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O primeiro violão

Clotilde Tavares | 15 de abril de 2022

Aos 35 anos, com meu Di Giorgio de estimação.

Tudo começou por causa de um curso que vou fazer em maio, pela internet, sobre Poesia Espanhola Medieval. E antes que você comece a perguntar coisas quero informar que colocarei todos os “links de curiosidade” no final da crônica. Mas só para ir adiantando, o curso A Grande Conversa Espanhola: Do El Cid ao Dom Quixote, é ministrado por Alex Castro, historiador e crítico literário, e tem a proposta de ser um curso de literatura espanhola medieval e moderna, com foco nas rupturas e continuidades com a literatura ocidental contemporânea. Já fiz outros cursos com Alex e posso garantir que são excelentes e imperdíveis.

Como nos outros cursos dele eu me amostrei bastante recitando trechos da Ilíada, Lusíadas e outras obras, o professor me pediu para eu gravar trechos do poema Cantar de Mio Cid, que é um poema épico do século XIII; e também alguns romances medievais, que são narrativas em versos compostas para serem cantadas. O conjunto desses romances recebe o nome de “romanceiro” e a pessoa que os canta e guarda na memória recebe também o mesmo nome. Lembram da nossa Dona Militana, “a maior romanceira do Brasil”? Pois é.

Uma vez que os romances são cantados, fui pegar o violão para ver se ainda sabia empunhar o instrumento, depois de mantê-lo tantos anos abandonado num canto da sala, entregue à poeira e ao esquecimento, usado apenas para emprestar à decoração aquele ar boêmio e descontraído que imagino combinar com a minha pessoa. Eu também pensava que, no dia em que eu abraçasse o companheiro dileto e tangesse as velhas cordas, elas me responderiam como sempre responderam, com sons claros e cheios de melodia, e o ritmo bem marcado nos bordões.

Que decepção! Descobri que, estando eu agora mais redonda, é difícil acomodar o violão no colo, que fica o tempo todo escorregando e ameaçando atirar-se ao piso, num suicídio instrumental; e os dedos desacostumados, finos e com a pele amaciada pelos cremes não conseguem um encontro firme com as cordas, escapulindo dos trastes, desencontrando-se das notas, tirando sons parecidos com o zumbido de um mosquito rouco. Abri mão das unhas, que foram limadas sem piedade pela tesourinha, e encontrei mais firmeza no pressionar das cordas, mas quem sofreu foram as pobres cabeças dos dedos, vermelhos e sulcados, prenunciando os futuros calos. Tudo isso sem falar no ombro direito, que entrou em crise na hora de movimentar o braço, em posições comuns para o violonista mas fora do cotidiano de quem opera apenas o teclado do notebook.

Esse é o castigo que todas as disciplinas oferecem quando você as abandona. O instrumento musical, o ballet, o atletismo, a desenvoltura em qualquer coisa que dependa da habilidade física exige prática constante, aplicação contínua, fidelidade mesmo nos feriados. E assim o violão se vingou do desprezo a que foi relegado durante anos, recusando-se a soar sob meus dedos, agora inábeis pela falta de prática. Os calos da mão esquerda demoram a surgir, e só surgem se a gente praticar todo dia. Sei disso porque minha história com o instrumento é antiga.

Eu tinha 15 anos quando ganhei meu primeiro violão. Titia, que morava conosco e era apaixonada por boleros me prometeu que, se eu conseguisse me acompanhar cantando uma música de Alcides Gerardi, cantor romântico de quem ela era fã, me daria um de presente. No outro dia, arrumei um violão emprestado e com um vizinho comecei o duro aprendizado dos calos, da mão esquerda em busca do Lá menor e do Dó maior, e da mão direita se atrapalhando entre prima e bordão, descobrindo a duras penas o ritmo. Com um mês, eu tinha domado a fera. Titia ouviu deliciada o bolero e me deu carta branca para escolher o instrumento e lá fui eu numa loja que havia na Monsenhor Sales, quase esquina com Marquês de Herval, comprar o violão bonito que eu vinha namorando há meses.

O primeiro de uma série. O ano é 1963, em Campina Grande.

A partir daí, a música fluiu. Nunca tive professor de violão oficial e convencional em escola de música, e aprendi assim, vendo os outros tocarem, experimentando, quebrando a cabeça. Aos 17 anos, dotada de algum atrevimento, fazia sucesso nas festinhas cantando bossa nova, MPB e Jovem Guarda, até que vieram os Beatles, Stones, a música de protesto… E nunca abandonei o bolero, o samba-canção e o repertório brega, porque vivia na boemia, nas rodas de violão, nos bares. Nunca fui uma grande violonista, mas era ousada e lá do meu jeito tosco de entender o braço do violão tocava qualquer coisa e acompanhava qualquer um que se dispusesse a cantar – em qualquer tom. Ouvido apurado sempre tive, e bastava o candidato a cantor entoar a primeira nota que eu corria o dedo no bordão e encontrava a canção.

Você então me perguntaria: e por que parou essa brilhante carreira etílico-musical? Pois é: fui ficando velha, e pelos 40 e poucos anos comecei a enjoar da boemia. Tudo demais é demais também, como se diz lá na Paraíba. E acabando a boemia acabou um pouco também o atrevimento. Além disso, a casa, que antes só tinhas crianças, passou a abrigar um músico erudito, cursando a Escola de Música, violonista espetacular, ledor de partituras – meu filho Rômulo, bendito seja – e eu terminei me encabulando de tocar minhas tosqueiras com ele por perto, escutando e arqueando as sobrancelhas. Depois chegou a baixista Ana Morena, minha filha, –bendita seja também! – mas essa, mais nova, menos exigente, mais descolada, nunca prestou atenção a qualquer coisa que eu inventasse de fazer ao violão, uma vez que se fez instrumentista quando eu já tinha incorporado o pinho à decoração do ambiente. É isso mesmo que você está pensando: as minhas crianças cresceram, e viraram músicos. Era violão demais na família.

E agora? Agora estou sozinha de novo. Posso tocar o que quiser, sabendo ou não, dominando ou não a técnica, que não há ninguém para arquear as sobrancelhas. Por isso não fiquei inibida de tirar o pó deste que agora me acompanha, um instrumento sem graça, sem pedigree, sem grife, duro, pedreira – mas eu prometo tratá-lo com carinho e insistir na dolorosa feitura dos calos e na construção da agilidade. Vou me agarrar com ele com toda a força, para que não se suicide no porcelanato, e confio na fisioterapia para me ajudar com o ombro endurecido. Sinto que ainda temos melodias a espalhar, harmonias a explorar, ritmos a aquecer quadris e coração. Penso em quantas canções novas surgiram enquanto ficávamos solitários, ele lá e eu cá, a olhar um para o outro sem a coragem do abraço. Há um universo musical a desbravar, e eu fico feliz por mais um desafio. Só que, desta vez, ele já me acompanha. Literalmente.

Esse texto foi publicado originalmente no blog de Cínthia Lopes, o Típico Local, em 7 de abril de 2022.

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Preciso salvar o planeta

Clotilde Tavares | 18 de abril de 2021

Eu esqueço muito das coisas. Não é da idade. Sempre foi assim, mas somente para determinadas coisas, como nomes de filmes e livros, personagens e enredos de livros, filmes e séries. Não sei se é ruim, parece ruim, mas se você imaginar que eu tenho uns dez ou doze livros de Agatha Christie que vivo lendo sempre, porque sempre me esqueço de quem é o criminoso, talvez possa haver alguma vantagem.

Nas séries de TV, eu tenho procurado ver apenas aquelas que têm a série completa, com todas as temporadas, porque senão quando chega a temporada seguinte eu não me lembro mais da anterior, aí lá vou eu ver tudo de novo.

Com as séries escritas é a mesma coisa. Eu acompanho uma série do escritor inglês Bernard Cornwell, Crônicas Saxônicas, que já está no 12° volume. Toda vez que chega um novo, eu tenho que ler o anterior, e às vezes até recuar uns dois ou três volumes para me situar na história. Tanto assim que do 6º ou 7° em diante eu venho fazendo resumos na última página para não esquecer.

Uma das coisas que mais gosto em termos de filme e série é o Universo Marvel. Alguns desses heróis me acompanham desde a juventude e eu gosto muito da temática, principalmente aquela explorada no cinema. São grupos e subgrupos de heróis, mas o que eu gosto é aquele conhecido como A Saga do Infinito, com 23 filmes até agora divididos em várias fases. Os meus heróis preferidos são Tony Stark (o Homem de Ferro), Thor e Natasha.

 

Esses tais 23 filmes têm uma ordem de acontecimentos, como se fosse uma série. Há caraterísticas especiais em cada episódio, como a cena final depois dos créditos onde há um spoiler dos próximos acontecimentos, e a onda de procurar Stan Lee, que sempre faz uma presença nos filmes (com o fazia Hitchcock nos seus), e por aí vai.

O caso é que, vez por outra, por motivos variados, me desligo dessas minhas obrigações com a cultura pop e só venho me lembrar do Universo quando alguém fala nele, ou estreia um filme novo. Foi isso que aconteceu agora quando eu pedi uma indicação de série a Ana Morena e ela me mandou ver Wanda Vision. Pensa que eu sabia o que era? Aí ela disse que era do Universo Marvel e eu lembrei que já havia passado por sufoco semelhante.

Nessa hora é que eu peço permissão para plagiar a mim mesma e escrever por cima de um texto de maio de 2019, que é sobre o mesmo tema. E aviso que, enquanto eu viver, e lançarem novidades no Universo Marvel, eu vou continuar escrevendo, ou melhor, sobrescrevendo esse texto.

Em maio de 2019 os cinemas da cidade estrearam o filme Vingadores Ultimato. Lembrei então que tinha parado de acompanhar a série em 2015, com Vingadores A Era de Ultron sendo o último que eu tinha visto.

Como gosto das coisas na ordem, o 2 depois do 1 e o 3 depois do 2, para me deixar em paz com meu temperamento levemente T.O.C. tratei de atualizar a série e vi, em poucos dias, nove filmes, que estrearam entre 2015 e 2019, pela ordem. Foi uma delícia. Então eu vi

1) Homem Formiga, com esse maravilhoso ator Paul Rudd que era o marido de Phoebe em Friends e que eu adoro. E aquela coisa de aumentar e diminuir de tamanho, quem nunca? Ah, e Michael Douglas que finalmente encontrou um canal para exercer a canastrice? Filmaço.

2) Capitão América: Guerra Civil que eu não tinha visto ainda, como é possível? Com a famosa cena do aeroporto? E quando saio um pouco da fantasia realizo que deve ser difícil para a prefeitura de uma cidade ter um time como esse dos Vingadores defendo a urbe, no sentido que para defender quebram a cidade inteira. Mas é comics, é fantasy, vamos simbora botar os prédios abaixo.

3) Doutor Estranho, que estranhamente não faz parte do meu imaginário pois eu gostava dessas revistinhas até a adolescência. Como sou velha pra caramba o que rolou depois dos anos 1960 eu desconheço, como esse Dr. Estranho. Não consigo despregar a imagem desse ator do personagem de Sherlock Holmes, e fiquei o tempo todo esperando Watson; mas amei todos os efeitos especiais, como aquele dos espelhos e da realidade se torcendo sobre si mesma.

4) Amei amei amei os Guardiões da Galáxia vol2, com aqueles bichos sem noção e o Groot pequenino. No final, nos créditos, o *I am Groot* fica aparecendo por cima dos nomes… Os piratas do espaço e aquelas mulheres douradas – que coisas mais lindas! – me fizeram louvar o figurino, maquilage e direção de arte. Mas o melhor dos Guardiões para mim é a trilha sonora.

5) Nunca gostei muito do personagem do Homem-Aranha. Mas nesse filme HomeComing eu terminei curtindo muito a versão. Aquele outro, mais adulto, sempre achei chato. Esse adolescente, terno e atrapalhado com seus superpoderes é muito fofo.

6) Meu eterno herói, Thor, está nesse Thor Ragnarok, que é um verdadeiro deslumbre! Que Thor rico e maravilhoso com seu novo corte de cabelo! Que homem lindo! Aquela mulher vilã irmã dele, com aqueles adereços sobre a cabeça! Ai minha nossa senhora do Figurino! Ai João Marcelino! Thor é um filme que sempre preciso ver várias vezes. Estou apenas na primeira vez com esse.

7) Pantera Negra e essa concepção do país Wakanda, isolado do mundo no meio da floresta e com alta tecnologia, é algo que me encanta. Outro filme pra ser visto várias vezes desfrutando dos detalhes. Todos muito lindo e sobretudo as mulheres! Belíssimas.

8) Vingadores Guerra Infinita foi o oitavo filme, e na época eu não consegui entender em que Universo Paralelo eu estava quando esse filme passou no cinema e não fui assistir. A volta de Hulk, de Buck (ai, Buck!) e da turma toda reunida foi muito legal. Na época, minha percepção sobre Thanos, o vilão, foi cheia de compaixão por sua humanidade e tristeza! Um vilão profundo, quase shakespeariano, cansado, acreditando na sua missão! Hoje, não sei se por causa do vilão que nos preside, só vi um genocida, querendo acabar com metade do mundo para resolver o problema da fome e da pobreza.

9) Homem-Formiga volta e dessa vez com a Vespa. De novo o lindo Paul Hudd, atrapalhado e engraçado. Que filme delicioso, com policiais estúpidos e heróis espertos. É também uma trilha sonora muito gostosa que faz você querer ver o filme e dançar ao mesmo tempo. Amo o universo formical, com aquelas formigas ótimas e a cena em que eles veem o filme antiquíssimo das formigas gigantes – como era o nome? O Mundo Em Perigo? Só o povo da minha idade se lembra – mas que cena! E Michelle Pfiffer como Mrs. Pym, linda, etérea, quântica… Adorei.

Na época, meu projeto incluía ver também a Capitã Marvel, que na minha infância era homem, chamava-se Billy Batson e se transformava gritando a palavra Shazam! – bem, agora é mulher e linda. Como tinha sido lançado há pouco tempo, ainda não estava disponível nos sites de streaming. O mesmo se deu com Homem Aranha Longe de Casa.

Fiquei dias atordoada, pois as imagens pregam dentro da cabeça e pra todo canto que olhava via heróis, martelos e escudos que voam, formigões, deuses louros e negros, as rugas de Thanos e a cara cínica e maravilhosa de Loki – porque eu sempre amei Thor mas também amo Loki.

Voltemos então a esta realidade agora de abril de 2021, tendo eu novamente perdido o contato com este universo, sem saber quem é Wanda ou quem é Vision, ou se é uma coisa só, Wanda Vision, nome e sobrenome. Peço help, socorro e ajuda a Ana Morena: de onde saiu isso? – É dos Vingadores, mãe, responde. E então fui ver o primeiro dos três e logo nas primeiras cenas me lembrei de tudo. A memória só quer um fio, só quer um estímulo, e lá estavam os gêmeos (Wanda, a Feiticeira Vermelha, é um deles) e no final o Vision, e a paixão entre ambos. Mas aí eu resolvi ver os três filmes de novo porque parece que o início da série tem a ver com o fim do terceiro Vingadores, que é o Vingadores Ultimato.

Então, atirando para cima os textos acadêmicos que eu deveria estar estudando para a terceira avaliação do meu curso de Bacharelado em História na UFRN, fechei as cortinas e me entreguei à deliciosa empreitada.

Não sei quando vou dormir. Ou se ainda vou dormir.

Preciso salvar o planeta.

 

 

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O Clube Peripécia de Leitura Teatral para Não Atores

Clotilde Tavares | 4 de abril de 2021

Quando lemos o Hamlet, sob o olhar paciente de Elizabeth I .

Todo mundo que me acompanha nas redes sociais sabe que eu tenho um Clube de Leitura, que criei e coordeno, existindo há três anos, praticamente sem interrupção, mesmo com a pandemia.

Pois bem: no primeiro ano de funcionamento, todo mundo já empolgado com a experiência de leitura e discussão coletiva, uma das pessoas me perguntou: – Clotilde, porque não lemos uma peça de teatro? E continuou: – Eu já tentei ler, queria ler, mas achei muito chato.

E é mesmo. As peças de teatro não são feitas para serem lidas, mas para serem representadas por atores em frente a uma plateia. O fenômeno teatral, além do texto, precisa de outros elementos para acontecer, como a cenografia, a sonoplastia e a interpretação dos atores. O texto é apenas mais um dos elementos da linguagem teatral.

Mas continuava o problema. Pessoas queriam ler peças. Como fazer?

Aí, em setembro de 2019, nós criamos o Clube Peripécia de Leitura Teatral Para Não Atores, que chamamos carinhosamente de “o Peripécia”.

Somos 11 pessoas, comigo 12. O número ideal de participantes, como a experiência nos mostrou depois de um ano de funcionamento, é entre 6 e 12. Menos de 6 fica muito restrito e sem animação. Mais de 12, dispersa. Somos pessoas de idades e formações diversas, e como regra principal temos: nada de atores ou pessoas ligadas ao teatro. Por que? Porque inibe os participantes, que ficam “acanhados” de ler teatro na presença de gente de teatro. No grupo temos professores de ensino médio e superior, advogados, cabeleireiros, aposentados, designers, comerciários.

Sentados: Hudson, Clotilde, Odete e Tinho. De pé: Elma, Rosaly, Eloiza, Fátima e Rosana. Estão faltando na foto: Emília, Joseane e Ana Claudia. A foto é de 2019.

E como funciona? Eu escolho uma peça e coordeno a leitura, que é feita “em círculo”, sem encarnar personagem, cada participante lendo sua fala, e o próximo leitor lendo a próxima fala. A leitura é simples, sem interpretação. O objetivo não é interpretar, porque sempre tem um que lê de forma mais expressiva do que o outro, inibindo quem é tímido ou desajeitado na leitura. O objetivo é o texto, é conhecer a obra. Não há plateia.

Tudo só funciona porque temos a incansável Eloiza Cirne, que organiza as reuniões, que começaram na casa dela e depois da pandemia passaram a ser virtuais, pelo zoom. Cabe a ela “juntar o povo” e cuidar do grupo de WhatsApp que mantém os membros informados das datas e horários. Na verdade, o Peripécia é dela, eu apenas escolho as peças e oriento a leitura.

Sempre nos reunimos nos domingos às 17 horas, primeiro presencialmente e agora pelo zoom. Nos adaptamos bem à nova plataforma e nos divertimos bastante. Quando a peça é grande, continuamos no domingo seguinte até terminar. Depois, damos um tempo de um ou dois domingos.

Já lemos:

Édipo Rei – Sófocles
A Mandrágora – Maquiavel
O Auto da Compadecida – Ariano Suassuna
O Tartufo – Molière
Hamlet – W. Shakespeare
A Farsa do Advogado Pathelin – Anônimo
O Moço que Casou com Mulher Braba – D. João Manoel
Aquele Que Diz Sim, Aquele Que Diz Não – Bertholt Brecht
A Cantora Careca – Ionesco
Romeu e Julieta – W. Shakespeare
O Pavão Misterioso – José Camelo de Melo Rezende

O grupo pediu para ler umas peças minhas, e eu fiquei toda feliz. Lemos Lamatown, O Dia em que Papai e Mamãe Fumaram Maconha e Os Contos de Fadas Politicamente Corretos.

Neste domingo, 4 de abril, vamos continuar a leitura do Sonho de Uma Noite de Verão, de W. Shakespeare, que começamos domingo passado.

Só resta dizer: saudemos Dionyso, e viva o Teatro. Evoé!

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O testamento do Judas

Clotilde Tavares | 3 de abril de 2021

Em Campina Grande, onde nasci e fui criada, era tradição malhar o Judas na noite de sábado de Aleluia. A gente construía o boneco, pendurava num poste, e ficava vigiando pra ninguém roubar; à noite, lia-se o testamento onde ele relatava as maldades e distribuía o que tinha. Depois, começava a malhação. Os testamentos eram muito engraçados mas esse que publico hoje já é fruto da minha mente mais madura e menos dada aos desfrutes da adolescência. Foi escrito há uns dez anos, e dormia sossegado numa gaveta. Agora, acordou.

O TESTAMENTO DO JUDAS – Versos de Clotilde Tavares

Eu vou ler para vocês
Com toda solenidade
O testamento de quem
Na vida só fez maldade
Foi só ódio e avareza
Zombou da honestidade
Praticou tanto a mentira
Que se esqueceu da verdade
Semeou fofoca e intriga
Cultivou a inimizade
Nunca soube o que era amor
Muito menos lealdade.

E o que diz o testamento
De quem nunca fez o bem?
– Não diz nada, meus amigos
Nada deixou pra ninguém
É uma página em branco
Nem uma linha contém.

E quem é essa pessoa?
Quem é esse marginal?
– É Judas Iscariotes
Que de forma tão brutal
Vendeu Jesus ao carrasco
Causando dor sem igual
Mas também é qualquer um
Que pratique obra do mal
Seja mulher, seja homem
Seja qualquer um mortal
Que tenha o crime na mente
Seja cruel, desleal
Ladrão, voraz e corrupto
Demagógico e venal
Falso, orgulhoso, bandido
Desprezível e imoral.

O Judas Iscariotes
Não está muito longe, não
Vive tão perto de nós
Ombro a ombro, mão a mão
É aquele parlamentar
Vendido à corrupção
É o burocrata cretino
Que nega autorização
Pelo prazer de negar
Porque ama dizer não
É o playboy dirigindo
Bêbado e na contramão
É o pai que abandona os filhos
É o padre que, no sermão
Prega uma coisa e faz outra
Sem a menor contrição
É o médico que atende mal
Buscando só o cifrão
É quem depreda o ambiente
Causando a poluição
Quem agride a natureza
Sem pensar no seu irmão
Quem liga o som nas alturas
Enlouquecendo o cristão
Quem falsifica remédio
Quem põe bromato no pão
Quem pratica só pecado
E prega a religião.

O fantoche pendurado
Que vemos nesta viela
Simboliza todos eles
Filhos de uma cadela
Vamos acabar com eles
Acabando por tabela
Com toda a raça de Judas
Aqui desta cidadela!

Mas antes de fazer isso
Eu peço mais paciência:
Vamos fazer autocrítica
Com a mão na consciência
Será que também não somos
Como Judas, com frequência?
É fácil olhar os defeitos
Dos outros na sua essência
E esquecer dos que nós temos
Disfarçar sua aparência
Posar de honesto e bonzinho
E simular coerência.
É certo que muitas vezes
Praticamos conivência
Permanecemos calados
Por medo e por displicência!
Vamos fazer este exame
Sem a menor complacência
Quem sabe não será isso
A sonhada transcendência
Que vai nos aproximar
Da mais divina indulgência?

Pois vamos malhar no Judas
Sem dó e sem compaixão
O tom da maldade humana
Da qual temos um quinhão
Mas vamos malhar sem raiva
Fazer disso diversão
Vamos malhar com alegria
Com prazer e com tesão
A raiva ofende a saúde
E contrai o coração
Dá cefaleia e gastrite
Provoca a hipertensão
Vamos fazer o brinquedo
Começar a malhação
Vamos lá, rapaziada!
Arraste o Judas no chão!

Versos de Clotilde Tavares

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Os sussurros das mulheres.

Clotilde Tavares | 3 de junho de 2020

Inaugurando hoje o podcast do ***Umas&Outras***, com assuntos variados. Toda semana um episódio novo. Nesta semana, falo sobre as mulheres escritoras que precisaram se esconder atrás de um pseudônimo masculino para terem suas obras aceitas e publicadas.

É só clicar no link.

https://youtu.be/N8zlps0l7WM

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A TECEDEIRA

Clotilde Tavares | 26 de outubro de 2019

IMG_6124 (1)

Eu vivo carregando nos ombros a coerência do mundo. Calada. Sem dar um pio.

Tem hora que o peso é tão grande que eu acho que o mundo vai desabar.

Ninguém presta atenção em mim, sentada nesse lugar, tecendo, mas sou eu que garanto a fala de qualquer um aqui, mesmo o mais pequeno.

Sou em quem põe a mesa todo dia pro banquete dos sonhos.

E quando tu sai de casa, vê o semáforo? Sou eu que mantenho ele aceso, pra evitar os desatinos nas encruzilhadas.

Tem hora que a gente sente que tem uma coisa dentro da gente que tá à beira de desmoronar.

Mas é preciso segurar. Eu mesma não quero gritar e me desesperar no meio dos escombros, no meio das ruínas.

Não!

Minha tarefa é cuidar, cuidar, cuidar das receitas, dos cadernos, dos desenhos, dos esquemas. Essas coisas, elas têm um espírito, e sem esse espírito elas viram sombras.

Aí o que eu faço: cuido, pra que o Espírito não fuja das cidades, das arquiteturas, dos corpos, e vá morar em outros países.

Tu quer saber meu nome? Por que?

A primeira coisa que acontece quando a gente dá um nome a uma coisa é se separar dessa coisa. Tu quer se separar de mim? É, porque eu já tou aí dentro de tu.

Eu vermelha, tu branco, aquele preto, o outro amarelo, algum azul e aquela ali verde, gente de toda cor. E aqui todo mundo é índio, exceto quem não é.

Ah. Tu não acredita. Tu já sabe de tudo. Tu é um herói do teclado. Faz assim: vai lavar a louça, juntar a roupa suja e tirar o lixo. Depois tu vai pro teclado, vai jogar, ver a temporada nova, o episódio novo.

E te cuida, visse, pra não embarcar nessa onda de ódio. Odiar quem odeia? Sem pensar em que é que isso vai dar?

Não basta tu saber que eu tou aqui, tomando conta da felicidade? Que eu tou de olho nos assassinos que querem acabar com ela?

Tu não acredita na minha (tua) alma invencível?

Existe uma vida secreta, umas perguntas novas, uns desejos…

Presta atenção. Escuta.

Ontem eu subi num alto, senti o vento no rosto… Foi tão bom!

(Respira.)


Texto que performei no palco da Casa da Ribeira, em 1º de maio de 2019, escrito por mim, baseado no primeiro capítulo de “A Cultura no Plural”, de Michel de Certeau.

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A guerra.

Clotilde Tavares | 17 de abril de 2018

sol na cama

O amor não abre portas
e das janelas
só deixa frestas
que desenham espadas
no lençol.
Uma guerra.

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Um duro ofício

Clotilde Tavares | 30 de janeiro de 2018

Balzac

Aqui escrevendo, rasgando, corrigindo, deletando, copiando, colando, me irritando, me aborrecendo, querendo desistir, jurando que vou fazer outra coisa. Aí vejo os originais do grande Honoré de Balzac – diz a lenda que ele corrigia as provas impressas até por 20 vezes e enlouquecia os editores. Relaxo, tomo um café e volto ao duro e delicioso ofício de inventar do nada personagens e situações, porque a história já está dentro da minha cabeça e se não sair termina me fazendo adoecer. #AVidaÉBoa #VidaDeEscritor#NóisSofreMaisNóisGoza

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Ladybird – A Hora de Voar (Ladybird, 2017)

Clotilde Tavares | 26 de janeiro de 2018

Nunca consegui me entender direito com a minha mãe. Ela me amava, mas tinha um temperamento terrível. Eu também a amava, e tinha/tenho um temperamento igualmente terrível, herdado adivinhe de quem?

Pois é. As relações entre mãe e filha sempre dão bons temas para ficção, na literatura, no teatro, no cinema. É o caso de Ladybird – A Hora de Voar, (Ladybird, 2017), da diretora Greta Gerwig, filme que surge neste início de ano com cinco indicações ao Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original (também da Greta Gerwig), melhor atriz (Saoirse Ronan, a filha) e melhor atriz coadjuvante (Laurie Metcalf, a mãe).

O filme traz o binômio mãe preocupada e cheia de trabalho/filha adolescente cursando a série final do ensino médio, com todos aqueles lugares comuns que estamos acostumados a ver nos filmes do gênero: primeiro beijo, a popularidade na escola, a necessidade de afirmação, o primeiro baile, o quarto sempre desarrumado, as melhores amigas, a inveja das garotas bonitas, as brigas com o irmão mais velho, as dificuldades financeiras da família e o centro de tudo: as brigas e desentendimentos com a mãe, já que o pai é o bonzinho da história, nas palavras da megera mal humorada que persegue a pobre menina nessa idade tão difícil. Mais do mesmo, diz você. Mais do mesmo, pensei eu.

Mas neste filme, tudo isso se passa sutilmente de outra forma, com algumas camadas a mais de profundidade, embaladas por um diálogo vivo e intenso e por situações comuns mas exploradas magistralmente pela diretora. E a Laurie Metcalf – que desempenho! – eu já a conhecia como a divertida fanática religiosa mãe de Sheldon Cooper em The Big Bang Theory (aliás, os coadjuvantes daquela série são um assunto à parte) mas nunca a havia visto em um papel dramático. Fiquei encantada. Sua interpretação de Marion, a mãe da adolescente Ladybird, é um dos grandes trabalhos que vi ultimamente no cinema e consegue construir com a Saoirse Ronan, também outra excelente atriz, uma cumplicidade e uma apropriação do texto e das situações que só consegue fazer quem domina a grande arte de representar.

Toda a história me tocou muito, e me revi na adolescente truculenta, teimosa, desaforada, lutando para ser alguém, para ter um nome e uma carreira, e trombando dia e noite com aquela criatura exigente, irascível, destemperada, mal-humorada e tão parecida com a minha mãe na maioria dos momentos. Mas não é para isso que o cinema serve? Não é para despertar em nós uma viagem, uma descoberta? Quando a obra de arte nos toca, nosso coração vive de novo, o sangue circula aquecido, o mundo se transfigura, enxergamos uma pouco mais além do que víamos antes. É o milagre da fruição artística.

Lindo filme, tocante emocionante, fabricador de lágrimas quentes de saudade pois Mamãe, minha irascível e difícil mãe, há muito me deixou. Como a personagem, na cena final, pude repetir também, sempre procurando as palavras, mas sempre sem encontrá-las: “Mãe, eu queria lhe contar… (Tempo) Eu te amo. (Tempo.) Obrigada, eu… (Tempo.) Obrigada.”

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A forma da água (The Shape of Water, 2017)

Clotilde Tavares | 24 de janeiro de 2018
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#semspoiler
Guillermo del Toro está de volta com mais uma de suas fantásticas fábulas, repetindo a estética de O Labirinto do Fauno (2006).
Lendo por aí nos fóruns de cinema, vi que pessoas bem humoradas dizem que este seu novo filme deveria ter como título Amélie Poulain encontra o Monstro da Lagoa Negra mas, piadas à parte, esse é um filme espetacular em todos os sentidos. Teve mais de dez indicações ao Oscar – filme, diretor, atriz, roteiro original, ator coadjuvante, fotografia edição e mais algumas indicações técnicas.
É claro que o Oscar obedece a alguns critérios que para mim continuam misteriosos no que se refere às indicações como, por exemplo, por que indicar um filme como Corra! (Get Out)? Interessante, assistível, mas nada que mereça um Oscar. Nesse caso, porém, a Academia acertou.
A Forma da Água começa por ser uma homenagem ao cinema. Ali estão os musicais, com Fred Astaire, Carmen Miranda, Shirley Temple, o sapateado, a dança com balde e esfregão, o cinema da época, e tudo na medida certa, sem cansar o olho do espectador.
O importante é que o filme é um exercício de empatia, uma forma de olhar para o outro vendo a essência, o que existe de verdadeiro no outro e não sua aparência. A faxineira muda, que não pode e não consegue falar por um trauma de infância, e o Monstro, também mudo porque monstro, não humano – mas ambos pensam, sentem, têm habilidades, amam.
Os coadjuvantes da trama: a mulher submissa ao marido, o artista incompreendido e superado pela tecnologia, o investigador bruto e sádico com sua família de comercial de margarina, o general doa-a-quem-doer, o cientista-espião que é agente de Moscou, o ambiente da Guerra Fria recriado tão bem.
Uma cenografia que em certas horas me lembrou Brasil O Filme (Terry Gillian-1985), cheia de canos e tubulações, meus Deus, o que circula dentro daqueles canos? Tudo uma metáfora do subterrâneos e desvãos da alma humana.
E quantos elementos emblemáticos! O ovo, que inicia e estabelece a relação entre os personagens principais e simboliza a nossa origem comum, animais que somos todos e, finalmente, o elemento água, mediador de emoções. A água, ou o estado líquido, veículo de tudo quem tem a ver com desejos e sentimentos: sangue, suor, lágrima, saliva, sêmen, secreções de glândulas… Somos seres aquáticos, crescemos na piscina do líquido amniótico de nossas mães e vivemos nos desmanchando em secreções o tempo todo. Quando secamos, sobrevém a morte.
A Forma da Água é nossa forma, ou, pelo menos, a forma que deveríamos ter. Veja, e dissolva-se.
#MaratonaOscar2018 #AdoroCinema #AVidaÉBoa

 

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