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Ainda o barulho

Clotilde Tavares | 6 de outubro de 2009

Ontem andei aqui falando de barulho urbano. E hoje continuo com o assunto porque recebi alguns e-mails interessantes de pessoas relatando suas próprias dificuldades em lidar com essa praga urbana, como você pode ver em alguns comentários do post anterior, logo abaixo deste. Mas também recebi outros, que não publiquei porque a linguagem não se adaptava àquela adotada neste espaço, uma vez que envolvia xingamentos dirigidos a esta blogueira e prometia que ia sim continuar ligando o som do carro nas alturas, descrevia o equipamento, e terminava com a afirmativa: “Quem for podre que se quebre!”

Pelo tom do e-mail dava para deduzir o perfil do missivista. Deve ser jovem, entre 20 e 30 anos, do sexo masculino, classe média. Baseada na convivência que tive nos edifícios onde morei, e no que observo por aí no meu círculo de convivência, acrescento que geralmente, eu disse geralmente, são de classe média a média-alta, educados em colégios particulares, cursando faculdades também particulares. Gostam de “vaquejada, de forró e de cabaré”, como dizem as letras de suas músicas, e geralmente contam com o pai ou a mãe para tirá-lo de encrencas quando as coisas não vão bem. Na última novela da Globo havia um tipo assim, o “Zeca”. Resumindo, são essas as pessoas que chamo de “ceresumanos”. São muitos e às vezes eu tenho a impressão de que são maioria nessa faixa etária.

Voltando à questão do barulho, penso que é preciso atuar em três eixos.

O primeiro é a educação. Ações nas escolas precisam ser desenvolvidas, principalmente entre os bem jovens, quando as crianças ainda não se tornaram “ceresumanos”. Aulas, atividades, cartilhas, videos, tudo isso pode fazer com que essas crianças além de se educarem sejam multiplicadores da idéia de que a poluição sonora é danosa à saúde; elas também conheceriam as medidas punitivas que podem ser aplicadas aos barulhentos.

O segundo eixo é o da fiscalização e repressão ao barulho já existente. Aqui – volto a dizer – não adianta órgãos de fiscalização criados por governantes bem intencionados, mas sem a correspondente cota de pessoal ou viatura para fiscalizar. Em Natal, o uso do telefone 190 acionando a polícia para dar fim à algazarra funciona muito bem e, dessa maneira indireta, também “educa”.

O terceiro eixo é o que cabe a nós, cidadãos. É surpreendente o número de pessoas que se sente incomodada mas não faz nada, pelo medo de parecer “chata” ou “antipática”. Precisamos entender que a paz e o silêncio são um direito. Precisamos nos informar mais sobre essa questão, porque muita gente pensa que durante o dia é permitido fazer o barulho que quiser, e que a “lei do silêncio” só vale após as dez horas da noite. Barulho é barulho qualquer hora, e o cidadão tem o direito de reclamar.

Então: informe-se, eduque seu filho, fale sobre isso no seu círculo de amigos, cobre políticas educativas na escola em que ele estuda, vote em pessoas que estejam interessadas na questão do meio-ambiente, não tenha medo de parecer antipático, pois se trata de sua saúde, do seu bem-estar e da sua vida sem estresse. Sobretudo, reclame, faça valer seus direitos de cidadão e de habitante de um planeta que, se a gente nao tomar cuidado, daqui a pouco vai se tornar um lugar muito terrível pra se viver.

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Barulho é caso de polícia

Clotilde Tavares | 5 de outubro de 2009

Ontem à noite eu estava esperando um amigo para bater um papo. Esse amigo é Chico Guedes, que tem um blog maravilhoso sobre a Hungria, uma vez que ele é tradutor da língua magiar e apaixonado por aquele país. Mas não é sobre isso que quero falar, pois de húngaro não entendo nada e se você quiser saber mais vai ter que ir lá no blog do rapaz, que é muito interessante pois tem textos inteligentes, especialmente um sobre as planícies da Hungria, e fotos muito bonitas. Eu estava planejando que ficaríamos na varanda do apartamento, para desfrutar da prisa perfumada de Natal e da magnífica Lua Cheia que já se elevava no céu, parecendo uma figura de Goya, pálida, envolta em nuvens, como uma dama escondida atrás de sua mantilha de renda negra.

Essa poesia toda foi para o beleléu quando começou a maior barulhada na vizinhança. Algumas pessoas estacionaram um carro a uns cem metros de onde eu moro, na calçada de um prédio comercial, ligaram o som do veículo em toda altura e se empenharam em poluir a noite com o ruído aterrador dos seus sub-woofers. A música era de baixo nível, mas isso não vem ao caso pois não sou patrulha estética de ninguém; e naquele volume até canto gregoriano seria terrível.

Felizmente, meu caro leitor, aqui em Natal, onde voltei a morar depois de quatro anos na Paraíba, barulho não é caso de meio-ambiente: é caso de polícia. Liguei para o 190 – Rádio Patrulha e em coisa de 20 minutos a farra dos barulhentos terminou. Quando o meu amigo chegou, a paz já havia sido restaurada, a noite havia voltado a ser calma e suave e a Lua Cheia podia ser contemplada com deleite.

Tenho tolerância zero com barulho urbano, principalmente esse causado por equipamentos de som instalados em carros ou aquele oriundo de bares e botequins, que infernizam a vida de qualquer vizinhança. Em João Pessoa, onde morei durante quatro anos, havia um órgão que pretendia disciplinar isso mas não disciplinava coisa nenhuma porque não tinha viatura para atender aos chamados. E queixa de barulho tem que ser atendida na hora, e não no dia seguinte. Quando voltei para Natal, fiquei feliz de ver como a questão do barulho é tratada aqui; e nesses quase dois meses de moradia na Cidade do Sol, chamei a Rádio Patrulha duas vezes, com sucesso.

Nenhuma pessoa é obrigada a aturar barulho provocado por terceiros. O barulho é uma contravenção penal, prevista em lei, e inclui gritaria, algazarra, exercício de profissão incômoda ou ruidosa, uso abusivo de instrumentos sonoros ou sinais acústicos e barulho de animais, como cães, por exemplo. Prevê prisão ou multa, e quanto mais nós, incomodados, exercermos o direito que temos de reclamar, mais os barulhentos vão se educando e entendendo que não têm o direito de perturbar a paz alheia.

Eu faço parte de um grupo de discussão na Internet, o Barulho-Br. Lá são mostradas muitas situações de barulho, e as soluções que podem ser encontradas. Além disso, o setor de links do grupo tem muitos textos e legislação que podem orientar a pessoa que vem sofrendo com esse tipo de incômodo.

Veja também os posts:

O cachorro do vizinho

O barulho vem de jegue

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Ventiladores

Clotilde Tavares | 4 de outubro de 2009

Estava eu sem assunto no dia de hoje. Aí, no meio do calor, fiquei assim olhando para o circulador de ar que torna a minha vida suportável e, zapeando pelos sites, encontrei esses ventiladores para refrescar o seu domingo.

Em forma de galo…

De paisagem, com bonequinho Hello Kitty…

Mais um Hello Kitty…

Esse para colocar na aba do boné…

Este com mensagem…

E finalmente a felicidade do cachorrinho desfrutando o vento!

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Olimpíada 2016 – a festa do Rio de Janeiro

Clotilde Tavares | 3 de outubro de 2009

Acompanhei ontem com emoção a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada de 2016. No twitter, os comentários de sucediam, e eu me diverti muito porque, além da torcida normal de uma ocasião dessa havia ainda as piadas, cada qual mais engraçada do que a outra, e, como toda piada  que se preza, oscilando através de vários graus da escala do políticamente incorreto.

Desde o engraçadíssimo Yes, we crew, de Marcelo Tas e Xico Sá propondo malabarismo em semáforo como esporte olímpico, foi engraçado ver alguém dizendo que na abertura “Ronaldo leva a tocha e Marcelo D2 acende”, outro lembrando que “Vanusa vai ter sete anos pra aprender a cantar o Hino” e um terceiro levantando a possibilidade de Niemeyer começar a treinar assim que sair do hospital.

E as piadas não param. Dizem que as medalhas vão ser de “ouro, prata, bronze e chumbo” e sugerem que os sete anos que nos separam das Olimpíadas são suficientes para aposentar Galvão Bueno.

Piadas à parte, fiquei feliz. Nesse momento agora, não me interessa se metade da verba vai ser desviada, se vai faltar dinheiro para saúde e educação, se a bandidagem no Rio de Janeiro vai deitar e rolar, se os engarrafamentos vão ser imensos, e todos os outros argumentos que estão usando para tentar empanar a alegria desta hora.

Todos esses problemas podem acontecer, e provavelmente vão acontecer, mas minha gente! Numa hora dessa, em que estamos pela primeira vez na América Latina sediando uma Olimpíada, é muito ruim torcer contra. É feio, é mesquinho, é pobre. O que a gente tem que fazer daqui pra frente é exercer o papel de cidadão, cada um dentro da sua esfera de atuação, e fiscalizar o que é que vão fazer com essa grana toda, ver como é que as verbas vão ser aplicadas através dos mecanismos controladores de que a sociedade dispõe. O melhor desses mecanismos é o voto, e no próximo ano já vai ser possível aplicá-lo.

No mais, é comemorar, alegrar-se com a festa do esporte, com a celebração da saúde e da alegria, e torcer para que mais uma vez nossos atletas subam ao pódio coroados de ouro.

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Os blogs de Margareth Duval

Clotilde Tavares | 2 de outubro de 2009

Nesta sexta-feira quero lhe dar um presente: a visita aos blogs de Margareth Duval, profissional da área de Comunicação, onde faz quase de tudo.

Na sua apresentação, ela diz que tem “… paixão pelas artes. Vintage, retrô e afins, (…) livros – principalmente os ligados à história e biografias. Imagens, quaisquer, de revistas em quadradinhos (se preferirem, em quadrinhos) a fotografias e pinturas de grandes mestres, assim como a arte Naïf, desde que transpirem a vida capturada e não aprisionada… amo as que permanecem nas retinas.”

Os blogs de Margareth Duval e a sua revista eletrônica merecem visita demorada e leitura minuciosa. Eu ainda estou perdida neles, com os olhos transbordantes de imagens e o juízo aos pinotes com algumas coisas que vi lá.

E você? Espera o quê? Clique nos links e viaje!

Mol-TaGGe – Arte, cultura e vintage.

Spiritus Litterae

Nos Blogs

E o outro blog dela você vai ter que descobrir sozinho porque eu gostei tanto que vou guardar o endereço só pra mim!

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A gaiola do mundo

Clotilde Tavares | 1 de outubro de 2009

Ontem de tarde eu estava escrevendo. Diante de mim, a TV ligada e meus olhos pulando da tela da TV para a tela do notebook. Escrevo melhor no meio da confusão, e se tem muito silêncio, paz e tranquilidade minhas idéias somem e eu não sou capaz de redigir uma só linha. Para completar, a dez metros do meu quarto andar, passa uma das mais movimentadas avenidas da cidade. Pois bem: lá estou eu escrevendo quando um som agudo me chamou a atenção. Um pássaro empoleirado no peitoril da varanda, emitia um trinado impossível de tão alto, e como veio, foi embora, me deixando suspensa e encantada com a visita.

São eles, os meus amigos alados, que me descobriram aqui e já vieram me visitar. E para compartilhar com você essa minha relação com os passarinhos, publico aqui a crônica escrita em 2006, quando ainda morava na Paraíba. O texto também está no meu livro “Coração Parahybano”.


O bem-te-vi.

O bem-te-vi.

Quando eu morava em Natal, na minha casa grande, cheia de plantas, árvores e orquídeas, os passarinhos me visitavam com freqüência. Os bem-te-vis faziam a festa, havia um beija-flor azul que vinha pontualmente às seis e meia da manhã beber todo o mel de uma plantinha de flores vermelhas e vez por outra aparecia ele: o canário-da-terra, o rei do pedaço, de cor marrom-avermelhada, que fazia a maior folia debaixo do coqueiro.

Aqui em João Pessoa, na varanda de um oitavo andar, ainda tentando adaptar plantas que trouxe do Rio Grande do Norte a uma varanda onde o vento chega a ser às vezes destruidor de caules e corolas, já comecei a reencontrar meus pequenos amigos.

O beija-flor azul.

O beija-flor azul.

O bem-te-vi vive na mais alta antena de TV do prédio, e de lá faz seu palco de canto espetacular; e o minúsculo beija-flor já me visitou uma vez, olhando para mim através da vidraça como quem pergunta: “Clotilde, cadê meu mel? Cadê minhas florzinhas vermelhas?” Mas faltava o canário. Aí, uma manhã dessas, ouvi o trinado. Ele estava cantando. Não somente cantando como também pipilando, currucheando, assoviando, arrulhando, chilreando e fazendo todos aqueles magníficos barulhos que tornam o canto do canário tão maravilhoso. Mas esse tinha algo diferente; era um canto mais elaborado, e pesquisa aqui, pesquisa acolá, descobri que quem cantava era um canário belga, um primo mais sofisticado do pequenino canário da terra que brincava debaixo do meu coqueiro.

O canário.

O canário.

Mas onde se escondia o estridente passarinho? Quando ele começava, eu ficava de janela em janela, procurando descobrir onde estava a avezinha, e nada. Aí, peguei o binóculo e fiz campana, esquadrinhando toda a vizinhança até que o descobri, numa gaiola na varanda do terceiro andar do prédio vizinho.

Agora, estando em casa, quando ele começa, eu largo o que estou fazendo e vou assistir da janela da área de serviço ao concerto vocal, à sessão de canto lírico, à ária apaixonada que esse pequeno soprano coloratura me dedica, porque já sei que ele canta somente para mim.

Seu pequeno coraçãozinho de pássaro chora a saudade da liberdade, dos campos verdes, das matas, dos coqueiros, do céu azul, da chuva, do sol e da brisa dos tabuleiros. Preso, sem poder voar, vive cantando, e meu coração de gente também lamenta com ele porque eu também, passarinho, vivo presa na gaiola do mundo, que às vezes me parece tão pequena para os meus anseios, para os vôos da minha alma, para as viagens da minha consciência, para o palpitar do meu coração.

Meu coração e o teu, passarinho, cantando juntos a saudade dos espaços infinitos.


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Trabalho e prazer

Clotilde Tavares | 30 de setembro de 2009

Tem gente que adora o que faz no trabalho; outros odeiam, mas ganham muito bem, e continuam fazendo. A sabedoria popular é quem diz que “quem faz o que gosta não precisa trabalhar”. Mas infelizmente muitas vezes não é possível trabalhar naquilo que gostamos. Em épocas de crise como a nossa, precisamos trabalhar no que aparece e não naquilo em que preferiríamos.

A necessidade de refletir sobre o trabalho é imprescindível para viver bem nos dias de hoje. O mundo do trabalho, dos empregos, está mudando. Um conceito que prevalece mais e mais a cada dia no mundo dos negócios é o conceito de “trabalho prazeroso”. Isso quer dizer que só vale a pena trabalhar se esse trabalho der prazer. O empresário antenado com as mudanças não está mais interessado no “empregado”, que é aquele que “se puder, trabalha menos”. O interesse hoje é no “empreendedor”, que é aquele que “se puder, trabalha mais”.

E qualquer um de nós só trabalha além do mínimo se gostar do que faz. Os empresários estão procurando para contratar pessoas que trabalhem como os artistas. Ora, como é que um artista trabalha? Um cantor, um músico, um ator, um artista plástico, geralmente se entregam à tarefa que fazem – cantar, tocar, atuar, pintar – com um grande prazer e uma dedicação integral.

Você já reparou como é apertada a agenda de muitos artistas? Já reparou que eles trabalham num ritmo que muitos de nós, simples mortais, jamais pensaríamos em conseguir no nosso trabalho normal? O que acontece é que na nossa sociedade, há um grande preconceito contra o trabalho prazeroso. Desde que Adão foi expulso do Paraíso com as palavras terríveis “Comerás o pão com o suor do teu rosto” ainda ecoando nos ouvidos que o homem associa o trabalho com o sofrimento e o sacrifício.

Isso se complica quando um jovem quer trabalhar em coisas que, para a geração mais velha, não são necessariamente “trabalho”. Quando um jovem resolve ser músico, o pai pergunta: “Tudo bem. Mas quando é que você vai arranjar um trabalho de verdade?” Isso é dito como se tocar profissionalmente não fosse um trabalho muitas vezes mais cansativo do que frequentar uma repartição pública das oito às doze e das duas às seis. Ficamos também desconfiados quando vemos alguém feliz com o trabalho. Pensamos lá com os nossos botões: “Bem, se é tão agradável assim, não deve ser trabalho.”

Conheço uma jovem que é especialista em Biologia Marinha, e trabalha de biquini, pé de pato e máscara de mergulhador. A família não aceita essa atividade como trabalho e sempre se refere a ela como “as férias eternas de fulana”, muito embora ela ganhe mais dinheiro do que o seu irmão, que é advogado.

As empresas não estão mais interessadas em “mão de obra” mas em seres humanos empreendedores, felizes e criativos e isso só se consegue se o indivíduo estiver envolvido afetivamente com o seu trabalho. É preciso então seguir as inclinações do nosso coração, ao escolher algo em que vamos trabalhar, muitas vezes para o resto das nossas vidas. O trabalho que nos dá prazer é, assim, uma garantia de felicidade.

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Seis meses blogando todo dia

Clotilde Tavares | 29 de setembro de 2009

Quando comecei este blog, em 26 de março deste ano, não achava que fosse póssivel levar a cabo o que me propus: colocar todos os dias um assunto novo à disposição do leitor, para que ele adquirisse o hábito de vir aqui diariamente, na certeza de encontrar sempre uma novidade, algo novo para ler. Pois não é que, contrariamente a essa minha previsão pessimista, venho conseguindo manter o blog no ar e atualizado?

E para quem chegou aqui recentementemente, eu preciso dar umas informações. A primeira delas é que este blog Umas & Outras não tem um tema definido. São crônicas sobre o cotidiano, observações que faço quando vou a algum lugar ou simplesmente vagueio pela cidade, comentários sobre livros, filmes e programas de TV, e, obviamente, textos opinativos, porque tenho minhas opiniões sobre ass coisas e gostos de expô-las.

Há seis meses, completados antes de ontem, que escrevo aqui todo dia, excetuando pouquíssimas ocasiões em que estava doente e completamente sem condição de escrever. Sempre honrei este compromisso com você com textos escritos ou visuais – e chamo de textos visuais àqueles posts onde coloco só figuras, mas figuras expostas dentro de uma temática, dentro de um contexto, costuradas por uma idéia. E esses textos visuais feitos somente com figuras me dão mais trabalho do que simplesmenete escrever!

O Umas & Outras, exercício literário que quero fazer durante um ano, já chegou na metade do caminho. Cerca de 600 a 700 internautas me visitam todo dia. Poucos deixam comentários, mas um número razoável escreve direto pro meu email e comenta.

Então, meu caro leitor, continue por aqui. Volte sempre e traga os amigos. Estarei aqui todo dia, trocando uma idéia, comentando sobre a vida, opinando, escrevendo, compartilhando este pedaço da minha vida com você.

Veja também:

O primeiro post deste blog

Dois meses no ar

Um post só de figuras

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Vaidade das vaidades

Clotilde Tavares | 28 de setembro de 2009

A maioria das pessoas alimenta o sonho de ficar rico. Por isso é que as mega-senas da vida têm tanto sucesso e aceitação. Nada de mais. Ficar rico, ter muita grana, poder fazer o que quiser sem as limitações impostas pela ausência do vil metal deve ser bom demais.

Só que riqueza é uma coisa muito relativa. Uma revista norte-americana mantém atualizado um ranking de ricos, medido pelo tamanho da fortuna em dólares, quero dizer, em bilhões de dólares. Na minha terra, em Campina Grande, onde o povo é exagerado, os ricos também o são; e ouvi dizer que um deles, ao construir a casa nova, nela incorporou não mera e comum quadra de volei ou tênis, mas um campo de futebol nas dimensões oficiais, e chamou Pelé, o rei Pelé, para dar o chute inaugural. Outro – esse eu vi – estava bebendo em um bar nas cercanias de Mamanguape-PB, com a camionete cabine dupla estacionada em frente. Mal vestido, de chinelas, não parecia ter grana. O garoto que atendia às mesas duvidou que o carro fosse dele e ele, o rico, para mostrar que o era, pegou do chão uma pedra e destruiu o para-brisa do próprio carro somente para comprovar sua propriedade.

Qualquer coluna social de província – porque elas estão cada vez mais extensas e variadas, invadindo o espaço dos cadernos culturais dos jornais – exibe os símbolos de riqueza material que enchem os olhos dos deslumbrados: festas descritas em detalhes onde os ditos “ricos” degustam champanhe, crentes que pertencem a uma camada especial da humanidade. Mas no outro dia, meu caro leitor, você vê esse povo todo no trampo, trabalhando, ralando, nos escritórios, consultórios, jornais, empresas, indústrias e outras instâncias da produção de riqueza. No outro dia lá estão todos eles, ainda um pouquinho ressacados, mas suando – pouco – a camisa no ar condicionado, com obrigações, agendas, compromissos e reuniões de trabalho.

Jorginho Guinle

Jorginho Guinle

Ai eu pergunto: e será isso riqueza? Será que esses são realmente os ricos? Rico trabalha? O pobre quer ficar rico para deixar de trabalhar; aí ele descobre que ser rico – pelo menos na província – também dá muito trabalho. Quem estava certo era Jorginho Guinle, rei dos play-boys brasileiros: ser rico é não precisar trabalhar e ele se gabava de nunca ter trabalhado um só dia na sua vida.

Imediatamente me lembrei de Lady Caroline Astor, dama da alta sociedade norte-americana na década de 1890 e que reinava soberana do alto da sua opulenta mansão vitoriana onde passava o verão em Newport, Rhode Island. Foi dela a idéia de criar o “400”, o primeiro índice de “colunáveis” dos Estados Unidos. O índice continha apenas 400 nomes porque era o número de pessoas que cabiam no seu salão de baile. Neste salão, com mais de 600 metros quadrados, havia 833 janelas e espelhos e ser convidado para as recepções de Mrs. Astor em Beechwood – que era o nome da mansão – era quase como ser promovido a santo: significava ser admitido numa classe especial de gente que era diferente dos mortais comuns e, principalmente, para diferenciá-los dos ricos que não eram ricos de verdade.

Beechwood

Beechwood

O conceito de riqueza de Mrs. Astor que norteava a escolha dos seus quatrocentos eleitos era simples: ter pelo menos um milhão de dólares (que no final do século XIX era dinheiro) e não ter trabalhado por três gerações, o que quer dizer que além do camarada não trabalhar, seu pai e seu avô também não deveriam ter trabalhado. O escolhido, além de ser ocioso de carteirinha, tinha de ser também ocioso hereditário.

Essas histórias me vêm à cabeça sempre que vejo aqui na província essas festas descritas nas colunas sociais ou quando ouço alguém dizer que comprou um sofá por dez mil reais.

Futilidade,vaidade, insulto terrível e sem perdão a quem ganha salário mínimo nesse país de desvalidos, todos esses pecados acabo de cometer quando ocupo seu tempo e este espaço para essa minha breve digressão entre os ricos de verdade e os ricos de mentira. Mas não sou santa, meu caro leitor, e como você também não é, espero que tenha se distraído um pouco com este papo fútil, para animar esse início de semana onde estamos todos no final do mês e, ricos ou pobres e remediados, esperamos com ansiedade o nosso contra-cheque.

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O baobá, gigante vegetal

Clotilde Tavares | 27 de setembro de 2009
Os baobás da Lagoa do Piató, em Assu-RN.

Os baobás da Lagoa do Piató, em Assu-RN.

Andei um dia desses falando aqui sobre as árvores, comemorando o seu dia; aí hoje me lembrei de uma paixão que tenho por uma árvore muito especial: o baobá, que é uma árvore sagrada para muitas culturas. Sua altura descomunal e sua circunferência avantajada o tornam um gigante entre as outras espécies, elevando-o a objeto de culto entre as tribos da África, de onde parece ser nativo. Para essas culturas, não é somente uma árvore: é portadora de uma grande e poderosa energia, e em muitas comunidades é considerada um “espírito protetor”.

Somente no Rio Grande do Norte existem, catalogados, dez baobás, sendo que sete deles se encontram no município de Assu, na fazenda Curralinho, às margens da lagoa do Piató. Existe mais uma dessas árvores em Jundiaí, outra em Nísia Floresta – cuja idade real provavelmente é muito maior do que aquela que está registrada na placa que existe na árvore – e o famoso “Baobá do Poeta”, que o poeta e advogado Diógenes da Cunha Lima em boa hora salvou do sacrifício comprando o terreno onde a árvore “residia” quando o proprietário, querendo construir no local, ameaçava derrubar a árvore.

O prof. John Rashford e o poeta Diógenes da Cunha Lima. Atrás, o "Baobá do Poeta".

O prof. John Rashford e o poeta Diógenes da Cunha Lima. Atrás, o "Baobá do Poeta".

Diógenes comprou a área, mandou cercar e tomou o baobá como seu filho adotivo. Ele lá está na rua São José, quase na esquina da Avenida Alexandrino de Alencar. Sempre passo por ali para ver como vai a imponente árvore e você que está lendo, se planeja visitar Natal, não deixe de ver essa preciosidade. Não sou botânica, nem agrônoma, mas amo as árvores e elas se entendem muito bem comigo. O baobá me disse, da última vez que passei por lá, que está tudo bem, embora esteja atravessando um período de seca, natural numa espécie acostumada com os rigores do clima africano.

Por conta desse meu amor pelas árvores, fotografei os baobás de Assu e coloquei-os no meu site. Lá, eles foram descobertos pelo professor John H. Rashford, da Universidade de Carolina do Sul nos Estados Unidos. Esse cientista é especialista em baobás e árvores sagradas, e estava para fazer um levantamento dos baobás existentes na América Latina e Caribe. Viu os baobás do Rio Grande do Norte no meu site, e veio parar aqui em Natal onde peregrinamos durante dois dias, sob os auspícios de Diógenes da Cunha Lima, medindo e fotografando todas essas árvores. Segundo o Dr. Rashford, o “baobá do poeta”, o filho adotivo de Diógenes, aquele mesmo que está aqui bem pertinho de nós é o segundo maior da América Latina e Caribe.

O Prof. Rashford mede a circunferência do "Baobá do Poeta".

O Prof. Rashford mede a circunferência do "Baobá do Poeta".

Então, minha gente, uma vez atualizados os nossos conhecimentos sobre o baobá, eu vou aproveitar a manhã para fazer uma visita à árvore, com calma, matando as saudades, como se estivesse visitando um parente muito velho, com muita coisa para me ensinar. Vou permanecer em silêncio ao lado desse gigante vegetal, regular o meu vermelho e agitado coração com o verde e calmo coração da planta e deixar brotar em a coragem dos chefes guerreiros que, nos tempos primitivos, eram sepultados de pé, com todas as suas armas, nas fendas da árvore. E sei que vou ficar feliz de pertencer a um mundo que nos dá de presente tantos e tão inusitados prodígios.

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