O casamento vitoriano
Clotilde Tavares | 5 de fevereiro de 2010Há um livro interessantíssimo, que recomendo: Vidas Paralelas, da escritora Phillys Rose (Record, 1997), que analisa o casamento na era vitoriana através das biografias de casais famosos.
É impressionante o desconhecimento que as pessoas bem educadas tinham dos fatos simples e corriqueiros da vida, no que diz respeito ao sexo.
Um dos casos citados é o de Marie Stopes, uma inglesa altamente instruída, que havia estudado numa universidade alemã e casado em 1911 com um botânico. Pois bem: mesmo sendo instruída e tendo cursado universidade, a criatura levou seis meses para perceber que faltava alguma coisa em seu casamento, e mais tempo ainda pesquisando no Museu Britânico para descobrir o que era. Ao final das pesquisas, constatou que ainda era virgem e pediu a anulação do casamento.
As mulheres de Thomas Carlyle e John Ruskin também atravessaram o casamento virgens como nasceram.
Talvez – arrisca a autora – a explicação esteja no choque que os homens vitorianos tinham quando se deparavam com a nudez feminina. Muitos conheciam a nudez apenas das estátuas de mármore da antiguidade clássica. Quando os gajos viam pela primeira vez uma mulher nua de verdade, ficavam chocados – dizem que os pelos pubianos os amedrontavam – e simplesmente não conseguiam consumar o casamento.
Está tudo lá, documentado por dona Phyllis Rose e referendado por documentos históricos como cartas e excertos de processos de anulação de casamento.
Eu achei tudo muito interessante.