Esplendor no céu da tarde
Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2010Hoje de tardezinha eu vinha voltando para casa, logo depois das cinco e meia da tarde. A avenida lotada de carros, o trânsito se arrastando, aí eu olhei pela janela do carro e vi o céu. Na tela azul turqueza, o arco prateado da Lua Nova, novinha em folha, acabadinha de nascer; e mais acima, como retesando esse arco, o planeta Vênus, na sua plenitude, brilhante, parecendo uma jóia rolando em campo de cetim. Só isso, mais nada. O Sol ainda não havia sumido e outros astros não haviam aparecido para empanar o brilho da visão.
E lá saí eu, comemorando porque o trânsito estava lento e eu podia ir, devagarinho, contemplando aquela maravilha.
Mas seria mesmo Vênus? Um dia desses eu tinha visto a deusa prateada na madrugada, como estrela matutina; será que já havia terminado essa sua parte do ciclo e ela já estava de novo aparecendo de tarde? O tempo passou tão rápido assim que eu nem me dei conta?
Mas foi isso mesmo, meu caro leitor. Era mesmo Vênus, e confirmei logo ao chegar em casa com um telefonema para o físico João da Mata, que localizei através do celular perdido e sequioso no centro da cidade em busca de uma cerveja.
Fiquei pensando: quem mais viu isso? Pouca gente, eu acho. Pouca gente olha o céu, e não vê mais a Lua, nem as estrelas, nem os planetas. Não conhece as constelações, Não sabe que a Via-láctea, como um pálio aberto, cintila, como diria o poeta que ouvia estrelas; e nem desfruta da maravilha que é Júpiter, que está no zênite todas as noites, enfeitando a abóbada com seu esplendor luminoso.
Júpiter é é a grande fotuna astrológica, o planeta que domina a minha existência, e quando eu nasci, ele estava na minha décima primeira casa, com o Sol e Mercúrio dominados por ele. Por isso sou assim, tão faladeira, tão metida, e gosto de falar pra um mundo de gente que nem sei quem é, como faço por este blogue que, agora, vou ver se atualizo com mais frequência.