Ao vivo e a cores
Clotilde Tavares | 22 de janeiro de 2011Hoje dei uma entrevista ao Cores e Nomes, dentro do RN-TV. A linda e suave Margot Ferreira conversou comigo sobre livros e outros assuntos.
O resultado está aqui.
Hoje dei uma entrevista ao Cores e Nomes, dentro do RN-TV. A linda e suave Margot Ferreira conversou comigo sobre livros e outros assuntos.
O resultado está aqui.
Quero comentar aqui um livro que andei lendo ultimamente. Sempre me esqueço de comentar minhas leituras nesse blog e o meu caro leitor fica encarregado de me cobrar iusso de vez em quando, me a judando a suprir as falhas de memória da chamada terceira idade, que de melhor não tem nada, sejamos francos.
No livro “Aí vai meu coração: as cartas de amor de Tarsila do Amaral e Anna Maria Martins para Luís Martins”, (São Paulo, Global, 2010) a escritora, editora e tradutora Ana Luisa Martins narra o romance entre Luís Martins, seu pai, e a pintora Tarsila do Amaral. Luís Martins e Tarsila tiveram uma longa e “proibida” relação amorosa, sendo ele vinte anos mais novo do que ela; depois ele apaixonou-se pela prima de Tarsila, Anna Maria, com quem viria a se casar e que viria a ser a mãe da autora.
O livro todo é de uma delicadeza imensa, que transpira das cartas escritas por Tarsila e por Anna Maria para Luís Martins, que a filha encontrou numa gaveta após a morte do pai. A história desses amores é narrada através da leitura das cartas e complementada pela autora, que explica o desenrolar dos acontecimentos; mas as palavras são as dos próprios protagonistas e revelam, além de uma comovente história de amor, uma sociedade preconceituosa e limitadora da liberdade, principalmente da liberdade da mulher. As fotos e o projeto gráfico aumentam a beleza e o prazer da leitura. A Global Editora está de parabéns pelo lançamento.
Ah, sim: a frase “Aí vai meu coração” era a forma como Tarsila encerrava as cartas para Luís Martins.
Há um e-mail circulando na Internet com uma história mirabolante, sobre um suposto perfume que, oferecido por um rapaz às pessoas, faz com que elas desmaiem enquanto o tal rapaz lhes rouba bolsas e carteiras.
Histórias como essa são sempre boatos, e sua procedência pode ser pesquisada em sites que cuidam da veracidade das coisas que circulam pela rede. Muito deles explicam o mecanismo pelo qual essa histórias estão sempre voltando:
“(…) O que se vê é a mesma história ressurgir de tempos em tempos. Uma nova leva de recém-chegados à Internet “descobre” uma dessas histórias e logo cuida ressuscitá-la, não como uma nova versão “revista e atualizada” mas com o mesmo e antigo formato.”
Bem, era isso o que eu pensava até um episódio que aconteceu comigo num shopping daqui de Natal.
Eu fui abordada, segunda-feira à tarde, por dois homens, muito elegantes, bem arrumados e perfumados, que me perguntaram qual tipo de perfume que eu estava usando. Respondi o nome do meu perfume (Flowers, by Kenzo); aí eles fizeram alguns comentários sobre o que continha na essência, elogiando meu bom-gosto.
Perguntaram-me então se gostaria de testar um perfume sensacional, que eles estavam vendendo, a um preço bem razoável, lançamento no Brasil.
Mostraram-me um frasco lindo, mas, não cheguei a ver o nome que nele estava escrito. Dei uma desculpa, disse que precisava dar um telefonema e me afastei. Eles ficaram lá, sentados, procurando novas vítimas.
Provavelmente eu teria concordado com a oferta se não tivesse recebido este e-mail, alertando-me para o golpe do perfume, que sempre considerei ser um “hoax”.
Se não fosse o e-mail, provavelmente, eu teria cheirado o perfume. Dessa forma, fui poupada do que poderia ter acontecido comigo.
Então eu gostaria de alertá-los do mesmo modo. Depois que me afastei, de longe, fiz uma foto dos meliantes que você pode ver clicando aqui.
É, minha gente. Nem tudo na Internet é boato…
Hoje à tarde, enquanto fazia as unhas, eu estava comentando com umas amigas sobre as coisas que as mulheres são capazes de fazer, ingerir, usar, aplicar, ou outras ações, sobre coxas, bundas, barrigas e outras partes da antomia para eliminar ou diminuir a celulite.
A ciência fala melhor do que eu sobre a celulite, e você pode ler algo bem interessante aqui no blog Salada Médica, da médica Meire Gomes, minha amiga, a quem chamo carinhosamente de Meire G.
Da celulite descambamos para outros assuntos e, em torno dessas amenidades comentamos entre risadas que a maioria dos homens não nota mesmo se mulher tem celulite ou não, como também não repara em detalhes de moda, de maquilage, de acessórios ou de griffe. Há uma cena curiosa no filme Legalmente Loira onde a personagem descobre que o “bofe” não era bofe coisa nenhuma pois sabia identificar precisamente se um sapato Prada era da coleção inverno ou outono.
Aí, uma das moças contou uma história engraçada.
Disse ela que uma das amigas usa sempre um perfume de marca, francês, que custa cerca de 180 dinheiros o vidrinho de 30 ml. O marido, como a maioria dos homens, não comenta, não entende, e a beija e ama sem atentar para esses detalhes.
Um belo dia aparece uma grande praga de mosquitos. Ela abre mão da essência francesa e, depois do banho, se lambuza de repelente para enfrentar a brisa da noite na varanda. Ao passar pelo marido, ele levanta o rosto, encantado, em direção a ela, e comenta:
– Hummmm… Mas você está muito cheirosa!
…
Assim são os homens – e eu adoro eles. Talvez, quem sabe, por isso.
Ilustrando este post, o ator Simon Baker, que não tem nada a ver com o que escrevi aí em cima afora o fato de ser um homem muito bonito.
Finalmente terminei de colocar todos os livros no lugar. Para o meu caro leitor que não é muito afeito à leitura, ou acha que livro é pra ler e passar adiante, fica difícil transmitir o meu sentimento de afeição e companheirismo com esses amigos de papel.
Há livros que me acompanham desde a infância, o que quer dizer que estão há bem uns 60 anos comigo; muitos deles têm dedicatórias, ou me lembram épocas e períodos da minha vida, ou neles eu anotei coisas – sim, porque eu escrevo nos livros. Então, são meus, ninguém tasca, e quando eu morrer vão ser fonte de grande aperrreio para quem ficar com a função de dar destino à papelada. Mas isso é só quando eu morrer e, francamente, depois que eu me for, podem fazer o que quiserem com o que ficou atrás que eu não estou nem aí – aqui, vale uma reflexão: se existe Inferno deve ser esse da pessoa morrer e ficar se preocupando, sem poder interferir, com tudo aquilo que os vivos estão fazendo com as coisas que ela deixou…
Voltemos aos livros.
Eu tinha quatro estantes de metal, de seis prateleiras, onde os livros estavam empilhados, sem sobrar nenhum espaço livre. O empilhamento economiza muito espaço e há quem diga que essa é a melhor maneira de guardar os volumes, porque quando estão de pé um ao lado do outro costumam “empenar”. Mas já pensou você querer consultar um livro e ele estar lá, embaixo de todos os outros, na tal “pilha”?
Com as estantes novas, estão agora todos enfileirados, empezinhos, lado-a-lado, distribuídos por assunto, e eu ainda conservei duas estantes das antigas em outros lugares do apartamento para que todos ficassem bem acomodados.
Desde ontem que terminei, e não me canso de namorar com eles.
Falta contá-los, o que farei mais tarde. Na última contagem, em julho de 2009, havia 1.789 volumes – sem contar revistas, plaquetes e gibis.
UPDATE (18/01): Contei os livros. São exatamente 1.814 volumes, sem contar revistas, plaquetes e folhetos.
Mais uma vez estou aqui imersa em pilhas de livros. É que depois de décadas usando velhas estantes de aço, pintadas de preto, resolvi comprar novas estantes de madeira, que vieram de MeuMoveldeMadeira, foram montadas por Batista – o tal faz -tudo que quebra os galhos aqui de casa – e hoje estão ali, bonitinhas e vazias, à minha espera.
Olha, isso quando terminar de arrumar vai ficar muito bonito. E a coisa de que eu gosto mais é de arrumar meus livros. Folheando devagar, revendo volumes que há tempos não via, acariciando suas velhas capas como quem toca o rosto de um amigo antigo, que está sempre ali, fiel e dedicado. Vai seu um fim-de-semana muito bom!
“Um homem entra num bar em Damasco e pede uma taça de vinho. Levanta os olhos e vê a Morte a encará-lo do outro lado da sala. Apavorado, pega o cavalo e galopa, fugindo, internando-se deserto a dentro. Ao chegar a Samarra, encontra novamente a Morte.
– Mas não estavas há pouco em Damasco? – pergunta.
– Sim – diz a Morte. – E fiquei muito supresa de ver-te lá pois meu encontro contigo sempre esteve marcado aqui, em Samarra.”
As pessoas não tomam jeito na sua curiosidade e no seu voyeurismo.
Não acho isso nada demais. Eu mesma sou uma curiosa sem concorrentes, e se não sou voyeur é porque talvez não ache a vida alheia suficientemente interessante a ponto de deixar de viver a minha vida para espionar a dos outros.
Pois então: como falei que havia trazido uns livros para este meu isolamento, já teve gente que queria saber que livros eram!
Como não é segredo, vou informar aos curiosos as minhas escolhas.
O primeiro deles foi o texto de William Shakespeare “Tróilo e Créssida”, uma peça pouco conhecida e que eu nem sequer me lembrava da história. Tinha começado a ler em Natal, e hoje de manhã li o 4º. e o 5º. ato, concluindo a obra. Trouxe também o DVD, que vou ver mais tarde.
Trouxe três livros que me ajudam na construção da narrativa que estou esboçando. São livros que sempre estou lendo e relendo, e que toda vez que os abro saio cheia de insights poderosos: A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, de Mikhail Bakhtin; As Raízes Históricas do Conto Popular, de Wladimir Propp; e Fábulas Italianas, de Ítalo Calvino.
Outros três livros, esses novos, que comprei ou ganhei, e que estou doida para ler: Leite Derramado, de Chico Buarque, presente de amigo secreto da maravilhosa Atalija Lima; Uma Viagem pela Idade Média, organizado por Adriana Zierer, da Universidade Estadual do Maranhão, que comprei diretamente à autora pela Internet; e Minha Vida Meu Tudo, memórias de Francisco Nunes da Costa, que o autor me deu de presente antes de ontem e que eu já li bem umas 50 páginas.
Tem ainda um ensaio “Contra o Amor”, de Laura Kipnis, que já comecei trocentas vezes, que acho ótimo, mas que sempre acontece algo para interromper essa leitura. Esse livro é muito, mas muito bom mesmo.
Pronto, meu curioso leitor. Eis aí o que estou lendo. Pensei que eram dez, mas são só oito.
Satisfeito?
Só para informar ao meu caro leitor: estou uma semana afastada da minha base em Natal, para inventar uma história.
“Minha base” é o meu apartamento em Natal, onde há múltiplos elementos captadores da minha atenção: montes de livros e revistas, TV fechada com muitos canais, conexão Internet de alta velocidade e as solicitações daquilo que chamo de “mundo exterior”: família, amigos e outros compromissos.
Aqui, onde estou, num chalé na Praia da Pipa, tenho apenas dez livros que trouxe de Natal; e para me conectar à Internet com velocidade tenho que sair do chalé e ir até a área comum da pousada, onde tem wireless. No chalé, meu modem 3G da Claro só tem meio G e eu não consigo me conectar com velocidade suficiente pra ficar de conversê no twitter, no MSN e no Facebook.
Então, fica mais fácil de cumprir o meu propósito aqui que é “escrever um livro”, denominação vaga para uma tarefa que inclui inventar e encadear histórias para acomodar os personagens que criei e que se movimentam a esmo na região do Cariri Paraibano – lugar onde vai se passar a narrativa.
Construo minhas histórias como uma aventura de RPG: invento um Universo, onde vai se passar a ação; depois invento os personagens. Aí, fica faltando a história, o enredo, os acontecimentos, que terminam sendo criados pelas relações que esses seres imaginários estabelecem uns com os outros, muitas vezes surpreendendo até mesmo a mim porque, quando a gente começa a escrever, a história começa a correr um pouquinho à nossa frente, e nos leva a lugares ou situações não previstos antes.
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O lugar onde estou é um conjunto de chalés em meio a uma vegetação característica da Mata Atlântica embora sem grandes árvores. São chalés adoráveis, cercados por árvores pequenas e arbustos, com tudo que uma pessoa pode querer para ficar confortável e se sentir bem e segura.
Muita gente quer saber “com quem eu vim”: pois não vim com ninguém. Vim sozinha. Já deixei de fazer muita coisa na minha vida porque não tinha companhia. Agora, faço sozinha mesmo. Gosto de ficar só, de fazer meus próprios horários e, finalmente, com a Internet e todas as suas ferramentas de comunicação, só fica sozinho quem quer, não é, minha gente? Agora mesmo não estamos eu e você juntos, através deste texto? Pois é.
Finalmente, se rolar solidão, é só caminhar 15 minutos a pé para chegar até a rua principal da Pipa, e lá eu garanto que acontece de um tudo…
E veja só a cama em que estou dormindo. Ahhhhhhh…
Daqui a pouco estarei indo para um paraíso a 90 km de Natal, a Praia da Pipa, onde supostamente vou descansar, variar da rotina e escrever um livro.
Não sei se vou conseguir, em uma semana, fazer tudo isso aí que me propus. Mas não custa nada tentar.
A Praia da Pipa é um destino turístico muito charmoso e elegante, recebe gente do mundo inteiro e eu, que conheci a Pipa quando era apenas uma aldeia de pesca, vou agora ver bem de perto o que o turismo fez com ela.
Além disso, se eu conseguir pelo menos esboçar o texto no qual transitam os personagens de quem falei no post anterior, pode ser que essas criaturas se acalmem e me deixem em paz.
Darei notícias.