O triunfo do design
Clotilde Tavares | 4 de abril de 2009Se tem uma coisa de que eu gosto, é observar as coisas. Como são feitas, para que servem, e existe até um programa no Discovery Channel chamado “O Segredo das Coisas”, na frente do qual eu passo horas aprendendo os segredos da fabricação de lâmpadas, pregos, biscoitos, embalagens, e um monte de outros objetos simples e comuns, que a gente pega milhares de vezes e nunca imagina o tanto de tecnologia, design e soluções geniais está embutido ali.
Alguns desses objetos são tão simples que até parecem um milagre pelo muito de utilidade que têm na nossa vida. A simplicidade, no caso, representa um estágio avançado de sofisticação, do qual não nos apercebemos e que só notamos quando refletimos sobre isso.
Há muitos objetos assim, mas o meu preferido é um, tão comum e banal, que passa várias vezes por nossas mãos sem que sequer notemos o milagre de tecnologia que está ali, representado apenas por um fio de aço dobrado sobre si mesmo. Refiro-me ao clip para prender papéis.
O clipe de papel é tão somente um simples fio de aço com uma dupla dobra em forma de “U”, cujo formato característico é a maneira mais funcional de prender uma folha de papel a outra sem amassá-la, marcá-la ou danificá-la. Foi inventado pelo norueguês Johan Vaaler em 1899, que patenteou o dispositivo na Alemanha pois a Noruega não tinha leis de patente na época. Até então, muitos tipos de formatos e materiais haviam sido tentados por inventores em vários países do mundo mas todos danificavam o papel, ou se quebravam com facilidade, ou sua produção era anti-econômica. Somente a invenção de Vaaler teve sucesso.
Um fato curioso ocorreu na Noruega, terra natal do inventor, na Segunda Guerra Mundial. Ali era comum o hábito de usar bótons com as iniciais do rei, e quando houve a ocupação da Noruega pelos nazistas os noruegueses foram proibidos de usar os tais bótons. Em sinal de protesto, passaram a usar nas lapelas um clipe de papel, como forma de protestar contra a ocupação e reafirmar a identidade nacional.
Uma das maiores autoridades mundiais em design, o inglês Terence Conran, afirma que “o bom design é 98% funcionalidade e 2% um ingrediente estético abstrato e misterioso que nos faz querer levar a peça para a casa por achar que ela tornará nossa vida melhor”.
Quando vejo nas lojas esses aparelhos de som ultra-modernos, luzes coloridas e controles remotos de 45 teclas das quais só usamos três ou quatro, ou sites na Internet que quando abrimos tudo pisca e treme na nossa frente, lembro-me logo do clipe de papel, integrado invisivelmente ao dia-a-dia da vida moderna, paradigma da simplicidade e da sofisticação, triunfo supremo do design, equilíbrio perfeito entre forma e função. E se me fosse dado escolher entre ser a inventora do clipe ou de um aparelho complexo como, por exemplo, uma espaçonave, eu não teria dúvida: ficava com o clipe, sem pensar duas vezes.
[…] – Depois vem um post do qual gosto muito – mas só não entendo porque o visitam tanto. Escrevi sobre o clipe de papel, e a maravilha que este objeto encerra em matéria de design e funcionalidade. Minha desconfiança […]
Olaaaaa!
Parabens! Gostei muito da materia, Gostaria que vc falasse mas da Noruega. Pois tenho interesse em conhecer mas da cultura Norueguesa. Obrigada !
Gostei muito de seu blog, também tenho um blog só que não tem muitos leitores, pois não sou bom em redação (Fugi das aulas de português), acho isso muito importante a forma de abordar (não sei nem se estou emprengando a palavra corretamente) o leitor e faz com que ele leia o post até o fim e acabe se interessando em ler os outros artigos. Se quiser mantêr contato será o maior prazer 😀 !!!
[…] Desde que comecei, no dia 26 de março, foram até agora 118 posts, com um total de 18.700 visitas. O dia mais visitado foi o dia 6 de julho, quando escrevi o post O rapaz, a moça e o sistema, com 358 visitas; e o post mais visitado até hoje é – pasmem! – um que escrevi sobre a história do clip de papel e que tem o título O triunfo do design. […]