Dia da Árvore
Clotilde Tavares | 21 de setembro de 2009Sou apaixonada por árvores. Hoje, no Dia da Árvore, convido a todos os leitores a fazer comigo um exercício, uma reflexão. Convido todos a sair de dentro de casa, procurar uma árvore qualquer e olhar para ela.
Geralmente, quando fazemos isso, quando olhamos para uma árvore vemos, por exemplo, a possibilidade que tem de nos fornecer madeira, cola, lenha, ou frutos para a nossa alimentação. Podemos também avaliar a sua capacidade de nos dar sombra para o descanso ou até mesmo um galho jeitoso para armar a nossa rede. Essa forma de olhar para a árvore é uma forma utilitária, econômica, onde a árvore desperta a nossa atenção somente pelo proveito que podemos tirar dela. Olhamos não a árvore, mas a sua utilidade em relação a nós. A pergunta que fazemos é: para que serve esta árvore?
Vamos imaginar agora que, em lugar de perguntar à árvore para que ela serve, nos interessemos por outro aspecto, e queiramos saber que tipo de árvore é essa, qual é a espécie vegetal a que ela pertence, a sua idade, suas relações com o meio ambiente, de que forma ela cresce, toda aquela história de xilema e floema, vasos lenhosos e liberianos. Esse é o olhar científico, e a pergunta que fazemos é: como esta árvore funciona?
Nessas duas formas de olhar, vemos a árvore como uma coisa, um objeto, apenas mais uma árvore entre tantas. Ao longo da nossa vida, vamos fazendo assim com todas as coisas que nos cercam, e até mesmo com as pessoas. Olhamos, e não vemos. Analisamos, e não sentimos. Dessa maneira, o mundo vai ficando chato, sem graça, sem encanto.
Mas quando olhamos para essa árvore e procuramos ver o seu Mistério vivo, sem nos interrogarmos para que ela serve ou de que forma ela funciona, quando procuramos perceber nessa árvore um universo de imagens e de formas que contém uma mensagem íntima e secreta, devolvemos a ela o seu encanto, e a pergunta que fazemos é: o que esta árvore me revelará?
Passamos assim a aprender a escutar o Universo e perceber a imensa poesia e o deslumbrante fascínio que existe por trás de todas as coisas. E recuperamos, com esse olhar encantado, a possibilidade de voltar ao Paraíso.