Abria-se o ferro, enchia-se o recipiente de brasas tiradas do fogão, e esperava-se que as brasas esquentassem o metal. Aí, passava-se a roupa. Havia ainda uma série de detalhes: para que esquentasse rápido, o ferro era colocado no chão, junto a uma porta bem ventilada, em cima de uma lata emborcada, com a abertura do fundo na direção do vento; um grampo era atravessado no nariz do ferro para que não abrisse quando alguém o empunhava e, se não esquentasse logo, enérgicas abanadas com um abano de palha eram logo providenciadas.
Havia uma empregada lá em casa que ia para o meio do quintal com o ferro na mão e o balançava em arco, provocando com esse movimento o vento necessário para avivar as brasas. Mas Mamãe morria de medo dessa performance, que achava perigosa. Imagina se você sem querer solta esse ferro e ele voa em cima de alguém! – dizia Mamãe. – De um dos meninos! – continuava, e nós nos enconlhíamos, aterrados, ao imaginar a cachoeira de brasas ardentes se derramando sobre as nossas cabeças.
Além do ferro de engomar doméstico, havia na Campina Grande da minha infãncia um lugar com esse nome. Ali perto do Ferro-de-Engomar, diziam. Era um edifício que tinha um formato pontudo, em bico, e por isso era assim chamado. Quero dizer: havia, não: há, ainda há. Continua lá no mesmo local, há bem uns 60 anos.
Localizado na Avenida Getúlio Vargas, no centro da cidade, tem no seu térreo um bar, com clientela cativa; as más línguas dizem que a partir das oito da manhã o dono do “Ferro” já se encontra de plantão, para atender à turma que passa lá pra “regular a marcha lenta” antes de ir trabalhar. Isso deve ser porque neste país está ficando na moda ir trabalhar “calibrado” com algumas doses de álcool…
Peço aos blogueiros Emmanuel Souza e Adriano Araújo, inventores do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, que desenvolvam essa pauta e falem sobre esse local tradicional da “Rainha da Borborema”.
Finalmente, um Ferro-De-Engomar famoso: o Flatiron Building (Fuller Building), um dos primeiros arranha-céus construídos em Nova Iorque, inaugurado em 1902 e localizado entre a Quinta Avenida, a Broadway e a Rua 23. Com seus 22 andares, é um dos cenários mais característicos da Big Apple e foi desenhado pelo arquiteto e urbanista Daniel Burnham. Eu ainda vou ver isso!
Interessante é q mal fazem hoje em dia os prédios “ferros-de-engomar” como os de antigamente… 🙂
Cara Clotilde…
O Ferro de Engomar é um lugar emblemático do Centro de Campina Grande. Um dos últimos resquícios de uma História de bares e afins localizados naquele local. Até hoje, sou transeunte da Rua Getúlio Vargas e, me emociono aos sabados, quando ali presencio vários senhores que recheiam o pequeno espaço interno do bar, cantando sambas, chorinhos e serestas, com participação efusiva de saudosistas que mantém a tradição no Bar Ferro de Engomar.
Pretendemos aceitar a proposta da ínclita Professora Clotilde e captar a História do estabelecimento.
Abraços
Amiga, minha mãe usava dois modelos de ferros-de-engomar. Um dos modelos é este que aparece nesse post. E ela chegou a usar até o início dos anos 70.
Ô diliça, Clô…
Eu não sou da época do ferro-de-passar de brasa, mas mamãe era e eu herdei sua coleção…
São 3 deles, todos achados enterredos em algum lugar do interiorrrr das Minas ou do Goiás, por onde ela se aventurou.
Ela os desenterrava (vai saber porque ela vivia achando ferro enterrado!) e os ‘queimava’ no fogo até a ferrugem soltar todinha! Tascava a palha-de-aço e depois dava brilho com cera de encerar o chão.
Eu sou doida para inventar algo decorativo com eles, mas ainda não tive uma idéia legal.
Das mesmas empreitadas de mainha tenho também uma chaleira de ferro antiga e um caldeirão (aqueles parecendo de bruxa!). Todos em ótimo estado!!
Quanto ao Flatiron Building, você vai se encantar não só com o dito, mas também com suas cercanias, iluminadas com postes de luz à moda antiga. Próximo dalí, inclusive (na verdade mais próximo da Brooklin Bridge), tem tbm uma praça (o nome me foge agora) cujos lampiões dos postes ainda são à gás! Chegar lá no fim da tarde é o must! Vale super à pena a incursão.
Aliás… Vc iria amar a Big Apple!