Um sonho de Natal
Clotilde Tavares | 25 de dezembro de 2009Na minha infância nunca tirei retrato com Papai Noel. Se você vem acompanhando essa minha série de post sobre o Natal, já sabe que não tive uma infância muito fácil no que se refere ao quesito financeiro.
Além de sermos “remediados”, não havia essa tradição tão arraigada de comemorar o Natal como hoje. O evento ainda não tinha se tornado essa locomotiva de marketing, puxando atrás de si os vagões do consumo desenfreado, das tradições inventadas de última hora para vender produtos, da perda de significado dos símbolos.
Mas eis que no Natal de 2001 ou 2002, não me lembro bem, fui à “formatura” da minha neta Isabela, que devia ter seus seis ou sete anos e estava terminando a fase de alfabetização. No final da cerimônia, as crianças se acotovelaram para tirar uma foto ao lado de um magnífico Papai Noel, com uma espetacular roupa de cetim vermelho e belas barbas de algodão.
Eu fiquei olhando assim de longe e pensei: “Por que não?”
E fui lá, caro leitor. Fui também tirar a minha foto com Papai Noel, projeto adiado por cerca de cinquenta anos. Abracei aquela criatura e dei um zoom ao contrário no tempo. Virei criança de novo enquanto meu filho fazia a foto e minha neta morria de rir.
O Papai Noel, muito maroto, parece ter gostado do abraço porque dois dias depois eu o encontrei no shopping, ainda com a fantasia, no meio de um monte de criança. Piscou o olho para mim e disse: “E aí? Não quer dar mais um beijinho no Papai Noel?”
Pois é, meu caro leitor. Tem milagre de Natal pra tudo quanto é gosto. Prudentemente, recusei a oferta e recomendei ao bom e assanhado velhinho que fosse beijar uma de suas renas, e me incluísse fora daquilo. Ele riu, eu ri, e assim termina mais um conto de Natal moderno.
Feliz Natal!