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Sem água e sem luz

Clotilde Tavares | 16 de outubro de 2009

Hoje o dia começou estranho por aqui, pois houve uma pane elétrica no bairro; a energia faltou às quatro da manhã e só veio chegar agora às onze. No prédio, antigo e precário, a bomba que eleva a água para a caixa não funcionou – pois faltava energia – e mais ou menos às nove da manhã acabou a água.

Eu acordei morta de calor – o ar condicionado sem funcionar – e, sem poder blogar, twittar, ler e-mails, tomar banho, cozinhar (sem água – fica difícil) e com preguiça de descer os quatro andares (sem elevador) para ir a um lugar qualquer onde o mundo funcionasse, fiquei simplesmente na varanda, curtindo a brisa da manhã e lendo. Não que eu não faça isso todo dia – faço, mas depois de cumprir as outras obrigações, todas elas ligadas a um fornecimento normal de água e energia elétrica.

Então é curioso como o mundo estaciona quando não existem esses dois serviços mais do que básicos. Quando a gente vê na televisão aquelas notícias de catástrofes e desastres naturais, onde as pessoas ficam sem água e sem luz a gente não tem idéia do que é isso. É difícil ficar sem as duas coisas ao mesmo tempo e eu fico cá comigo pensando o transtorno que deve ser isso não para mim, que não tenho obrigações de trabalho com horário fixo, vivo por minha conta e tenho saúde, mas o que deve ser ficar sem água e sem luz para a imensa massa de pessoas que precisam levantar na hora, fazer café, tomar banho, descer de elevador e tudo o mais? E quem tem crianças, ou gente doente em casa? Pois é, meu caro leitor. Por isso não reclamo, nem reclame de mim por só estar blogando a essa hora, uma vez que logo cedo, todo dia, estou aqui com esse pão-de-cada-dia em forma de texto para lhe oferecer.

Você, que acordou, tomou banho, ligou secador de cabelo ou barbeador elétrico, fez café na sua cafeteira, ligou microondas, viu seus e-mails, desceu de elevador e abriu o portão eletrônico com o controle, não reclame de mim: hoje você, sem sombra de dúvida, teve muito, muito mais do que eu.

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abastecimento de água, água e luz, energia elétrica, falta dágua, serviços básicos
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Dia do professor

Clotilde Tavares | 15 de outubro de 2009
Dando aula. 1999.

Dando aula. 1999.

De todas as coisas que faço e fiz na vida, e eu garanto que são muitas, talvez a que goste mais de fazer seja ensinar. Ensinar, dar aulas, para mim, é uma das atividades mais importantes a que uma pessoa pode se dedicar. Não é simplesmente ensinar uma técnica, ou passar um conhecimento qualquer. Para mim ensinar é compartilhar experiências. Esse processo é uma coisa tão rica, tão fermentadora de novas idéias, de novas visões, de novos e maravilhosos insights, nos arremessando sempre a um nível mais elevado de existência, que não compreendo como é que ainda não existe a terapia do ensino.

Para mim, a sala de aula sempre funcionou como uma experiência quase transcendental de relação com o outro, de comunhão através das idéias. Por mais chateada, doente, ou estressada que estivesse, ao entrar na sala de aula sempre experimentei uma grande felicidade, e essa é uma das grandes perdas que eu tive com a aposentadoria. Procuro contrabalançá-la dando palestras aqui e ali, me comunicando com os jovens, mantendo viva a cpacidade de aprender/ensinar.

Palestra. 2007.

Palestra. 2007.

Como professora que fui/sou desde a minha juventude, penso que ninguém ensina nada a ninguém. As pessoas aprendem quando estão motivadas para isso e acho que essa é a verdadeira função do professor: motivar seus alunos a experimentarem a aventura do conhecimento. Eu gostava de dizer que meu objetivo como professora era “plugar” o meu aluno no Universo, coisa que a maioria não consegue fazer sozinho. Quando eu conseguia com que ele “se ligasse”, o trabalho estava feito, e daí em diante era só orientar a leitura, compartilhar experiências e conhecimentos, e ver o milagre daquela mente jovem descobrindo o Mundo.

Com alunos. 2006

Com alunos. 2006

Sempre tive dedicação integral aos meus alunos. Sempre acreditei que, como o professor de natação, qualquer professor não pode ficar na borda da piscina: tem que cair na água junto com o discípulo, e sempre estar disponível quando ele precisar. Aqueles que foram meus alunos e que lêem essas linhas sabem o que estou dizendo e é com prazer que os encontro no cotidiano, aqui e ali, já profissionais, e fico feliz de saber que contribuí para a construção daquele ser humano tão especial.

Como falei no início, ensinar é uma coisa tão rica e tão excitante que não sei como os médicos ainda não inventaram a terapia do ensino. Está estressado, doente, entediado, ansioso, angustiado? Dedique-se a ensinar a alguém qualquer coisa que você saiba fazer, qualquer conhecimento que você domine. Seja lá o que for, compartilhe com alguém. Garanto que você vai se sentir muito melhor.

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A música das manhãs

Clotilde Tavares | 14 de outubro de 2009

Acordei com a obrigação de enviar a minha coluna para o jornal, mas sem saber direito o que ia escrever. Em busca de inspiração, liguei a TV e o canal que estava sintonizado era um daqueles que passam filmes antigos. Em preto e branco, um musical daqueles em que os homens usam paletós com ombreiras largas e os vestidos das mulheres têm saias rodadas; os personagens estão conversando e de repente começam a cantar como se fosse a coisa mais natural do mundo – e é, nesses filmes.Uma das canções era “A música das manhãs”, onde o personagem, entregando leite de porta em porta, canta os sons matinais da cidade.

O caso é que acordamos sempre atrasados, correndo para o trabalho, tendo de deixar antes as crianças na escola, além de outras obrigações e terminamos por ficar surdo ao mundo que, junto conosco, desperta à nossa volta. Acredite, meu caro leitor, que é possível distinguir entre o ruído dos carros nas avenidas apinhadas, o cantar dos passarinhos e o rumor do vento nas folhas das árvores. Para mim, que não saio de casa de manhã, a música da manhã tem os bem-te-vis cantando e o vento na palmeira em frente à minha janela; como uma grande avenida está a menos de trinta metros, carros e ônibus se juntam à sinfonia, encarregados dos tons graves. Uma moto acelera na esquina, e a campainha do colégio no outro quarteirão chega aos meus ouvidos.

chaleira_vaca-709205Dentro do prédio, os pedreiros já começaram o trabalho no apartamento do final do corredor; ao longe, ouço o ruído surdo da porta do elevador quando alguém a deixa bater, e o portão eletrônico de saída dos carros toca sua rumba rascante, rolando sobre o trilho. Um flautim agudíssmo sobrepõe-se a tudo: é o apito da chaleira avisando que a água está pronta para ser despejada sobre o pó do café, já pronto sobre a garrafa, e o tlim-tlim do forno de microondas me diz que o pão está quentinho e o queijo deliciosamente derretido.

Uma voz forte de homem predomina agora: é o vigia do prédio em frente, falando com alguém; um cão late; e o ventilador, já velho, com defeito e ligado a esta hora, marca o tempo com seu estacato seco e duro, pois mesmo cedo o calor já é grande.

Esta é a música das manhãs, e este concerto de sons me traz a certeza de vida. Ouço, logo existo, e existo feliz nesse mundo variado, bom de viver, porque é o único mundo que conheço. Para completar, o recado de mais uma canção do filme, ingênuo e tolo, mas que me deu o assunto de hoje: “Entregue-se a esse gigante gentil chamado Amor… “

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Cappela degli Scrovegni

Clotilde Tavares | 13 de outubro de 2009

Existe na Itália, na cidade de Pádua, uma pequena capela decorada com pinturas de temática religiosa que é uma das obras primas da Humanidade. É a Cappella degli Scrovegni, trabalho sem igual da pintura do século XIV, ou “Trecento” italiano, realizado por Giotto e considerado o ciclo mais completo de afrescos realizado pelo grande mestre toscano na sua maturidade.

Tais pinturas exerceram uma influência marcante em todo o desenvolvimento da arte pictórica não somente na Itália mas também em outros países da Europa pela cor, pela luz, pela inovação da representação em perspectiva e pelos sentimentos que despertam em quem contempla essas cenas sagradas.

Foi construída pelo rico banqueiro italiano Enrico Scrovegni em 1303, anexo ao palácio da família, com a intenção de salvar das chamas do inferno o seu pai, um agiota, morto há pouco tempo. Nessa época, Giotto já era um artista célebre: havia trabalhdo para o papa na Basílica de São Francisco em Assis, em São João de Latrão em Roma, e em Pádua na Basílica de Santo Antonio e no Palácio Comunal. Ao encomendar a obra, o banqueiro pediu a Giotto para representar uma sequência de histórias do Velho e do Novo Testamento, culminando com a morte e a ressurreição do Filho de Deus e o Juízo Final, com o objetivo de levar os visitantes que penetravam na capela a meditarem sobre o sacrifício de Cristo para salvar a Humanidade.

Concluído em apenas dois anos, o ciclo pictórico da capela é dividido em três temas principais: os episódios da vida de Joaquim e Ana (pais da Virgem Maria) e os acontecimentos da vida e morte de Cristo. Além disso, há ainda uma série de pinturas que ilustram alegoricamente os Vícios e as Virtudes, culminando com a representação do Juízo Final.

No século 19 o patrimônio foi abandonado e começou a se deteriorar. As pinturas se esfarelavam e se transformavam em pó, correndo risco de destruição total. A Prefeitura da cidade de Pádua interveio e tombou a construção, mas as restaurações realizadas não obtiveram êxito. Finalmente, as modernas tecnologias mobilizadas conseguiram, no ínício do ano 2000, estabilizar o monumento, impedir a deterioração e, em seguida, realizar a restauração.

Atualmente, a Cappella degli Scrovegni está restaurada com suas vívidas cores originais e aberta à visitação pública, mas de uma forma muito especial: quem quiser visitá-la precisa agendar essa visita com antecedência, e são permitidos apenas 25 visitantes de cada vez no seu interior. Antes de entrar no recinto da capela propriamente dita, a pessoa deve permanecer por 15 minutos numa sala especial para estabilização do microclima interno; somente então pode ser admitido no recinto da capela propriamente dita, onde não pode permanecer mais de 15 minutos.

Fora isso, o visitante pode ter acesso a uma sala multimídia onde, através de vários instrumentos de informação – videos, imagens, reconstrução virtual – toma conhecimento detalhado das pinturas, do trabalho de Giotto e do contexto no qual ele produziu suas obras. O preço da visita é de 12 Euros e é possível agendar através do site oficial do monumento.

Quando vejo essas coisas, além da paixão que me move pela Arte daquele período, vem imediatamente à minha lembrança o costume do nosso público de entrar nos teatros, muitas vezes seculares, portando refrigerantes e salgadinhos, ou de reclamarem quando em outros locais se proíbe a etnrrada com qualquer tipo de alimento. Retornam à minha mente cenas que já vi, de pessoas esfregando o dedo em quadros expostos em museus, colocando os pés em cima das cadeiras nos teatros, vandalizando, destruindo, contaminando, uns por ignorância e falta de educação, outros pelo prazer de destruir.

Ainda estamos muito distantes dos visitantes da capela italiana, que se submetem a ficar durante quinze minutos trancados em uma sala climatizada com a finalidade de equilibrarem a temperatura de seus corpos para que a umidade gerada não danifique as obras de arte!

Penso que a nossa caminhada na construção de um comportamento civilizado é muito longa ainda, meu caro leitor, mas tenho esperança de que um dia chegaremos lá.

Aproveite e veja o video sobre a Capela.


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As crianças da minha vida

Clotilde Tavares | 12 de outubro de 2009

Tenho dois netos, Marcelo e Isabela. Só Marcelo é criança ainda, com 10 anos, sendo Isabela já uma mocinha de quase 15. Fora Marcelo, há ainda outras crianças importantes na minha vida. Minha sobrinha-neta Maria Luísa, de 1 ano e 2 meses, a quem chamo do “Botãozinho-de-Rosa” e sua irmãzinha de 4 anos, Maria Eduarda. Há ainda “o pequeno João“, de 2 anos e meio, também meu sobrinho-neto, para quem eu sou a “Titia-Grande”. Além dessas crianças, que são ligadas a mim pelo sangue, há outras duas, que se ligaram ao meu coração com laços igualmente poderosos: os do afeto e da amizade. São eles meu afilhado Vinicius, de 10 anos, e Ilana (“Ilaninha”), sua irmã de 8 anos. São filhos dos meus queridos amigos Carlos e Ilana von Sohsten.

Não sou jeitosa com crianças. Não tenho paciência, não sei brincar, não sei lidar com essas criaturas tao especiais e tão diferentes de mim. Mas amo profundamente as crianças da minha vida e através deles as crianças do mundo todo. Quando Vinicius tinha oito meses, escrevi para ele um texto que publiquei na Tribuna do Norte-RN; em 2008, novamente dediquei o mesmo texto a Maria Luísa, quando do seu nascimento. Já quando meus netos nasceram eu fiquei tão abestalhada que não consegui escrever nada. Hoje, quero aqui dedicar a todas as crianças do mundo o mesmo texto que escrevi para Vinicius há dez anos.


Você ainda não sabe ler, pequeno Vinicius, mas hoje eu estou escrevendo para você. Você é tão novinho, nos seus oito meses de vida que além de não saber ler também não sabe sequer o que é um jornal. A televisão, para você, também é apenas um objeto colorido e brilhante que lhe chama atenção mais pelo movimento e pelo som do que pelas imagens propriamente ditas.

Mas não demora muito e você devagarinho vai começar a compreender o mundo, a interpretar as imagens da TV e a entender o que dizem os jornais. Talvez então você se surpreenda com as notícias que a mídia derrama diariamente sobre nós. Confesso, pequeno Vinicius, que muitas vezes preferiria viver num lugar onde não houvesse jornal ou TV para não ver coisas que me deixam assim meio desorientada em relação ao nosso Destino: o meu, o seu, o da Humanidade.

Ultimamente, vimos as notícias estarrecedoras de políticos de várias partes do país envolvidos com o narcotráfico, corrupção e assassinatos. Assistimos boquiabertos à violência do cotidiano, onde as pessoas perdem o controle e voam em cima dos outros para matar por qualquer motivo fútil. Vemos a intolerância, o preconceito, a homofobia, a falta de amor, tudo isso, pipocando na tela na nossa frente, nos deixando muitas vezes temerosos até de sair de casa para comprar o pão na padaria da esquina.

Mas é exatamente por causa de todas essas tragédias que estou mandando este recado para você. O recado, Vinicius, diz apenas o seguinte: o mundo tem jeito. Sabe por que? Porque enquanto todas essas desgraças estão acontecendo, muita coisa boa também acontece. Enquanto a violência corre solta, a corrupção mina a vida política e a crueldade aciona o gatilho dos revólveres, cientistas e pesquisadores trabalham sem descanso para descobrir a cura de doenças, pessoas de bom coração se dedicam a ajudar aqueles que precisam e ecologistas estão vigilantes na defesa do Meio Ambiente.

Enquanto a mídia aumenta seus níveis de audiência graças à exploração da notícia ruim, da desgraça, do flash violento, a Internet aproxima pessoas que conversam, estudam, pesquisa, trocam informações, namoram, praticam a democracia e exercem sua cidadania.

Enquanto bandidos com ou sem gravata se organizam em quadrilhas para matar, seqüestrar e roubar, gente de bem se congrega em organizações e entidades para a promoção dos valores humanos, para a arte, a cultura, a educação.

O mundo tem jeito sim, Vinicius, enquanto a Esperança, de quem você e todas as crianças são o símbolo vivo e amoroso, banhar o coração dos homens. Mesmo diante da morte, da violência, da brutalidade e da injustiça, a Esperança brilha como farol a nos dar alento. Eu, que sou sua orgulhosa madrinha, ainda espero viver bastante para lhe ver desfrutando de um mundo de Paz e Harmonia, como você e todas as crianças merecem.

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Uma anedota

Clotilde Tavares | 11 de outubro de 2009

Eu gosto de anedota, de piada. Aliás, quem não gosta? Nada como ouvir uma piada bem contada, e se entregar ao prazer da gargalhada aberta, rasgada, rir “às bandeiras despregadas”, como se dizia antigamente, nesta expressão que ninguém usa mais.

A anedota é uma historiazinha curta, que tem como principal função despertar a hilaridade do leitor ou ouvinte através de um recurso simples e muito manjado: o anti-clímax. É preciso arte para contar a anedota, evitando arrodeios desnecessários e informações que não contribuem para a graça da piada. Quanto mais curta, melhor.

E como hoje é domingo e eu estou na maior preguiça para escrever, lhe deixo aqui esta piada de loura, cartegoria na qual eventualmente me incluo, por obra e graça da química.

Pois dizem que o professor, na sala de aula, pede a uma loira que diga um verbo.

– Bicicreta – fala a criatura.

– Mas minha filha! – diz o mestre horrorizado. – Se diz bicicleta, e bicicleta não é verbo.

Aponta para outra, loira também, e pede que diga um verbo. (Aliás, nessa turma todas são loiras… Que faculdade será essa?)

– Prástico – ela diz.

O professor, já nervoso, corrige.

– Minha querida! Se diz plástico, com “L”, e plástico não é verbo.

Aí ele vê um loirinha de óculos, se enche de esperança e se dirige a ela, pedindo que diga um verbo.

– Hospedar – responde a menina.

– Que maravilha! – comemora o professor. – Agora, forme uma frase com o verbo hospedar.

A loirinha, então, toda empolgada, diz:

– Os pedar da bicicreta é de prástico.

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Regra de três

Clotilde Tavares | 10 de outubro de 2009

Se você faz dieta para emagrecer ou está seguindo algum regime alimentar onde precisa controlar as quantidades de sódio, ou de carboidratos, ou da gordura que ingere por dia, vai se identificar exatamente com o meu assunto de hoje.

Geralmente, quando temos algum problema que exija o controle das quantidades ou da qualidade da alimentação que ingerimos, e vamos ao nutricionista, entre as diversas recomendações que recebemos está a de observar com cuidado o rótulo dos produtos que compramos no supermercado para adquirir exatamente aqueles que atendem às nossas necessidades. Por lei, todo produto tem que ter essa composição em nutrientes básicos expressa no rótulo, em local facilmente observável e em um tamanho de letra que possamos decifrar. Mas é aí que começam os nossos, os meus e os seus problemas, meu caro leitor.

Quer ver? Pegue na prateleira do supermercado, por exemplo, uma marca qualquer de requeijão. Olhe o rótulo. Lá ele diz que uma porção de 30 gramas tem, por exemplo, 70 calorias. Aí tente comparar com outra marca que está ao lado, na mesma prateleira. Essa já dá a composição por 100 gramas, e para comparar uma com a outra você tem que apelar para a velha regra de três: se requeijão A em 30 gramas tem 70 calorias, requeijão B em 100, vai ter “x”. Aí pegue a terceira marca, que já vai lhe dar a composição em 50 gramas, e não mais em 30 ou em 100, exigindo novo cálculo.

Pegue aquele pacote de bisnaguinhas, aquele pãozinho pequenino tão gostoso. O rótulo apresenta a composição por “porção”. E a tal “porção” não é, como seria lógico e cômodo para o consumidor, um pãozinho, mas “dois pãezinhos e meio”. Se você quiser comer somente um, tem que fazer a regrinha de três. Aí, quem não é bom de conta, ou não tem muita paciência de ficar de calculadora em punho enquanto faz as compras no supermercado sai prejudicado nessa história.

Isso nos atrapalha não somente em relação às calorias, como também em relação aos outros nutrientes, como o sódio, que faz mal aos hipertensos, e também em relação à famigerada gordura trans, ou gordura saturada, que toda pessoa de juízo deveria evitar. Como todo mundo sabe, ou devia saber, a gordura trans é uma gordura maldita, inventada pela indústria de alimentos há bem uns cinqüenta anos, e que gruda na parte interna das artérias como chiclete no cabelo.

Esse veneno químico está presente em biscoitos, massas, frituras industriais, e nos famosos claritos, chitos, bibos, tritos, kikos e toda essa porcariada crocante que encontramos embalados em saquinhos brilhantes e coloridos. É cruel, mas é a verdade, meu caro leitor: a estrada da perdição e da morte está pavimentada com moléculas de gordura trans, e é preciso manter-se longe dessa substancia assassina.

Mas como comparar as tais quantidades de gordura se tudo termina voltando para o problema antigo? Se as porções que norteiam a fórmula da composição mudam conforme a marca do produto, obrigando-nos ao mesmo exercício mental cansativo e duvidoso empregado para ver as tais quantidades de calorias?

Na dúvida, o que venho fazendo é deixar de comprar coisas cujas composições precisem de rótulos e que incluam pouco ou nenhum processamento. Banana, maçã, tangerina, alface, cenoura e tomate, frango, peixe, camarão, alface, rúcula, queijo de coalho, pão francês, abacaxi, pitanga e goiaba, doce de banana em rodinhas, manteiga (pois margarina tem a tal gordura trans), azeite de oliva, vez por outra um ovo de capoeira, café sem cafeína.

Quando vou comer fora, procuro pedir pratos mais simples, como uma massa com molho de tomate, um camarão ensopado, um filé com arroz e purê; e uma vez na vida outra na morte mato a vontade tomando um sorvete de creme com cobertura de chocolate, cheio, lotadinho de gordura trans, porque é preciso um pouquinho de droga de vez em quando para agüentar essa (às vezes) dura tarefa de viver.

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Estou…

Clotilde Tavares | 9 de outubro de 2009

… LENDO “Agincourt: o Rei, a Campanha, a Batalha”, de Juliet Baker (Record, 2009)

… OUVINDO a conversa dos pedreiros no apartamento que está em reforma no fim do corredor.

… COMENDO tanta fibra que acho que estou prestes a virar um balaio.

… BEBENDO três litros de água por dia para equilibrar a fibra – vou me transformar num balaio molhado.

… DORMINDO profundamente da meia-noite às oito da manhã.

… TWITTANDO 10 a 20 vezes ao dia. (Siga-me aqui.)

… ESCREVENDO pouco.

… AGUARDANDO com ansiedade a estréia da temporada nova das minha séries preferidas na última semana de outrubro.

… TERMINANDO de arrumar o apartamento.

… ESPERANDO que Marlos Apyus termine de formatar meu livro Coração Parahybano em PDF para fazer o lançamento virtual, pela Internet.

… PLANEJANDO encontrar amigos que não vão viajar nesse feriadão.

… PROMETENDO assuntos interessantes no final de semana para este blog.

… BEIJANDO esfinges…

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Pausa para a Filosofia

Clotilde Tavares | 8 de outubro de 2009

Depois de alguns dias com posts sobre assuntos como poluição sonora e estresse causado pelo uso dos celulares (veja os três posts anteriores a este), e para que este blog não vire tribuna de reclamações, porque eu acho chato viver reclamando e porque acho que na vida também devem exstir momentos amenos e suaves, hoje não quero reclamar de nada.

Houve um tempo em que eu pegava pesado pelos jornais. Escrevia minhas colunas sempre apontando os problemas, reclamando por soluções, atazanando a vida das tais autoridades competentes que, na verdade, são mais incompetentes do que qualquer outra coisa. Foi aí que o escritor Nei Leandro de Castro, em texto escrito para a orelha do meu livro “A Agulha do Desejo” me chamou de “a fada zangada do cotidiano“. Eu adorei o epíteto, mas esse “zangada” passou a me incomodar, e eu fui a partir disso diminuindo a zanga, ficando mais suave, aprendendo a me divertir mais enquanto escrevo.

Continuo fiscalizando o cotidiano sim, mas não quero viver zangada e é por isso que faço intervalos generosos entre as reclamações, para que também possa, junto com meus leitores, desfrutar de outros temas.

Aí, hoje, querendo fazer este intervalo, lembrei de um conhecido meu, professor da UFRN, um cara inteligentíssimo e meio estranho.

Lá estava ele dando aula na Graduação enquanto caía uma chuva torrencial, um verdadeiro temporal. A biqueira que tinha no exterior derramava uma grossa torrente de água. Ele parou, com o giz na mão, distraído, olhando a chuva… Aí, se virou para os alunos e disse:

– Vocês querem apostar comigo como eu entro debaixo daquela água e não me molho?

– Queremos, professor! – concordaram os alunos já prontos para mais uma piração.

Ele saiu da sala do jeito que estava, arrodeou o bloco de salas de aula e veio para debaixo da bica, onde entrou com tudo e ficou uns cinco minutos debaixo da água. Depois, ainda pingando, entrou na sala de aula molhado até as cuecas. Os alunos, morrendo de rir, cobraram:

Heráclito de Éfeso

Heráclito de Éfeso

– E então professor? O senhor não disse que não ia se molhar?

E ele, pré-socrático todo:

– E não me molhei. O homem que disse aquilo era um homem diferente do homem que se molhou na bica, e a água também já era outra…

Puro Heráclito de Éfeso, que disse: “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois quando ele ali entrar a segunda vez, já é outro homem, e o rio também já é outro.”

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A ligação misteriosa

Clotilde Tavares | 7 de outubro de 2009

O celular toca. Eu atendo. A pessoa do lado de lá, um homem, pergunta: “Quem fala?” “Clotilde Tavares”, respondo eu, que não tenho nada a esconder e não me incomodo de dizer meu nome quando atendo ao telefone. A informação, no entanto, não satisfaz ao meu interlocutor, que explica, com voz ansiosa e irritada: “É porque tem uma chamada para o meu celular, vinda desse número.”

Começa aqui um capítulo dessa escravidão tecnológica que algumas pessoas desenvolvem com o telefone celular. Desde o tempo em que esses aparelhos eram raros, feios e pesados, e eu comecei com daqueles estilo “tijolão” da Motorola, sempre entendi o telefone celular como algo para me trazer comodidade, e não aperreio. Até hoje ainda uso o celular dessa maneira, a meu serviço, para facilitar minha vida quando estou fora de casa ou viajando e quero ligar para alguém.

celular2Nunca, nunca o uso para ser encontrada em qualquer lugar que estiver. Não tenho negócios tão importantes assim que necessitem da minha presença o dia inteiro; e não tenho – graças a Deus – nenhum familiar doente. Então pra que danado tenho que ser encontrada durante todas as vinte e quatro horas do dia? Quando chego em casa, atiro a bolsa em qualquer lugar e dentro ela o pobre celular às vezes toca sem parar e eu não me lembro nem que ele existe. Ora, quem me ligar e não conseguir falar comigo, se realmente quiser me encontrar, liga de novo. Quanto a retornar uma ligação que apareceu no visor do meu telefone e que eu não sei de quem é, isso nunca.

Mas o meu interlocutor, aquele, que estava retornando para o meu número, estava ansioso para saber como os meus oito algarismos haviam ido parar no telefone dele, e insistiu. Aí eu perguntei de quem era o telefone; ele respondeu que era de Severiano. Como eu não conheço nenhum Severiano, disse a ele que não tinha sido eu. “Mas o número está aqui, no meu celular”, insistiu a criatura. “Pode ser que esteja, mas eu não liguei para nenhum Severiano, não conheço nenhum Severiano e o senhor está gastando seu tempo à toa…” E gastando também a minha paciência, mas isso eu não disse porque, mais do que ninguém, compreendo o drama dos meus ansiosos e estressados semelhantes. Ele então encerrou o assunto: “Tá certo. Tudo bem. Mas eu ainda vou descobrir o mistério essa ligação.”

Mas não é difícil, meu caro leitor, nem tão misterioso assim. Para esse fato existem pelo menos duas explicações tão plausíveis quanto corriqueiras. A primeira delas é que eu mesma, ligando para alguém, posso ter digitado erradamente um algarismo. Esse engano tão simples, como qualquer pessoa sabe, pode inviabilizar a ligação que a gente quer, nos ligando com quem a gente não quer. Ou então a pessoa que tinha aquele número, que era com quem a gente queria falar, trocou de número. Do ponto de vista técnico pode ser que existam ainda outras explicações que sequer imagino, fazendo com que meu número tenha ido para no celular do tal Severiano.

O pior foi o caso da mulher estressada, que encontrou – segundo ela – meu número no fone do marido e queria sabem quem eu era. Depois de muita conversa, terminei descobrindo que o número que estava lá no celular do marido dela não era o meu: a criatura, descontrolada, discou errado e terminou vindo parar no meu número! Pois é, meu caro leitor! Eu quase pago, e caro, por um pecado que não cometi…

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