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Girafas na geladeira

Clotilde Tavares | 19 de setembro de 2009
Rolando Lero, o rei do bla-bla-bla.

Rolando Lero, o rei do bla-bla-bla.

O ser humano, principalmente o ser humano dito civilizado, tem uma tendência quase doentia a complicar o que é simples. Falamos demais, somos prolixos, gostamos de demonstrar um conhecimento que não temos, adoramos falar difícil… Se o meu caro leitor duvida do que estou dizendo, preste atenção quando as pessoas são entrevistadas na televisão. Desde o ministro de estado ao cidadão comum todos eles complicam o que dizem e são incapazes de dar uma resposta simples e clara para qualquer pergunta. Os ministros e políticos muitas vezes fazem isso de propósito, para complicar mesmo, ou para não dizer dando a impressão de que estão dizendo. O homem comum faz para causar boa impressão, para “se  mostrar”, para fazer bonito.

Na vida doméstica também é  a mesma coisa. Se você é adolescente, experimente chegar em casa e dizer para sua mãe: “Tem almoço?” Provavelmente ela vai fazer uma longa digressão filosófica sobre a condição feminina, vai falar sobre o tempo que os alimentos levam para ficar prontos, vai comentar o preço absurdo da comida no supermercado, e refletir em voz chorosa sobre como ela se dedica a cuidar da casa e dos filhos quando poderia estar cumprindo “a sua lenda pessoal”. Nunca, nunca, jamais a resposta será um simples “Tem almoço, sim” ou “Não, não tem.”

Recebi um dia desses um email que trazia um teste engraçadíssimo, constando de perguntas e respostas que tem tudo a ver com isso que estou dizendo. Aliás, não faz muito tempo aqui escrevi um post sobre isso, onde citei o meu batidíssimo exemplo do filho perguntando à mãe se tem almoço. Mas vamos ao teste.

girafa2Começa assim: “Como você colocaria uma girafa dentro de uma geladeira?” A resposta certa é: “Abra a geladeira, coloque a girafa dentro e feche a porta.” O teste diz então que essa pergunta testa aquela sua tendência de achar soluções complicadas para coisas simples.

O teste continua com a pergunta seguinte: “Como você colocaria um elefante dentro da geladeira?” Ora, se você responde: “Abra a geladeira, coloque o elefante dentro e feche a porta”, a resposta está errada. A correta seria: “Abra a porta da geladeira, retire a girafa, coloque o elefante e feche a porta.” Aí o teste informa que essa pergunta testa a sua capacidade de pensar nas consequências de ações anteriores.

Mas vamos pra frente. A pergunta a seguir é: “O leão, rei dos animais, está organizando numa conferência animal na floresta. Todos os animais compareceram, exceto um. Qual foi o animal que nao compareceu?” Ora, meu caro leitor! Quem não compareceu foi o elefante, que estava trancado na geladeira, onde você mesmo o colocou. Essa pergunta testou a sua memória.

jacareFinalmente, a última pergunta: “Como você faria para atravessar um rio infestado de jacarés?” e a resposta é clara e simples: você poderia atravessar o rio nadando tranquilamente já que todos os jacarés estão na conferência de animais… O teste informa, finalmente, que essa pergunta testa a sua capacidade de aprender com seus próprios erros.

Mas não leve isso muito a sério. Esses testes não têm valor científico e não testam rigorosamente nada a não ser a sua paciência, e servem apenas que você, visitando este blog, possa variar um pouco das notícias que enchem a mídia, sobre falcatruas, roubos, sequestros, atos secretos e outras patifarias. De quebra eu também arranjei tema para escrever hoje, nesta manhã de sábado, que me pegou assim meio sem assunto e sem inspiração.

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Como fazer perguntas, como dar respostas

Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2009

Nos meus tempos de médica, quando trabalhava atendendo populações carentes em consultórios nos bairros pobres, rolava uma espécie de anedota sobre a desinformação do médico recém-formado quando começa a lidar com uma população para a qual ele não foi preparado na universidade.

Dizia a história que a mãe chegava com a criança, fraca, mal-nutrida, doente, com todos os indícios de quem estava passando fome. Travava-se, então o absurdo diálogo.

“Esse menino está comendo?” – perguntava o médico.

“Está, sim senhor” – era a resposta da mãe.

“E ele come carne?”

“Come, sim senhor.”

“Toma leite?”

“Toma sim senhor.”

“Come feijão, arroz, verduras, frutas?”

“Come, sim senhor” – continuava afirmando a mãe.

Aqui,então, o médico expressava sua confusão:

“Então por que é que ele está tão magro e tão doente?”

E a mãe:

“Pois é, doutor, quando tem, ele come.”

Toda a confusão se dava pelo fato da mãe responder corretamente a pergunta do médico, e do profissional perguntar uma coisa quando na verdade queria saber outra. E quantas vezes isso não acontece na nossa vida? Quantas confusões e problemas ocorrem porque quem faz a pergunta não sabe formulá-la ou quem dá a resposta responde outra coisa, e não aquilo que foi perguntado?

É comum a seguinte cena: o adolescente chega em casa, às nove horas da noite. Está atrasado para o jantar. Pergunta então para a mãe:

“Mãe, tem jantar?”

A mãe, geralmente, responde uma coisa mais ou menos assim:

“Você pensa que eu sou sua escrava, ou sua empregada, ou sua garçonete, para ficar aqui de plantão até uma hora dessas esperando que você chegue para colocar seu jantar?”

Aí o menino olha assim de lado, meio desconfiado e diz:

“Mãe, eu apenas perguntei se tinha jantar, e você responde sim ou não. Se tiver, eu janto. Se não tiver, eu como qualquer coisa e vou dormir…”

E assim, prestando atenção à pergunta e respondendo apenas o que teria sido perguntado, muitas batalhas domésticas seriam evitadas.

Mas, para mim, a campeã dessas histórias aconteceu num desses colégios americanos onde o ídolo estudantil do futebol precisava ter um aproveitamento mínimo nas matérias para poder entrar em campo e defender as cores da escola. Louro, alto, forte, atlético, vivia tão concentrado nos treinos que relaxou com a prova de Filosofia e havia tirado zero. Era a final do campeonato e o garoto não podia entrar no campo, a não ser que se saísse bem numa prova de emergência que a direção havia permitido que ele fizesse. O estádio lotado, as animadoras de torcida no gramado fazendo suas coreografias, as equipes esperando e, no vestiário, todo paramentado para entrar em campo, nervoso, suando, o nosso herói esperava o professor de Filosofia que vinha aplicar a prova.

O professor chegou, afobado e foi logo comunicando:

“Vou lhe fazer apenas uma pergunta”, disse. “Se responder certo, entra em campo. Se não, não vai poder jogar.”

A tensão era visível em todos que ali estavam: o treinador, o massagista e um membro da direção, que havia vindo fiscalizar a prova.

O professor continuou:

“A pergunta é a seguinte: quero que você me diga tudo que sabe sobre Sócrates”.

O garoto ficou pálido.

“Sócrates? Tudo que sei sobre Sócrates?” Pensou um pouco. “Sócrates era grego e tomou veneno. Pronto. É tudo que sei sobre Sócrates.”

“Resposta certa”, disse o professor, exultante. “Podem deixá-lo entrar em campo.”

Pois é, minha gente. Saber perguntar, saber responder: uma arte, que todos deveriam praticar.

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como perguntar, como responder, comportamento humano, comunicação entre pessoas, Sócrates
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