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O Orquilouco

Clotilde Tavares | 9 de dezembro de 2009

Eu tenho um amigo que é maluco. Mas isso todo mundo também tem. Todo mundo conhece gente que tem um parafuso frouxo. Mas a maluquice desse meu amigo é saudável porque ele a usa integralmente para defender seus pontos de vista e as coisas em que acredita. Aí, o chamam de doido porque ele não tem medo de ir até às últimas consequências. Ele mora em Natal, tem cerca de 60 anos, curso superior, bonitão e criador de orquídeas. Por isso gosto de chamá-lo de Orquilouco.

Pois uma vez o Orquilouco foi levar a filha a um dos shoppings de Natal e viu duas motocicletas paradas na vaga destinada a portadores de deficiência. Chamou o segurança e reclamou daquele absurdo. O segurança disse que não tinha visto, não sabia quem era, e ele começou a se irritar. E disse: “Olha, eu venho pegar minha filha daqui a meia-hora. Se essas motos ainda estiverem aqui, você vai ver uma coisa”.

E assim disse, assim o fez. Ao voltar, como as motos ainda estavam estacionadas no mesmo lugar, ele entrou com o carro no corredor principal do shopping e estacionou entre as lojas. Criou-se então um grande tumulto. Vieram os seguranças, mas se intimidaram diante do Orquilouco, que, em alto e bom som, expunha aos curiosos – que já eram muitos – os motivos da sua atitude. Muita gente ficou do lado dele e a pressão sobre os seguranças e a administração do shopping ficou cada vez mais forte. Decidiu-se então procurar os donos das motos, que não foram encontrados. Para acabar com a confusão, os seguranças se reuniram e tiraram “no braço” as duas motos da vaga de deficiente. Só então o Orquilouco tirou o carro de dentro do shopping. A multidão aplaudiu, enquanto a filha dele, morta de vergonha dos escândalos do pai, procurava passar despercebida e entrava no carro.

É louco, diria você, meu caro e sensato leitor. É louco, digo eu também. É louco porque é capaz de se arriscar, de dar a cara para o tapa quando vê uma coisa errada acontecendo, mesmo que essa coisa errada nada tenha a ver com ele. Quantos de nós temos essa mesma disposição diante da vida? Quantos de nós estamos dispostos a nos arriscar em busca daquilo em que acreditamos? Quantas coisas erradas e tortas acontecem neste mundo somente porque nos omitimos, viramos o rosto para o outro lado, fechamos os olhos, nos negamos a ver a agressão, a dor, o erro, porque nos incomoda mas pensamos que não temos nada com isso?

Fica então aqui o exemplo do Orquilouco, para nos servir de inspiração nestes dias.

Eu já havia publicado essa crônica no jornal há tempos. Mas na próxima segunda-feira, o meu querido Orquilouco, o  agrônomo e orquidófilo Cassiano Lamartine, vai se submeter a uma cirurgia delicada. Com votos de que corra tudo bem, peço a todos que, junto comigo, torçam por ele.

Esta orquídea, híbrida, foi batizada com o nome dele.

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É bom casar!

Clotilde Tavares | 8 de dezembro de 2009

Talvez o meu caro leitor não saiba que já fui casada algumas vezes. Casamento é isso mesmo, não é bom nem é ruim, é apenas uma situação como outra qualquer, que tem coisa boa e coisa ruim e que você vai fazendo a relação custo/benefício o tempo todo: quando o custo supera o benefício, está na hora dos parceiros caírem na real e ver se compensa continuar com a relação.

Se não dá, é partir para outra, mesmo que a separação seja dolorosa – e geralmente é, mais pelo hábito e pelas dependências que criamos um do outro do que propriamente pelo amor que, a essa altura, já deve ter acabado também. Aliás essa discussão do amor merece um post só pra isso e não vou enveredar por ela agora sob pena de me desviar completamente do assunto.

O curioso da separação é que vemos com surpresa que, de par com a tristeza e a saudade vem um certo alívio, e a descoberta de uma inusitada liberdade, de possibilidades até então não suspeitadas, sequer consideradas antes, porque quando a gente vive junto há coisas que geralmente a gente sequer imagina que possa fazer.

Fui casada quatro vezes. Tenho dois filhos, do primeiro e do terceiro. Uns duraram mais, outros menos. Dois me deixaram, e dois eu deixei. De dois eu ainda sou muito amiga, muito amiga mesmo – e sou amiga de um que deixei e de um que me deixou. Os outros dois um eu não quero ver (um que eu deixei) e outro não tem interesse em me ver (um que me deixou).

Então, somando e dividindo, penso que tive sorte pois os pratos da balança da minha vida de casada se equilibraram de tal forma que não lamento nada que houve, mas também não quero repetir um dia que seja. E confesso que me considero feliz no casamento porque todos os meus maridos eram – são – bonitos, inteligentes, talentosos, bons-de-cama e companheiros. Não deu certo? Deu, sim! Enquanto durou, deu certo.

Hoje, integro aquilo que se chama a “comunidade single”: pessoas que optaram por viver sozinhas, sem companheiro para dividir a casa embora uma vez ou outra coisas diferentes possam acontecer – e acontecem.

Não me sinto solitária. Como poderia, com o mundo ao meu alcance pela via presencial, pois é só pegar o meu Fiat Modelo Velho e ir para onde quiser ou, se for mais longe, pegar um avião? E pela via virtual posso penetrar em lugares onde jamais imaginei ir, pois a Internet me proporciona todas as viagens com que já sonhei?

Como me sentir solitária com esse mundo de gente que me lê, envia emails, troca idéias, reclama, critica, elogia, diz que não gostou, faz perguntas, numa balbúrdia e num tumulto virtual que chega a me cansar, e eu corro para longe do computador com um livro, e vou para a varanda fiscalizar a natureza somente para me livrar um pouco de vocês?

Pois é, meu caro leitor. Posso até viver sozinha, mas solitária, nunca!

Vocês estão sempre comigo, e estou feliz por isso.

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Carnatal: outra visão.

Clotilde Tavares | 3 de dezembro de 2009

22h45

Acaba de passar o último trio da noite. Último é maneira de dizer, porque agora vai passar tudo de novo… Até agora, o som da festa não me incomodou. Ocorre acima da minha casa; o vento passa primeiro aqui e depois lá. Mas há muita gente que deve estar muito pê da vida com essa zada toda, gente, o barulho deve ser infernal para quem está da área de som dos trios.

Eu estou ficando com sono. Se eu sumir daqui, você já sabe: capotei.

21h05

O segundo trio acaba de passar pela minha esquina; como são cinco trios, e todos passam duas vezes – é minha gente: você vê e depois tem que ver denovo! – e como é cerca de meia-hora entre um e outro… esse moído deve estar terminando lá pra uma hora da manhã.

Uma amiga me questiona sobre a minha aversão por axé – olha o comentário que fiz abaixo. E diz que axé é pra pular, não pode ser levada a sério. Ah, bom. O frevo, por exemplo: é pra pular, mas é muito mais rico de que o axé, em harmonia, melodia, letras… Foi isso que falei. Música é alimento da alma, e para mim deve ser levada a sério sim.

Já fui uma grande foliã, sempre brinquei Carnaval. Eu disse Carnaval. Já falei porque não gosto do carnatal, essa festa que está ocorrendo agora – veja o post anterior a esse.

20h30

Descobri que tenho um aliado: o vento, que leva o som dos trios para o lado oposto ao do meu prédio. Agora se aproxima o Chiclete, com aquele rapaz que usa um pano na cabeça há quarenta anos e conversa mais do que canta…

19h50

Ouço ao longe os trios, que cada vez se aproximam mais. Agora me diga, e perdoe o meu gosto e a minha opinião, se a sua for diferente: tem coisa mais pobre musicalmente, letramente e esteticamente do que axé?

19h10

Continuam a passar as levas e levas de foliões em busca do local de concentração dos seus blocos. Vizinho ao meu prédio, a dez metros da minha janela, um cantinho no prédio vizinho já virou banheiro público. Muitos homens já entraram lá, ocultos pelo muro, e dali saíram abotoando a bermuda… Imagine isso amanhã como vai estar!

18h15

Continuam a passar os foliões e as pessoas que vão vender cerveja, empurrando seus carrinhos de mão com isopor em cima. É o trampo de quem precisa descolar uma grana na festa.

17h45

Começam a passar os foliões, vestidos com os abadás dos seus blocos. A maioria jovens.

17h05

Aumenta o número de passantes. A rua já está interditada para carros: só passa quem tem o adesivo escrito MORADOR. Muita gente para lá e para cá, mas trabalhando, empurrando carrinhos de mão com gelo e bebidas, policiais, e pessoas com camisetas que não é de bloco: deve ser de gente que vai varrer ou prestar outro tipo de serviço. É isso aí: minha rua é a “cozinha” da festa…

E veja o camarada que devagarinho montou seu botequim na esquina!

15h25

O chamado “corredor da folia tem seus “camarotes temáticos”, do mesmo jeito que no Carnaval do Rio de Janeiro. Luxuosos, caros, com presença de celebridades. Mas ao longo das avenidas também brotam estruturas improvisadas de madeira, cobertas de plástico, onde pessoas vão ficar em posição de ver os trios – ou quem vai em cima deles – com facilidade. São umas “marmotas”, feias , improvisadas, não sei como aquilo tudo não vai ao chão assim que se enche de gente.

E no início da Miguel Castro, antes de interromper o trânsito, policiais degustam o famoso “piucolé caseiro de Caicó”.

14h50

Começam a chegar as pessoas que trabalham no evento. Esses aí que enchem a rua são os “cordeiros”, o pessoal que fica nas cordas dos blocos. O primeiro bloco desfila às 18h30, mas essa galera já começa a trabalhar agora. O trânsito ainda flui normalmente. No canto superior esquerdo, veja os tapumes que obstruem – e defendem – a frente dos edifícios. Veja também as lâmpadas acesas, desde ontem. Policiais se preparam para interditar a rua.

14h30

Você também pode me seguir no twitter: http://twitter.com/ClotildeTavares .A hashtag é #festcarn

14h25

A partir de agora, vamos atualizar de hora em hora falando sobre o Carnatal. A minha visão é de quem está de fora mas não pode sair de dentro.

Desde manhã cedo que pessoas passam empurrando carrinhos de mão carregados de latas de cerveja. Na esquina da Miguel Castro c/Romualdo Galvão, um camarada está montando um bar na calçada, descarregando cadeiras e bebidas. E encostados aos muros da Miguel Castro, já estão alguns carrinhos, desses que vendem churrasquinhos, ainda fechados, mas já “guardando o lugar”. As luzes dos “cordões-de-luz”, luzes incandescentes, ligadas ontem no final da tarde, continuam acesas até agora, mesmo com dia claro.

Os trios descem pela Prudente de Morais e voltam pela Romualdo Galvão. Eu moro centro do mapa, onde está o "X" azul, quase na esquina da Miguel Castro com a Salgado Filho.

10h00

Pessoas que leram esse post me telefonaram dizendo que estou falando sem conhecimento de causa, uma vez que o evento ainda vai ocorrer, começando hoje no final da tarde; e que eu não posso fazer esse tipo de comentário sem ter vivido a situação eu mesma. Então hoje eu vou ficar no apartamento e a partir das 15 horas estarei postando minhas impressões aqui, num post atualizado de hora em hora. Também estarei relatando tudo no twitter (http://twitter.com/ClotildeTavares). Ficarei para “conhecer a causa”. Se estiver errada, dou a mão a palmatória e reconheço, porque sempre tive facilidade para reconhecer quando estou errada, o que é mais frequente do que você imagina e do que eu gostaria que fosse…

Links:

Veja o que diz Pablo Capistrano.

Veja aqui o comunicado da Sociedade de Infectologia do RN sobre os perigos da disseminação do vírus H1N1 no Carnatal.

Entrevista do infectologista Henio Lacerda. Aqui.

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Festa de alguns, transtorno de todos

Clotilde Tavares | 3 de dezembro de 2009

Nesta quinta feira vou ter que sair do meu apartamento e procurar um lugar para passar os próximos quatro dias. Isso porque nesta minha maravilhosa e linda cidade Natal, acontece um evento anual, que já está na sua 19ª edição: o Carnatal. É um dos tais Carnavais fora de época, inspirado nas Micaretas baianas, com trios elétricos, blocos onde os foliões se vestem de “abadás” e toneladas de som despejam música de nível duvidoso atroando os ares e impedindo o sono e o sossego de vastas zonas residenciais do bairro de Lagoa Nova.

É uma praga que existe em todo o Brasil. Se alguns deles estão perdendo a força, com o formato se esgotando ao longo dos anos, o Carnatal parece vicejar onde os outros entram em decadência. E olhe que são – ou já foram – muitos, cada um com o nome mais esquisito do que o outro: o Recifolia, (Recife), o Fortal (Fortaleza), a Micarande (Campina Grande), o Precaju (de Aracaju), o Carnabelô (Belo Horizonte), o Maceiofest (Maceió), o Marafolia (São Luís do Maranhão), o Carnabelém (Belém), e um estranhíssimo Micaracandango (Brasília). Além disso, as cidades do interior seguem a moda e no Rio Grande do Norte tem – ou teve – cite o Carnaxelita (Currais Novos), o Carnavale (Assu), e CaicoFolia (Caicó) e Festaverão (Mossoró).

A propósito do Carnaxelita, o carnaval fora de época da cidade de Currais Novos-RN, tem esse nome porque a região é rica em xelita, um minério importante pois é a matéria prima para extração do tungstênio. Corre até uma piada onde se diz que quando foi criada a festa, a população se dividiu: uns queriam colocar o nome de Carnacu , para aproveitar a primeira sílaba de Currais Novos, e outro grupo queria que se chamasse Carnaovos, para aproveitar a última sílaba. Aí o padre achou que era apelação demais, e colocou o nome de Carnaxelita. Mas isso tudo é brincadeira, meus queridos curraisnovenses que me lêem, e vamos voltar ao que interessa.

Eu não gosto do Carnatal e não é porque me incomoda pessoalmente, uma vez que já não gostava antes de vir morar no miolo da festança – aliás, esse é possivelmente o único defeito dessa minha nova morada. Não gosto do Carnatal porque não reforça nossos valores culturais. Pelo contrário, é uma demonstração da cultura baiana, visto que nos três dias de festa são tocados os hits da axé music e pagode, ritmos que não têm nada a ver com a cidade. Há uma grande uma evasão de dinheiro da capital, já que grande parte do que é arrecadado vai para pagamento das bandas baianas que abrilhantam a festança, que acontece com a interdição de uma área pública, para atender a empresa privada que organiza o evento. O trajetos dos trios impede o fluxo normal de carros e transeuntes nas grandes avenidas Prudente de Morais e Romualdo Galvão, vias principais do tráfego no bairro de Lagoa Nova, ladeadas por comércio intenso e prédios residenciais.

A minha rua, Avenida Miguel Castro, transversal das avenidas citadas, fica interditada a partir de uma hora da tarde e eu preciso colar um adesivo no carro para chegar até o meu prédio. Mas ninguém me deu adesivo para os ouvidos, para que eu usasse nas noites sob barulho intenso, das quais só vou poder fugir pois me mudo ainda hoje para o apartamento do meu filho, no bairro do Tirol. O pior vem depois, me disse um vizinho, quando o bairro inteiro, transformado em latrina gigantesca durante a festa, fica com um odor insuportável de urina. A Prefeitura manda lavar depois, mas não é suficiente, e até São Pedro ter pena e colaborar com uma das suas caudalosas chuvas de verão, temos que aturar o fedor.

A linha vermelha

A linha vermelha mostra o trajeto dos trios elétricos. Veja onde moro, quase no cruzamento da Miguel Castro com a Salgado Filho, inteiramente à mercê da confusão, do barulho e da latrina universal. Clique na foto para ver em melhor resolução.

Mas aí o meu caro leitor diz: “Não reclame, Clotilde. A festa tem hora para terminar, pois o Ministério Público multa se passar da uma hora da manhã.” Eu sei que multa. Mas o vizinho também me disse que os trios elétricos têm por hábito estacionar na minha rua, em frente ao prédio, para fazer a desmontagem do trio, e por isso ninguém dorme até as cinco da manhã. E não tem quem controle esse barulho adicional.

Só pra encerrar, as autoridades de saúde pública da capital estão preocupadas com a influência do Carnatal no aumento da propagação do vírus H1N1, por causa do aglomerado de pessoas e dos hábitos: troca de copos de bebida e beijos na boca. Estão recomendando que não usem copos uns dos outros nem beijem “pessoas estranhas”. Taí uma coisa que eu queria ver, principalmente porque me disseram que neste ano o “desafio” é “beijar pelo menos 30 pessoas por noite”.

Então, meus amigos, se nesses dias eu demorar a liberar ou responder aos comentários, saiba que estou fora do meu domicílio habitual, não porque queira mas porque fui obrigada. E eu queria muito que alguém me respondesse porque o poder público coloca tantos recursos à disposição de uma festa privada e deixa de apoiar o Carnaval de verdade, legítima manifestação popular.

UPDATE às 9h35: Pessoas que leram esse post me telefonaram dizendo que estou falando sem conhecimento de causa, uma vez que o evento ainda vai ocorrer, começando hoje no final da tarde; e que eu não posso fazer esse tipo de comentário sem ter vivido a situação eu mesma. Então hoje eu vou ficar no apartamento e a partir das 15 horas estarei postando minhas impressões aqui, num post atualizado de hora em hora. Também estarei relatando tudo no twitter (http://twitter.com/ClotildeTavares). Ficarei para “conhecer a causa”. Se estiver errada, dou a mão a palmatória e reconheço, porque sempre tive facilidade para reconhecer quando estou errada, o que é mais frequente do que você imagina e do que eu gostaria que fosse… 😉

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barulho, Carnatal, gripe suína, virus H1V1
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Troncha de saudade

Clotilde Tavares | 2 de dezembro de 2009

Eu me lembro que quando estudei no segundo grau aprendi que saudade era uma palavra que só existia na língua portuguesa e que não tinha correspondente em outros idiomas. Note que existem em outras línguas palavras para solidão, carência, tristeza, nostalgia. Mas saudade mesmo, que é bom, só tem em português.

Quero dizer: que é bom, não. Que é ruim. Pois tem coisa mais ruim do que saudade?

Como diz Luiz Gonzaga, saudade só é bom quando “a gente lembra só por lembrar um amor que a gente um dia perdeu.”  Quando a gente está assim sem ter o que fazer e começa a lembrar das aventuras, dos amores, das histórias. Aí dá aquela saudade boa, gostosa, leve, de um tempo que já passou mas que foi bom, um tempo em que a gente “foi feliz sem saber, pois não sofreu.”

Mas se é uma saudade presente, se a gente vive a sonhar “com alguém que se deseja rever”, aí, meu filho, “saudade entonce assim é ruim, saudade assim faz roer e amarga que nem jiló…”

O poeta Antonio Marinho, de São José do Egito, disse um dia que

Quem quiser plantar saudade

Escalde bem a semente

Plante num lugar bem seco

Quando o sol tiver bem quente

Pois se plantar no molhado

Ela cresce a mata a gente.

E mata mesmo, minha gente. É por isso que eu proponho que a palavra SAUDADE seja imediatamente, banida, expulsa, varrida, extirpada da língua portuguesa, como já foi feito em outros idiomas, para que a gente não fique por aí, andando sem destino dentro de casa, olhando o mundo com os olhos cegos, arrastando o nosso corpo morto e doendo, troncha de saudade de quem a gente quer bem.

Esse texto é dedicado à minha amiga Cida Lobo, à minha sobrinha-neta Maria Luísa, à minha filha Ana Morena, e ao meu amigo Cassiano Lamartine, o Orquilouco.

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Antonio Marinho, Luiz Gonzaga, que nem jiló, saudade
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Mala de viagem

Clotilde Tavares | 28 de novembro de 2009
Quando eu vim do sertão
Seu moço, do meu Bodocó,
A malota era um saco
E o cadeado era um nó…

É assim que começa a música Pau de Arara, de Luiz Gonzaga, onde descreve a “mala” e o “cadeado”. Pensando nisso, e como hoje estou meio sem assunto, separei para você essas malas, úteis e inseparáveis companheiras quando nos aventuramos pelo meio do mundo.

A mala da menina. Achei aqui, com dicas importantes sobre viagens com a criançada.

Arrumar as malas? Aprenda aqui.

Mais dicas.

E esse conjuntinho bem básico, bem Vuitton? Aqui.

A Vuitton é tão linda e tão chique que se garante até como mesa de cabeceira! Aqui.

Não tenho culpa do meu bom-gosto. É Vuitton de novo, um escritório completo dentro de uma mala.

E, finalmente esta outra – que não é Vuitton – e foi transformada numa estação completa de maquilage…

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arrumar malas, Louis Vuitton, mala, mala de viagem
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Dez em matemática

Clotilde Tavares | 27 de novembro de 2009

Sempre gostei de Matemática e também sempre me saí bem nessa matéria, talvez porque nunca tenham me dito que era difícil. Aliás, meus pais me criaram dizendo que nada era difícil e que eu podia fazer o que quisesse contanto que me interessasse e tivesse dedicação. Por isso, quando entendi que muita gente achava a Matemática uma coisa dificílima e vim a notar que a maioria dos meus colegas de classe a detestavam, não adiantava mais: eu já gostava dela.

Parece disseminada a idéia de que quem gosta de matemática não tem temperamento artístico ou literário. E a maioria dos artistas e intelectuais afirmam, em tom brincalhão, que nunca foram bons alunos de Matemática. Quem gosta dela é considerado quase um prodígio e nenhum “dez” é mais importante e goza de maior status do que aquele “dez” que se tira na prova de Matemática.

Malba Tahan

A Matemática sempre me deixou maravilhada. Aos onze anos, no então chamado curso ginasial, que equivale hoje à quinta série, comecei a estudar álgebra que, junto com a Geometria euclidiana me deixava horas em êxtase, achando genial a idéia de que se pudesse substituir quantidades por letras, ou que duas retas eram paralelas se estivessem em um mesmo plano e não possuíssem qualquer ponto em comum. Depois, muito tempo depois, vim a saber que isso se aplicava apenas a esse mundinho corriqueiro do nossso dia-a-dia, e que matemáticos bem posteriores a Euclides, como Lobatchevsky, Riemann e outros, criaram seus próprios sistemas, diferentes do de Euclides, no qual as paralelas podem até se encontrar. Assim, foi possível entender fenômenos do infinitamente grande ou do infinitamente pequeno, fenômenos próprios das galáxias e dos átomos. Mas nada se compara para mim àquele alumbramento das compreensões inciais da ciência dos números.

Ajudou muito ter lido ainda menina “O homem que calculava”, de Malba Tahan, e “A Magia dos Números”, de Paul Karlson. O primeiro desses livros, conhecido da maioria daqueles que são da minha geração, é da autoria de um brasileiro, o professor Júlio de Mello e Souza (1895 – 1974), que criou esse pseudônimo de Malba Tahan porque acreditava, com razão, que os editores não investiriam em um escritor brasileiro iniciante. Além do pseudônimo ele criou também o personagem, do qual se dizia apenas “tradutor”, tendo dele “traduzido” inúmeros livros, com temática referente à cultura árabe. “O homem que calculava” é o seu livro de maior sucesso e foi traduzido para várias línguas, tendo vendido mais de dois milhões de exemplares somente no Brasil, onde já alcançou mais de quarenta edições. Quanto ao segundo livro, “A Magia dos Números”, saiu pela Editora Globo, de Porto Alegre, numa tradução de Henrique Carlos Pfeifer. Este livro conta a história da Matemática e dos homens que a fizeram. É maravilhoso.

Além do acesso irrestrito a esses e outros livros, afortunadamente nunca ninguém me disse que eu não podia, que era difícil, que a cabeça das mulheres não é boa para Matemática ou que os garotos olham com desconfiança as meninas que se distinguem nessa matéria. Tudo isso só vim ouvir depois, dito por outos pais que não os meus e compreendi que esses pais estavam somente passando para os filhos os preconceitos que eles próprios alimentavam em relação a esta disciplina.

Finalmente, considero que a Matemática serve não só para deslumbrar as meninas tímidas, esquisitas e sonhadoras – como eu era – mas basicamente para desenvolver capacidadea de pensar, raciocinar, resolver problemas, analisar, relacionar, comparar, classificar, ordenar, sintetizar, abstrair, generalizar e criar. A partir disso, do desenvolvimento de estruturas lógicas de pensamento, fica mais fácil adquirir novos conhecimentos em qualquer área e, também nos possibilita uma maior compreensão do mundo que nos cerca, favorecendo o exercício da nossa cidadania.

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Blogueiros, trolls e censura

Clotilde Tavares | 25 de novembro de 2009

Um blogueiro do Ceará foi condenado a pagar uma indenização por danos morais a uma pessoa que se sentiu insultada por um comentário postado no blog dele. É significativo também o grande números de comentários e pronunciamentos sobre esse caso onde as pessoas reclamam “da falta de liberdade na Internet” e da “censura disfarçada que ainda existe no Brasil.” A história toda pode ser lida aqui, e pretendo tomar esse caso como ponto de partida para uma discussão sobre a liberdade que deve ser dada aos comentaristas de um blog.

Faz tempo que estou conectada. Desde o início da Internet, quando não havia sequer a Web, e se usavam computadores ligados à rede telefônica apenas para trocar arquivos e bater-papo on line que estou mergulhada nessa maravilha tecnológica. Desde esses inícios, sempre entendi a Internet como uma ampliação do mundo, uma dimensão virtual de um mundo que até então se caracterizava apenas como mundo presencial. Desde então, o mundo virtual se consolidou e hoje, considerando ambos igualmente reais, penso que as regras de convivência que valem no mundo presencial devem valer também no mundo virtual, ou, se não for o caso, se adaptarem às novas situações criadas por essa interface.

O mundo da Internet, dito assim de maneira genérica para determinar tudo que é incluído no raio de ação das redes telemáticas de comunicação, inclui a web, o email, o chat, o MSN, o orkut, o twitter e agora o novíssimo googlewave, que eu também já estou lá meio sem saber direito o que é nem como funciona; mas estou lá, como se estivesse num quarto escuro, vendo aqui acolá uma luz e tateando pra me locomover.

Mas tudo isso, tudo mesmo, não existe sozinho: é mediado pelo ser humano, por mim e por você. Em cada computador está uma pessoa: lendo, escrevendo, navegando, acessando, twittando, deixando mensagens no orkut, conversando pelo MSN e agora surfando nas ondas – ou nas waves – do google. Por isso nenhuma das regras de convivência entre pessoas pode ser violada.

E do jeito que tem todo tipo de gente no mundo, tem todo tipo de gente na frente de um teclado. Muita gente quando está ali fica poderosa, destemida, corajosa, atrevida, e escreve coisas que não teria coragem de dizer em alto e bom som, principalmente na frente da pessoa a quem se destina aquilo que escreve. Ficou mais fácil insultar, soltar palavrões, ser grosseiro, mediado pelo meio eletrônico. E é aí que chegamos na nossa questão inicial: do que deve ou não ser permitido num blog. Ou melhor: o que é um blog.

Um blog é um veículo de comunicação. Existem blogs de todo tipo: institucionais, empresariais, de jornais, e de pessoas assim como eu, que gostam de escrever, que querem se comunicar. No meu caso, o meu blog é como uma extensão da minha sala, onde eu convido as pessoas para virem conversar comigo. Se, no meu prédio, eu encher a sala do apartamento de gente para conversar em altas vozes, soltando palavrões e fazendo barulho, eu sou responsável perante o condomínio pela algazarra. Cabe a mim escolher meus convidados e impedir qualquer tipo de ato que incomode os vizinhos – e a mim também, é claro.

O blog é igualzinho. Há um mecanismo de controle dos comentários exatamente para prever esse tipo de coisa. E não é censura não. É apenas um filtro social, o mesmo filtro aplicado nas relações humanas, uma peneira para impedir que eu mesma ou pessoas que me lêem, e que vêm aqui para desfrutar de um momento sadio de leitura e troca de idéias sejam agredidos por palavras chulas e insultos.

Quando escrevi aquele post sobre o comercial das sandálias havaianas, permiti todos os comentários que tinham idéias contrárias às que expressei no post, desde que fossem expressos em linguagem adequada. Os comentários que não deixei passar continham xingamentos e agressões gratuitas, a mim e aos outros internautas que comentaram. Se eu deixar passar, estou endossando e permitindo, e me arrisco a ser processada por alguém que se sentiu ofendido no espaço do meu blog – foi isso que aconteceu com o blogueiro cearense.

Há blogueiros que permitem todo tipo de comentário; há aqueles que não só permitem como respondem aos insultos, e há os que permitem, respondem e estimulam, fazendo com que o terreno do blog se torne um campo de batalha, atraindo com isso todo tipo de “troll” que existe por aí e aumentando o rank de visitas. Eu não tenho esse interesse.

Um desses “trolls”, chateado porque não publiquei seu comentário ofensivo, me enviou um email dizendo que eu era um “resquício da ditadura” e que não tinha “compromisso com a notícia e com a liberdade de expressão.” Eu vivi durante a ditadura militar e sei o que é censura e repressão. O que foi feito naquela época nem de longe se compara a moderar comentários agressivos enviados a um blog. Quanto ao “compromisso com a notícia” não tenho mesmo. Não sou jornalista, meu blog não é jornalístico.

“Compromisso com a liberdade de expressão” eu sempre tive e sempre terei, desde que tenha bem claro na minha mente – e isso todo mundo que escreve deveria ter – onde acaba a minha liberdade e começa a do outro. Quando falta o respeito e a cordialidade, perco todo o meu direito de defender e firmar qualquer opinião e fico igual a qualquer um desses “trolls” que estão soltos por aí, exercendo a “liberdade” do insulto gratuito e a “democracia” da cafagestice e da agressividade.

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blogueiro condenado, censura na internet, Internet, mundo blog, netiqueta, troll
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Ser feliz todo santo dia

Clotilde Tavares | 24 de novembro de 2009

“Eu seria hipócrita e mentirosa se dissesse que não gosto do dinheiro nem das coisas que o dinheiro compra. Essas coisas absolutamente não ‘impedem’ a felicidade mas às vezes a pessoa mistura os canais, e passa a pensar que, tendo tais coisas, será feliz. As coisas que trazem felicidade não têm nada a ver com aquelas que o dinheiro compra. As pessoas podem ter ambas, e somente a capacidade de discernir umas das outras já seria um primeiro passo muito bem dado no caminho da felicidade. Eu adoro uma roupinha de griffe, uma bolsa chique, bons restaurantes, CDs e livros. Mas felicidade mesmo são os bracinhos do meu neto em torno do meu pescoço, é ver minha linda filha Ana Morena cantando no palco, e olhar para este céu azul da Paraíba e saber que nasci neste chão, que sou filha desta terra. Isso é felicidade e dinheiro nenhum no mundo pode comprar”.

Esse é o trecho de uma entrevista que dei em janeiro de 2006 a uma moça muito simpática, a Carolina Arêas, que tem um blog sobre terapia floral.

A entrevista era sobre uma ideia que defendo, e que diz que a felicidade não cai do céu no nosso colo, mas é alcançada através da prática diária e de uma firme disposição de ser feliz, não num futuro distante, quando o filho se formar, ou terminar de pagar a casa, ou fizer a tão sonhada viagem à Europa, mas ser feliz, hoje, aqui, agora, enquanto estou teclando este post no notebook.

Vivo por aí defendendo esta ideia em palestras que faço e textos que escrevo. Escrevi um livro inteirinho sobre isso: “A magia do cotidiano: como melhorar sua qualidade de vida”. Fico agoniada quando vejo gente reclamando da vida, culpando a tudo e a todos pelos seus problemas, desperdiçando esse mundo tão bonito de se viver.

Eu acho o mundo bonito e bom de verdade, meu caro leitor, e se às vezes ele se desorganiza em enchentes, terremotos e furacões nós não estamos aqui, com força e coragem, para começar tudo de novo? Se há roubo, corrupção, patifaria, nós não estamos aqui para fazer a nossa parte, divulgando, denunciando, cobrando? Ah, eu não tenho jeito mesmo. Sou uma otimista incurável!

E com essa injeção de alegria, com o desejo de ver “o mundo todo belo e pintado de amarelo” como disse um dia desses a minha amiga Denize “La Reina Madre” Barros, é que eu lhe deixo hoje, pronto para encarar mais um dia, o primeiro do resto de nossas vidas, por que não?

Clique aqui para ver o resto da entrevista que dei para a Carolina Arêas e aproveite para zapear um pouco no blog dela, que é muito agradável.

 

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A Magia do Cotidiano, cotidiano, felicidade, otimismo, ser feliz
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Minha “telefonical-adviser”

Clotilde Tavares | 21 de novembro de 2009

Um dia desses, na manicure, enquanto ela cuidava das minhas unhas, o celular tocou. O dela, não o meu. Ela atendeu, conversou rapidamente, e desligou. Logo depois o celular tocou novamente. Era outro aparelho, que ela igualmente atendeu e logo desligou. Aí eu perguntei: Você tem dois celulares?” Ela respondeu: “Tenho três.” E mostrou um terceiro, que eu não havia visto. Mas para que tantos, disse eu, que só tenho e só tive um, desde que inventaram celular. “Para economizar”, disse ela. E passou a me explicar que quando se liga para um celular da mesma operadora, o custo da ligação cai muito, mas quando é para uma operadora diferente o preço do minuto é altíssimo.

Perguntou então quanto eu gastava por mês de telefone. Eu disse, e adiantei que tinha um telefone fixo e um celular pós-pago com um plano de “x” minutos. Ela colocou de lado a serra de unhas e o alicate, pegou um lápis e um papel e me deu uma aula de matemática financeira aplicada à telefonia.

Fiquei de queixo caído. Descobri que apesar de ter curso superior, mestrado e algumas especializações, nada disso me instrumentaliza para compreender a complicada lógica com que as operadoras de telefonia celular se organizam para fazer com que eu pague três ou quatro vezes a mais do que as minhas necessidades, como me explicou a inteligente manicure. Fiquei sem entender mais da metade dos cálculos que ela fez; e era tanta coisa! A gente põe 10 créditos e ganha 100 (não entendi se são 100 reais ou 100 minutos, mas gastar 10 para ganhar 100, seja lá o que for, parece um bom negócio). Há inúmeros planos diferentes, pós-pagos e pré-pagos, um para cada caso específico, para cada perfil de consumidor. Há números que você pode habilitar para ligar sem pagar nada. Há horários e condições onde é tudo mais barato, ou o gasto é mínimo.

Pobre de mim, distraída com meus livros e meus escritos, que não acompanhei a construção desse sistema, a montagem dessa estrutura. Mas uma coisa eu entendi: os caras que bolam essas coisas, fazem isso para a gente não entender mesmo, e gastar mais dinheiro, desperdiçando nossa grana por pura falta de conhecimento. O único jeito é conhecer todas as nuances do sistema para poder aproveitar-se dele, o que não deixa de ser o segredo óbvio do sucesso em qualquer empreendimento ou atividade.

Dou a mão à palmatória: vou nomear a manicure minha “telefonical-adviser”. Ela sim: compreende, conhece e sabe dominar todas as sete cabeças dessa hidra.

 

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