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Retrospectiva 2013

Clotilde Tavares | 31 de dezembro de 2013

Hoje acaba 2013, ano cheio de realizações e alegrias entre amigos. Então, é preciso fazer um balanço e agradecer ao Universo pelo privilégio de continuar “viva e bulindo” aos 66 anos de idade – mas conservando diante do mundo o deslumbramento de uma criança pequena.

Em 2013,

– Escrevi duas peças de teatro, que foram montadas com sucesso, reafirmando minha parceria com a Casa da Ribeira e o diretor Henrique Fontes: “Os Perigos de Vitória” (março) e “A Estrada” (dezembro);

– Mais uma peça “A Farsa dos Opostos”, que estreou em 2012, e em 2013 circulou o país com o grupo Imbuaça, de Aracaju, dirigida por João Marcelino;

– Publiquei “Águas do Tempo”, livro escrito para a família Costa Silva/Rabelo, do Recife;

– Concluí a novela “O Monstro das Sete Bocas”, na mesma linha de “A Botija”, que sai em março de 2014;

– Em junho tornei-me, com muita honra, Cidadã Natalense, através de projeto do vereador Hugo Manso;

– Operei os olhinhos, e com a visão livre das cataratas da idade, aposentei de vez os óculos de grau que usava desde os 16 anos de idade;

– Dei cursos, oficinas e palestras – teatro, cultura popular e literatura foram meus temas;

– Li, escrevi, vi filmes, vi séries de TV, bordei, aprendi receitas novas, dormi bastante, engordei, enchi a varanda de plantas, viajei – pouco, mas com prazer – fiz novos amigos;

E o lado ruim, não tem? Só aconteceu coisa boa? – você pergunta. Tem o lado ruim sim, mas eu só contabilizo as coisas boas. As coisas ruins, aprendo com elas o que tinha de aprender e depois deleto!

Em 2014, o ano vai ser meu. Os projetos de teatro e de literatura já estão escritos e encaminhados. Nasci com Júpiter, Mercúrio e o Sol na Casa 11 e tenho Iansã na cabeça. Então não posso esperar nada menos do que muita coisa boa num ano regido por Júpiter, Xangô e Iansã. O Arcano do Tarô que preside o ano é Arcano VII – O Carro, em cujas rédeas venho praticando há anos o aprendizado do equilíbrio.

E você, que me acompanha, chegue junto porque 2014 promete!

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A batalha da Cultura

Clotilde Tavares | 16 de setembro de 2013
Solar da Madalena, um pedaço da história de Macaíba.

Solar da Madalena, um pedaço da história de Macaíba.

Na semana passada fui fazer palestra na Academia Macaibense de Letras, sobre um livro do escritor Octacílio Alecrim, o livro “Província Submersa” sobre o qual já falei aqui.

Para quem não conhece, Macaíba é uma cidade bem próxima a Natal, onde a gente chega de carro em trinta minutos. No final do século XIX e início do século XX foi o berço da nobreza açucareira do Rio Grande do Norte, junto com a cidade de Ceará Mirim, ambas no entorno da Capital. Depois, com a mudança do foco da economia, essas cidades perderam a sua hegemonia – sim, porque enquanto a cana-de-açúcar dominava a economia ambas as cidades eram mais importantes do que Natal.

Essa Academia pode a muitos parecer coisa de gente metida a besta. “Onde já se viu? Macaíba com Academia de Letras?”, é a frase que já ouvi algumas vezes. Na verdade, uma instituição como essa  – em qualquer lugar, em qualquer cidade – serve para preservar a memória, reunir gente interessada em letras e história, elevar a auto-estima da cidade, estimular os jovens à leitura, e um monte de outras coisas que eu poderia relacionar aqui e que, por extensa que fosse a lista, você provavelmente acrescentaria ainda mais alguns itens.

Então eu louvo essa iniciativa, e louvo mais ainda a paciência e o desprendimento dessas pessoas cujo esforço é pouco ou nada reconhecido.

O pior de tudo é que há instâncias – pessoas e instituições – que, além de não ajudarem, trabalham contra, como se pode ver nos dois exemplos abaixo, que refletem a falência da gestão pública na área da educação e da cultura.

1 – A palestra estava marcada para as 15 horas. Chegamos cerca de 14h15 e encontramos o local – Pax Clube – fechado. Depois de esperarmos em pé, em frente, durante uns vinte minutos, fomos (o presidente da Academia, juiz Cícero Martins de Macedo Filho, o acadêmico e historiador Anderson Tavares de Lyra e esta que vos tecla) à Secretaria Municipal que administra o prédio. Lá nos informaram que “o rapaz” que tinha a chave já tinha ido abrir o local. Voltamos, e nada. O camarada só chegou às 15h15. A essa altura já éramos vinte pessoas mais ou menos esperando de pé, ao ar livre, e escutei depois “o rapaz” dizer a um conhecido que, ao sair para abrir o local havia parado em casa para almoçar e depois havia esquecido!

2 – Uma das professoras presentes à palestra não foi liberada de boa vontade pela diretora da escola para comparecer. Segundo a diretora, somente professores de Português teriam direito a serem liberados para um evento na Academia de Letras, e a professora em questão era de História.

Então minha gente, haja força e energia para lutar a Batalha da Cultura, como dizia o grande Vingt-Un Rosado. Eu formo nessas fileiras, e quem sabe um dia a gente ganha a guerra?

———–

Mais sobre a Academia Macaibense de Letras aqui e aqui.

Blog de Anderson Tavares de Lyra.

Mais sobre essa entidade que atende por nome de “o rapaz”, e que tem como companheiras “a moça” e “o sistema”.

E finalmente, eu estou procurando um jeito de disponibilizar a íntegra da palestra aqui neste post. 

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Comportamento, Cultura, Memória
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Academia de Letras, Academia Macaibense de Letras, Anderson Tavares de Lyra, Literatura, Macaíba, Octacílio Alecrim
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Eu, personagem.

Clotilde Tavares | 11 de setembro de 2013
Rosenda von Kraken, em 1993.

Rosenda von Kraken, em 1993.

Eu sou atriz. Em cima do palco já fui muita gente. Fui, por exemplo, Estragon. Fui Rosenda von Kraken, Carlota, Antonieta, Sílvia. Fui Gipsy, personagem que inventei e que saiu do palco do teatro para a rua e para os livros. Fui também um cara super-divertido, o Coronel Olegário, Corno e Latifundiário, que atirava de revólver e cantava rock and roll. Fui mais um monte de gente que nem me lembro mais. Mas a experiência de ser um personagem eu mesma, interpretada por outra pessoa, é novidade para mim.

Gipsy, no ar de 1996 até hoje.

Gipsy, no ar de 1996 até hoje.

Pois as professoras da Escola Ulisses de Góis, em Natal-RN, no desfile comemorativo da Semana da Pátria no dia 5 de setembro último, organizaram um “pelotão” representando autores do Rio Grande do Norte, com os alunos caracterizados como o escritor.

E eu estava lá, representada pela linda Rebeca, aluna da escola, que encarnou com graça e simpatia (e uma beleza que não tenho nem nunca tive) a minha desataviada pessoa.

Uma experiência a mais, numa fase da vida em que é difícil acontecer uma novidade.

Eu adorei.

A aluna Sayonara, de preto, cinto dourado e mão na cintura, encarnando esta escriba que vos tecla.

A aluna Rebeca, de preto, cinto dourado e mão na cintura, encarnando esta escriba que vos tecla.

O original!

 

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Radinho de pilha e conjunto Ban-Lon

Clotilde Tavares | 10 de setembro de 2013

Eu estava lá no facebook, na página “Modinhas fora de moda” –  show que a cantora Fidélia Cassandra vai estrear no próximo dia 25 de setembro no Teatro Severino Cabral, em Campina Grande. Lá, encontrei a foto desse radinho de pilha e a pergunta: Alguém já teve um deste?

Eu tive. Papai era doido por novidades e um amigo dele trouxe um dos Estados Unidos – que naquele tempo a gente chamava “América”. Papai comprou e me deu de presente. Quando eu passava com ele na rua as pessoas paravam para ver, ninguém acreditava que era um rádio. A cidade era Campina Grande, o ano era 1960, a capinha de couro era marrom e o radinho era verde. Eu tinha 13-14 anos e a música que tocava era Chega de Saudade, com João Gilberto, que Mamãe chamava “o Cansadinho” – ela era fã de Nelson Gonçalves e não entendia como uma cara que não tinha voz e que cantava como quem tinha acabado de subir correndo uma ladeira pudesse gravar um disco.

Parceiro inseparável do radinho de pilha nessa época dourada da minha juventude era o meu conjunto Ban-Lon. Era esse o nome que a gente dava ao twin-set, conjunto de blusa e casaquinho que a moda ressuscitou agora depois de tantos anos. O meu foi comprado com sacrifîcio, à prestação, de uma conhecida de Mamãe que vendia roupas importadas. Era verde claro, os botões perolados, uma gracinha. Era importado, tinha uma etiqueta chique que causava sensação entre as minhas colegas de turma no Colégio Alfredo Dantas, que usavam os similares nacionais, muito feinhos. O meu não: era legítimo, era um luxo!
Este post é dedicado a minha amiga-de-infância e BFF Gladis Vivane, que tem um excelente blog sobre moda, o Salto Agulha. 
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Comportamento, Memória
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anos 60, Ban-Lon, Campina Grande, conjunto Ban-Lon, João Gilberto, radinho, Radio de pilha
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Província Submersa

Clotilde Tavares | 9 de setembro de 2013

Hoje trago para você a notícia de um livro: “Província Submersa”, de Octacílio Alecrim, publicado numa edição conjunta do Instituto Pró-Memória de Macaíba/RN e Senado Federal. É uma segunda edição, com 278 páginas; a primeira saiu em 1957, como edição especial do Proust Clube do Brasil, em tiragem limitada e fora de comércio.

Sobre o autor, o primoroso e elucidativo texto do jornalista Vicente Serejo, que abre esta a edição, traça com maestria o perfil deste que, nascido em Macaíba, cidade que fica pertinho de Natal, em 1906 e falecido no Rio de Janeiro em 1962, foi “talvez o maior proustiano no Brasil do seu tempo, ao longo das décadas de quarenta e cinqüenta.” E continua: “Sua importância não se consagra apenas nos textos que escreve e publica, mas na grande presença nas bibliografias dos estudos impressionistas e acadêmicos sobre o romance de Marcel Proust.”

Mas o bom mesmo é este livro “Província Submersa”, um delicioso relato da infância e juventude do autor, que extrapola o simples memorialismo e, nas entrelinhas dos fatos pessoais, retrata a história sócio-cultural e econômica daquela região, nas primeiras décadas do século XX, quando se ia de Macaíba a Natal de barca, pelo rio Jundiaí, que afluía ao Potengi. São histórias de famílias, descrição de tipos populares, relatos de brincadeiras, códigos de comportamento e vida social, descrições tão reais e detalhadas que parecemos estar vivendo junto com o autor os fatos que descreve.

Octacílio Alecrim (1906-1968)

Octacílio Alecrim (1906-1968)

E isso sem abrir mão nem por um instante da prosa elegante, da sintaxe escorreita, das imagens vívidas, tudo denotando um memorialista completo, bem no espírito da “Recherche…” de Proust, de quem Octacílio Alecrim foi, como já falei, um dos mais competentes exegetas. É um livro que agrada ao intelectual, ao estudioso, que se deleita com a erudição demonstrada, os achados estilísticos; e o leitor comum também encontra aí a história de um menino, um menino como os outros, nascido e criado no interior, tal como o Carlinhos de Zé Lins, e com ele se identifica, pois todos nós fomos um dia meninos e meninas, mergulhados na doce inocência da infância, e sentimos, através das memórias de Otacílio Alecrim, o cheiro suave de lavanda que emanava do colo da nossa mãe, o gosto do leite morno tomado ao pé da vaca em caneca de flandres, o contato áspero do tropical agajota do terno do pai, a feira, as cavalhadas, as histórias ouvidas da boca das empregadas e amas, o mistério das noites estreladas de um infância onde não havia shopping-centers, nem computador, nem videogames.

Um livro para se ler devagar, saboreando, degustando, relembrando e reconhecendo nesta “Província Submersa”, de Octacílio Alecrim, além do seu alto valor literário, uma fonte abundante de cultura e de prazer.

Rua da Conceição. Macaíba, 1898.

Rua da Conceição. Macaíba, 1898

Nesta quinta-feira, 12 de setembro, estarei falando sobre este livro e este autor na Academia Macaibense de Letras, às 15 horas, no sessão comemorativa de aniversário da Instituição. A reunião será no Pax Clube de Macaíba.   

 

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Os antigos contavam

Clotilde Tavares | 7 de setembro de 2013
Moças. Anos 1930. Arquivo de família.

Moças. Anos 1930. Arquivo de família.

Os antigos contavam:

A moça gosta de fazer piadas, de pregar peças, de enganar os outros. Faz isso por diversão, e para chamar a atenção.

Um dia o empregado da fazenda mata uma cobra e atira o bicho morto para um canto da cerca. A moça vai, escondido de todos, carrega a cobra morta para dentro de casa, bota dentro da rede, faz que vai se deitar e começa o alarido: “Ai ai ai, me acudam, uma cobra, uma cobra!” Todos correm, lá está ela aos gritos, descabelada, mostrando a cobra na rede. Os outros com cuidado se aproximam e veem logo que o animal não se mexe, está morto, e o empregado diz lá de fora: “É a cobra que eu matei hoje de manhã.” A mãe briga com a moça. “Isso não se faz, assustando a família desse jeito.”

A cobra é retirada, a moça fica rindo-se pelos cantos do susto que pregou em todos. Vai na cozinha, bebe um copo de água, dá um volta pela casa, pega o bordado e vai sentar na varanda, o casamento está perto, o noivo mora longe e ela se distrai bordando o enxoval.

Mais tarde, sente a vista cansada e resolve se deitar um pouco. A família entregue às suas tarefas, a casa está em sossego. Tão logo entra no quarto, e vai para a rede, começa tudo outra vez: “Ai ai ai, me acudam, me socorram, uma cobra, uma cobra!” A mãe e a tia na cozinha, o empregado na horta, a velha com o cachimbo na boca lá no tanque lavando roupa, ninguém se importa muito: é a moça de novo com suas brincadeiras. Como ninguém dá atenção, ela se cala.

Mais tarde a família a encontra na rede, dura, um fio de saliva a escorrer pelo canto da boca, os olhos virados, a língua escura. Entre os seios virgens, a negra jararaca ressona, tranquila, livre do veneno.

Aí os antigos dizem que as cobras se casam para a vida inteira. Quando a fêmea morre, o macho sente, e vem atrás dela, pelo cheiro. Encontra o rastro, encontra a rede, encontra a moça.

Essa é a história.

 

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conto popular, folclore sobre cobra, histórias de cobra, lenda nordestina, Memória, tradição
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10 coisas que faço depois dos 60 anos

Clotilde Tavares | 6 de setembro de 2013

clotilde_pode

Nesta semana que passou, uma grande amiga completou sessenta anos, e mandou um e-mail para mim onde dizia: “Fui dormir com 59 anos e acordei com 60”. Depois, mostrava-se um pouco apreensiva com a realidade da chamada “terceira-idade”, dizendo que a menininha saltitante de cachos nos cabelos ainda existia em algum lugar dentro dela, mas em outros momentos o que aparecia era a sexagenária, não tão saltitante assim. E eu, que já pertenço a essa idade “não tão saltitante assim” desde 2007, saudei-a com um sonoro “Bem vinda ao clube!”

Bem-vinda, querida, ao clube da meia-entrada em cinemas, museus e assemelhados – em alguns a entrada é gratuita. Isso faz toda a diferença quando você vai, por exemplo, assistir a um show ou peça de teatro, onde os outros pagam duzentos ou trezentos reais – como o show de Caetano Veloso em junho passado no teatro Riachuelo – e paga apenas a metade!

Bem-vinda a uma população que cresce a cada dia, e que fica cada vez mais jovem, de tal forma que já se está pensando numa chamada “quarta idade”, que seria a partir dos oitenta anos. Bem-vinda às muitas vantagens, por exemplo, na hora de uma demanda judicial, e a tratamento preferencial em várias instâncias da vida social. Bem-vinda ao direito de não levar desaforo pra casa, porque quem agride um idoso o discrimina duplamente!

Digo e repito: é muito melhor ter 60 anos do que ter 56, 57 ou 58, por exemplo. Mas é preciso ficar atento e não abrir mão de uma alimentação equilibrada, exercício físico, e estar sempre buscando novas e diferentes atividades porque é isso que mantém o cérebro ativo e livre das doenças degenerativas. Eu mesma vivo jogando Sodoku, que é aquele joguinho japonês com números; e CandyCrush, que é um joguinho que baixei no tablet e que exige atenção e capacidade de estratégia. Escrevo, me comunico, aprendi a tocar piano por partitura há dois anos e venho praticando. Toco muito mal, mas o objetivo não é ser concertista: é fazer o cérebro aprender uma atividade nova, uma nova forma de estabelecer sinapses. Com tudo isso, vou por aqui, sendo feliz e driblando o Alzheimer.

Leia direitinho o estatuto do idoso, que pode ser encontrado na Internet, e vai ver que é melhor ser a mulher de agora, sábia e experiente, do que a boba menininha dos cachinhos. A idade acrescenta experiência, calma, tranqüilidade, satisfação e a possibilidade de desfrutar da vida de uma forma suave e sem pressa que os jovens contraditoriamente não têm, mesmo tendo teoricamente a vida toda diante de si.

Não sei se o que digo aqui serve para todo mundo, mas vou listar dez hábitos que para mim fazem grande diferença nessa tal de terceira idade:

1 – Atividade física pelo menos três vezes por semana. Odeio academia, e por isso contratei um personal trainer. A despesa vale a pena.

2 – Estou deixando de comer glúten, que está presente no trigo, aveia, centeio, cevada e malte e em um montão de alimentos industrializados. Fico mais leve e sem aquela sensação de barriga inchada.

3 – Também só tomo leite sem lactose, e fervido, para desdobrar a caseína do leite de vaca, uma proteína pesada e que me faz mal.

4 – Procuro sempre comer menos do que a minha gulodice – que é grande. Mesmo assim, é bom de vez em quando enfiar o pé na jaca e fazer uma extravagancia, senão a vida fica sem graça.

5 – Faço terapia uma vez por semana, com psicólogo, pra não aborrecer família e amigos com minhas questões.

6 – Tenho hora certa pra comer, dormir e trabalhar (refiro-me a escrever, pois sempre tenho alguma encomenda, de livro ou peça de teatro).

7 – Faço intervalos no trabalho para descansar, me alongar, estrar as pernas e olhar a paisagem.

8 – Tomo diariamente complexos vitamínicos e remédio para o colesterol. Nenhuma outra medicação.

9 – Faço check-ups rigorosos todo ano para surpreender a doença antes que ela me surpreenda.

10, e a mais importante: – Não me meto na vida dos outros e não permito que ninguém se meta na minha.

 

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Natal cidade querida

Clotilde Tavares | 7 de junho de 2013

DISCURSO PROFERIDO PELA ESCRITORA CLOTILDE TAVARES NA CÂMARA MUNICIPAL DE NATAL POR OCASIÃO DO RECEBIMENTO DO TÍTULO DE CIDADÃ NATALENSE, NO DIA 6 DE JUNHO DE 2013.

Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Natal, em nome do qual saúdo as demais autoridades presentes.

Exmo. Sr. Vereador Hugo Manso, autor da proposta que me concede este título, meu querido amigo.

Amigos, companheiros de trabalho, meus professores, meus alunos, artistas, escritores, familiares,

Senhoras, Senhores,

Apesar do ambiente ser formal, eu não quero aqui fazer um discurso formal, um discurso de terno e gravata.

O que quero agora é contar a vocês uma história de amor. A história de um caso de amor que mantenho com esta cidade há mais de quarenta anos.

Tudo começou em 1970 quando aqui cheguei, vinda de Campina Grande, para estudar Medicina. Era o meu primeiro ano longe de casa, morando numa pensão na rua Voluntários da Pátria, ali perto da Santa Cruz da Bica, quase no Baldo. Sem amigos, sem família, logo nos primeiros dias tive que ir ao Hospital das Clínicas tirar um atestado médico e me vi, de repente, suspensa entre o céu e o mar na balaustrada da avenida Getúlio Vargas. Ali, às duas e meia da tarde, envolvida por aquela sinfonia azul que ia do mar de safira ao céu turquesa, naquele instante, capturada pela beleza, me apaixonei por esta terra.

Esses primeiros anos foram tempos heróicos. Muitas vezes simplesmente não havia dinheiro, e como matar a fome que meu corpo jovem e saudável manifestava quando o que eu tinha dava apenas para uma grapete e um pão doce, que deviam me sustentar por vinte e quatro horas? Mas era essa mesma juventude que me fazia ir e voltar a pé todos os dias da pensão, na rua Voluntários da Pátria ao Hospital das Clínicas, e parecia tão perto!

Ao lado das tarefas da faculdade, dos estudos, dos plantões, e aulas práticas, comecei a me ambientar na vida cultural da cidade. Iniciei no teatro em 1971, com o Grupo Alavanca de Teatro, tendo à frente Racine Santos, que ensaiava nos altos do Teatro de Amadores de Natal, na rua Voluntários da Pátria, onde também conheci e convivi com Sandoval Wanderley. Comecei também a estudar música – outro grande sonho -, na Escola de Música do Rio Grande do Norte, onde fui aluna de violoncelo do professor Piero Severi e integrei por um ano o naipe das cordas da Orquestra Sinfônica, sob a regência do maestro Clóvis Pereira. Mas a Faculdade me tomava todo o tempo e o teatro e a música precisaram ser deixados de lado.

Comecei a conhecer as pessoas e a fazer amizades, pessoas de teatro, gente da música, os colegas de faculdade, e os meus mestres na Medicina: Dr. Hiram Diogo Fernandes, Dr. Gilberto Wanderley, Dra. Ivalda Santana, Dr. Celso Matias, Dr. Onofre Junior, Dr. Heriberto Bezerra, Dr. Eudes Moura… Os nomes desses professores vêm à minha mente quando evoco aqueles que contribuíram decisivamente para a minha formação médica e também como ser humano e ressalto ainda, com destaque, o nome do Dr. Lauro Gonçalves Bezerra, que me abriu caminhos e horizontes, com quem trabalhei diariamente por mais de dez anos, na dura lide da saúde pública, num tempo em que não existia SUS nem PSF, subindo e descendo as escorregadias ladeiras da rua do Motor e convivendo com a comunidade de Brasília Teimosa. Quero também prestar minha homenagem de imorredoura saudade à Dra. Giselda Trigueiro, que foi para mim uma inspiração e exemplo a ser imitado como médica e cientista, pelas suas aulas magistrais e conduta humana com o paciente mas também como mulher bonita e elegante, como pessoa à frente do seu tempo, com inteligência superior e humanidade cativante, e que me distinguiu com a sua amizade.

Nos últimos anos de faculdade, já morando em Areia Preta, na rua Pinto Martins, eu me encantava todo dia com a visão mais querida desta cidade: a da balaustrada da Avenida Getulio Vargas, palco do meu primeiro encontro amoroso com Natal. Indo e voltando diariamente para o Hospital das Clínicas, aquele azul me alimentava e me envolvia e a paisagem deslumbrante atuava como um energético, me acalmava, me alimentava, me revigorava, recarregava minhas baterias.

A intenção era me formar em Medicina e voltar para Campina Grande, mas quem disse que eu pude? Em 1975, ao colar grau, Natal já havia me capturado com seu perfume, seu encanto, seu céu de brigadeiro e o carinho dos amigos que aqui eu já tinha.

Quando fui fazer mestrado no Recife, onde fiquei nos anos de 1978 e 1979, passei esses dois anos sem vir a Natal – era grande o medo que tinha de vir passar um final de semana aqui e não conseguir mais voltar para o Recife.

Nesta cidade querida vi correrem os anos mais belos da minha vida. Como professora do antigo Departamento de Saúde Coletiva e Nutrição da UFRN batalhei pela Saúde Pública, especificamente a causa do aleitamento materno e da nutrição infantil por anos, e produzi trabalhos dos quais ainda hoje me orgulho. Foram quase vinte anos de militância ininterrupta nessa área, ao lado do Dr. Lauro Bezerra, pioneiro do ensino da Nutrição no Rio Grande do Norte. E enquanto a vida ia tocando seu curso a música, o teatro, e a literatura continuavam ocupando os interstícios entre os estudos e trabalhos na área da saúde.

Alguém aí da platéia que me conhece há muito tempo – talvez até o vereador que me deu esse título – deve estar querendo me perguntar:

– Mas Clotilde, e a boemia? As noitadas? Vai passar por cima de tudo isso?

Eu respondo:

– Como poderia? Até os quarenta anos de idade fui uma grande boêmia, e aproveitei bastante a vida, minha gente! Conhecia todos os bares e botecos dessa cidade, da Tenda do Cigano ao Café Nice, do Chernobyl ao Tirraguso, do Mintchura ao Teco-Teco, do Equilibrista à Barraca de Santiago. Fui sócia-fundadora da República Independente da Praia dos Artistas; no verão, era habitante do Território Livre da Redinha, e sócia-foliã-honorária da Banda Gália, uma das maiores experiências anarco-lírico-carnavalescas que essa cidade já teve, junto com Olinto Rocha, Carlos Piru, Eugenio Cunha, Márcio Capriglione, Julinho Rezende, Zé Avelino, Sergio Dieb, Diva Cunha… E quando o clarim rompia a primeira nota na noite estrelada de Natal eu já caía dentro, no frevo, usando as fantasias mais loucas que alguém possa imaginar. Ah, e lembro dos meus queridos amigos dessa época, que já se foram, já se encantaram: Chico Miséria, André de Melo Lima, Sergio Dieb, Kiria Eleison, Malu Aguiar, Olinto Rocha. Quanta saudade!

Foram anos muito loucos! Foram anos experimentando o perigo, a alucinação da velocidade, os paraísos artificiais, a embriaguez dos sentidos. Até a última gota, esgotei essa tulipa dourada do Prazer, sorvida sem culpa, sem medo, e sem limite. Esgotadas as taças, aprendi que é preciso experimentar de tudo, mas tudo tem limite. E aos quarenta anos, decretei encerrada minha carreira na boemia.

A vida me pedia uma mudança. A Medicina, agora concentrada na docência e na pesquisa na área de Saúde Pública, preenchia uma parte do meu dia, dos meus interesses, mas eu sentia sempre, vindo do mais fundo das minhas entranhas, o chamado da Arte. E foi assim que o teatro voltou à minha vida em 1990, a partir de um encontro com Marcos Bulhões, hoje doutor em teatro pela USP e professor daquela Universidade. Naquele, tempo, Bulhões era ator da Stabanada Companhia de Teatro e estava selecionando atores para um espetáculo.

Foi o início de uma parceria diária militando na cena teatral da cidade. Fizemos, Bulhões e eu, muitos espetáculos, performances, intervenções cênicas, demos oficinas, cursos, éramos “duas-almas-num-corpo-só”. Como não havia espaço na minha vida para duas coisas tão absorventes, considerei que já havia dedicado mais de vinte anos à Medicina, e que agora era hora de voltar às artes. Eu tinha 42 anos de idade, E não tive medo de mudar. Transferi-me então para o Departamento de Artes da UFRN, onde passei a ensinar Folclore Brasileiro e disciplinas ligadas ao teatro.

Foi nessa época, a partir de 1990, que minha carreira de escritora começou a se encaminhar. Fui colunista semanal por anos do Jornal de Natal, Jornal de Hoje, O Mossoroense, Revista RN-Econômico, Revista da Telepesquisa, e na Tribuna do Norte, onde escrevi por dez anos, todos os domingos.

Os livros começam a aparecer a partir de 1987 e já são tantos! Livros, artigos, peças de teatro, folhetos de cordel… Entre todos eles, o meu livro que mais gosto: “Natal a Noiva do Sol”, adotado nas escolas da cidade, com o título emprestado da obra de Cascudo, quando ele diz as palavras imortais que eu sempre assino embaixo:

“Natal, Noiva do Sol, minha cidade querida, deu-me o que sempre esperei: a tranquilidade do espírito, a paz do coração, o amor pelas coisas humildes do mundo, no meio das quais sempre vivi. (…)”

O que dizer mais, de uma vida tão rica e tão produtiva, construída neste chão natalense, respirando o mesmo ar que Câmara Cascudo respirou, contemplando o mar aberto em navegos que Zila Mamede contemplou, e ouvindo as romanceiras tão caras aos ouvidos do mestre Deífilo Gurgel?

Aqui desfruto de perenes e sólidas amizades, como meus companheiros do Rotary e minha amiga quase-irmã Aldanira Barreto, em nome da qual saúdo o rotarismo natalense.

Os que foram meus alunos e hoje estão ocupando cargos importantes, e quando cruzo com eles em algum evento, blindados e defendidos por uma corte de assessores, se destacam do grupo quando me veem e me cumprimentam com aquele que é o meu maior título:

“ – Professora, que bom ver a Sra!…”

Meus parceiros na batalha da cultura: Henrique Fontes e a Casa da Ribeira, João Marcelino, Marcílio Amorim e o Elenco Mosh, Carlos Fialho e a editora Jovens Escribas. A homenagem a estes grandes amigos que já se foram: Sandoval Wanderley, Chico Vila, Jaime Lúcio, Lenício Queiroga, Fernando Ataíde, Carlos Nereu, todos agora fazendo teatro na Eternidade; e Luís Carlos Guimarães, Bosco Lopes, Black-Out, Celso da Silveira, sentados numa nuvem, fazendo versos…

Amigos? Impossível citar! Um ano não seria suficiente para esgotar a lista das amizades, meu maior patrimônio nesta terra.

Minha família querida:

Meu filho mais velho, Rômulo Tavares, publicitário, músico, compositor, brilhante em tudo o que faz, um homem bom e decente, com raízes plantadas aqui e que me continua através dos meus dois netos: Isabela Albuquerque Tavares, aluna do curso de Direito, e Marcelo Rodrigues Tavares, ainda adolescente. As mães dos meus netos, Viviane Albuquerque, psicóloga, e Telma Rodrigues, professora de teatro.

Minha filha Ana Morena Tavares Ramos, empresária, contrabaixista, cantora, atriz, e tudo o mais que ela quiser ser porque é talentosa e linda, e me enche de orgulho a cada dia pelo que é e pelo que faz. Junto com meu querido genro Anderson Foca ela lidera um dos empreendimentos culturais de maior sucesso nesta terra: o Combo Cultural do Sol, e movimentam a cena da cidade em eventos de porte, dois deles em parceria com a Casa da Ribeira: o Circuito Ribeira e a Virada Natal.

Ligados a mim por laços familiares indiretos, uma vez que são sogros da minha filha, o casal José Freitas/Lucidete, paraenses aqui radicados, também são minha família nesta cidade.

Ao longo dessa fala eu citei muitos nomes. Nos discursos, as pessoas sempre dizem que não vão citar nomes para não correr o risco de esquecer alguém. Mas eu não me importo. Eu quero correr esse risco, porque enquanto vou desfiando essas recordações os nomes vêm vindo à minha memória e é impossível deixar de citá-los, mesmo sabendo que não vou poder citá-los todos.

E também há aqueles que fazem parte da minha vida e que eu não sei os nomes, os natalenses anônimos, cidadãos desta cidade, a moça que me atende no caixa da loja, o gari que recolhe o lixo, o carteiro, a telefonista que está do outro lado do fio, o frentista que abastece meu carro, homens e mulheres que fazem parte da minha vida e que agora me recebem como conterrâneos e cabem todos dentro do meu coração.

O escritor Nei Leandro de Castro uma vez escreveu:

“Clotilde Tavares é a fada madrinha e a fada zangada do cotidiano. Ela protege Natal com uma varinha de condão e um porrete feito de madeira que cupim não rói.”

É como fada madrinha que me agora me dirijo, nesta casa que é do povo, aos seus representantes, os nobres vereadores que aqui fazem seu trabalho, principalmente ao vereador Hugo Manso, para agradecer esta homenagem, que para mim é como uma flor rara, que regarei com a minha gratidão, e que agora segue embelezando minha vida.

Mas também é como fada zangada do cotidiano que quero deixar aqui o meu primeiro recado como natalense legítima:

– Senhores vereadores! Tomem conta da minha cidade! Fiscalizem os governantes para ver se eles estão se comportando. Ajudem a melhorar a vida do cidadão propondo na área da saúde, da educação, da segurança, do transporte. E tratem a cultura com o respeito que ela merece, e não como diversão de final de semana. Cuidem da minha cidade! Eu estou de olho em vocês.

Minha gente!

Eu amo Natal!

Amo o deslumbramento de mergulhar nesse azul e nesse ouro que é a atmosfera da cidade. Azul do céu de brigadeiro, ouro do Sol e das acácias que ornamentam as avenidas.

Amo a carícia do vento, e o perfume do mato ali nas dunas da Via Costeira.

Amo o bulício do Alecrim no dia da feira, as agitações noturnas em Ponta Negra, os saraus nas livrarias, as conversas nos corredores dos shoppings, as lentas visitas aos sebos no centro da cidade.

Amo essa magia, esse encantamento que torna esta cidade especial entre todas as cidades do mundo. É alguma coisa imponderável, uma brisa, um sopro angélico, um murmúrio de fadas, uma sensação de dia nascendo a toda hora, quando a gente olha para este céu tão sem nuvens, tão luminoso.

Amo as dunas suaves e recortadas sobre o céu da tarde, quando as contemplo da minha varanda, relembrando a sensual anatomia dos corpos femininos.

Amo o Potengi à tardinha, recebendo o sol poente, vermelho e preguiçoso, que se aninha nos braços verdes e escuros do rio.

Amo o hospitaleiro povo natalense, agora também oficialmente meu povo, recebendo quem vem de fora com a mesa posta e a rede armada, o pirão de peixe quentinho e saboroso, o suco de mangaba, a carne de sol.

Porque em Natal quem mora aqui vive rindo à toa porque sabe que desfruta do privilégio de viver nesta esquina do continente, terra de sol, perfume e alegria.

MUITO OBRIGADA!

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Domingo de Páscoa

Clotilde Tavares | 31 de março de 2013

Neste domingo de Páscoa, tenho recebido muitas mensagens desejando Feliz Páscoa, às quais agradeço de coração. A Páscoa, como todos sabem, é uma das maiores festas da cristandade, onde se comemora a ressurreição de Cristo. Quando eu era menina, essas histórias soavam meio estranhas na minha cabeça pois a contabilidade não batia bem: se Jesus foi crucificado e morreu na sexta-feira, e ao terceiro dia ressurgiu dos mortos, como é que se comemora a ressurreição no domingo, apenas dois dias depois? Para a minha mente lógica de pequena pentelha de oito anos, algo estaria errado nessa conta, até que aprendi que nesses assuntos de religião a gente não questiona muito não, senão a freira vem e põe você de castigo. Aí, nada de ovos de chocolate.

Pois muito bem: se a festa é para comemorar a ressurreição de Cristo, mesmo considerando dois dias no lugar de três, o que isso tem a ver com ovos e coelhos? Só consegui entender isso depois de adulta, meu caro leitor, e compartilho aqui com você o que andei descobrindo.

É que a Páscoa é uma festa muito mais antiga do que Cristo, muito mais antiga do que a cristandade. Para os povos pagãos, que viveram alguns milhares de anos antes de Cristo, a Páscoa, celebrada no hemisfério norte no equinócio da Primavera – ou nas suas proximidades – celebrava as divindades ligadas à fertilidade do solo. Para estes povos, a fertilidade tinha uma grande importância porque a produção nos campos era a base da vida comunitária, que os permitia enfrentar os dias difíceis e estéreis do Inverno.

Na mitologia céltica e saxônica, por exemplo, celebrava-se nessa época a deusa Eostar, que presidia o nascimento da Primavera e o redespertar da vida na terra. Então ovos eram pintados e enterrados para que fossem encontrados depois pelas crianças, já que o ovo é sinal de uma nova vida que renasce. A lebre, que era o símbolo do renascimento e da ressurreição entre essas culturas, também era o animal sagrado dedicado a Eostar.

Quando a Igreja católica se estabeleceu como instituição, por volta do século III depois de Cristo, as festas pagãs foram cristianizadas, ou seja, sua estrutura e data foram mantidas e deslocou-se a reverência aos deuses pagãos para os fatos da vida de Cristo e dos santos. Isso aconteceu com o Natal, as festas juninas, e tantas outras. O Domingo de Páscoa ainda é determinado pelo calendário lunar, e é o primeiro domingo após a Lua Cheia que coincide ou vem em seguida ao Equinócio da Primavera. Nos países de língua inglesa a palavra Páscoa, em inglês, é Easter, palavra derivada de Eostar.

Então, estão explicados os ovos e os coelhos, e o sentimento de ressurreição, de renovação, que deve passar por todos nós nessa época, independente da religião que professemos. É bom para plantar, para mergulhar as sementes na terra, para visualizar as colheitas futuras que deverão surgir dos grãos plantados hoje.

Abençoada seja esta deusa tão gentil, que recupera do frio solo do Inverno as coloridas flores da Primavera, prometendo os frutos dourados pelo sol do Verão.

——

Eu nunca mais havia escrito nada aqui. Hoje me deu vontade. Quem sabe não me animo e volto a blogar? Pois é.

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coelho da páscoa, domingo de páscoa, equinócio, festa cristã, festa pagã, ovos de chocolate, pascoa, solsticio
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GERÚNDIOS, a série

Clotilde Tavares | 8 de setembro de 2012

ESTOU…

… BEBENDO suco sem açúcar, chá e Yakult.
… CONTANDO calorias.
… COMENDO menos do que a fome pede e mais do que preciso para perder peso.
… ESCREVENDO obsessivamente.
… CAMINHANDO e cantando e seguindo a canção.
… LENDO os 6 volumes das Crônicas Saxônicas, de Bernard Cornwell – de novo.
… OUVINDO Tulipa Ruiz e Roberta Sá.
… COMPRANDO novos lençóis, pratos, copos, toalhas.
… AJEITANDO a casa.
… PREPARANDO livro novo para ir à gráfica até final do mês.
… SENTINDO frio em Setembro, pode? Aqui em Natal?
… ADIVINHANDO chuva.
… DORMINDO profundamente.
… SONHANDO sonhos calientes.
… ESQUECENDO de tudo minutos depois.
… ACOMPANHANDO o ponteiro dos segundos, que nunca se detém.
… OLHANDO o mundo por olhos que já vão ficando turvos, afogados nas cataratas da idade.
… ACENDENDO velas para Santa Zoraide na tela do meu iPhone.
… ACREDITANDO em milagres, sempre.

"Saudades de Noronha", tela de Flávio Freitas.

 

 

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