Assédio no shopping
Clotilde Tavares | 5 de abril de 2009Andando pelo Manaíra Shopping na tarde de ontem, provei daquilo que chamo de assédio ao consumidor.
Funciona mais ou menos assim: eu me aproximo de uma vitrine, na intenção de comprar um sapato de salto não muito alto, vermelho ou preto, baratinho, para usar com meus vestidinhos e saias do dia-a-dia. Nem bem encosto na vitrine, o vendedor encosta em mim. Boa tarde, tudo bem? Tenho vontade de dizer que não, que não está tudo bem, ando deprimida, chateada, não dormi bem, mas eu não conheço aquele camarada, como vou discutir minha vida com ele? Não posso, por outro lado, dizer que está tudo bem, porque não está. Dou então uma espécie de grunhido educado, na intenção de afastá-lo, que o inefável chato entende como um encorajamento para continuar o assédio. Aí eu vejo um sapatinho como o que eu quero, mas não é vermelho, é marrom. Começo a pensar: será que dá certo com as minhas roupas? Dá certo com o vestido com estampa de oncinha, mas com a minha combinação de cores preferida – preto-e-branco – não dá. Com o preto-e-branco fica melhor o sapatinho vermelho. Ou então o preto, desde que eu use a bolsa vermelha, para alegrar um pouco, ou então… Aí o cara me interrompe de novo. Procurando um sapato social? Ou uma sandalinha? Pronto. Não sei mais o que eu estava pensando e me vejo de novo frente ao sapato marrom, sem me lembrar direito qual a linha de raciocínio que eu estava seguindo e nem o que era que eu queria antes. Olha moço, muito obrigada, eu estou somente olhando. Aí continuo: será que esse sapato marrom dá certo com as minhas roupas? Ah, sim fica melhor o vermelho. Mas… e esse preto aqui, com um friso vermelho bem fininho, que lindo. Será que o salto não é muito alto? Gostou desse, senhora? Qual o número? Posso pegar para a senhora? É de novo o vendedor. E eu me perco de novo sem conseguir raciocinar e decidir o que eu quero, e cansada de ter que começar tudo de novo. E olhem que isso tudo ocorre do lado de fora da loja. Desisto de entrar e é nessa parte eu vou embora sem conseguir sequer saber que tipo de sapato eu estou querendo.
Aí, entro numa loja de objetos de decoração para procurar um espelho pequeno bonitinho para completar uma composição que tenho na parede perto da porta de entrada. Fico olhando os objetos, vagueando aqui e ali, com a vendedora colada em mim. Posso sentir a ansiedade da garota tentando descobrir que tipo de artigo estou querendo, que tipo de cliente eu sou, se vou comprar ou olhar, se tenho grana ou se sou apenas mais uma pobretona desocupada passeando no shopping. Pego casualmente numa estatueta de uma coruja. Imediatamente, a jovem me explica: É uma coruja, como se eu fosse um ET que não conhece a fauna terráquea. Pego numa estatueta de coelhinho. É um coelhinho. Não me diga! Pensei que fosse um elefante…
E assim se segue a minha tarde de compras. Passo na praça de alimentação, e uma mocinha se atravessa no meu caminho: vamos comer um pizza-cone? Não, minha filha, você e eu não vamos comer nada juntas. Coma a pizza sozinha, e tenha um bom apetite. Para mim chega.
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De novo o corrimão
Venho há meses pedindo um corrimão nos cinemas do Manaíra Shopping. Já disse ao próprio Roberto Santiago, proprietário do shopping, que daqui a cinco anos eu não terei mais condições de descer toda aquela escadaria depois do filme, com degraus de diferentes larguras, e principalmente porque depois de duas horas sentada no ar condicionado na temperatura de geleira antártica que impera dentro dos cinemas, ao final do filme estou quase entrevada.
Vejam a foto do corrimão que há nos cinemas do Midway Mall em Natal, onde o corrimão é possível, é bem-vindo e não atrapalha a visão. Soube hoje que uma senhora de seus 75 anos caiu, e só não rolou escada abaixo porque foi amparada pela filha que estava com ela. Será que estão esperando que alguém caia de verdade e processe o shopping para que o corrimão seja instalado?
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Mundo cão
Saio pouco. O mundo tornou-se um lugar quente, barulhento e cheio de gente sem noção. Prefiro minha casa, e o mundo virtual que, graças a Deus, tem botão de desligar.
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Trecho de artigo
“… Ouço, pela CBN, que – para entrar, pela internet, no site da prefeitura de S. Paulo o cidadão tem de comparecer pessoalmente à galeria Prestes Maia para entregar uma declaração sobre sua senha com firma reconhecida.
(…) e (precisamos) de deixar só de olhar com ódio e desânimo para a canalha que nos rouba e os inúteis que nos atrapalham, fingindo que nos governam. Precisamos acabar com eles.”
José Roberto Whitaker Penteado, o Zé Roberto da ESPM, tem uma visão lúcida e bem humorada deste país de loucos em que vivemos todos nós. Vale a pena ler seus artigos e outros textos aqui. Foi ele quem me convidou a ir ao campus da ESPM em São Paulo, em outubro de 2008, para falar sobre literatura de cordel e propaganda para os estudantes.
Daqui, como penhor da minha amizade, os confetes e serpentinas do Umas & Outras.
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Estou…
… OUVINDO John Legend.
… RELENDO Mulheres que correm com os lobos, para entender de novo umas coisas que havia esquecido.
… VENDO a 5a. temporada de The Sopranos, que baixei da Internet, em ato explícito de pirataria.
… BEBENDO cerveja Liber – sem álcool.
… COMENDO salada de alface com kani, champignon e molho de mostarda com mel.
… PENSANDO que eu queria mesmo era comer um pirão de corredor, com muito tutano.
… DORMINDO menos do que preciso.
… VIAJANDO quinta dia 10 para Bananeiras-PB.
… CRIANDO coragem para retomar a pesquisa genealógica.
… MANTENDO este bloguinho atualizado todo santíssimo dia.
E deixa eu ir pra minha aula de alongamento…
[…] está colocada atrás de um balcão, ou de um guichê, ou dançando na nossa frente, como já falei aqui, retrata casos graves de despreparo de pessoal, mostrando que é mais do que necessário que se dê […]
[…] Assédio no shopping […]
ahahaha. excelente “não diga minha filha, uma coruja, aff, ia descobrir nunca!” kkkkkkkkkkkkkk
Clotilde,
Como diria o personagem da TV: É isso, isso, isso, isso. É exatamente assim que eles, estes seres infernais fazem. Chegam para nos atender, olhando com aqueles olhos de tudo por dinheiro, interrompem nosso raciocínio, não deixam tempo para pensar, escolher, imaginar, fazer contas ou o que mais temos o direito de fazer. São chatos, são insuportáveis. Poderiam dizer só que se precisarmos de alguma coisa é só chamar, e pronto. Ficamos confortáveis assim. Pior do que isso, só super mercado, para onde vão as pessoas que param entre as prateleiras com os braços na cintura, como se fossem açucareiros, uma perna esticada, como compassos e o carrinho sendo o fechamento final para a circulação. Precisamos urgentemente de guardas de trânsito dentro dos super mercados, ou então serei obrigada a fazer Um Dia de Cão, atropelando tudo e todos os que atravessarem no caminho. Ai, ai, ai….estou mesmo ficando uma velha rabugenta….
Oi flor, gostaria de convida-la a conhecer meu blog e site de bolsas e acessórios http://www.mafolie.com.br
Espero que goste :))))
bjokas guta