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Superpoderes

Clotilde Tavares | 24 de agosto de 2009

Um dia desses a gente estava conversando sobre os super-heróis das histórias em quadrinhos e seus superpoderes. E circulou a questão: qual o superpoder que você gostaria de ter? Saiu de tudo: voar, ficar invisível, ler o pensamento dos outros, enxergar através das paredes, transformar-se em outra pessoa… Alguns falaram que tudo isso só tinha utilidade se fosse, também a exemplo dos super-heróis, para ajudar aos fracos e oprimidos.

Aí eu fiquei pensando que, se observarmos bem direitinho, todos nós temos esses superpoderes. Pelo menos eu tenho, e se eu tenho, caro leitor, você também tem. Por exemplo: voar. É verdade que não podemos voar fisicamente, suspensos no ar como o faz o Super-Homem, mas podemos voar nas asas da imaginação, nos transportando para qualquer lugar – ou época – que a gente queira. Quanto a ler o pensamento dos outros, nada mais fácil, uma vez que as pessoas, através de seus gestos, olhares e posturas estão sempre traindo a si mesmas, se entregando e revelando o que pensam. Com um pouco de observação, você é capaz de saber quase exatamente o que se passa na cabeça do seu semelhante, na maioria das ocasiões.

A habilidade de enxergar através das paredes, a famosa visão de Raios-X, talvez não seja um superpoder muito agradável, uma vez que entrar na intimidade dos outros sempre nos revela coisas que talvez fosse melhor ficar sem saber. Transformar-se em outra pessoa, característica dos X-Men, é coisa que venho fazendo há muito tempo no teatro, quando já fui uma condessa do século XII, um vagabundo sem vintém, uma cigana velha e cheia de histórias, uma suave velhinha com seu tricô e óculos ou uma dona de casa viciada em novelas de rádio, entre outros personagens já assumidos e representados no palco.

Mas a característica maior dos super-heróis, que é ajudar os fracos e oprimidos, está ao alcance de todos nós e graças a Deus e não precisa de superpoder nenhum: basta coragem e determinação. Isso é coisa que venho fazendo há muito tempo, quando boto a boca no trombone para defender aquelas causas que abracei, como a causa do teatro, da arte, e da cultura, causas essas que sempre estão lutando com dificuldade nesta terra-brasilis de muita burocracia e pouca sensibilidade.

Pensando nessa história de superpoderes me vem à mente uma coisa que os super-heróis não têm, mas que seria um super-super-superpoder pra lá de genial: a possibilidade de comer de tudo sem engordar. Essa realmente seria uma super-habilidade fantástica e que muito nos auxiliaria na eterna briga com a balança e a fita métrica.

Finalmente, a capacidade de se tornar invisível, que todos pensam ser algo impossível, eu garanto que é muito fácil e dou a receita ao meu leitor: é só entrar em qualquer repartição pública para resolver um problema. É como se você fosse invisível, na busca desesperada de atenção de algum funcionário. Reclamar qualquer coisa em repartição pública é garantia de invisibilidade na certa. Experimente.

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Extreme makeover

Clotilde Tavares | 23 de agosto de 2009

Você não tem ideia do que é uma mudança. Ou melhor: você não tem ideia do que é a MINHA mudança. Não há os objetos habituais: mesa com aparador e seis cadeiras, racks cheios de divisórias, armários embutidos que é preciso desmontar e montar novamente depois, armários de cozinha, camas-box king size ou espelhos bisotados de cristal.

Nenhum desses objetos faz parte do meu modesto mobiliário. Somente o grupo estofado e a cadeira da mamãe, além da cama de casal do menor tamanho. Não tenho mesa de jantar, nem armários de nenhum tipo. Odeio armários com portas e tudo que tenho é guardado em prateleiras e estantes abertas.

Ah! Mas tenho estantes. E mesinhas. E estantes menores. E prateleirinhas. Elas abrigam os meus 1.800 livros, papéis, caixas, arquivos, pastas e mais objetos, coleções, porta-retratos, milacrias, trocinhos, coisinhas, miudezas, bric-à-brac ou como queiram chamar as dezenas de inutilidades que eu tenho em casa e que fazem a minha felicidade no cotidiano e o meu terror nos dias de mudança.

Para completar, cheguei em Natal terça-feira no dia 18, e ainda não tenho internet e nem vou ter tão cedo, porque primeiro é preciso solicitar uma linha fixa, que ainda não funciona pois a fiação interna do prédio tem problemas que só serão resolvidos na segunda-feira dia 24; aí é que eu vou poder solicitar o Velox, que demora uns três dias para entrar no ar. Não estou respondendo direito meus e-mails, nem twittando, nem podendo checar os comentários do blog com frequência.

Tenha paciência. Eu não estou tendo, mesmo com tanta troçada para colocar no lugar? Enquanto isso, distraia-se com as fotos desta minha experiência, na base de “extreme-makeover”.

Assim ficou meu apartamento em João Pessoa depois de tudo embalado.

Assim ficou meu apartamento em João Pessoa depois de tudo embalado.

E as estantes, vazias dos 1.800 livros, que jazem nas caixas, prontos para viajar.

E as estantes, vazias dos 1.800 livros, que jazem nas caixas, prontos para viajar.

É nesta rua que vou habitar, em Natal. Rua Miguel Castro. Lá em cima passam a "Romualdo" e a "Prudente", ou seja, a av. Romualdo Galvão e Prudente de Morais. Abaixo, quase na esquina do meu prédio, a Av. Salgado Filho. Perto de tudo.

É nesta rua que vou habitar, em Natal. Rua Miguel Castro. Lá em cima passam a "Romualdo" e a "Prudente", ou seja, as avenidas Romualdo Galvão e Prudente de Morais. Abaixo, quase na esquina do meu prédio, a Av. Salgado Filho. Perto de tudo.

Chegando no apartamento, com a parede verde/azul esperando meus quadros, a grande sala e depois a varanda.

Chegando no apartamento, com a parede verde/azul esperando meus quadros, a grande sala e depois a varanda.

Agora a visão contráeria, da cozinha americana e a parede azul que dá entrada à área do unico quarto e único banheiro (quanto menos melhor, pois limpa-se mais rápido).

Agora a visão contrária, da cozinha americana e a parede azul que dá entrada à área do único quarto e único banheiro (quanto menos melhor, pois limpa-se mais rápido).

Chega a mudança, e começa o caos.

Chega a mudança, e começa o caos.

Os 1.800 livros cada um procurando seu lugar...

Os 1.800 livros cada um procurando seu lugar...

Batista, que pintou o partamento, trocu as portas, instalouar condicionado e máquina de lavar, revisou todas as torneiras e sifões, pendurou as cortinas do quarto e me ajudou a tirar os 1.800 livros das caixas. É o Faz-Tudo mais Faz-Tudo que já conheci.

Batista, que pintou o apartamento, trocou e pintou as portas, instalou o ar-condicionado e máquina-de-lavar, revisou todas as torneiras e sifões, pendurou as cortinas do quarto e me ajudou a tirar os 1.800 livros das caixas. É o Faz-Tudo mais Faz-Tudo que já conheci.

Almoço nesta mesinha da varanda, vendo ao longe as dunas e logo na esquina o movimento da Av. Salgado Filho.

Almoço nesta mesinha da varanda, vendo ao longe as dunas e logo na esquina o movimento da Avenida Salgado Filho.

A tarde cai, a noite vem, e da janela da area de serviço, voltada para o Sudoeste, vejo o belo céu de Natal. Essa janela fica na direção do Machadão e do Natal Shopping.

A tarde cai, a noite vem, e da janela da área de serviço, vejo o belo céu de Natal. Essa janela fica na direção do Machadão e do Natal Shopping.

Ainda na área de serviço, na janela Sul, vejo ao fundo as dunas e à direita a Casa da Moeda, ou melhor a Igreja de Edir Macedo.

Ainda na área de serviço, na outra janela, vejo ao fundo as dunas e à direita a Casa da Moeda, ou melhor, a Igreja de Edir Macedo.

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Dia Internacional do Folclore

Clotilde Tavares | 22 de agosto de 2009

Uma das coisas de que eu mais gostava na minha meninice era quando Mamãe me levava para os pequenos lugarejos perto de Campina Grande, no domingo, para ver as corridas de argolinha. Lugares como São José da Mata, Pocinhos, Lagoa Seca, todos pertinho de Campina, ainda tinham esse divertimento tradicional que misturava habilidade, destreza, tradição e um pouco de romance.

Corrida de argolinha em Janduís-RN

Corrida de argolinha em Janduís-RN

Para quem não sabe, a corrida de argolinha tem sua origem nos antigos torneios medievais, quando os cavaleiros demonstravam suas habilidades no manejo da lança, montados em seus corcéis. Consiste em um arco, ou poste todo enfeitado de papel colorido, do qual pende amarrada por um barbante uma pequena argola, do tamanho de um anel, que deve ser retirada com a ponta da lança pelo cavaleiro em disparada. A argola é então presenteada a alguma moça com a qual o moço simpatize.

Segundo Cascudo, que dedica à corrida de argolinha um dos verbetes do seu insubstituível Dicionário do Folclore Brasileiro, o divertimento aparece no Brasil inteiro desde o século XVI, em pontos variados do seu território, mantendo praticamente as mesmas características, sendo uma “sobrevivência” das justas travadas na Idade Média.

Era assim que a argolinha se apresentava para mim na infância. Nos dias de festa, as corridas tomavam um aspecto mais tradicional, com cavaleiros vestidos de branco e divididos em times nas cores azul e encarnado (porque no interior não é vermelho: o nome é “encarnado”). Mamãe, minha primeira professora de folclore, explicava: os azuis são os cristãos e os encarnados são os mouros, os pagãos, que não acreditam em Deus. Mesmo assim com essas explicações ela torcia pelo encarnado “porque era uma cor mais bonita” e eu torcia também, e torço até hoje.

Era uma beleza de se ver aqueles rapazes enormes em cima dos poderosos cavalos – era assim que me parecia, na pequenez dos meus cinco, sete anos de idade. Eles disparavam deixando atrás de si rolos de poeira, os cavalos em tropel tirando lascas do solo, a comprida lança de madeira enfeitada de fitas, mirando algo tão pequeno que eu não conseguia enxergar de onde estava. E depois lá ia o herói, suado, no resfolego da montaria, entregar à namorada a pequena argola dourada.

Com este registro quero hoje, 22 de agosto, Dia Internacional do Folclore, louvar todos os que fazem a cultura popular: artistas, brincantes, artesões, e demais agentes que, de forma rica, profunda e tradicional trasmitem arte, cultura, conhecimento, práticas e saberes. Também faço esta louvação aos pesquisadores – entre os quais me incluo – que fazem por onde a cultura popular seja valorizada, que a estudam, documentam e refletem sobre ela.

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O poder de síntese da poesia nordestina

Clotilde Tavares | 21 de agosto de 2009

Uma coisa que sempre me surpreende na poesia popular nordestina é a capacidade de síntese dos poetas. Em poucas palavras, arrumadas em um estrofe de seis linhas conhecida como sextilha, o poeta consegue expressar de forma completa um pensamento, um sentimento, uma idéia ou até mesmo resumir uma história.

Veja, por exemplo, a primeira estrofe do folheto de cordel “O Pavão Misterioso”, da autoria de José Camelo de Melo Rezende, folheto esse que deve ter sido publicado nas primeiras décadas do século XX:

“Eu vou contar a história
De um pavão misterioso
Que levantou vôo da Grécia
Com um rapaz corajoso
Raptando uma Condessa
Filha de um conde orgulhoso…”

Apenas com uma estrofe o poeta situa a história, transmite o clima de aventura e perigo e introduz o conflito da trama, que se estabelece entre o rapaz e o conde, em disputa pelo amor da Condessa; de quebra, caracteriza os personagens, atribuindo coragem ao rapaz, orgulho ao conde e beleza à tal condessa, é claro, que ninguém vai se dar ao trabalho de raptar mulher feia.

Quer outro exemplo? Pergunte a qualquer pessoa quais são as três piores coisas do mundo, e peça para explicar por que. Nove entre dez mortais vão passar uma hora explicando e gastando palavras. O poeta não. Veja essa décima (estrofe de dez linhas) atribuída a Louro Branco que responde à sua pergunta:

“Um grande sábio profundo
Me perguntou certa vez
Se eu conhecia as três
Piores coisas do mundo
Lhe respondi num segundo
E lhe dei explicação:
– Doido, mulher e ladrão.
Doido não tem paciência
Ladrão não tem consciência
E mulher não tem coração.”

Sintético, enxuto, exato, na medida. Uma estrofe perfeita.

Outra da qual gosto muito é uma sextilha atribuída ao poeta pernambucano Antonio Marinho, sogro do não menos famoso vate Lourival Batista, dos Batistas de São José do Egito. Sobre a saudade, fala Antonio Marinho:

“Quem quiser plantar saudade
Escalde bem a semente
Plante num lugar bem seco
Quando o sol tiver bem quente
Pois se plantar no molhado
Ela cresce e mata a gente.”

A quem estiver estranhando essa coisa de “atribuído a…” explico que na poesia popular essa questão de autoria é assim mesmo meio nebulosa, meio confusa, meio incerta. Para não errar, prefiro dizer que o verso é “atribuído a” do que fechar questão quanto ao autor.

Outro primor da síntese é uma estrofe que escutei por aí, da qual não sei o criador:

baralho(1)

“O baralho tem quatro ás
Quatro dois e quatro três
Quatro quatro e quatro cinco
Quatro nove e quatro seis
Quatro oito e quatro sete
Quatro dez, quatro valete
Quatro dama e quatro reis.”

Não poderia concluir este registro sem falar em Rosil Cavalcanti, compositor genial de obras musicais como “Sebastiana”, “Tropeiros da Borborema”, e tantas outras. Basta dizer que Rosil foi aceito na Academia de Letras de Campina Grande apenas pelas suas letras, apenas pelas suas composições, sem nunca haver escrito um livro. A cadeira do qual foi patrono e fundador foi depois ocupada por meu pai, o jornalista e poeta Nilo Tavares, coisa que muito nos gratificou. Rosil Cavalcati é o autor de “Moxotó”, cuja letra é um verdadeiro e estudo sociológico da região que ele descreve na canção, com todas as suas características geográficas, econômicas, antropológicas e sociais:

“Você precisa conhecer uma terra boa
Você precisa conhecer o Moxotó
Pra ver o cabra entrar no mato encourado
Derrubar touro montado
Pegar cobra e dar um nó.
Lá tem vaqueiro que emborca no carquejo
Quebrando arapiraca
Tem sim senhor
Tem caçador que pega onça de mão
E sangra de faca
Tem sim senhor
Tem fazendeiro que morre e não sabe
Quantas reses tem
E tem morena de fala doce e amena
Que em outra terra não tem
Isso também tem…”

Oitenta palavras e toda a região passa como um filme, à sua frente! Genial.

Lagoa do Puiú, município de Ibimirim-PE, em pleno Moxotó, onde meus parentes ainda habitam, criam e cultivam.

<br>
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Antonio Marinho, Ibimirim, Louro Branco, Louruval Batista, Moxotó, Nilo Tavares, poesia popular nordestina, Rosil Cavalcanti
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10 dicas para o vendedor

Clotilde Tavares | 20 de agosto de 2009

Mudei de apartamento – alías, estou mudando ainda, uma vez que estou aqui no meio do caos: caixas e mais caixas de livros e papéis, uma bagunça – e nesse processo de mudança precisei comprar material para mandar pintar o apartamento, trocar umas portas, essas coisas que a gente faz quando se muda.

materiais-de-construcaoEntão foram visitas e mais visitas às lojas para compras; e depois de entrar em contato com o bom e o mau atendimento elaborei umas regrinhas para um dia quando eu tiver a minha própria loja fazer meus funcionários seguirem, já que não me meto a dar conselhos para as lojas dos outros, que podem até alegar a minha falta de um título de especialista em vendas, que eu realmente não tenho. Especialista ou não, se eu tiver um dia uma loja, as regras seguintes vão valer para todos os vendedores.

1) Olhe o cliente nos olhos. É muito desagradável quando estamos fazendo uma compra e o vendedor fica com o olhar perdido no espaço, como se não estivesse ali.

2) Evite conversar com outra pessoa sobre assuntos pessoais enquanto atende o cliente. Há uma loja na qual eu eventualmente compro artigos para cabelo, unhas e maquilage onde as vendedoras conversam aos gritos umas com as outras enquanto nos atendem. Coisas assim: “Mulher, tu ligasse pra ele? Ele disse o quê? Mulher, se tu sair de novo com ele, tu é quem não presta, visse?…”

3) Sorria. Não custa nada, cria um ambiente de simpatia e de bom humor que facilita a venda. Aliás, fica difícil fazer qualquer coisa no mundo sem bom humor. E gente mal-humorada é a praga do mundo.

4) Jogue fora o chiclete. Mascar chiclete enquanto fala com o cliente? Nem pensar! Mascar chiclete por si só já é uma razoável falta de boas maneiras e no ambiente de trabalho, enquanto se está lidando com o público, nem se fala.

5) Não abandone o seu cliente, que está ali para comprar um item qualquer, por um cliente recém-chegado que parece que vai fazer uma grande compra. Parece mentira, mas isso ocorre frequentemente nas lojas. (Por isso é bom entrar nas lojas de material de construção com uma lista enorme de material na mão, umas três folhas, quaisquer três folhas de papel com qualquer coisa escrita que pareça uma lista. É garantia de bom atendimento na certa.)

6) Ofereça sempre sugestões quando notar que o cliente precisa. Mas também não seja metido a sabe-tudo. O segredo é encontrar a medida certa, dando ao cliente a informação necessária para que ele possa fazer a melhor compra.

7) Mostre interesse, sempre! O mundo já está cheio de gente apática, desinteressada, sem entusiamo, sem envolvimento. A energia gerada por esse interesse, que inclui vários dos itens já mencionados antes como olhar nos olhos e sorrir, favorece um bom negócio e faz o cliente voltar mais vezes.

8 ) Seja receptivo. Muita gente gosta de conversar com o vendedor. Isso acontece porque tem gente que mora sozinha e comprar alguma coisa é muitas vezes uma oportunidade para descontrair, bater um papo… Se o vendedor perceber isso vai terminar com uma legião de clientes que o procuram pela possibilidade de papo e, de quebra, sempre levam alguma coisa.

9) Evite, acima de tudo, olhar o cliente com superioridade somente proque ele quer um artigo mais barato, e nunca duvide da capacidade dele de adquirir um artigo caro somente porque ele está vestido com simplicidade.

10) Você depende do cliente. Nunca esqueça de que não está fazendo nenhum favor atendendo o cliente da melhor forma possível: isso é simplesmente a essência do seu trabalho, e a garantia da sua empregabilidade.

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Sou chata

Clotilde Tavares | 19 de agosto de 2009

Uma das coisas que mais me surpreende nas pessoas é a grande capacidade que elas têm de se acomodar. Não estou falando na capacidade de se adaptar às situações novas, que é uma coisa bem diferente e que, para mim, é sinônimo de inteligência. Estou falando na imobilidade das pessoas que se adaptam a uma situação que não lhes agrada muito, apenas por preguiça e comodismo, sem reagir, sem falar, sem se colocar. Diante de uma situação assim, em lugar de tomarem uma atitude e transformarem a situação, a maioria das pessoas se acomoda, procurando uma zona de relativo conforto, onde seja possível sobreviver com um mínimo de aporrinhação.

Agitada e inquieta por natureza e questionadora de tudo por formação, sou difícil de me acomodar passivamente seja lá com o que for. Adapto-me com relativa facilidade às vicissitudes do destino, àquelas coisas contra as quais nada podemos fazer, como a Morte, a Doença ou a Paixão. Mas não me acomodo nunca, nunca, jamais, àquilo que considero que posso modificar.

E é por isso que sou chata. Sou chata e assumo, correndo todos os riscos dessa atitude mas em paz com minha natureza e ouvindo lá dentro de mim a voz de Mamãe, que sempre dizia: se acredita que está errado, vá lá e defenda seu ponto de vista.

Sou chata porque vivo telefonando para o Banco no qual sou correntista exigindo que coloque uma mesinha nos postos de serviço, para que a gente não precise manusear contas e papéis “no ar”, sem um apoio.

Sou chata porque ligo para a administração dos shoppings pedindo para instalarem ganchos nos banheiros femininos para que nós possamos pendurar a bolsa e as sacolas enquanto usamos o sanitário.

Sou chata porque não vejo como me adaptar à barulheira infernal de carros de propaganda, dos pit-boys com seus sub-woofers ou do carro de som da paróquia anunciando a missa, que me impedem de falar ao telefone, de ouvir o aparelho de TV ou simplesmente me acordam, quando quero dormir.

Sou chata quando me torno – como irônicamente me chamaram um dia desses – “guardiã da obra de William Shakespeare” e mais da obra de Borges, de Machado, de Oscar Wilde, de Clarice Lispetor e que quem mais tiver seus textos distorcidas, mutilados, publicados com autoria trocada ou – pior, muito pior – tiver seu nome associado a um texto que nada tem a ver com sua obra.

Sou chata, e vou continuar reclamando.

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Os contos de Cantuária – uma romaria medieval

Clotilde Tavares | 18 de agosto de 2009

Provavelmente o meu caro leitor sabe o que é uma romaria, e talvez até já tenha participado de uma. Quando falo em romaria quero dizer a viagem de um grupo de pessoas a um lugar santo, a um igreja, a uma cidade sagrada. A minha mãe era romeira do meu padrinho Padre Cícero Romão Batista e todos os anos, no mês de janeiro, partia para o Juazeiro, em ônibus lotado especialmente para esse fim. São famosas as romarias ao Bom Jesus da Lapa e a São Francisco do Canindé, para citar apenas duas das mais concorridas do Nordeste.

Uma romaria que passou à história embora jamais tenha acontecido de verdade é o tema de uma das maiores obras da literatura universal, obra essa que me apaixona há muito tempo e que hoje quero compartilhar com você: trata-se de “Os Contos de Cantuária” (“The Canterbury Tales”) escrito em 1368, ou seja, há mais de seiscentos anos por Geoffrey Chaucer, escritor inglês, funcionário da corte na época de Ricardo II.

“Os Contos de Cantuária” tem como fio condutor uma romaria que vinte e nove peregrinos resolvem fazer juntos ao túmulo do Santo Thomas Beckett. Combinam então contar histórias para encurtar a viagem e se distraírem no trajeto. Essa estrutura narrativa era comum na literatura medieval e ainda continua sendo uma boa forma de contar histórias nos dias de hoje.

O melhor do livro é que ele mostra um variado panorama da vida medieval, uma vez que diferentes pessoas estavam representadas nessa animada companhia: um cavaleiro, um moleiro, um monge, um padre, uma freira, um mercador, um estudante, um proprietário de terras, um médico, um magistrado… Cada um, ao contar sua história, traz elementos da sua profissão, da sua visão de mundo, enriquecendo o relato e dando exemplos da cultura medieval e das atividades humanas em narrativas palpitantes, cheias de vida e, muitas vezes, picarescas, como no Conto do Moleiro, repleto de leves e graciosas obscenidades.

Um dos meus preferidos é o Conto da Mulher de Bath, onde a narradora defende que os prazeres do sexo não devem ser prerrogativa exclusiva do sexo masculino, tendo as mulheres o direito de se divertirem da mesma forma que os homens. A defesa que ela faz dessa tese antes de narrrar o conto propriamente dito é ousada, inteligente e engraçadíssima, tornando a mulher de Bath uma das grandes personagens da literatura universal.

Um dos traços mais importantes dessa obra é que, numa época em que os livros eram escritos em latim, considerada a língua oficial, a língua culta, Chaucer escreveu em inglês. Não o inglês que conhecemos hoje, porque naquela época a língua inglesa, a rigor, ainda não existia. Chaucer utilizou parte inglês anglo-saxão, parte francês normando, recheado de palavras latinas, enfim, a língua que se falava na corte. Nessa época de consolidação política da nação inglesa o idioma também nascia e se consolidava, tomando feição própria a partir de elementos saxões, normandos, latinos e o mais que fosse. Pode-se dizer, sem medo de errar, que Chaucer “inaugurou” a língua inglesa na literatura.

Chaucer

Chaucer

Vale a pena embarcar nessa viagem com os peregrinos e ouvir suas histórias. O livro é difícil de encontrar, mas na Biblioteca da UFRN eu encontrei uma edição em português, editada por T. A. Queiroz, com data de 1988, que traz apresentação e notas de Paulo Viziolli, que também assina a tradução. Há ainda um filme de Pasolini – simplesmente maravilhoso – embora não contenha a totalidade das histórias contadas por Chaucer e, obviamente por ser uma adaptação, priva o leitor dos aspectos literários do texto.

De uma coisa estou certa: lendo o livro, além do prazer natural que tirará de leitura tão agradável e rica, o meu caro leitor receberá as bênçãos generosas do santo Thomas Beckett, em nome do qual se empreendeu esta monumental romaria literária.

Mais links: Quadrilha Medieval, De Rerum Natura,

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canterbury tales, contos da cantuária, Geoffrey Chaucer, literatura inglesa, literatura medieval, mulher de Bath, thomas beckett
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O virtual e o real

Clotilde Tavares | 16 de agosto de 2009
Natal

Natal. A foto é de Canindé Soares.

Nesta próxima semana, estou mudando minha base para Natal. E para você, que chegou aqui há pouco tempo e não está entendendo, eu explico. Morei do meu nascimento até 1969 em Campina Grande-PB. De 1970 a 1977 vivi em Natal, onde fiz Faculdade; depois, foram dois anos em Recife fazendo Mestrado (78 e 79) e voltei a Natal, em 1980, ficando lá até 2005. Aposentada, gostando de variar, querendo viver entre Recife e Campina, estabeleci minha base em João Pessoa, perto de tudo, inclusive de Natal.

Amo Natal. É a cidade que me acolheu em 1970, onde cheguei sozinha, anônima, com uma mão na frente outra atrás, e lá “me fiz”. Estudei, trabalhei, amei, casei, tive meus filhos e eles tiveram meus netos. Já a Parahyba é mais do que a minha terra: é minha Pátria, tão “íntima doçura e vontade de chorar” que para ela escrevi um livro apaixonado, o “Coração Parahybano”. Não consigo me decidir entre Natal e a Parahyba. Fico com as duas.

Minha sala, na Parahyba.

Minha "base".

Essa história de “base” é porque eu não quero mais morar em lugar nenhum. Não quero me comprometer com nenhuma cidade, com nenhum lugar físico, nenhuma casa ou apartamento. Por outro lado, tenho meus 1.800 livros, minhas coisinhas, meus trocinhos, minhas coleções, meus CDs e DVDs, porta-retratos e quadros, a poltrona macia, a cama fofa, e essas coisas mais do que eu precisam habitar um lugar fixo, protegido de chuva e de vândalos. Quando baixa o encosto da cigana Gipsy, eu tranco a porta e me dano no ôco do mundo, mas minhas coisinhas precisam ficar protegidas, limpas e arrumadas para quando eu voltar.

Penedo, e o rio São Francisco.

Penedo, e o rio São Francisco.

A base agora vai ser em Natal, mas se eu me aborrecer lá me mudo de novo. Tenho vontade de morar em Manaus, para sentir a respiração da floresta e o rumor do rio, ou em Florença, na Itália, perto das obras imortais dos mestres renascentistas, ou ainda em Penedo, Alagoas, não me perguntem porque. Talvez faça isso, em algum lugar do futuro. São cidades que vivem me chamando o tempo todo, me acenando com seus mistérios, me estimulando com sua arquitetura, me instigando com suas lendas.

O engraçado disso tudo é que muita gente reclamou porque eu vou sair de João Pessoa para Natal. Mas minha gente! Eu vivo dentro de casa, não vou a lugar nenhum, não frequento, não vou a eventos, não tenho vida social presencial. Então para mim e para os outros, tanto faz eu morar em João Pessoa, como em Natal como no Raio-Que-Me-Parta. Em julho eu estava em Natal e encontrei uma pessoa amiga que não sabia que eu, há quatro anos, estava com minha base estabelecida em João Pessoa. Para ela, eu jamais havia saído de Natal. “Mas Clotilde” me disse, “você está todo dia na minha caixa de email, e eu lhe vejo o tempo todo no Twitter e no MSN. Para mim, você nunca saiu daqui.”

Raciocine comigo, meu caro leitor. Os adjetivos “virtual” e “real” sempre são colocados como opostos. Mundo virtual x mundo real. Mas está errado. O oposto de “virtual” não é “real”: é “presencial”, porque tudo, tudo, o virtual e o presencial, tudo é real. Eu aqui agora falando com você na dimensão virtual deste blog não é real? Se isso não for real, não sei mais o que é realidade. Presencialmente, de hoje em diante, tanto posso estar aqui como ali; virtualmente também há a Internet e todas as suas instâncias. E tudo, tudo é Real, como Real é o espaço do meu Coração, sempre habitado, em imensa algazarra, em clima de eterna festa, por você que me lê agora e por todos os meus outros leitores.

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Dois copinhos e um barbante

Clotilde Tavares | 15 de agosto de 2009

Um leitor deste blog me mandou esta semana um email perguntando se determinado texto postado aqui não já havia sido antes publicado no Tribuna do Norte. Quando eu disse que sim, que o texto já havia sido publicado, ele chiou! Pois é: esses meus leitores são danados de temperamentais, chiam, reclamam, xingam – a maior parte elogia e gosta – mas eu também dou a mesma atenção para as reclamações, uma vez que é ouvindo a voz discordante que crescemos e aprimoramos o trabalho.

Pois bem, como ia dizendo, o meu leitor xingou porque, segundo ele, não estava querendo “ler matéria requentada”! Mas minha gente, me diga: eu posso fazer algo além de me divertir com uma coisa dessa? Primeiro porque não tenho intenção de publicar inéditos; depois porque não sou jornalista, não publico “matérias”. Sou uma escritora, e agora blogueira. Publico textos, crônicas, artigos, conversa fiada, miolo de quartinha, coisas escritas na hora – como essa de hoje – e também textos que foram publicados em jornais e se perderam, embulhando o peixe no mercado no outro dia, e que jamais sairão publicados em livro.

Este blog, entre outras coisas, tem a proposta de recuperar esses textos, porque uma vez publicados na Internet e não sendo deliberadamente apagados pelo autor, aqui ficarão eternamente, espero eu, abrigados em algum dos trocentos milhões servidores que existem pelo mundo afora. Vocês devem ter notado que é essa tônica que caracteriza o Umas & Outras nessa sua nova fase. (Leia mais sobre o Umas & Outras no link Quem Somos, abaixo do cabeçalho do blog.)

telefonelataAqui, escrevo geralmente textos novos, mas isso não me impede de postar textos adredemente escritos, como gostava de dizer a minha avó, com sua mania de palavras em desuso. E nestes próximos dias, em que estou mudando de cidade, sem Internet, prepare-se para ler algumas coisas “requentadas”, como diria o meu caro leitor cujo comentario deu início a este post. Além disso, tenha paciência se eu não responder imediatamente aos comentários. A partir de segunda-feira, estou dependendo da dupla Oi/Velox, e quem depende dessa dupla está sujeito a chuvas, trovoadas e tsunamis, sem nenhuma esperança de uma previsão segura.

Diz Sandro Fortunato, com sua eterna mania de reclamar e de botar defeito nas coisas, que depois de “umas duas semanas e muitos telefonemas, eles entregam dois copinhos e o barbante em sua casa…” Esperemos, pois.

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Dona Maria de Padilla

Clotilde Tavares | 14 de agosto de 2009

O Umas & Outras é rock and roll. Como muita gente já está careca de saber, o rock é uma das minhas paixões. Meus filhos são roqueiros, e o casal Ana Morena/ Anderson Foca, filha e genro, vivem disso há bem uns dez anos, estando em Natal à frente do empreendimento roquístico Dosol, que inclui um Centro Cultural – só de rock – um Festival Nacional que rola todo ano, estúdio de gravação, produtora de video e – melhor que tudo – um moinho de idéias novas sempre em movimento. O Foca é um dos nomes mais respeitados no país na cena rock independente, e hoje o Umas & Outras, junto com dezenas de outros sites, está lançando o novo EP do Rejects, a banda do genro. É só clicar na figura para baixar. Mas aumenta o som que é rock and roll.


Nos meus tempos de louca e airada juventude, de aventuras e delírios, uma pessoa amiga, receosa de que algo de ruim me acontecesse, disse que tudo aquilo não era coisa minha: era obra de uma entidade que vivia perto de mim e que me levava a ser tão trelosa e aventureira. No meu irrecorrível ceticismo, não quis dar atenção ao caso; mas os meus dez por cento supersticiosos começaram a me incomodar e vez por outra eu me pegava olhando por cima do ombro para ver se surpreendia a tal entidade que supostamente estava me jogando nos caminhos da perdição.

Por via das dúvidas, fui então a um lugar onde há gente habilitada para lidar com esse tipo de coisa, sendo recebida por uma mulher muito mais velha do que eu, sábia e maternal, que me esclareceu e aconselhou. Descobri então que a entidade era uma certa Maria Padilha, figura popular nos cultos afro-brasileiros, às vezes identificada com a Pomba-Gira, mulher bonita, doida por homem, com algo de prostituta e feiticeira. Algumas obrigações então me foram impostas para satisfazer os apetites da aparição, principalmente sua sede pelo bom vinho tinto, que lhe presenteei largamente através de muitas garrafas quebradas nas encruzilhadas.

Devo dizer que não entendo nada dessas coisas; apenas faço o que é preciso quando chega a hora de fazer e quem quiser saber mais sobre esse povo encantado pode perguntar ao professor Luiz Assunção, pesquisador desse lado oculto, oculto ele mesmo numa sala da UFRN onde pesquisa e estuda, como os verdadeiros estudiosos, com discrição e em silêncio.

Então o meu caro leitor não imagina a minha surpresa quando, lendo sobre história da Espanha no período medievo dou de cara logo com quem? Com Dona Maria Padilha, ela mesma, em pessoa, carne, osso e história. O livro conta a história de Pedro, conhecido como “o Cruel”, filho de Afonso XI de Castela. O rei tinha uma esposa legítima – a mãe de Pedro – e uma amante fértil, que lhe deu vários filhos bastardos, preferidos pelo pai. Aos quinze anos, depois de uma infância obscura e amargurada, Pedro subiu ao trono em 1350 e baniu todos os irmãos, condenando à morte a amante do pai. Quando sua noiva, Branca de Bourbon, chegou da França, desposou-a, passou duas noites com ela e depois desprezou-a, indo em busca da amante, Dona Maria de Padilla, “cuja beleza era tão embriagadora que os cavaleiros da corte bebiam extasiados a água na qual ela tomava banho”. Quevedo a descreve : “Era hermosa la Padilla/ Manos blancas e ojos negros/ Causa de muchas desdichas/ Y desculpa de más yerros.” Pedro foi mais tarde assassinado por um seu meio-irmão, que se tornou Henrique II de Castela.

A partir daí, fui rastrear o que teria Dona Maria de Padilla, amante de Pedro, o Cruel, a ver com a entidade cultuada nas religiões afro-brasileiras. Encontrei então o excelente livro “Maria Padilha e toda a sua quadrilha: de amante de um rei de Castela a pomba gira de umbanda” (São Paulo, Duas Cidades, 1993) da autoria de Marlyse Meyer, essa pesquisadora incansável que conheci em Natal, onde ela esteve várias vezes para palestras e seminários. Marlyse Meyer estabelece, em uma narrativa encantadora, sem perder o rigor da pesquisa, todos os links entre a criatura de verdade e o ser imaterial que andou, ao meu lado, ou melhor, atrás de mim, por uns tempos.

Quer dizer: andou, não. Ainda anda. E o interessante disso tudo é que, com os anos, eu amadureci, mas a criatura não. Como gente encantada que se preza, permanece perene e imutável no tempo-que-não-é-tempo e continua comigo, muito mais calma agora porque cabe a ela todo o álcool que eu não consumo há quase vinte anos. Hoje já consigo vislumbrá-la quando olho por cima do ombro, especialmente nas noites em que a lua cheia e a brisa convidam à aventura, ou quando uma bela figura de homem se levanta e atravessa o bar, a sala, o restaurante, a rua. No acordo que estabelecemos uma com a outra, finalmente conseguimos viver em paz e é para ela essa crônica de hoje, para Dona Maria Padilha, minha amiga, minha acompanhante, de brancas mãos e negros olhos, com todo o respeito e agradecimento por tudo aquilo que, mesmo perigosamente, me fez viver.

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