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Telejornal matutino: nunca mais.

Clotilde Tavares | 16 de setembro de 2009

Vou deixar de ver noticiário de manhã. As coisas que vejo na tela me dão vontade de voltar para a cama e dormir de novo, ou então tiram o meu entusiasmo para sair à rua, para meus compromissos de almoço e encontrar amigos. Hoje, por exemplo, a primeira notícia foi a de uma adolescente batendo em colega de escola, incentivada pela mãe, que dizia: “Bate! Chuta! Mete o pé como eu te ensinei! Teu pai está no carro!”

Depois deste horror, a TV mostrou pessoas atingidas por pedras enormes que os bandidos atiram sobre os carros na linha vermelha (no Rio de Janeiro) na tentativa de assaltar quem passa na avenida.

O telejornal informa a nova de Sarney. Diz ele que “a imprensa está atrapalhando o Senado”. Então ele propõe o que? Que a imprensa se cale e deixe o Senado trabalhar em paz, com seus atos secretos e outras patifarias?

Outra matéria extensa foi a do lixo que ameaça soterrar a cidade de São Paulo, lixo que cidade não tem condição de recolher por inteiro e que a população está sempre produzindo.

Mais adiante, uma matéria sobre a tentativa do governo de “controlar” a Internet em relação à propaganda eleitoral, fazendo com que meu estômago se contraia todo à lembrança da ditadura militar. Felizmente, o jornalista Alexandre Garcia fez um comentário que salvou o dia. Disse ele: “Daqui a pouco o governo resolve mudar a Lei da Oferta e da Procura, a Lei da Gravidade…”

Depois, tenho o prazer de saber que no governo de Tocantins há vinte e cinco mil funcionários públicos em cargo de confiança, e que a maioria passa do dia sem fazer nada, tomando cerveja e banho de sol!

Então, está resolvido. Telejornal de manhã, nunca mais.

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Alexandre Garcia, notícias, telejornal, telejornal matutino
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Patrick Swayze

Clotilde Tavares | 15 de setembro de 2009

Hoje é dia de celebrar a Vida. Aliás, todos os dias são para celebrar a Vida mas muitas vezes a gente se esquece disso, e passa pelas horas na maior correria, na pressa, sem refletir e sem desfrutar sobre essa coisa maravilhosa que é estar vivo: respirar, ler, blogar, ir ali na geladeira e tomar um copo de água, levantar do computador e passar um tempinho ali na varanda vendo o céu, o perfil sensual das dunas e os carros em disparada pela avenida.

Patrick Swayze

Patrick Swayze

Tudo isso é para dizer que a primeira notícia deste dia de hoje foi a morte do ator Patrick Swayze, que me veio assim que abri o Twitter. Ao falar em Morte sempre me lembro da Vida porque para mim ambas fazem parte de um par indissolúvel, estão tão entrelaçadas que é difícil falar de uma sem falar da outra.

Patrick Swayze é um ator de quem eu gosto muito, e sempre paro o que estou fazendo para ver de novo, novamente e outra vez Dirty Dancing ou Para Wong Foo, Obrigada por Tudo!, filme em que ele faz o papel de uma drag-queen.

Os puristas do cinema dizem que ele era canastrão, mas isso pouco me importa. Eu sempre gostei de Jack Palance e de Victor Mature, por que não gostaria do belo Patrick Swayze? Seu maior sucesso, Ghost, é moralista e piegas demais para o meu gosto, e só me interessa pelo desempenho de Whoopy Goldberg. Mas há uma filme dele, Steel Dawn (Lance Hool, 1987) onde ele faz o papel de um espadachim do futuro num mundo pós apocalíptico, um filme de ficção científica que eu gosto muito.

Bem, mas o belo e sarado Patrick travou mesmo sua maior batalha contra o câncer de pâncreas que o destruiu em poucos anos, levando-o aos 57 anos de idade. Morreu em sua casa, sem a tortura dos tubos e das ressuscitações nas UTIs tecnológicas, que só fazem prolongar a agonia.

Para ele, aqui, esta declaração de amor de uma fã, e o consolo de que, nas imagens gravadas que ficaram de seus filmes, ele terá alcançado a imortalidade.

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Arte
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cinema, Ghost, Patrick Swayze, Steel Dawn
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De novo os ceresumanos

Clotilde Tavares | 14 de setembro de 2009

Saio pouco de casa. O mundo ultimamente se tornou um lugar barulhento, quente e sem vagas para estacionamento. Eu também fiquei mais velha, mais exigente, mais seletiva, mais comodista. Além disso, em casa tenho o mundo inteiro à minha disposição através da TV a cabo e da Internet, sem falar nos famosos 1.800 livros mencionados aqui tantas vezes. Quando saio, é para jantar ou almoçar com amigos, ir ao shopping ou livraria, dar uma volta de carro, visitar filhos ou amigos. Como não bebo nem gosto de balada ou noitadas, não vou a barzinhos; e qualquer reunião com mais de quatro pessoas para mim é evento, e não frequento eventos. Mas gosto muito de receber visitas, além de visitar muito também.

Enfim, estou caminhando para ser uma anacoreta urbana, empoleirada neste quarto andar, distante “do mundo e das suas pompas”, cumprindo o destino astrológico que colocou Vênus e a Lua em conjunção na minha décima segunda casa, só não me tornando uma freira por causa dos pecados cometidos na juventude e que, mesmo indo contra o bom-senso, estou doidinha para cometê-los de novo.

Oscar Wilde

Oscar Wilde

Reproduzo de memória um texto de Oscar Wilde em “O Retrato de Dorian Gray” – o livro está ali na estante mas estou com preguiça de me levantar para pegá-lo – sobre essa coisa dos pecados da juventude.

Num jantar, uma mulher já velhusca pergunta ao personagem:

– Como poderia sentir-me jovem outra vez?

– Oh, Lady X., lembra-se de alguma grande loucura que tenha cometido na juventude?

– É claro.

– Então cometa-a novamente…

Outra coisa que me assusta no mundo exterior é a presença dos ceresumanos, criaturas que parecem comigo mas que definitivamente não pertencem à minha espécie sendo, como já disse, meus “dessemelhantes”. Ontem, no supermercado mais alinhado da cidade, encontrei cinco espécimes. Três rapazes, duas moças, todos na casa dos vinte anos. Lindos, altos, bem proprocionados, bem vestidos, roupas caras, as garotas muito manicuradas e penteadas, roupas de griffe, bolsas caríssimas, tudo de muito bom gosto; não eram certamente garotas de programa como alguns podem estar pensando.

Em bloco, essas cinco criaturas se deslocavam pelos corredores da loja, falando em tom altíssimo, zoando uns com os outros aos gritos, usando palavrões, desarrumando as prateleiras, arrotando alto e emitindo outros sons escatológicos, e imitando animais. Os rapazes latiam, miavam, esturravam; e as moças cacarejavam e grasnavam, numa barulheira infernal, inadmissível naquele local e tolerável apenas se fossem crianças muito pequenas, e olhe lá.

Os ceresumanos também são identificáveis no cinema, e Sandro Fortunato, do blog Algo a Dizer, registrou um dia desses a presença deles. Eu deixei de ir ao cinema também porque me assusta a convivência com esses meus dessemelhantes, cada vez em maior número e mais barulhentos, fazendo-me lembrar do clássico cinematográfico  “Invasores de Corpos”, onde seres alienígenas se apossam do corpo das pessoas.

Tenho paciência com muita coisa neste mundo. Mas com os ceresumanos, fruto da falta de educação, representantes da grosseria e da cafajestice, meu grau de tolerancia é zero.


Uma mulher já velhusca – assim como nós pergunta:
– Como poderia sentir-me jovem outra vez?
– Oh, Lady X., lembra-se de alguma grande loucura que tenha cometido na juventude?
– É claro.
– Então cometa-a novamente…
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anacoreta, anacoreta urbano, comportamento humano, Invasores de Corpos, O Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde, Sandro Fortunato, sem-noção, Sempre Algo a Dizer, tolerância zero
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Cioran e o domingo

Clotilde Tavares | 13 de setembro de 2009
Cioran

Cioran

Hoje, com preguiça de ter ideias, abri meu arquivo de frases. É um arquivo que tenho no computador e que me socorre sempre nessas horas em que estou com preguiça de escrever. São frases instigantes, curiosas, inteligentes, que vou juntando até que um dia elas possam servir para alguma coisa.

E para este domingo de preguiça, nada como uma boa sacudidela na felicidade, desafinando o coro dos contentes e atacando de pessimismo com o filósofo Émile Cioran (1911-1995). Cioran nasceu na Romênia, foi para a França com 26 anos e lá permaneceu até à morte, na convicção de que a condição de apátrida seria a melhor possível para um intelectual. Deixou vários escritos filosóficos sobre alienação, absurdo, decadência, tirania e temas semelhantes. Então, para você, neste domingo, alguns dos meus trechos preferidos de Cioran.

“Não existe diferença alguma entre os sonhos de um açougueiro e os de um poeta”.

“É o louco que existe em nós quem nos obriga à aventura. Se nos abandona, estamos perdidos: tudo depende dele, inclusive nossa vida vegetativa; é ele quem nos convida a respirar, quem nos obriga a tal, e é também ele quem empurra o sangue por nossas veias. Se ele se retirassse, ficaríamos sós!bNão se pode ser normal e vivo ao mesmo tempo.”

“Longe de mim o desejo de pervereter tuas esperanças: a vida se encarregará disso.”

“Se eu acreditasse em Deus, minha indiferença não conheceria limites: passearia completamente nu pelas avenidas.”

“Todo solitário é suspeito; um puro não se isola. Para desejar a intimidade de uma cela é preciso ter a consciência pesada, é necessário ter medo dessa consciência.”

“A função dos olhos não é ver, e sim, chorar. E para ver, realmente, é preciso fechá-los: é a condição do êxtase, da única visão reveladora, no momento em que a percepção se esgota no horror do já visto, do irreparravelmente sabido desde sempre.”

“Querer significa manter-se a qualquer preço em estado de exasperação e febre.”

“Tenta ser livre, morrerás de fome. A sociedade só tolera os servis e os déspotas. É uma prisão sem guardas, mas da qual não escapa ninguém sem perecer.”

“O pensamento é uma mentira, como o amor ou a fé. Pois as verdades são fraudes e as paixões odores; e, no fim das contas, a escolha está entre aquele que mente e aquele que fede.”

Finalmente a que mais gosto, e que se aplica muito bem ao dia de hoje:

“A única função do amor é a de ajudar-nos a suportar essas tardes dominicais, cruéis e incomensuráveis, que nos ferem para o resto da semana e para toda a eternidade.”

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Cultura
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Cioran, domingo, filosofia, pessimismo
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A Casa Rosa

Clotilde Tavares | 12 de setembro de 2009
A Casa Rosa

A Casa Rosa

Acabo de assistir a um documentário muito bom. “Pretérito perfeito” (Brasil, 2008 – 71 minutos – Original Video), com direção e roteiro de Gustavo Pizzi, fala sobre a Casa Rosa, prostíbulo de luxo que teve sua época áurea no década de 1940 e que funcionava no bairro das Laranjeiras, na rua Alice 550, no Rio de Janeiro.

Como não conhecia nada dessa história fui à Internet, onde encontrei no site da Casa Rosa toda a história do edifício. O cabaré foi “…ponto vital na historia do Bairro das Laranjeiras e nas estórias de muitos que tiveram sua iniciação nos famosos quartos da Casa Rosa.” No documentário, vemos o cantor Lobão contando como foi isso, e mostrando o quarto onde ele pela primeira vez conheceu – do ponto de vista bíblico – uma mulher.

Cartaz de "Pretérito Perfeito"

Cartaz de "Pretérito Perfeito"

A Casa Rosa é um belo exemplo de arquitetura do início do século XX, tendo sido construído “… com o objetivo de agradar aos prazeres da alta sociedade, mantendo assim um padrão de qualidade em sua arquitetura e detalhes como azulejos portugueses e pinturas em azulejo ainda em exposição na casa.” A clientela era gente rica: comerciantes, políticos, magistrados e coronéis que por ali passavam.

Depois do seu declínio como bordel, no início dos anos 80, passou um tempo fechado e no fim dos anos 90 começaram a se realizar eventos de Forró e samba, como o Xote Coladinho e o Pessoas do Século Passado. Isso redundou na fundação de um Centro Cultural, que oficializou suas atividades em 2004.

Ivanilda

Ivanilda

Voltando ao documentário, ele é uma maravilha. Mostra depoimentos de antigos frequentadores e de funcionários; e pontuando toda a narração temos os depoimentos sábios e divertidos de Ivanilda Santos de Lima, que ali trabalhou como prostituta. É dificil imaginar que a respeitável senhora de meia-idade, bem acima do peso, de óculos de grau e vestida com simplicidade, seja a personagem das histórias que ela conta, de maneira divertida, ao entrevistador.

Além de tudo, o “Pretérito perfeito” (e viva o diretor, Gustavo Pizzi!) é técnicamente muito bem feito, fotografia linda, recursos narrativos excelentes e uma sensibilidade muito grande na abordagem de um tema como esse.

Recomendo.

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Arte, Memória
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bordel brasileiro, Casa Rosa, documentário, Gustavo Pizzi, Ivanilda Santos de Lima, Pretérito Perfeito
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O 11 de setembro

Clotilde Tavares | 11 de setembro de 2009

No dia 11 de setembro de 2001 eu estava em Natal na sala de espera do consultório da Dra. Joaquina Fernandes Vieira, minha colega e amiga Quinquina, otorrinolaringologista que sempre dava um jeito nas minhas frequentes crises de sinusite. A um canto, lia um livro sem prestar atenção na TV quando vi que o noticiário havia mudado de tom e transmitia um incêndio em um edifício. Como o som da TV estava baixo, perguntei a alguém o que era aquilo. A pessoa respondeu “Parece que é um incêndio em São Paulo!” “Em São Paulo o que!” eu disse, me aproximando da tela. “Isso é Nova Iorque, e é o World Trade Center!” Nem bem eu havia dito isso, quando o segundo avião se chocou com a Torre Sul bem na minha frente e eu entendi imediatamente que aquilo devia ser um atentado. Aí, chegou a minha hora de entrar para a consulta.

Ao terminar, saí da sala da médica a tempo de ver o terceiro avião se chocar com o Pentágono. Ia fazer algumas coisas depois do consultório, mas resolvi ir para casa, e dirigi até lá sob o terror de que os Estados Unidos decidissem uma ação de retaliação que lançasse o mundo num holocausto incontornável.

Coxixola-PB

Coxixola-PB

Liguei para os meus irmãos, e a pergunta era: “Se houver algo assim, o que é que a gente faz?” E Pedro, que mora em Campina, e que não estava tão apavorado quanto eu, mostrou a solução: “Se a coisa pegar fogo, a gente evacua a família inteira para Coxixola.”

Mas por que Coxixola, perguntará o meu caro leitor? O que é Coxixola? Onde é Coxixola? Explico. Coxixola é uma pequena cidade, uma cidade mínima, que fica no Cariri paraibano, fazendo limites com Serra Branca, Congo, Caraúbas e São João do Cariri. É o menor município da Paraíba. É também a cidade natal da minha mãe e, talvez por ela sempre falar da sua cidade-berço com tanto carinho e saudade, sempre nos deu a idéia de um lugar escondido, inacessível, distante, protegido das desgraças do mundo, e ao mesmo tempo mágico, cheio de bucolismo, de lendas e de histórias, como se fosse São Saruê, a Terra do Nunca, o País das Maravilhas e a floresta de Brocéliande, tudo junto, reunido num lugar só.

Um pontinho no mapa

Um pontinho no mapa

Na década de 1960, aos quinze anos de idade, fui conhecer Coxixola e me encantei com o minúsculo lugarejo que, naquele tempo, era apenas uma rua, duas fileiras de casas, onde as pessoas mais velhas ainda se lembravam do meu avô Pedro Quirino. Sem muita coisa para fazer, naqueles ermos, divertia-me com as primas a explorar os arredores, e conversar com as pessoas. Foram dias que jamais esquecerei, andando sozinha pelos matos, vadeando riachos, subindo e descendo serrotes e ouvindo o grito das maracanãs quando passavam de tarde em revoada sobre as vazantes.

Quando queria aborrecer Mamãe, Papai fazia a maior gozação da cidadezinha, dizendo que Coxixola não aparecia no mapa. Mamãe ia buscar o Atlas e, com orgulho, mostrava o minúsculo pontinho perdido no meio do Cariri. Então, o que não diriam eles hoje se vissem a pequenina Coxixola na rede mundial dos computadores? Pois é, meu caro leitor. Coxixola agora tem status de município digital. Orgulhosa e faceira, mostra através de fotos e informações as suas prendas e riquezas.

Entrada da cidade

Entrada da cidade

Penso nos olhos da minha mãe, como brilhavam quando ela se lembrava do seu berço natal. A família foi expulsa do Cariri pela seca de 1927, quando foram todos para Angelim, Pernambuco, e onde ficaram até a vida adulta. Mesmo assim, quando chovia, meu avô voltava ao Cariri, para ver “tanta boniteza, pois a natureza é um paraíso aberto”, como nos versos imortais do poeta.

Herdei esse amor todo por aquela terra e Coxixola, apesar de continuar sendo um pequeno pontinho no Atlas, para mim sempre será um porto seguro inacessível a qualquer catástrofe, uma estrela plantada no meio do Cariri, no mapa do meu coração.

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11 de setembro, Cariri Paraibano, Coxixola, Dra. Joaquina Fernandes Vieira, World Trade Center
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Como fazer perguntas, como dar respostas

Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2009

Nos meus tempos de médica, quando trabalhava atendendo populações carentes em consultórios nos bairros pobres, rolava uma espécie de anedota sobre a desinformação do médico recém-formado quando começa a lidar com uma população para a qual ele não foi preparado na universidade.

Dizia a história que a mãe chegava com a criança, fraca, mal-nutrida, doente, com todos os indícios de quem estava passando fome. Travava-se, então o absurdo diálogo.

“Esse menino está comendo?” – perguntava o médico.

“Está, sim senhor” – era a resposta da mãe.

“E ele come carne?”

“Come, sim senhor.”

“Toma leite?”

“Toma sim senhor.”

“Come feijão, arroz, verduras, frutas?”

“Come, sim senhor” – continuava afirmando a mãe.

Aqui,então, o médico expressava sua confusão:

“Então por que é que ele está tão magro e tão doente?”

E a mãe:

“Pois é, doutor, quando tem, ele come.”

Toda a confusão se dava pelo fato da mãe responder corretamente a pergunta do médico, e do profissional perguntar uma coisa quando na verdade queria saber outra. E quantas vezes isso não acontece na nossa vida? Quantas confusões e problemas ocorrem porque quem faz a pergunta não sabe formulá-la ou quem dá a resposta responde outra coisa, e não aquilo que foi perguntado?

É comum a seguinte cena: o adolescente chega em casa, às nove horas da noite. Está atrasado para o jantar. Pergunta então para a mãe:

“Mãe, tem jantar?”

A mãe, geralmente, responde uma coisa mais ou menos assim:

“Você pensa que eu sou sua escrava, ou sua empregada, ou sua garçonete, para ficar aqui de plantão até uma hora dessas esperando que você chegue para colocar seu jantar?”

Aí o menino olha assim de lado, meio desconfiado e diz:

“Mãe, eu apenas perguntei se tinha jantar, e você responde sim ou não. Se tiver, eu janto. Se não tiver, eu como qualquer coisa e vou dormir…”

E assim, prestando atenção à pergunta e respondendo apenas o que teria sido perguntado, muitas batalhas domésticas seriam evitadas.

Mas, para mim, a campeã dessas histórias aconteceu num desses colégios americanos onde o ídolo estudantil do futebol precisava ter um aproveitamento mínimo nas matérias para poder entrar em campo e defender as cores da escola. Louro, alto, forte, atlético, vivia tão concentrado nos treinos que relaxou com a prova de Filosofia e havia tirado zero. Era a final do campeonato e o garoto não podia entrar no campo, a não ser que se saísse bem numa prova de emergência que a direção havia permitido que ele fizesse. O estádio lotado, as animadoras de torcida no gramado fazendo suas coreografias, as equipes esperando e, no vestiário, todo paramentado para entrar em campo, nervoso, suando, o nosso herói esperava o professor de Filosofia que vinha aplicar a prova.

O professor chegou, afobado e foi logo comunicando:

“Vou lhe fazer apenas uma pergunta”, disse. “Se responder certo, entra em campo. Se não, não vai poder jogar.”

A tensão era visível em todos que ali estavam: o treinador, o massagista e um membro da direção, que havia vindo fiscalizar a prova.

O professor continuou:

“A pergunta é a seguinte: quero que você me diga tudo que sabe sobre Sócrates”.

O garoto ficou pálido.

“Sócrates? Tudo que sei sobre Sócrates?” Pensou um pouco. “Sócrates era grego e tomou veneno. Pronto. É tudo que sei sobre Sócrates.”

“Resposta certa”, disse o professor, exultante. “Podem deixá-lo entrar em campo.”

Pois é, minha gente. Saber perguntar, saber responder: uma arte, que todos deveriam praticar.

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Comportamento
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como perguntar, como responder, comportamento humano, comunicação entre pessoas, Sócrates
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Recife, Pernambuco

Clotilde Tavares | 9 de setembro de 2009

De todos os lugares que fazem parte dos primeiros quinze anos da minha vida, a cidade do Recife é de longe aquele que carrega uma carga afetiva maior, uma mistura de sensações vívidas e intensas, mesmo depois de passados tantos anos.

Foi em Recife que eu vi o mar pela primeira vez. Fiquei ali, abestalhada e muda diante daquela imensidão de água, sem saber direito o que pensar e sem esconder uma certa decepção. Ouvira tanto falar do mar que imaginava um espetáculo variegado e colorido, com muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e agora me mostravam apenas aquele monte de água, indo e voltando, sem nada mais além disso. Ah, caro leitor, eu só tinha cinco anos e esperava que o mar fosse pelo menos melhor do que o circo. Hoje, com mais de sessenta, continuo achando o circo mais interessante do que o mar.

Ascenso Ferreira

Ascenso Ferreira

Mas há outras lembranças. O quintal de mangueiras da casa da minha tia Petroniza. A casa da minha avó numa rua chamada “Subida do S”. A feira do Hipódromo nas quintas feiras onde comíamos sapotis doces e deliciosos e víamos passar, terrível e majestoso, altíssimo, de chapelão e bengala, o poeta Ascenso Ferreira.

Já mocinha, íamos ao passeio no “Quem-me-quer”, que era como se chamava a calçada do cinema São Luiz, e me parece ouvir ainda o som espetacular do gongo, anunciando o início da sessão. Os rapazes usavam terno e gravata para ir ao cinema e nós, garotas, equilibrávamos nossos vacilantes treze anos nos sapatos de saltinho. Ao terminar o filme, íamos tomar sorvete no Guemba, ou na Botijinha.

Av. Conde da Boa Vista

Av. Conde da Boa Vista

Depois, memórias mais adultas, da época em que morei lá quando fazia mestrado. A ditadura militar agonizava mas ainda nos amedrontava em seus últimos estertores e lembro de memorável carreira que dei pela Avenida Conde da Boa Vista afora, perseguida por um policial a cavalo. Fui salva por companheiros anônimos e por dúzias de bolas de gude que fizeram a montaria se estatelar no chão.

Com os ventos da anistia, vi voltarem Arraes, Gregorio e Julião, e comemorei com meu tio Cláudio Tavares, o comunista mais comunista que já conheci em toda a minha vida, a redemocratização.

Era o final dos anos 70, e no coreto da praça da Várzea, a um quarteirão do apartamento em que eu morava, Antonio Nóbrega se apresentava para uma platéia embevecida que já vislumbrava o grande artista que ele viria ser. Nessa mesma época também vi nascer as carreiras de Elba Ramalho, Geraldo Azevedo e Lenine. As noites de Olinda eram curtas para os nossos delírios e o carnaval durava dez dias. O bloco Siri na Lata era um território de aprontações e a  violência ainda não tinha tomado posse da festa.

Doces memórias, que dão saudade.

Este texto vai para minhas primas Sonia Neusa Mignot e Dalva Quirino de Arruda Sena, e para meu primo Mauro de Arruda Sena, que comigo compartilharam a maravilha da adolescência no Recife,

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Antonio Nobrega, Ascenso Ferreira, cinema São Luiz, Claúdio Tavares, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, lenine, Recife
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Plágio na Internet

Clotilde Tavares | 8 de setembro de 2009

Uma pessoa me perguntou o que era que eu fazia para impedir que as pessoas copiassem os meus textos publicados neste blog para publicar como se fosse delas. E eu respondi: nada. Nada mesmo. Porque não é possível fazer absolutamente nada para impedir que textos, meus e de qualquer outra pessoa, sejam copiados. O que posso fazer é acionar judicialmente alguma pessoa que publicar esses textos sem a minha licença.

É muito comum a apropriação sem licença de material publicado na rede porque as pessoas têm a impressão de que aqueles textos, ou desenhos, ou fotografias que estão ali não têm dono, são de domínio público.

jacksondopandeiro2Eu mesma tenho sido eventualmente copiada. Muitas pessoas copiaram e continuam copiando meu texto sobre Jackson do Pandeiro que está no site que criei em 1998 sobre o cantor e compositor de “O Canto da Ema”. No início me aborreci, e interpelei – não judicialmente, mas por e-mail ou telefone – alguns desses copiadores. A desculpa que sempre me dão é que colocaram meu nome. Aí eu vou lá e vejo meu nome colocado como “fonte”. Vocês já pensaram? Já imaginaram se a moda pega? Eu publico um livro chamado Dom Casmurro, contando a história de uma certa Capitu de olhos de ressaca e cito Machado de Assis como “fonte”…

Então é preciso saber que ninguém pode publicar o texto de outro sem licença por escrito, mesmo colocando o nome, mesmo colocando o crédito. É preciso a licença, porque você imagine que eu escrevo um texto e alguém publica num site que não tem nada a ver com as coisas que penso ou defendo? Já pensou um texto meu publicado num site racista ou preconceituoso de alguma forma? Ou num site pornográfico? Eu realmente não gostaria nem um pouquinho.

Em 1999 eu precisava de um texto engraçado para encerrar uma palestra que ia fazer no Internet Shopping, um evento que aconteceu naquele ano em Natal. Escrevi então “A Oração do Internauta” e deixei um tempo na primeira página do meu site tendo sido ela até citada na coluna do Gravatá, no Jornal O Globo.

Aí, um camarada cujo nome eu sei mas não me interessa citar, publicou a “Oração…” na Revista Internet-BR como se fosse da autoria dele. Deus e o mundo me mandou e-mail comunicando, e alguns perguntando se eu não ia tomar uma providência, mas achei que não valia a pena. Um texto pequeno, uma bobagem, que não pagava o trabalho de reivindicar a autoria. Hoje, a “Oração…” está em tudo o que é site de humor na Internet, quase sempre com alguma modificação mas mantendo a estrutura original que escrevi. Basta você digitar a palavra no Google que vai encontrá-la. Pensa que me importo? Nem um pouco. De certa forma, fico até feliz por ver o que escrevi tão aceito que todo mundo gosta e quer publicar. E acho mais fácil escrever outra, diferente, ou uma Ave-Maria do e-mail ou um Credo do software. Para mim, é fácil. Deve ser difícil para outros que, por isso, precisam copiar.

Isso também me faz lembrar do tempo da ditadura militar, quando a censura riscava os versos dos nossos poemas, as falas dos personagens das nossas peças, as letras de nossas músicas… Aí a gente ia e escrevia tudo de novo, de outro jeito, e sempre saía melhor.

Felizmente, abençoada que sou pelos deuses, me acho assim como a galinha dos ovos de ouro: me levam um ovo, mas eu ponho quantos mais eu quiser. E há também a constatação de que, quando há uma moeda falsa no mercado é porque existe em circulação a moeda verdadeira, muitas vezes mais valiosa.

Abaixo, a “Oração do Internauta” na sua forma original, do jeito que eu escrevi em 1999.

Satélite nosso que estás no céu
Acelerado seja o vosso link
Venha a nós vosso hipertexto
Seja feita a melhor conexão
Assim na terra como no céu.

O download de cada dia nos dai hoje
Perdoai o café derramado no teclado
Assim como nós perdoamos aos nossos provedores
Não nos deixei cair a conexão
E livrai-nos do spam.
Intel.

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Jackson do Pandeiro, Oração do Internauta, plágio, plágio na Internet
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Ouviram do Ipiranga

Clotilde Tavares | 7 de setembro de 2009

O povo heróico, cujo brado retumbante foi ouvido um dia às margens plácidas do Ipiranga, anda cansado. Heróico, mas cansado, oprimido e estarrecido em meio aos escândalos que superaram o nonsense bigbrotheriano na TV, em meio ao custo de vida sempre crescente, aos impostos mais altos, e à violência das grandes cidades. O brado nem retumba mais: o que retumbam são os disparos nas madrugadas, nas cidades sitiadas pela violência. As margens também não são mais tão plácidas, porque os rios estão sendo assoreados pelo desmatamento ou mergulhados na lixívia da poluição.

Quanto ao sol da liberdade, seus raios fúlgidos persistem em brilhar no céu da Pátria mas não para todos, uma vez que há muitos vivendo na escuridão dos casebres, favelas, cabeças-de-porco e outros tipos de habitações sub-humanas. Há ainda a escuridão do analfabetismo, da ignorância e da brutalidade em que muitos vivem mergulhados. Os braços outrora fortes que conquistaram o penhor dessa igualdade estão cansados de lutar sem ver nenhum resultado, e o nosso peito, que desafiava a morte no seio da liberdade, está fraco, combalido, quase mudo.

Mas ainda te amamos, Pátria. E queremos que te salves, salve, salve!

Ah, Brasil! Do teu formoso céu, risonho e límpido, onde resplandece a imagem do Cruzeiro, desce à terra um sonho intenso, um raio vívido de amor e de esperança. És tão grande, tão enorme, de uma natureza tão rica e tão grandiosa, colosso impávido, tão belo, tão forte! Será que o teu futuro vai espelhar esta grandeza? Minha terra adorada, minha Pátria, gentil mãe dos filhos deste solo, meu Brasil… Será, Brasil, que estás te preparando para esse futuro, que deverá um dia espelhar tua grandeza? Será que já não permaneces há muito tempo deitado em berço esplêndido, ouvindo o marulhar das ondas e perdido na contemplação do céu profundo, fulgurando como verdadeiro florão da América iluminado ao sol do Novo Mundo?

Tuas terras não são mais tão garridas, invadidas pela grilagem e pela especulação, enquanto as flores dos teus campos foram calcadas pelos pés daqueles que não têm terra para nela morar e trabalhar. E onde está a vida dos nossos bosques, contrabandeada em gaiolas para o estrangeiro, que vive e registra nossos produtos como sendo deles, que se alimenta e enriquece às custas da apropriação da nossa biodiversidade? Nossa vida, que em teu seio deveria ser repleta de amores, está cada vez mais farta em suores e cansaço na dura labuta que nos fornece apenas o pão de cada dia, o duro catre para o repouso e uma existência sem perspectivas.

Mas continuamos te amando, Pátria idolatrada. Mesmo que seja cada vez mais difícil ver como símbolo de amor eterno tua bandeira, que ostentavas com orgulho cheia de estrelas, e o verde e ouro que prometia paz no futuro e glória no passado. Essa bandeira que serve de pano de fundo para as solenidades oficiais, onde figurões engravatados e desonestos simulam governar para o povo e em nome deles, mas fazem a clava forte da justiça se erguer apenas em defesa dos ricos e poderosos. Teus filhos estão quase sem energia e disposição para irem à luta, temerosos da morte e do esquecimento, e acham que a batalha não vale a pena pois estão certos de que estarão dando a vida por uma ficção, uma miragem, uma figura de linguagem.

Ah, terra adorada! Entre outras mil, és tu, Brasil? Ó Pátria amada, serás mesmo mãe gentil dos filhos deste solo? Pátria amada? Brasil?


Este texto foi escrito e publicado no dia 7 de setembro de 2005, na Tribuna do Norte/Natal-RN. Como continua atual, publico novamente.


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7 de setembro, Brasil, hino nacional brasileiro, Independencia do Brasil, Independencia ou morte, patriotismo
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