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Necessidades especiais

Clotilde Tavares | 13 de agosto de 2009

vejablog2Este blog foi indicado o blog da semana no VejaBlog. Uma coisa muito simpática, que toda “a equipe do Umas & Outras”, ou seja, eu mesma, fiquei muito feliz. Você, que vem aqui e lê estas mal-tecladas linhas, é responsável também por isso. Continue chegando junto, que só nos dá prazer.


No tempo em que eu escrevia na Tribuna de Norte, em Natal, jornal no qual sustentei coluna semanal aos domingos durante dez anos, era para mim uma diversão ver como a pessoa que editava o caderno me chamava. A cada semana, era uma coisa diferente. Ao lado do meu nome, na cabeça da coluna, uma palavra nova: professora, escritora, colaboradora, poeta e também combinações dessas atividades, como “poeta e professora”, por exemplo. O jornal usou por algum tempo essas denominações diversas, na tentativa meio frustrada de tentar explicar o que eu sou e o que mais me caracteriza em termos de atividade, coisa que nem eu mesma sei e nem toda uma geração de terapeutas consegue explicar, como essa minha mania danada de variar.

carinhaIsso me faz refletir sobre a maneira como somos conhecidos e nomeados quando nosso nome chega às páginas de um jornal ou a um noticíário de televisão. Você talvez já tenha passado pela situação de ser assunto, ou tema, ou participante, ou entrevistado de uma matéria jornalística. E lá, no texto, não consta somente o nome da pessoa: consta também a ocupação, ou profissão, ou atividade que a criatura desenvolve na sua vida social. E é aí que a coisa começa a ficar engraçada, porque as denominações usadas para as pessoas são às vezes muito curiosas.

Por que não chamar o cara que tem um quiosque na praia ou no shopping de “comerciante”? Não é isso que ele faz? Não comercia seus produtos? No jornal, não. No jornal ele vira “o permissionário de quiosque Fulano”. Quer outra? “Foi assassinado o braçal Sicrano…” O “braçal”? Deve ser um trabalhador braçal, mas “braçal” assim, solto, fica engraçado. E aquela moça simpática que trabalha para uma empresa atendendo os clientes se transforma na “contato comercial Maria de Tal…” E um dia desses li uma notícia em que a pessoa era nomeada como “o evangélico Fulano”, muito embora a matéria não tratasse de religião nem sobre qualquer coisa ligada à igreja.

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh

Ahhhhhhhhhhhhhhhhh

O jornal – ou telejornal – certamente tem nas suas regras ou nos seus manuais de redação parâmetros para essas classificações. E isso obviamente difere de jornal para jornal, porque em uns encontramos coisas mais engraçadas e curiosas do que em outros. Compreendo o trabalho dos profissionais da imprensa e a sua busca por excelência, muitas vezes dobrando horário, reescrevendo, conferindo informações, procurando o melhor texto. Filha e neta de jornalista, respeito demais essa atividade, muito embora às vezes goste de refletir um pouco sobre suas curiosidades, como estou fazendo agora.

Para encerrar, deixei para o final a melhor de todas, que encontrei em uma matéria que dizia “o portador de necessidades especiais Fulano de Tal…” Essa foi demais, minha gente. É genérico demais para o meu gosto porque, ao pé da letra, se eu alimento o sonho de um dia ter um encontro com Brad Pitt eu também posso ser classificada como “portadora de necessidades especiais”! Afinal, vocês hão de convir que não existe nesse mundo nada mais especial do que o belo, portentoso e deslumbrante Brad Pitt.

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Esfriando a cabeça

Clotilde Tavares | 12 de agosto de 2009

Estou naquela fase de milhares de coisas para fazer e sabendo muito bem que o tempo não vai dar para fazer tudo. Vou mudar não só de apartamento como de cidade; e são muitas providências de última hora, mil detalhes a me chamar a atenção; se eu não fosse uma mulher muito organizada já estaria provavelmente à beira da loucura.

Sempre fui muito boa no planejamento de coisas; e a prática teatral durante anos completou aquilo que a vida não havia me ensinado, porque só faz um teatro de qualidade, principalmente quem produz, escreve, atua e faz outras coisas no mesmo espetáculo quem tem capacidade de organização.

Além disso, para o dia-a-dia, sou adepta do GTD, que é um método de organização pessoal e gerenciamento de tempo, criado pelo americano David Allen e que tem seguidores no mundo inteiro. Você pode ler alguma coisa no site Efetividade.net ou assinar a lista do Yahoo onde eu aprendi tudo que sei. Pode ainda, é claro, comprar o livro do titio Dave, Getting Things Done ou, em português, A Arte de Fazer Acontecer (Ed. Campus, 2005)

Finalmente, quando a coisa aperta no mundo das tarefas a cumprir, dos prazos estourados, dos relatórios atrasados e o que seja, o remédio melhor é esfriar a cabeça, como você pode ver na foto abaixo e que já virou mania na Internet, da qual você também pode participar.

Eu ensino. Tire uma foto sua “esfriando a cabeça”, ou seja, com a cabeça dentro da geladeira,  e chame o arquivo de “241543903”. Isso mesmo, essa sequência de números. Poste a foto em um blog, ou site, ou flickr, ou album on-line. Qualquer pessoa que digitar no Google “241543903” vai encontrar um monte de fotos de gente com a cabeça dentro da geladeira, incluindo essa minha, e a sua, se você assim o fizer.

Para que serve?

Para nada. É mais uma das bobagens divertidas da Internet. (A foto foi feita by myself, especialmente para este blog).

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241543903, David Allen, esfriando a cabeça, gerenciamento de tempo, GTD, organização de tarefas, produtividade pessoal
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A arte de conversar

Clotilde Tavares | 11 de agosto de 2009

Nos dias de hoje, existe uma febre de aprender que toma conta de todas as pessoas, principalmente aquele tipo de conhecimento que a gente não sabe direito se precisa dele mas mesmo assim vai atrás. Os livros que começam por “Como fazer…” enchem as estantes das livrarias, desde o pioneiro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, de Dale Carnegie, passando por coisas práticas do tipo “Como resolver o problema de insônia do seu filho”, “Como se faz uma tese”, “Como lucrar na crise”, e chegando a títulos mais sugestivos: “Como se dar bem com as mulheres”, “Como desmanchar feitiços” ou “Como falar com seu anjo”.

Entre tantas coisas que as pessoas podem aprender a fazer, eu quero sugerir algo que, nos últimos trinta anos, parece que se desaprendeu um pouco: conversar. Isso mesmo, conversar, bater papo, dialogar. A conversação é uma arte, que se aprende, se pratica, se desenvolve como dom. Conversar é como jogar tênis, porque os conversadores hábeis, os bons de papo, fazem o possível para manter a bola no ar, sem deixá-la cair no chão do silêncio, da falta de assunto ou do monopólio da palavra.

As pessoas, principalmente os mais jovens, não sabem mais conversar porque não sabem escutar, uma vez que a arte de conversar inclui também os momentos de escutar o que o outro diz. Hoje, interrompem sem necessidade, não prestam atenção ao rumo da conversa, se irritam, esbravejam e tentam impor suas opiniões.

Montaigne

Montaigne

Montaigne, no capítulo VIII do Livro III dos “Ensaios” diz que a conversação é o mais proveitoso e natural exercício do espírito. Mas é preciso, para usufruir das benesses de uma boa conversa, estar atento para alguns detalhes. É importante discutir as coisas no plano do universal, sem puxar para o particular.

Por exemplo: a discussão sobre as vantagens e desvantagens do casamento pode ser interessante, mas começar a esmiuçar os detalhes do casamento da vizinha transforma a conversa em fofoca. E só podemos conversar se houver diferença de opiniões. Se todo mundo estiver de acordo não há necessidade de falar: basta ficar em silêncio e comungar espiritualmente com quem esteja do seu lado, uma vez que não há opiniões para serem confrontadas.

Para quem tiver interesse, recomendo três livros: “A Arte da Conversação”, de Peter Burke (UNESP); “A arte de conversar”, de Alcir Pecora (Martins Fontes), e “A Arte de Conversar”, de James A. Morris Jr. (Record). No mais, é praticar essa arte cujas regras de ouro são: não monopolizar, não interromper, não teimar, não tentar impor seu pensamento. Você vai ver como é bom.

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Faltou família

Clotilde Tavares | 10 de agosto de 2009
A Escola de Atenas, de Rafael.

A Escola de Atenas, de Rafael.

Nas aléias ensombradas da Grécia Antiga, mestres e discípulos caminhavam juntos e conversavam, discutiam. A cada resposta dada pelo aluno, o mestre o remetia a nova problematização que gerava nova pergunta, e que suscitava outras perguntas, outras reflexões. Discípulo e mestre, envolvidos pelo suave ar da tarde e pelos temas discutidos, tornavam-se amigos, cúmplices, companheiros de aventura.

Conheci um rapaz, aprovado num dos cursos da UFRN, que se matriculava aleatoriamente em todas as disciplinas que pudesse cursar e que lhe interessassem, independentemente de serem ou não do seu curso. Quando alguém observava que desse jeito ele jamais iria se formar, respondia que isso não importava: ele gostava mesmo era de aprender coisas novas.

O escritor e critico Edson Nery da Fonseca diz que a sua idéia de Universidade é uma imensa biblioteca, onde os alunos lêem durante uma boa parte do tempo e depois voltam às salas de aula apenas para discutir as idéias suscitadas por essas leituras.

O pescador leva para o meio do oceano seu filho de oito anos, que o acompanha na pesca e, junto com o pai, fazendo e experimentando, aprende os segredos das ondas, dos cardumes, da direção do sol e dos ventos.

Volto no tempo e vejo os serões da minha infância. Papai, sentado na sala, ouvia rádio, e lia, interrompendo a leitura para ler um trecho para minha mãe em voz alta. Nós, crianças, fazíamos nossos deveres de casa, e Mamãe e Titia nos ensinavam. Havia tempo para isso e a TV não roubava a atenção de toda a família. Quando ficamos maiores, as noites eram animadas com jogos de palavras, adivinhações, recitativos, histórias. Toda noite recitávamos um soneto que havíamos decorado durante o dia e é assim que eu ainda hoje sou capaz de recitar horas a fio, porque aprendi na infância. Mamãe nos mandava fazer a conta para pagar ao leiteiro: um litro e meio por dia, a tantos cruzeiros o litro… e corríamos a pegar um lápis e um papel, para ver quem dava o resultado primeiro. E eram charadas, palavras cruzadas, logogrifos, consultas aos dicionários. Papai era charadista, e cedo nos iniciou nos mistérios da enigmística. Havia também um grande Atlas em casa, e papai nos mandava procurar as cidades no mapa. “Encontre… Adis-Abeba!” “Onde é isso, papai?” “No mapa da África.” E começava a competição para ver quem encontrava primeiro. Assim íamos aprendendo geografia.

Afastada da sala de aula desde 2002, quando me aposentei da docência universitária, continuo refletindo sobre o processo de ensino-aprendizagem, que foi meu “métier” durante quase trinta anos. A agenda das crianças é uma loucura, sobrecarregada de atividades extra-classe e sem tempo para brincar. As tarefas caseiras são feitas sempre com a televisão ligada porque a mãe ou o pai, quando está ali ensinando, não quer perder o episódio da novela ou do reality-show da hora. E os pais sempre se estão esperando mais da escola do que ela pode dar, mais do que ela tem a obrigação de dar.

Meus pais nunca delegaram à escola o compromisso de me educar. Eles me educaram em casa, e na escola eu fui aprender a conviver com crianças da minha idade, adquirir informações sobre temas que meus pais não dominavam e ter experiências relacionais que o espaço familiar não permitia. Mas educação, formação, essa foi doméstica mesmo.

Hoje, vemos adolescentes e jovens se comportarem como verdadeiros trogloditas nas praias, nas festas, na sociedade e também na escola, onde são selvagens, truculentos, agressivos e mal-educados. Os professores estão aterrorizados dentro das salas de aula, temendo processos e ações se levantarem a voz para os alunos; e as famílias continuam exigindo da escola o que não quiseram, não souberam ou não puderam dar em casa, quando deveriam, ou seja, desde a mais tenra, tenríssima idade de seus filhos; ou então vemos pais e mães acuados, cheios de culpa porque trabalham fora e tentando se compensar dessa culpa dando aos filhos tudo que eles pedem.

Técnicos e governantes vão para a TV dizer que a educação é a base de tudo, e etecetera e quás-quás-quás; e que as escolas precisam melhorar e que está na hora de investir mais em educação para que não faltem escolas.

Mas eu acho que não está faltando escola não. Está faltando família.

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educação, ensino-aprendizagem, escola, pedagogia
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Meu pai

Clotilde Tavares | 9 de agosto de 2009

Tenho muito orgulho do meu pai. Houve uma época de rebeldia na minha juventude em que eu detestava ser conhecida como “a filha de Nilo Tavares”, na Campina Grande meio provinciana da década de 1960. Mas isso passou. Adulta, sempre me orgulhei disso, principalmente em um dia em que ele, em Natal, cidade em que eu morava e onde pouca gente o conhecia, me disse cheio de orgulho: “Eu adoro quando me chamam ‘o pai de Clotilde'”. Abaixo, uma notícia e fotos dele e de sua vida, neste Dia dos Pais. Este texto já foi publicado no meu livro Coração Parahybano (baixe grátis clicando no link da coluna à direita) e n’A União.


Nilo Tavares aos 20 anos.

Nilo Tavares aos 20 anos.

Jornalista, poeta, boêmio, Nilo Tavares nasceu em 1913, em Maceió, Alagoas, e veio ainda muito pequeno para Recife, com os pais, o jornalista e poeta Fernandes Tavares e Clotilde Pereira Tavares, do lar, mas também dada a fazer versos e tocar violão. Seus outros irmãos, todos dedicados às letras, eram Stélio, Nabuco e Cláudio, e as mulheres Amelina, Cândida e Luísa. Uma das coisas de que eu mais gostava, ainda adolescente, era ouvir o relato das aventuras dele quando rapaz jovem, em Recife, aprontando palhaçadas nos bairros da Torre e Madalena, onde morou. Através do meu pai vinha toda aquela vida das décadas de 1930 e 1940, da boemia, da poesia, dos encontros no bar Savoy, das histórias da revolução de 1930.

Com Mamãe, em 1950.

Com Mamãe, em 1950.

Papai tinha apenas o curso primário. Era autodidata em tudo o que fazia e isso para ele era motivo de orgulho. Desde jovem fez todo tipo de coisa: foi gráfico, escreveu para jornais, fez versos de encomenda e finalmente, como secretário da Prefeitura de Angelim, Pernambuco, conheceu Cleuza Santa Cruz Quirino, minha mãe, com quem casou em 1941. Vieram para Campina Grande em 1946, onde ele trabalhou como tipógrafo na Livraria Pedrosa, e depois redator das Rádios Borborema e Cariri e posteriormente do Diário da Borborema. Ocupou a cadeira numero 27 do Clube Literário de Campina Grande, cadeira cujo patrono era Emílio de Menezes, militou intensamente nos meios esportivos locais, não apenas como comentarista esportivo de rádio e jornal, mas também como admirador e eventual membro de diretoria do Paulistano Esporte Clube e Treze Futebol Clube.

No seu gabinete de trabalho, década de 1960.

No seu gabinete de trabalho, década de 1960.

Por três vezes candidatou-se à Câmara de Vereadores, não tendo sido eleito: em 1951 pelo PSB, em 1963 e em 1968 pelo MDB. Na terceira tentativa, aproveitando as pichações de “vote nulo”, mandou pichar um “i” por cima do “u”, ficando “Vote Nilo”. Foi quando teve mais votos. No final da década de 1950 tornou-se secretário executivo da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba, onde permaneceu vários anos, até ser convidado para secretário da recém-criada Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal da Paraíba, tendo permanecido nesta função até 1970. Depois foi chefe de gabinete do Reitor Antonio Lucena, na Universidade Regional do Nordeste (URNe),  atual UEPB, e permaneceu nesta posição durante três reitorados sucessivos da Universidade: Antonio Lucena, Luís Almeida e José Figueiredo.

Já doente, com seu grande amigo Pedrosa, da Livraria.

Já doente, com seu grande amigo Pedrosa, da Livraria.

Aposentou-se por invalidez em 1980, após sofrer um AVC. Aí, dedicou-se ao seu passatempo predileto, o charadismo, tendo sido um dos membros mais ativos da TERNOR (Tertúlia Nordestina). Publicou em edição independente as coletâneas de versos intituladas “Minha Vizinha Ivete” e “Sonetos de Natal e Outros Poemas”. Em 25 de março de 1983 assumiu a cadeira número 25 da Academia de Letras de Campina Grande, cadeira cujo patrono era o compositor Rosil Cavalcanti. Fez parte de numerosas associações, entre elas o Rotary Club de Campina Grande e Associação Campinense de Imprensa.

Quando Mamãe faleceu, em dezembro de 1997, levei-o para minha casa em Natal. Durante quase um ano e meio, até sua morte em maio de 1999, desfrutei do privilégio de tê-lo junto a mim, já velhinho, esclerosado, esquecido das coisas. Seus súbitos lampejos de consciência, que por vezes perduravam alguns dias, lhe faziam recitar sonetos e mais sonetos e contar histórias antigas. Eu entrava no quarto à noite pé ante pé para ver se ele estava bem e o encontrava sussurrando. “O que é, Papai? Está falando o quê?” “Estou recitando”, dizia ele.

Minha primeira foto com Papai, 1948.

Minha primeira foto com Papai, 1948.

Às vezes me confundia com sua própria mãe, de quem herdei o nome e alguma parecença física. Eu dizia: “Não, papai, eu sou Clotilde, sua filha.” E ele respondia: “Não! Clotilde, a minha filha, é uma meninazinha lourinha, bem bonitinha, que quando eu chego em casa ela põe as mãozinhas na cintura e dança contente dizendo: Papai chegou, papai chegou!”

Pois é essa meninazinha lourinha que lhe manda hoje um beijo, Papai. Um beijo grande, cheio de luz, de tanta luz quanto a luz das estrelas entre as quais o sr. hoje habita, e que devem estar todas ao seu redor, enquanto o sr. recita seus poetas preferidos: Olavo Bilac, Castro Alves, Emílio de Menezes, Carlos Penna Filho. Feliz Dias dos Pais.

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O Elogio da Loucura

Clotilde Tavares | 8 de agosto de 2009

Depois de tanta bobagem que este blog trouxe ontem, hoje eu quero voltar um pouco à normalidade para falar de um livro que todo mundo ouviu falar, mas que pouca gente leu. E eu garanto que é um livro imperdível.

Erasmo, retratado por Holbein, o jovem.

Erasmo, retratado por Holbein, o jovem.

Lembra de quando estudamos História, e do nome de Erasmo de Rotterdam? Do seu livro e principal obra, “O Elogio da Loucura”? Como você talvez, eu nunca tive interesse no citado Erasmo. Talvez aquele retrato dele que é divulgado nos livos, que o mostra vestido de negro, com os olhos baixos e um nariz desproporcionado, ou o fato de ser um monge, não tenha chegado a atrair o meu interesse por sua obra.

Mas finalmente, alguns anos atrás, eu descobri o humor cortante e ácido deste livro, escrito em 1509 e publicado dois anos depois em Paris, que enfureceu os teólogos da época e alcançou status de best-seller: foram 40 edições e cerca de doze traduções somente durante o período de vida de Erasmo (1469-1536).

“O Elogio da Loucura” satiriza tudo: o conhecimento, as instituições, o clero, as profissões, os governantes. Nele, a Loucura, que fala na primeira pessoa, faz o seu próprio elogio e se diz na origem de todas as coisas, colocando-se também como geradora da própria Humanidade, já que é necessário que o homem fique tomado por ela se quiser tornar-se pai, pois somente a Loucura justifica a desenfreada perseguição do macho atrás da fêmea, da qual ele idealiza a carne e os sentimentos.

Rotterdam, o maior porto marítimo da Europa

Rotterdam, o maior porto marítimo da Europa.

E é ainda a Loucura que faz com que o homem se escravize pelo casamento à monogamia para satisfazer um capricho tão passageiro e somente uma mulher dominada pela Loucura consentiria em se submeter ao dever conjugal, às dores do parto e às dificuldades com a educação dos filhos. Assim, é da Loucura, temperada com o riso, o prazer e a embriaguês amorosa, que nascem os seres humanos, desde os monarcas, filósofos e sacerdotes até o mais comum dos camponeses.

Gipsy, meu alter ego, muito doida!

Gipsy, meu alter ego, muito doida!

E continua Erasmo de Rotterdam, com sua figura enganadoramente taciturna, a fazer o elogio da deusa Loucura e suas companheiras: a Adulação, a Volúpia, o Amor-Próprio, o Esquecimento, a Irreflexão, a Delícia, o Prazer-da-Mesa e o Sono-Profundo. Critica a Sabedoria, afirmando que se a razão governasse o mundo não existiria a coragem. Submete todos à verruma da sua pena: filósofos, médicos, teólogos, monges, frades, inquisidores, cardeais e papas, sem esquecer os reis, juntamente com a corte.

Se você ficou curioso, o livro é fácil de encontrar. Há um volume na coleção “Os Pensadores” e cópias disponíveis na Internet.

Finalmente lhe deixo com o conselho de Erasmo: “Só a loucura tem a virtude de prolongar a juventude, embora fugaz, e de retardar a malfadada velhice”.

Enlouqueçamos, pois.

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Erasmo de Rotterdam, loucura, O Elogio da Loucura, porto de Rotterdam
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Bobagem viciante

Clotilde Tavares | 7 de agosto de 2009

No dia de hoje vai haver um momento especial. Esse momento vai ocorrer exatamente às 12:34:56 do dia de hoje, 7 de agosto de 2009.

Repito:

12:34:56 07/08/09

1 2 3 4 5 6 7 8 9

Importância disso? Nenhuma. É mais uma das bobagens que chegam às nossas caixas postais pela rede mundial de computadores, e que proliferam na mente de quem não tem o que fazer, como esta que vos tecla.

Sempre gostei dessas curiosidades, como aquela que mostra coincidências numéricas entre fatos da vida de Abraão Lincoln e John Kennedy. Não sei se são verdadeiras, nem me interessa, mesmo porque se forem não contribuem em nada para explicar os fatos da vida de um ou de outro.

E os joguinhos de inteligência, que você passa horas tentando resolver? Há um que propõe combinações de letras e números que devem ser decifradas, como 26 L no A (26 letras no alfabeto) ou 64 C num T de X (64 casas num tabuleiro de xadrez). Baixe aqui.

Há vários links na Internet para jogos de inteligência, Sodoku e outros. Você pode começar por aqui. A importância desses jogos é que aumentam a sua capacidade mental, exercitam seu cérebro, e previnem a esclerose cerebral e outras doenças degenerativas.

Outro jogo que gosto muito é o Bubble Shooter, no qual você tem que acertar umas bolinhas coloridas e assim acumular pontos. É um jogo altamente viciante e eu não recomendo se você tiver trabalho para fazer ou tarefas para cumprir. É só acessar o site Jogos Viciantes. Outro que gosto muito é o Bloxorz, que encontrei na central de jogos Koreus. Espere o jogo carregar e é só começar. Lida com habilidades espaciais, e é um jogo daquele tipo onde há dificuldades crescentes, em etapas.

Bem: acessando esses sites para linkar neste post, me deu vontade de jogar. Assm, fico por aqui com o texto, e corro para me entregar ao vício!

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A melhor poltrona

Clotilde Tavares | 6 de agosto de 2009

Um dia desses andei aqui falando em camas, e mostrei camas espetaculares, algumas delas pertencentes a celebridades. Hoje o meu assunto é a poltrona nossa de cada dia, onde sentamos para ver TV, ler, ou simplesmente cochilar. Nenhum pertence a qualquer celebridade.

A primeira delas é uma poltrona Barcelona, ela mesma um clássico. Essa está à venda no E-bay por 790 euros. É só clicar aqui.

A seguir, a Sunball Lounge Chair, um móvel conceitual, que pode ser fechada ou aberta através de uma esfera de aço. Custa US$ 60.000. Detalhes aqui.

A poltrona Egg é uma das estrelas do design e tem muitas versões. Esta abaixo é a preferida de Viviane Pontes, criadora do site De(coeur)ação.

Agora uma poltrona da BeeB, por 3.290 euros. Veja mais aqui.

Esta curiosa poltrona é toda feita de livros. Achei aqui.

Poltronas infláveis. Aqui.

Muito lindinha a Poltrona Coração. Aqui.

Essa já vem embutida na estante, para facilitar a leitura. Aqui.

Para os torcedores do São Paulo, essa poltrona especial para assistir a partida. Aqui.

Finalmente, a minha, ou melhor, uma quase igual à minha, pois não estava com a câmera para fotografá-la. É uma poltrona Herval, reclinável, super fofa, com bolsinho na lateral. A minha é amarelo claríssimo, em corino e, diferente dessa da foto, balança. Ahhhhhhhhh…

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Escrever: fissura, ofício e prazer

Clotilde Tavares | 5 de agosto de 2009

Um dos leitores deste blog me escreve relatando que ouviu uma crítica à minha forma de escrever, e ficou incomodado. Ele ouviu uma pessoa dizer que lamentava que eu escrevesse de modo tão simples, tão corriqueiro. Segundo essa tal pessoa, meus escritos eram medíocres pois não mostravam erudição, não pareciam produzidos por uma pessoa da Universidade (à qual pertenci durante quase mais de trinta anos).

Quero tranqüilizar o meu amigo, pois considero essa opinião um elogio. É exatamente esse o meu objetivo: escrever para que as pessoas entendam a história que estou contando, a opinião que estou defendendo, o ponto de vista que estou querendo demonstrar.  E quanto mais gente entender, melhor.

É sempre bom escrever lembrando que a escrita é um processo de comunicação e que esse objetivo, de comunicar algo, que deve vir em primeiro lugar. No entanto, muita gente se deixa seduzir pela vaidade e se esquece disso, colocando em primeiro lugar objetivos pessoais como “fazer bonito”, ser admirado, ser elogiado. Aí, geralmente, o que se vê é uma escrita empolada, pedante, cheia de preciosismos e geralmente incompreensível,.

Para cada tipo de leitor, ou de texto, há uma escrita diferente. A linguagem do blog é um tantinho mais leve e coloquial do que a linguagem das crônicas que escrevo semanalmente para os jornais e quando escrevo para teatro, tenho que ter o leitor – ou melhor, o espectador – sempre presente porque a peça não é literatura; é teatro e tem que prender a atenção do espectador para que ele fique ali sentadinho e assista até o final. Enquanto você pode largar o livro e sair um pouco, tomar um copo de água e depois retomar a leitura, no teatro isso é impossível. Então é preciso pensar sempre no espectador, e na forma de prendê-lo na poltrona sem que ele se entedie.

As crônicas têm endereço certo: o meu “caro leitor”, a quem me dirijo textualmente em algumas delas. A crônica – no meu entender – tem que ser curta, amena, em linguagem simples e deve ter um fecho interessante. Às vezes em vez de crônicas escrevo artigos opinativos, mas procuro seguir o mesmo princípio e sempre usando o humor. O meu “caro leitor” são as pessoas comuns que lêem, ou melhor, passam os olhos no jornal.

Isso não quer dizer que eu não possa ou não saiba escrever do jeito “acadêmico”. Se eu quiser, posso produzir um texto assim. Já escrevi teses, monografias e artigos científicos na época em que me dedicava exclusivamente à produção de conhecimento científico na área específica em que trabalhei por anos. Lembro-me de que uma vez me diverti bastante em um curso que fiz. O professor era daqueles que adorava quem escrevia “difícil” e eu mandava ver, somente para tirar a nota máxima. Alguns trabalhos meus não faziam o menor sentido – eu escrevia assim de propósito – mas o camarada se envolvia com as minhas palavras bonitas e os períodos subordinados em cascata e sempre colocava dez.

Só tem uma hora em que eu não penso no leitor: É quando vem a vontade de escrever como forma de expressar uma inquietude, uma fissura. O texto resultante pode até ficar bom para publicar (geralmente fica), mas isso é apenas um detalhe. O objetivo não é publicar, é me livrar de algo que não pode mais ficar “dentro”.

Nessas situações, gosto de citar Hemingway: “Escrever é fácil. É só sentar na máquina e abrir uma veia.”

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Jackson do Pandeiro e a Internet

Clotilde Tavares | 4 de agosto de 2009
Jackson do Pandeiro

Jackson do Pandeiro

Hoje quero contar uma coisa engraçada, que me aconteceu no ambiente da Internet.

Em 1998 Jackson do Pandeiro foi agraciado postumamente com o Prêmio Sharp de Música. Procurando na Internet, descobri que não havia muita coisa sobre ele, e nenhum site que tratasse somente da sua obra. Aí, coincidindo com a entrega do prêmio, criei e coloquei no ar o primeiro site sobre Jackson do Pandeiro que foi feito neste país. Um site simples, bem abaixo da grandeza do artista mas era tudo o que eu, uma simples fã, poderia fazer para homenagear o imortal criador de O Canto da Ema. Ainda está no ar, é bem visitado e você pode acessá-lo no endereço http://jacksondopandeiro.digi.com.br

Recebo muitos e-mails de pessoas que o visitam e pedem informações, fazem sugestões e elogiam a inciativa. Mas também recebo emails de cantores e produtores perguntando se podem gravar as músicas de Jackson, ou onde podem comprar os discos, ou sugerindo que eu disponibilize os MP3 – o que não posso fazer, por causa dos diereitos autorais. Muitos também escrevem para o site pedindo informações sobre onde podem ter aulas de pandeiro ou pedindo ajuda para comprar pandeiros.

Mas nada se compara a um e-mail que recebi certa vez que transcrevo com todas as letras, resguardando obviamente a identidade da criatura que me enviou.

O e-mail dizia:

“Olá, Jackson. Tudo Bom?
Sou Fulana de tal, do site TalTal.com (www.taltal.com), um site americano de música, que tem escritório em Nova York, Buenos Aires e São Paulo, além de estarmos preparando nossa entrada na Europa.  Além de sermos um diretório de MP3, damos bastante destaque ao conteúdo, isto é, entrevistas, críticas, etc. Estamos com um projeto de uma nova seção, em que apresentaremos o perfil de personalidades da música. Não poderia, é claro, faltar você, que é, certamente, um dos nomes mais importantes da nossa música. Por isso, estou mandando este email.  Gostaria de marcar uma entrevista com você. Ela pode ser feita por email ou telefone, como preferir.
Aguardo resposta ansiosamente. Obrigada.  Atenciosamente,

Aí a criatura assinava, colocava 0 email e os telefones para contato.

Jackson e Almira, sua primeira esposa e partner.

Jackson e Almira, sua primeira esposa e partner.

Ora, aquele site na época era bastante respeitado no meio musical e eu fiquei surpresa com o desconhecimento de uma pessoa que deveria ser mais informada, como essa tal Fulana. Só para ver até onde ia a coisa, respondi que era possivel conceder a entrevista por e-mail e assinei como se eu fosse Jackson do Pandeiro.

Aí, ela me respondeu:

“Oi, Jackson! Tudo Bom?
Fiquei muito feliz com sua resposta. Estou enviando abaixo as perguntas. A seção deve estrear em breve, por isso, pediria que você me respondesse o mais rápido possível.  Ah, e me mande uma foto também, ok?  Muito obrigada novamente.
Abraço,

Enviou então umas vinte perguntas cada uma mais absurda que a outra, do tipo:

“Qual artista e/ou música que te enlouquece, te colocando para dançar ou faz você desligar o rádio? Qual o seu videoclipe favorito? Quem  são os (as) cinco artistas do mundo da música mais sexy de todos os tempos? Se você pudesse ser outra pessoa, quem seria?”

E isso sem nenhuma pergunta sobre a produção musical ou o processo criativo do artista. O pior de tudo é que na primeira página do site de Jackson do Pandeiro, através do qual ela havia feito contato comigo, tem as datas de nascimento e morte do cantor: “1919-1982″…

Para mais informações sobre Jackson do Pandeiro, visite o site http://jacksondopandeiro.com.br ou venha até Alagoa Grande, na Paraíba, onde está instalado o memorial que preserva a obra e o acervo do cantor. Ou então compre o livro “O Rei do Ritmo” (Editora 34) escrito pelos jornalistas Fernando Moura e Antonio Vicente.

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