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ROMANCEIRO VIVO

Clotilde Tavares | 8 de julho de 2024

ROMANCEIRO VIVO: um podcast novo sobre coisas antigas.

As duas temporadas estão no ar, com acesso livre. Escolha onde quer ouvir. Curta, comente, compartilhe, e se inscreva no canal.

Onde: no Spotify e no Youtube.

Q

Como surgiu a ideia de um podcast sobre o romance ibérico tradicional cantado?

As pessoas sempre me perguntam como foi que eu comecei a me interessar pela cultura popular, pelo cordel, pelas histórias, pela poesia. Na verdade, eu nunca “me interessei”: fui criada junto com isso, com essas histórias, ditas decoradas ou lidas nos folhetos que Mamãe trazia da feira todo sábado, em Campina Grande, na Paraíba; ou embalada na rede por Titia, que cantava romances, que eram cantigas em verso com histórias de condes, barões e princesas; e tinha noites em que a velha Severina de João Congo, sentada no batente da porta da cozinha, dava vida a João Grilo, Pedro Malasarte, Juvenal e o Dragão, velhas histórias que a gente não se cansava de ouvir.

Na vida adulta, esse caldo cultural riquíssimo dentro do qual passei a infância terminou por me definir intelectual e artisticamente, e virou campo de estudo, de criação e de prazer. Passei a me dedicar aos temas da poesia popular, convivendo com pesquisadores e mestres que me orientaram e com artistas que me inspiraram. De gravador em punho, registrei poetas, violeiros, cordelistas, contadores de história e romanceiras.

No Departamento de Artes da UFRN, onde fui professora de algumas disciplinas, entre elas Folclore Brasileiro, apresentava tudo isso aos alunos e, no teatro, passei a incluir essa poesia viva nas minhas peças. Cantei romances e recitei cordel em aulas e em palestras incontáveis.

Por causa disso, as pessoas sempre ficam me pedindo que organize um curso com esses saberes. Decidi fazer esse “curso” em formato de podcast porque pensei: se há interesse, por que não difundir esse conhecimento de forma mais ampla, de uma forma que mais pessoas tenham acesso e não precisem pagar por isso?

Então estou aqui, com o podcast ROMANCEIRO VIVO, estreando sua segunda temporada, tendo a primeira entrado no ar em 19 de março de 2023. (No final deste texto deixo links para as temporadas e episódios.) Nele falo principalmente do romanceiro, da poesia tradicional, transmitida informalmente, na maioria das vezes de transmissão oral. Meu tema principal é o ROMANCE IBÉRICO TRADICIONAL CANTADO.

Mas o que é esse tal romance ibérico tradicional cantado, o objeto deste podcast?

São poemas musicados, de autoria anônima, que aparecerem no final da Idade Média, sobre diversos assuntos, desde as aventuras de cavaleiros e guerreiros, casos de amor da nobreza, lutas entre cristãos e mouros, histórias de aventuras marítimas, histórias de santos, e também histórias de gente comum, de amores e aventuras da gente do povo.

Os romances – os poemas cantados – geralmente são construídos em versos de sete sílabas, chamados de redondilha maior, e há inúmeras versões de cada um desses romances, cantados com melodias diferentes e também com finais diferentes. São transmitidos espontaneamente, de pessoa a pessoa. A linguagem é rápida, intensa, com ênfase nos acontecimentos, sem muitas descrições do ambiente. Os versos repetidos facilitam a compreensão e fixam a atenção do ouvinte.

Existem milhares de romances na memória popular em Portugal, Espanha, França e outros países, alguns copiados em documentos manuscritos ou preservados em folhas impressas raras e guardadas nas bibliotecas de universidades e mosteiros, mas repetidos e cantados até hoje, vivos na memória do povo, e que talvez você tenha ouvido também, em criança.

Eu quis trazer para você alguns deles, e usei um critério mais afetivo do que acadêmico pra essa escolha: escolhi os romances que gosto mais, que ouvi quando criança cantado pelas minhas tias e agregadas familiares, e depois mais adulta por Dona Militana e outras grandes romanceiras que tive a honra de conhecer. E quem é Dona Militana? Não se avexe. Lá na frente a gente vai saber.

O podcast é dirigido a quem tem curiosidade sobre o tema, mas sem grandes aprofundamentos teóricos – muito embora tudo seja embasado na teoria e na literatura produzida por estudiosos e pesquisadores, citados nas notas de cada episódio..

Como fiz esse podcast? Quem é a “minha” equipe?

Um podcast parte de uma ideia, que nasce na cabeça de alguém; há vários tipos de podcast: os de entrevista, os de humor, de reportagens, e aqueles que documentam algum assunto, como é o caso deste. Depois da ideia, vem a pesquisa, a elaboração do roteiro, a criação de vinhetas e do tema de abertura, e alguns podcasts, como este, têm o canto com acompanhamento musical. A narração do texto é geralmente feita em estúdio pra maior qualidade; depois de gravada, a primeira versão de cada episódio entra em modo de edição em programa de computador, onde são feitos os cortes, inclusões, e finalmente a mixagem e a masterização.

Depois, chega a hora de colocar os episódios nos tocadores de podcast, em um processo que pode ser mais ou menos laborioso. É preciso construir uma identidade visual, produzir o material visual e escrito da divulgação, como releases e posts para as redes sociais. E também escrever os textos que apresentam o trabalho, aqueles que você lê quando está zapeando nas redes procurando algo para ouvir. Além disso, no caso deste meu, também é preciso compor as notas do episódio, com esclarecimentos e bibliografia. É coisa!

Podacsts profissionais, no modelo desse meu, apresentam cerca de 10 a 20 pessoas envolvidas nessas tarefas: pesquisador, roteirista, narrador, técnico de som, editor, jornalista, compositor, instrumentista, artista visual, e outros. Ouça um podcast até o fim e veja quantas pessoas são mencionadas nessas fichas técnicas.

Infelizmente, não posso contar com isso. Este podcast é feito por três pessoas:

A primeira, Paulo de Oliveira, responsável pelo estúdio e por toda a parte técnica: captação de som, edição, mixagem e a masterização.

Paulo de Oliveira

A segunda pessoa é o multiartista e rabequeiro Caio Padilha, que executa o tema de abertura, as vinhetas e me acompanha no canto dos romances.

Caio Padilha

Finalmente, a terceira pessoa é esta que vos tecla, fazendo o resto, desde a ideia original, a pesquisa, o roteiro e a narração até as atividades que vêm depois que o episódio é produzido, para colocá-los nos tocadores e divulgá-los nas redes.

Nós três fazemos isso por amor, ou, como dizemos aqui “na guerrilha”, sem patrocínio, sem verba, sem financiamento e sem usar as leis ou fundos de cultura. A vontade de fazer é tão grande que não queremos esperar pelos prazos e pela burocracia. Nenhum de nós é remunerado Nosso único e precioso retorno é a sensação de estar contribuindo para registrar uma tradição que está prestes a se extinguir, e isso é tudo que precisamos para continuar nisso que eu gosto de chamar “a batalha da cultura”.

Mas esqueci de acrescentar um quarto nome: você, que me ouve! É graças a você que persistimos aqui, cumprindo nosso papel, disseminando a Poesia, a Beleza, a Cultura Tradicional e contribuindo para fortalecer os laços de união entre os produtores e fruidores de arte.

Vamos aos links!

Se você não viu a primeira temporada, eu recomendo fortemente que veja antes da segunda. Comece por onde quiser, mas o trabalho segue uma organização didática que facilita a compreensão do tema. No entanto, se você é aquela pessoa que gosta da aleatoriedade, veja na ordem em que quiser, porque aqui tem lugar para todo mundo.

PRIMEIRA TEMPORADA

EPISÓDIO 1 – CANTANDO ROMANCES 

Romance apresentado: “JULIANA E DOM JORGE”

No primeiro episódio eu falo de maneira geral sobre o que é esse tal de romance ibérico tradicional cantando. Porque ibérico, porque tradicional e porque cantado.

EPISÓDIO 2 – ROMANCE, CORDEL E CANTORIA

Romance apresentado: “RAINHA E CATIVA”

Detalho melhor as definições e faço diferenças entre o romance, o cordel e a cantoria de viola.

EPISÓDIO 3 – POESIA, POEMA, MÉTRICA E RIMA

Romance apresentado: “GERINELDO”

No terceiro episódio, falo sobre poesia, composição poética, métrica, rimas e estrofes  .

EPISÓDIO 4 – DE ONDE VÊM OS ROMANCES?

Romance apresentado: “SANTA IRIA”

No quarto episódio, o assunto é a origem dos romances, e as teorias a respeito. Também falo um pouco sobre as canções de gesta.

EPISÓDIO 5 – DONA MILITANA, A MAIOR ROMANCEIRA DO BRASIL

Romance apresentado: “BELA INFANTA”

No quinto apresento a você a maior romanceira do Brasil: Dona Militana, e falo sobre a transmissão oral e a comunicação poética.

EPISÓDIO 6 – POR QUE CHAMAM ISSO DE ROMANCE?

Romance apresentado: “FLOR DO DIA”

No episódio sexto, vemos o motivo de se denominar os poemas de romances, e conhecemos alguma coisa sobre a formação dos idiomas nacionais.

EPISÓDIO 7 – ASPECTOS DO MUNDO MEDIEVAL

Romance apresentado: “DONA BRANCA”

No sétimo episódio falo sobre a história da Península Ibérica, principalmente as guerras, as invasões e as relações entre Igreja e Estado.

EPISÓDIO 8 – A MULHER COMO PROTAGONISTA

Romance apresentado: “DONZELA GUERREIRA”

Finalmente, no oitavo episódio, fecho a temporada com um episódio sobre as mulheres, em homenagem a todas aquelas vozes anônimas que, ao longo dos séculos, carregaram essas histórias na memória e as repassaram, geração após geração. As romanceiras, como Dona Militana, incluindo também as da minha infância, e ainda as pesquisadoras e professoras como eu.

 

SEGUNDA TEMPORADA

EPISÓDIO 9 – A RELIGIOSIDADE POPULAR

Romance apresentado: “SANTO ANTÔNIO”

Apresento fatos sobre este santo medieval e português, cuja vida envolta em lenda deu origem a poemas e romances variados.

EPISODIO 10 – ANTONINO E O PAVÃO

Romance apresentado “ANTONINO”

O caso de um romance que não é medieval, mas que tem raízes profundas na infância de muita gente.

EPISODIO 11 – O CEGO SEDUTOR

Romance apresentado: ANINHA E O CEGO

Quem é este nobre, que disfarçado de cego tenta seduzir mocinhas indefesas? O romance “Aninha e o cego” traz essa história que nos revela acertos e tratativas para o casamento na Idade Média.

EPISODIO 12 – LA CONDESSA

Romance apresentado: LA CONDESSA

A difícil arte de casar as filhas nos tempos medievais, e alguns comentários sobre a brincadeira infantil e as cantigas de roda.

EPISÓDIO 13 – UM AMOR QUE VENCE A MORTE

Romamce apresentado: CONDE OLINOS

O eterno tema dos amantes perseguidos pela família, o que conduz à morte de ambos.

EPISÓDIO 14 – FEMINICÍDIO NO MEDIEVO

Romance apresentado: A BELA MAL CASADA

Mesmo inocente, a personagem dessa história triste é tratada cruelmente pelo marido impiedoso

EPISÓDIO 15 – A BELA NA MISSA

Romance apresentado: A BELA NA MISSA

Quem é esta mulher, que ao entrar na igreja perturba toda a celebração?

EPISÓDIO BÔNUS – TANTAS PERGUNTAS

Um episódio sem romance, para responder às perguntas do ouvinte.

EPISÓDIO 16 – A NAU CATARINETA

Romance apresentado: NAU CATARINETA

Sete anos e um dia vagando no imenso mar, calmo e terrível. Essa epopéia é um dos romances mais conhecido e encerra esta segunda temporada.


 

As duas temporadas estão no ar, com acesso livre.

Onde: Spotify, e no Youtube.

 

Escreva, comente, pontue, participe.

Comente nos canais ou escreva diretamente pra mim

Os meus endereços estão abaixo.

Clotilde Tavares, esta que vos tecla.

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Dia Mundial do Trabalho

Clotilde Tavares | 11 de julho de 2023

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Arte, Comportamento, Pop-filosofia
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ficar bem, poema, poesia, trabalho

A convalescente

Clotilde Tavares | 8 de julho de 2023
Pode ser uma imagem de 1 pessoa
Nas três ultimas semanas
Andei daqui muito ausente
Sem postar, sem escrever
Nem uma linha somente
Nesse tempo decorrido
Eu que sou apenas gente
Feita de carne e de sangue
Como todo ser vivente
Contrário à minha vontade
Passei do status de gente
Para outra condição
De também ficar doente
Mas logo mais em seguida
Mais do que imediatamente
Fui promovida de novo
De doente a paciente
Os doutores me ajudaram
Com remédios competentes
Logo depois de alguns dias
Tornei-me convalescente
A doença se acalmou
Mas o corpo ainda sente
Parei tudo o que fazia
Até ficar mais potente
Mais disposta e mais feliz
Mais risonha e mais contente
Muito mais armorial
Muito mais inconsequente
Arengueira e atrevida
Isso é o que vem pela frente!
Você que está lendo isso
Me aguarde, que de repente,
Eu volto a ficar saudável
Curiosa, impertinente
Engraçada e encrenqueira
E escrever diariamente
Aqui deixo abraço e beijo
E voltarei brevemente.
*** Postado no Facebook em 4 de julho de 2023
*** Nessa foto eu era a cigana Gipsy, em performance solo na Casa da Ribeira.
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Arte, Comportamento, Pop-filosofia
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diverticulite, doença diverticular do cólon, escrever, gipsy, poesia, poesia popular

O testamento do Judas

Clotilde Tavares | 3 de abril de 2021

Em Campina Grande, onde nasci e fui criada, era tradição malhar o Judas na noite de sábado de Aleluia. A gente construía o boneco, pendurava num poste, e ficava vigiando pra ninguém roubar; à noite, lia-se o testamento onde ele relatava as maldades e distribuía o que tinha. Depois, começava a malhação. Os testamentos eram muito engraçados mas esse que publico hoje já é fruto da minha mente mais madura e menos dada aos desfrutes da adolescência. Foi escrito há uns dez anos, e dormia sossegado numa gaveta. Agora, acordou.

O TESTAMENTO DO JUDAS – Versos de Clotilde Tavares

Eu vou ler para vocês
Com toda solenidade
O testamento de quem
Na vida só fez maldade
Foi só ódio e avareza
Zombou da honestidade
Praticou tanto a mentira
Que se esqueceu da verdade
Semeou fofoca e intriga
Cultivou a inimizade
Nunca soube o que era amor
Muito menos lealdade.

E o que diz o testamento
De quem nunca fez o bem?
– Não diz nada, meus amigos
Nada deixou pra ninguém
É uma página em branco
Nem uma linha contém.

E quem é essa pessoa?
Quem é esse marginal?
– É Judas Iscariotes
Que de forma tão brutal
Vendeu Jesus ao carrasco
Causando dor sem igual
Mas também é qualquer um
Que pratique obra do mal
Seja mulher, seja homem
Seja qualquer um mortal
Que tenha o crime na mente
Seja cruel, desleal
Ladrão, voraz e corrupto
Demagógico e venal
Falso, orgulhoso, bandido
Desprezível e imoral.

O Judas Iscariotes
Não está muito longe, não
Vive tão perto de nós
Ombro a ombro, mão a mão
É aquele parlamentar
Vendido à corrupção
É o burocrata cretino
Que nega autorização
Pelo prazer de negar
Porque ama dizer não
É o playboy dirigindo
Bêbado e na contramão
É o pai que abandona os filhos
É o padre que, no sermão
Prega uma coisa e faz outra
Sem a menor contrição
É o médico que atende mal
Buscando só o cifrão
É quem depreda o ambiente
Causando a poluição
Quem agride a natureza
Sem pensar no seu irmão
Quem liga o som nas alturas
Enlouquecendo o cristão
Quem falsifica remédio
Quem põe bromato no pão
Quem pratica só pecado
E prega a religião.

O fantoche pendurado
Que vemos nesta viela
Simboliza todos eles
Filhos de uma cadela
Vamos acabar com eles
Acabando por tabela
Com toda a raça de Judas
Aqui desta cidadela!

Mas antes de fazer isso
Eu peço mais paciência:
Vamos fazer autocrítica
Com a mão na consciência
Será que também não somos
Como Judas, com frequência?
É fácil olhar os defeitos
Dos outros na sua essência
E esquecer dos que nós temos
Disfarçar sua aparência
Posar de honesto e bonzinho
E simular coerência.
É certo que muitas vezes
Praticamos conivência
Permanecemos calados
Por medo e por displicência!
Vamos fazer este exame
Sem a menor complacência
Quem sabe não será isso
A sonhada transcendência
Que vai nos aproximar
Da mais divina indulgência?

Pois vamos malhar no Judas
Sem dó e sem compaixão
O tom da maldade humana
Da qual temos um quinhão
Mas vamos malhar sem raiva
Fazer disso diversão
Vamos malhar com alegria
Com prazer e com tesão
A raiva ofende a saúde
E contrai o coração
Dá cefaleia e gastrite
Provoca a hipertensão
Vamos fazer o brinquedo
Começar a malhação
Vamos lá, rapaziada!
Arraste o Judas no chão!

Versos de Clotilde Tavares

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A guerra.

Clotilde Tavares | 17 de abril de 2018

sol na cama

O amor não abre portas
e das janelas
só deixa frestas
que desenham espadas
no lençol.
Uma guerra.

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Hoje estou poeta

Clotilde Tavares | 14 de agosto de 2010

VINDIMA

Poema de Clotilde Tavares

Espero a madrugada,

por entre os cajueiros

e fiapos persistentes de noite.

A violenta calma

amadurece os frutos

concentra a seiva

e diz:

– Espera.

Faz frio. Mas o sol que não vejo

mantém líquida a lágrima.

O leite está morno e a saliva

ainda é doce.

Estou calma. E espero.

A ilustração é a Imperatriz, Arcano III do Tarot, desenhada por Robert M. Place.
Achei aqui.


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Ligeirinho

Clotilde Tavares | 4 de junho de 2009

Rapido como quem rouba, este post de hoje é somente para o bloguinho não passar em branco, coisa que atiraria a minha reputação na sarjeta. Prometi que vou postar todo dia, e é isso que farei.

Então, meu pacientíssimo leitor, deleite-se com esses flagrantes poéticos, fotográficos e anedóticos enquanto eu me dedico a uma veia memorialística aberta desde ontem e que está sangrando copiosamente, enquanto eu escrevo a história dos dois anos que passei no internato, para onde fui com apenas oito anos de idade.


O ano é 1956. Eu sou a dentucinha do meio, na segunda fila, interna no Colégo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, agreste de Pernambuco, a 40 km de Garanhuns.

O ano é 1956. Eu sou a dentucinha do meio, na segunda fila, interna no Colégo Nossa Senhora do Bom Conselho, em Bom Conselho, agreste de Pernambuco, a 40 km de Garanhuns.


SEM VERBO

O poeta Dedé Monteiro, de Tabira, recebeu um pedido de ajuda de uma estudante a quem o professor havia dado como tarefa um trabalho de no mínimo dez linhas, tema livre, rimado, e sem nenhum verbo.

O poeta criou “Casa velha”:

Ah, casa velha do cão
A de vovó Januária!
Caverna bicentenária
Sem um sinal de cristão!…
Morcegos sobre o fogão
Nos móveis, somente pó
No muro, uma planta só
No jardim, rato e mosquito
Eis o retrato esquisito
Da casa da minha avó!

Encontrei essa preciosidade no livro do meu companheiro cangaceiro Paulo Medeiros Gastão “Viagem a Triunfo da Baixa Verde”, nº 1151 da Coleção Mossoroense.


Os bodezinhos lá do Cariri, satisfeitinhos com a chuva...

Os bodezinhos lá do Cariri, satisfeitinhos com a chuva...


COMO É QUE É?

O gerente chama o empregado da área de produção, tipo armário quatro portas, com 1,90 de altura, recém-admitido e inicia o diálogo:
– Qual é o seu nome?
– João – responde o grandalhão.
– Olhe – explica o gerente – eu não sei em que espelunca você trabalhou antes, mas aqui nós não chamamos as pessoas pelo seu primeiro nome. É muito familiar e pode levar a perda de autoridade. Eu só chamo meus funcionários pelo sobrenome: Ribeiro, Matos, Souza, etc, entendeu? E quero que o senhor me chame de Sr. Mendonça. Muito bem, agora quero saber: qual é o seu nome completo?
O empregado responde:
– Meu nome é João Paixão.
– Tá certo, João. Pode ir, agora.


Beleza em estado puro. A foto é de Nicholas Greenway.

Beleza em estado puro. A foto é de Nicholas Greenway.

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