O domingo é chato
Clotilde Tavares | 19 de abril de 2009Olhe: se não fosse o Amor, eu não sei como conseguiria vencer estes domingos intermináveis.
Porque, meus queridos, como diz Emile Cioran, “a única função do Amor é a de ajudar-nos a suportar essas tardes dominicais, cruéis e incomensuráveis, que nos ferem para o resto da semana e para toda a eternidade.”
Ficam algumas imagens, catadas aqui e ali no meu baú, que valem mais do que mil palavras.



























fia da região. Tudo verde, tudo úmido, tudo com aquela impressão de Paraíso Terrestre, de um mundo que parece que foi inventado naquele instante, com milhares de matizes de verde e cheio, lotado de vida, passarinhos, insetos, formigas, abelhas, marimbondos, imbuás e tudo quando é de bichinho miúdo e bonitinho rastejando, voando, zum-zum-zumbindo, cantando, chilreando, borboleteando, no meio das flores de todas-todas-todas-todas as cores. E veja
você, meu caro leitor: eu que sou avessa ao frio e que só gosto de Natureza se ela estiver do outro lado de um vidro blindex, me abestalhei com o cuidado de filigrana de detalhe, de minúcia, que o Universo empregou para criar essa jóia que repousa no centro do escrínio verde do Brejo. Ô Paraíba bonita danada, minha gente! Cheia de tesouros que não conhecemos. A temperatura amena, mesmo neste abril que está ainda calorento em muitos lugares do Nordeste, traz uma noite de sono tranqüilo, “sem rádio e sem notícia das terras civilizadas”, debaixo de um cobertor quentinho.
dos grandes centros. O metro quadrado disparou de preço e não é todo mundo que pode comprar um terreno por lá, como acontecia há alguns anos. A cidade passa por um surto de desenvolvimento, com novas construções se erguendo a cada esquina – algumas, é verdade, subvertendo a arquitetura característica da cidade, o que é uma pena – mas o fato é que os novos empreendimentos geram riqueza para o município, movimentam a economia, introduzem novos hábitos, civilizam os costumes. Mas essa história de progresso tanto tem o lado bom como o lado ruim, porque toda moeda tem duas faces. No pátio da Matriz, na sexta feira da Paixão, eu estava esperando sair a procissão para fotografar. Uma criatura me pediu esmola. Quando eu disse que não tinha, a resposta foi dura e impertinente: “É melhor pedir do que roubar…”























