“Só vingança, vingança, vingança…”
Clotilde Tavares | 18 de setembro de 2010Hoje quero falar sobre vingança. Mas por que um assunto desses? Por nada não, só porque me deu vontade. Não quero me vingar de ninguém, não estou com raiva de ninguém – agora. Vez por outra tenho minhas raivas e quero matar, assassinar, fico doente de raiva e quero me vingar! Pois é meu caro leitor, se você pensa que sou uma doce velhinha você está muito enganado.
A diferença é que eu sinto essas coisas aí por uns cinco minutos, respiro fundo e aplico a mim mesma a frase que eu mais gosto sobre o tema: “A maior vingança é o sucesso!” E corro a escrever, a pensar, a ter ideias, sempre naquela direção dos sentimentos positivos porque esse negócio de ter raiva e de guardar rancor detona com nossas pobres artérias e nos leva ao enfarte mais cedo do que programado.
Apesar disso, não posso negar que o assunto me atrai pela sua força literária, por carregar um conteúdo tão forte de drama e de tragédia.
Quem não se lembra do samba “Mas enquanto houver voz em meu peito eu não quero mais nada/ Só vingança, vingança, viangança aos anjos clamar…”? Quando ouço cantar isso em mesa de bar ou roda de amigos, é divertido olhar para as pessoas, e as expressões que fazem mostram que cada uma tem sua vingançazinha particular guardada em algum canto, atrás de alguma porta interna, esperando…
Sun-Tzu, autor de “A Arte da Guerra”, disse:”Se esperar bastante junto ao rio, os corpos dos seus inimigos passarão boiando”, mas aqueles eram tempos cruéis. Isso não impede que eu me recorde imediatamente do aforisma caririzeiro que aprendi em pequena: “Todos os meus inimigos estão mortos” – pra quem não entendeu, explico que a vingança do autor da frase é tão definitiva que ele não tem mais nenhum inimigo vivo.
São muitas frases: “A vingança é um prato que se come frio” ou “Não há maior vingança do que o esquecimento.”
Mas a melhor delas é o verso da poeta Rosalia de Castro citada no livro de Alfredo Bosi O ser, o tempo e a poesia:
“Não cuidarei dos rosais
que ele deixou, nem dos pombos
que eles sequem, como eu seco
que eles morram, como eu morro.”