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Uma visita importante

Clotilde Tavares | 24 de janeiro de 2015

Alessandra Stewart e eu. Dezembro de 1989.

Em 1989 eu morava em Capim Macio. Numa noite de dezembro, convidei uns amigos para comemorar meu aniversário e preparei tudo para recebê-los no jardim da frente. Dezembro todo mundo sabe como é: festa em todo canto, e como meu aniversário é no dia 14, sempre há dificuldade de juntar gente nesta data ou perto dela. Principalmente nesse ano, pois a minha festa coincidia com o FESTNATAL/Festival de Cinema e o Carnatal. Ao convidar meu vizinho da frente, Mano Macário, nome artístico de Luiz Antonio da Silva, ele disse logo que não podia vir, pois ia sair no bloco das Kengas, no Carnatal.

Mano era – e ainda é – um homem muito bonito. Nessa época, estava usando cerrada barba negra e me disse que ia tirar a barba para a caracterização que usaria no bloco, onde ia fazer “uma mocinha”. “Não seja por isso”, eu falei. “Quando sair do bloco, passe aqui, com o visual de mocinha mesmo, que eu terei prazer em lhe receber. Vou inventar para os convidados que estou esperando uma atriz do Festival de Cinema.” E assim ficamos combinados, as horas passaram, chegou a noite e os convidados começaram a chegar.

Anunciei que estava esperando a atriz Alessandra Stewart, amiga minha, que estava no elenco do filme “Faca de Dois Gumes”. Falei que tinha conhecido ela no Rio há tempos e que tínhamos ficado muito amigas. O nome, obviamente, era inventado e não havia atriz com esse nome no elenco do filme. Uma das minhas amigas disse logo: “Ah, eu sei quem é.” E outra perguntou: “Não é aquela que trabalhou no filme Tal?” e eu: “É essa mesma.” E enfeitei a mentira: “Ela passou um tempo nos Estados Unidos e voltou só pra fazer esse filme.” A primeira amiga comentou: “Ela é linda! Muito boa atriz.” E a outra: “Não é ela que teve um caso com Reginaldo Farias?” E eu: “Essa mesma!”

Essas minhas duas amigas são daquele tipo que sabem de tudo, viram todos os filmes, leram todos os livros e conhecem tudo – você entende, você deve conhecer gente assim. E a festa foi correndo e eu alimentando o suspense: “Alessandra está demorando!” E as outras, ansiosas pra conhecer a celebridade: “Mas ela vem?” E eu: “Vem sim, ela prometeu.”

E lá pras tantas chega no portão Mano Macário, com um minivestido preto de bolas brancas, peruca arrasadora, sem barba, maquiadíssimo, salto alto, uma verdadeira patricinha. Obviamente, via-se que era um homem vestido de mulher, mas irreconhecível até para os seus amigos, acostumados e a vê-lo com a frondosa barba preta. Quando eu o vi, saí aos gritos: “Alessandra Stewart, quanta honra! Entre, querida, pois quero apresentá-las às minhas amigas.” E vou te contar: dinheiro nenhum paga a cara das duas quando viram a presepada.

Foi lindo.

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Curiosidades, Humor, Memória
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Alessandra Stewart, Carnatal, cinema brasileiro, Faca de dois gumes, FestNatal, hoax, Kengas, Mano Macário, Memória
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O golpe do perfume

Clotilde Tavares | 18 de janeiro de 2011

Há um e-mail circulando na Internet com uma história mirabolante, sobre um suposto perfume que, oferecido por um rapaz às pessoas, faz com que elas desmaiem enquanto o tal rapaz lhes rouba bolsas e carteiras.

Histórias como essa são sempre boatos, e sua procedência pode ser pesquisada em sites que cuidam da veracidade das coisas que circulam pela rede. Muito deles explicam o mecanismo pelo qual essa histórias estão sempre voltando:

“(…) O que se vê é a mesma história ressurgir de tempos em tempos. Uma nova leva de recém-chegados à Internet “descobre” uma dessas histórias e logo cuida ressuscitá-la, não como uma nova versão “revista e atualizada” mas com o mesmo e antigo formato.”

Bem, era isso o que eu pensava até um episódio que aconteceu comigo num shopping daqui de Natal.

Eu fui abordada, segunda-feira à tarde, por dois homens, muito elegantes, bem arrumados e perfumados, que me perguntaram qual tipo de perfume que eu estava usando. Respondi o nome do meu perfume (Flowers, by Kenzo); aí eles fizeram alguns comentários sobre o que continha na essência, elogiando meu bom-gosto.

Perguntaram-me então se gostaria de testar um perfume sensacional, que eles estavam vendendo, a um preço bem razoável, lançamento no Brasil.

Mostraram-me um frasco lindo, mas, não cheguei a ver o nome que nele estava escrito. Dei uma desculpa, disse que precisava dar um telefonema e me afastei. Eles ficaram lá, sentados, procurando novas vítimas.

Provavelmente eu teria concordado com a oferta se não tivesse recebido este e-mail, alertando-me para o golpe do perfume, que sempre considerei ser um “hoax”.

Se não fosse o e-mail, provavelmente, eu teria cheirado o perfume. Dessa forma, fui poupada do que poderia ter acontecido comigo.

Então eu gostaria de alertá-los do mesmo modo. Depois que me afastei, de longe, fiz uma foto dos meliantes que você pode ver clicando aqui.

É, minha gente. Nem tudo na Internet é boato…

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Humor, Tecnologia e Internet
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golpe do perfume, golpes na Internet, hoax, Humor, QuatroCantos
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Você acredita em tudo?

Clotilde Tavares | 3 de agosto de 2009

question-mark2Você acredita em tudo que chega na sua caixa postal pela Internet?

Desde  que o e-mail foi inventado que recebemos todo tipo de mensagens. Mães desesperadas enviando fotos de crianças perdidas, pedido de doações para crianças com doenças gravíssimas e que precisam fazer cirurgia, milionários africanos cujos milhões de dólares estão presos em alguma conta e que precisam de uma pessoa para ajudá-los a entrar na posse da fortuna. São histórias de rins arrebatados durante a noite, de cobras venenosas nas alfaces de um supermercado, de dinheiro ou celulares grátis se você enviar certa quantidade de e-mails.

Isso sem contar a enorme quantidade de textos com autoria atribuída a grandes nomes da literatura como Oscar Wilde, William Shakespeare, Fernando Pessoa e Clarice Lispector. Há ainda textos creditados a jornalistas e autores em destaque na mídia como Arnaldo Jabor, Luís Fernando Veríssimo ou Ariano Suassuna. Com o nome do último está circulando um texto sobre o forró de baixo nível, na verdade escrito pelo jornalista pernambucano José Teles.

Jorge Luís Borges

Jorge Luís Borges

É conhecido o poema Instantes, atribuído a Jorge Luís Borges (“Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros…”), poema cujo título original é I Would Pick More Daisies e cujo autor é Don Herold, tendo sido publicado em Seleções do Reader’s Digest em 1953. O curioso é que este autor, escritor, humorista e cartunista escreveu mais de dez livros mas sua obra mais conhecida circula o mundo atribuída a outro… O poema, impresso em poster na década de 1980 por um laboratório farmacêutico, foi largamente distribuído a médicos e eu mesma tinha um pregado na minha parede… até descobrir a verdadeira autoria. Fã de Borges, não quis compactuar com a impostura.

Um dia desses, numa palestra “motivacional”, a palestrante recitou um poema de Clarice Lispector que, como sabem aqueles que conhecem sua obra, nunca escreveu poesia. Mas o tal poema circula na Internet e pode ser lido normalmente ou da última para a primeira linha, artifício que provavelmente seduz as mentes mais simplórias, que o propagam.

W. Shakespeare

W. Shakespeare

Vi esta semana um anúncio da oficina de um artista visual onde ele estrutura todo o trabalho em cima do texto Você aprende, atribuído a William Shakespeare, mas que na verdade é da autoria de uma jovem norte-americana, Veronica Shoffstall, que o publicou em um livro de 1995 com o título Chicken soup for the soul. Quem conhece os textos de Shakespeare jamais confundiria a prosa elisabetana do século XVI com a escritura do Você Aprende (…Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma…) As pessoas que gostam desse texto ficam tao fanatizadas por aquelas palavras que são capazes de brigar se você afirmar que o texto não é da autoria do bardo de Stratford.

O último boato da Internet refere-se a uma suposta liminar que a indústria Monsanto teria dado entrada para proibir o Ministério da Agricultura de divulgar uma cartilha onde explica tudo sobre os alimentos transgênicos. A Monsanto não entrou com liminar nenhuma, a cartilha vai começar a ser distribuída amanhã pelo Ministério mas a notícia já rodou a Internet porque todo mundo, como diria minha mãe, “emprenha pelos ouvidos”* e adora demonizar uma multinacional. Veja os detalhes no blog DNAm dos biólogos Gabriel Cunha e Rafael Soares.

A lista é interminável, e se você quer saber de tudo o que é fraude que ocorre na Internet clique no excelente site  Quatrocantos. É importante comprovar as coisas antes de sair espalhando por aí.

*A expressão “emprenhar pelos ouvidos” significa dar crença a tudo o que ouve sem questionar. No caso, a tudo que recebe por e-mail…

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boato, hoax, Instantes, texto apócrifo, Você aprende
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Uma visita real

Clotilde Tavares | 1 de abril de 2009

No dia 10 de fevereiro de 1910 um grupo de príncipes abissínios em viagem pela Inglaterra solicitou oficialmente uma visita ao gigantesco navio almirante “Dreadnought”, o mais novo e poderoso navio de guerra da Marinha Real Inglesa, ancorado na baía de Weymouth, em Dorset. Os príncipes estavam acompanhados por um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros e por um intérprete.

Cercada do maior protocolo, a visita teve recepção ao som de gaita de foles e oficiais envergando farda de gala; mas aconteceram algumas gafes, cometidas pelos ingleses, que em lugar da bandeira do país dos visitantes hastearam a bandeira e executaram o hino nacional de Zanzibar, em vez da Abissínia. Os convidados foram muito corteses e evitaram qualquer comentário; e mostraram sua admiração a todos os pormenores técnicos que o almirante inglês, em pessoa, lhes forneceu sobre a embarcação. Ao final da visita, enquanto os convidados esperavam o trem para regressarem a Londres, a multidão apinhou-se na estação ferroviária para ver os príncipes, todos negros, usando altos turbantes e vestidos em seus trajes exóticos e coloridos.

E era tudo mentira, meu caro leitor. Esse fato ocorreu realmente, mas tudo foi uma peça pregada à Marinha Real Inglesa por Horace Cole, um rico e ocioso membro da alta sociedade londrina, ajudado pelo amigo Adrian Woolf, irmão da escritora Virginia Woolf. Para preparar a farsa, contratou Willy Clarckson, maquilador da atriz Sarah Bernardt, para fazer a caracterização do grupo que contava ainda com a própria Virginia, fazendo um dos príncipes; o jogador de críquete Anthony Buxton; Duncan Grant, um artista; Guy Ridley, filho de um juiz. Adrian Woolf fazia o papel de intérprete do grupo e o próprio Horace Cole, envergando fraque e cartola, se anunciava como sendo alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A audácia dos brincalhões foi espetacular. Na manhã da visita, Horace Cole dirigiu-se à estação de Paddington, em Londres, e pediu um comboio especial para levar os príncipes a Weymouth e um comitê para saudá-los na hora da partida. O chefe da estação reclamou do pedido feito à última hora mas a autoridade que emanava do “alto funcionário” ministerial era tamanha que organizou tudo a contento: reuniu os funcionários da estação para a saudação protocolar e mandou até colocar um tapete vermelho para que os príncipes subissem a bordo do trem.

Já havia sido enviado um telegrama falso em nome do Ministério  ao almirante da frota, ordenando-lhe que dispensasse todas as atenções aos ilustres visitantes. Durante a visita, os príncipes recusaram toda a alimentação que lhes foi oferecida, alegando motivos religiosos; o verdadeiro motivo, porém, era porque poderiam estragar a maquilagem, onde todos usavam uma tinta escura no rosto e barbas e bigodes postiços. Para completar a caracterização, Cole mandou imprimir cartões de visita em uma língua africana e deu instruções para que seus colegas improvisassem uma língua própria para fazer perguntas e se dirigirem aos oficiais do navio, enquanto Adrian Woolf, o “intérprete”, traduzia o que os “príncipes” diziam para o inglês.

No trem de volta para Londres, a brincadeira chegou ao seu auge quando Cole explicou aos criados do vagão-restaurante que, segundo os hábitos abissínios, os príncipes podiam ser servidos apenas por pessoas que usassem luvas cinzentas de pele de cabrito. Quando o trem parou em Reading, um empregado foi enviado a comprar as luvas, para que os visitantes reais pudessem jantar.

Para se ter uma idéia da audácia do embuste, um dos militares de alta patente a bordo do navio era William Fisher, primo de Virginia e Adrian Woolf, que os conhecia muito bem; mas em nenhum momento notou que os príncipes eram seus primos. No dia seguinte, Cole enviou à imprensa o relato da história, acompanhado de uma foto do grupo e toda a Inglaterra se divertiu às custas da marinha inglesa.

Os "príncipes abissínios" Virgina Wolf, Duncan Grant, Adrian Stephen, Anthony Buxton, Guy Ridley e Horace Cole.

Os "príncipes abissínios" Virginia Wolf, Duncan Grant, Adrian Woolf, Anthony Buxton, Guy Ridley e Horace Cole.

Você pode ver essa foto no blog Modern Books and Manuscripts e também há outras informações na Wikipedia. O episódio ficou conhecido como “The Dreadnought Hoax” e os embusteiros não sofreram qualquer dano porque, de acordo com as leis inglesas eles não teriam cometido nenhum crime.

Nada melhor do que uma história dessas para comeorar o primeiro de abril e também porque considero saudável uma boa brincadeira para alegrar o ambiente. A conclusão é que ninguém escapa de ser enganado ou levado ao ridículo, nem mesmo a poderosa Marinha Real Inglesa, que já dominou os sete mares. Num caso assim, só resta relaxar, sorrir e torcer para não ser enganado outra vez.

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hoax, mentira, Virginia Woolf
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