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Louvação a Campina Grande

Clotilde Tavares | 14 de dezembro de 2011

No dia 12 de dezembro, antes de ontem, recebi da Câmara de Vereadores de Campina Grande a Medalha de Honra ao Mérito daquela Casa, uma propositura da Vereadora Maria Barbosa, em nome da minha atuação na área cultural projetando sempre o nome da minha terra. A festa foi bonita, e recebi com muito carinho e gratidão todas as homenagens que me fizeram os meus conterrâneos. Na ocasião, fiz uma espécie de discurso de agradecimento que todo mundo achou bonito e me pediram cópia. Então, posto aqui. Em tempo: algumas coisas somente o povo de Campina entende. Mas discurso louvando a terra natal é assim mesmo.


Eu moro fora há quarenta anos, mas basta ouvir um trecho de música, sentir um cheiro de comida ou simplesmente ver um tom de azul diferente no céu para bater a saudade desta terra amada, uma saudade doída, violenta, que engrossa a garganta e afoga os meus olhos no sal das lágrimas.

Saudade de respirar o ar frio desta serra, de ver as noites brancas de inverno, de andar na rua ouvindo a fala paraibana.

Saudade da voz rouca de Papai, o jornalista Nilo Tavares, a recitar Augusto dos Anjos, e do contralto poderoso de Mamãe, Cleuza Santa Cruz Tavares, a Marquesa, que nos acordava bem cedo cantando as músicas de Rosil Cavalcante.

Saudade de um tempo perdido na lembrança, numa Campina que hoje só existe na minha mente, envolta na bruma nostálgica do passado.

São muitas as imagens da minha Campina Grande.

A feira, cheia de sons, ruídos, cheiros e sabores.

As matinais do Babilônia e do Capitólio.

A praça Clementino Procópio, primeiro com a fonte luminosa, maravilha multicor que fazia dançar meus olhos de criança, e depois com o passeio inocente das meninas-moças em busca do primeiro namorado.

A Rádio Borborema e os programas de auditório, com Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda e Janete Alves no Clube Papai Noel.

O Colégio Alfredo Dantas, o medo que a gente tinha de Dona Alcide e a ternura do professor Loureiro. O Estadual da Prata, que abrigou minhas rebeldias adolescentes.

Os bailes, o conjunto de Ogirio, a voz de Ronaldo Soares, as matinês do Gresse e o São João no Clube dos Caçadores. O sorvete na Pingüim, o passeio no final da tarde na Maciel Pinheiro, flertando com os estudantes da Poli, os melhores partidos da cidade.

O Cine Clube, a batucada de Lanca, as reuniões na casa de Marcos e Jackson Agra, as noites no Museu de Arte.

Esta é a Campina Grande que vive na minha mente e que aí ficará sempre, parafraseando o poeta Manuel Bandeira, “não como forma imperfeita neste mundo de aparências, mas na eternidade, intacta, suspensa no ar.”

Este tesouro de lembranças fica mais rico hoje, com esta medalha que recebo com a mais profunda gratidão e que significa que, do jeito que eu não me esqueci dela, a minha terra também não se esqueceu de mim.

E antes que a emoção fique maior do que a minha voz, quero agradecer por tudo, por este berço querido e pelo orgulho trezeano de dizer que sou campinagrandense, oh, linda flor, linda morena, Campina Grande, minha Borborema!

MUITO OBRIGADA.

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D.A.D.I.A.

Clotilde Tavares | 4 de novembro de 2011

Circula na Internet um e-mail engraçadíssimo que fala sobre a D.A.D.I.A. – Síndrome de Desordem da Atenção Deficitária na Idade Avançada. Em tom jocoso, o autor narra as desventuras de uma pessoa de mais de 40 anos que começa a padecer daquele esquecimento que vai se tornando natural com o aumento da idade. Natural, talvez, mas incômodo, fazendo com que a gente se pegue de pé, no meio da sala, sabendo que está vindo de um lugar onde estava fazendo algo e indo para outro, onde vai também fazer algo, mas não consegue se lembrar nem dos lugares nem dos “algos”. Vou dar um exemplo.

Estou sentada no computador escrevendo um artigo para uma revista, uma encomenda de grande responsabilidade com prazo para entregar. O telefone toca. Onde está? Ah, sim, ficou no sofá da sala onde atendi ao último telefonema. Saio do computador e vou até a sala, onde atendo e depois, como estou na sala, vejo uma planta que precisa de água. Na varanda, pego o regador e quando entro na cozinha para encher o regador na torneira, aproveito para tomar água. Coloco o regador no balcão, tomo a água e já que abri a geladeira tiro do congelador o peito de frango para descongelar até a hora do almoço. Aí vejo em cima do microondas a minha agenda, que há pouco procurei sem sucesso pelo escritório e pelo quarto. Como será que essa agenda veio parar aqui? É o que me pergunto, enquanto pego a agenda. Aí, com a agenda na mão, me lembro de marcar hora na manicure, minhas unhas estão horríveis. Talvez seja melhor tirar logo esse esmalte descascado e vou ao banheiro pegar a acetona. No banheiro, escovo o cabelo, e fico assim aérea, com aquela sensação de quem está perdida… onde era mesmo que eu estava? Ah, sim, ia marcar hora na manicure. Mas onde é que eu deixei a agenda? Ficou na cozinha. Ao voltar, vejo na sala a planta, que ainda não reguei. Onde foi que eu deixei o regador? E o que é que eu estava fazendo antes? Ah, sim, estava no banheiro procurando a acetona para tirar o esmalte das unhas… Vida boa essa de aposentada, onde não tenho nada para fazer, a não ser me preocupar com as unhas. Já que não tenho nada para fazer, e estou na sala, vou ligar a TV para as novidades do noticiário.

Afundo no sofá, distraio-me com a televisão por um tempo quando o telefone toca. Toca na varanda, onde o deixei quando fui pegar o regador, o qual ficou na cozinha, onde peguei a agenda, que não levei para o banheiro onde fui pegar a acetona… Atendo o telefone. É o editor da revista, que pergunta: “Clotilde, estou esperando o artigo, vai mandar ou não?”

O artigo! Meu Deus, tinha esquecido. É a D.A.D.I.A…

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Homenagem a um morto querido

Clotilde Tavares | 2 de novembro de 2011

Ao contrário da maioria das crianças, eu não comecei a ler Monteiro Lobato pelo primeiro livro da série, que é “Reinações de Narizinho”. Eu devia ter uns dez anos e havia acabado se sair do internato quando Papai me deu “Emília no País da Gramática”. Não era o meu primeiro livro, leio desde muito pequena, acho que desde os quatro ou cinco anos de idade, mas fiquei imediatamente apaixonada pela história das palavras e não esqueço das ilustrações, onde as palavras eram representadas por figuras humanas, com atitudes físicas que tinham a ver com o significado delas. Uma maravilha.

Depois papai trouxe “Viagem ao Céu”, e eu me apaixonei por Astronomia, mania que tenho até hoje. E em seguida veio “O Minotauro”, e nova paixão: a mitologia grega. Só aí então é que li – dessa vez eu pedi, e papai trouxe – “Reinações de Narizinho”. Li todos, depois desse. A coleção que eu tinha, já muito estragada, desapareceu no pó dos livros velhos, mofados e estragados que, quando eu saí de casa para estudar fora, sucumbiram à umidade de um daqueles rigorosos invernos de Campina Grande. Mas Monteiro Lobato mora no meu coração até hoje, como um tio velhinho, carinhoso, e cheio de histórias pra contar. Quando penso nelo, sou novamente menina, sempre.

Túmulo de Monteiro Lobato, no cemitério da Consolação, em São Paulo. Foto de novembro de 2007.

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Beco da Quarentena: resistência cultural

Clotilde Tavares | 2 de maio de 2011

Beco da Quarentena, ontem à tarde.

‘Então, o beco não mais termina em aspereza,

Amanhece puro, como de surpresa.”

Sanderson Negreiros

Ontem eu participei de um evento que me deixou alegre, cheia de energia e esperançosa em relação à força da cultura do povo natalense: a lavagem do beco da Quarentena.

O beco é uma travessa de uns 25 metros que comunica a rua Frei Miguelinho com a rua Chile. Eu gosto de dizer que o beco quase comunica o Centro Cultural DoSol com a Casa da Ribeira, sendo essas duas iniciativas os baluartes principais de resistência e vida do bairro naquele trecho. A prova disso é que ambas comemoram neste ano dez anos de atividade.

Mas voltando ao Beco, a história de dele pode ser lida no blog de Sandro Fortunato.

É um lugar cheio de lixo, imundo, enlameado, esburacado e soturno, por onde muita gente passa de dia para encurtar caminho mas de noite a história é outra e não é qualquer um que tem coragem de se aventurar na travessia.

Ontem, na grande festa que colocou todos os espaços da Ribeira funcionando e lotados de gente, o beco voltou à vida, ressuscitado e renovado por uma celebração poderosa, invadido por grupos de percussão e por artistas de todos os naipes. Vi por lá as mulheres do Rosa de Pedra, vi Danúbio do Pau&Lata, vi grupos de afoxé e seus mestres. Esse cortejo saiu do Buraco da Catita, arrastado pela vibe poderosa dos tambores; babalorixás cantavam suas melodias rituais e as divindades vieram todas nesse final de tarde, nos arrastando pela rua das Virgens, atravessando a Tavares de Lira, entrando na frei Miguelinho até a esquina do Beco, onde nos aguardavam os performáticos bailarinos da Companhia GiraDança.

Naquela hora, os tambores pararam e o canto em língua africana subiu aos céus, numa celebração linda, que arrastou não somente os artistas mas o público que estava também misturado com o cortejo. Quando eu vi aquele beco onde já se passou tanta tragédia, onde já reinou a imundície, a desordem, a prostituição, que é usado como banheiro público e onde os seres humanos no último estágio da degradação vão se drogar, pois bem, quando eu vi aquele espaço iluminado, banhado com água de cheiro e perfumado com talco, com o cântico poderoso e ancestral se elevando e trazendo as energias da Paz, da Arte, da Alegria e da Cordialidade, eu senti que algo novo está acontecendo nessa cidade.

O Beco da Quarentena a partir de agora deve ser tomado como um símbolo da resistência cultural em nossa cidade. Graças a nós, artistas e produtores culturais, aquele espaço vive e deve continuar vivendo. Foi bonito ver os natalenses, pela música e pela força do canto, da celebração e da alegria, recuperando um espaço que deve e pode ser nosso, a despeito da incompetência oficial.

É curioso que muita gente diga nos jornais, blogs e entrevistas que “é caótica a situação da cultura em Natal” ou “a prefeitura (ou o estado, ou qualquer uma das fundações culturais) está acabando com a cultura” ou “a cultura na cidade está se acabando”.

Eu afirmo exatamente o contrário. A cultura está aí, pujante e viva. Os artistas – músicos, compositores, artistas plásticos, escritores, bailarinos, atores e outros – estão aí, produzindo, trabalhando, levando o nome do Rio Grande do Norte para outros lugares, atravessando fronteiras. Temos teatro, dança, música, literatura e artes visuais em estado de permanente criação e produção, e isso tudo sem falar na cultura popular, porque os brincantes de todos os naipes continuam na ativa. O que se viu no Beco da Quarentena ontem foi uma prova.

Todo o Circuito Cultural da Ribeira é feito por pessoas como eu e você. É feito com a garra dos artistas/produtores que estão à frente do Centro Cultural DoSol e da Casa da Ribeira, contando com o patrocínio da Conexão Cultural Vivo. Tudo iniciativa privada, essa iniciativa que levou ontem para a Ribeira cerca de 10.000 pessoas, que por lá circularam, distribuindo-se por seus vários espaços, porque tinha programa para todos os gostos, desde peça infantil na Casa da Ribeira até o jazz no Buraco da Catita, passando pelo rock and roll no centro cultural DoSol. Tinha brechó, venda de livros e CDs, projeção de filmes e vídeos, e gente, muita gente bonita, circulando na paz, sem uma briga, sem uma arruaça.

O que vai mal, minha gente, não é a cultura: é a gestão pública na área cultural. O que vai mal é a chamada política cultural, ou a ausência dela. O que vai mal é a atitude dos governantes e gestores em relação à cultura: não sabem o que é, parece que não querem saber e, pior ainda, parece que têm raiva de quem sabe porque não colocam nos cargos as pessoas que realmente são da área e sabem o que estão fazendo.

A Cultura, como a Ribeira, é nossa. Não é do estado, nem do município. É da Cidade, e a Cidade somos nós: você que me lê agora, e eu que escrevo. Pense nisso.

EM TEMPO: Como não queria deixar passar a energia, fiz logo essa postagem, mas não tenho fotos do que aconteceu mesmo porque, no calor e ritmo do cortejo, não tive como fotografar o que acontecia. Mas prometo a você algumas fotos. Aguardem.

EM TEMPO 2: Tenho outro blog, A Noiva do Sol, onde posto somente temas locais, porque acho que tais temas não interessam a muita gente de outros lugares que visita este blog. Mas tem dias que – talvez por obscuros motivos wordpressianos – não consigo acessá-lo. Então hoje vai por aqui mesmo.

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Na Praça da Liberdade

Clotilde Tavares | 21 de abril de 2011

No centro de Belo Horizonte, a Praça da Liberdade.

Imenso quadrilátero cortado por renque de palmeiras imperiais, tendo numa das faces o Palácio do Governo, e nas outras os antigos prédios das scretarias públicas da Fazenda, da Educação, da Viação e outras.

Nada disso funciona mais, pois as secretarias foram transferidas para o complexo arquitetônico do Centro Administrativo. Os prédios em estilo eclético estão sendo recuperados e abrigam ou irão abrigar museus e outros equipamentos culturais. É o Circuito Cultural Praça da Liberdade, que você pode ver em detalhe aqui. A poucos passos um do outro, vi o  Museu das Minas e do Metal, o Memorial Minas Gerais Vale e o Espaço TIM UFMG do Conhecimento. Uma experiência cultural avassaladora que me deixou tão cheia de insights que não sei nem para onde me virar.

Depois dos poderosos insights culturais, fui brincar com minha imagem numa instalação ao lado do Planetário do Espaço TIM.

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Um olhar de Esperança

Clotilde Tavares | 1 de janeiro de 2011

Eu não votei na Dilma.

Aliás, não votei em ninguém. Há muitos anos que não consigo acreditar ou simpatizar com nenhum candidato o bastante para entregar-lhe meu voto, que valorizo muito.

Mas hoje, assistindo à posse pela TV, , simpatizei com a danada da mulher, se é que eu posso me referir assim à Presidente da República. Desde a campanha política que via a Dilma na TV e ela não me causava aquele asco e repulsa que a maioria dos políticos me causa. Aí chegou o dia do resultado das urnas e eu fiquei assim achando que foi melhor do que se tivesse sido vitorioso o outro candidato.

E quer saber, meu caro leitor? Ultimamente eu ando com vontade de ter esperança e acreditar em alguma coisa nesse campo da política. Então, por que não acreditar na Dilma? Por que não dar a ela esse voto de confiança? Nascemos no mesmo dia, 14 de dezembro de 1947, e eu penso que uma mulher nascida no mesmo dia que eu deve estar também sob a mesma configuração planetária que eu, então, por que não apostar nisso? (Bem, eu não acredito em Astrologia, mas, quem sabe?)

Gostei do discurso da posse, gostei da postura sóbria e discreta, gostei do que falou sobre as suas propostas na área da Cultura, sobre o Meio Ambiente, sobre os professores como Autoridades na área da Educação (sou professora) e sobre as mulheres.

Daqui, Presidente Dilma, ficarei de olho. Em lugar de olhar com má-vontade, com desconfiança e pé-atrás, vou lançar sobre a sua atuação, a partir de hoje, um olhar desarmado e esperançoso, mas vigilante.

Afinal, Erenice Guerra também estava presente à festa da posse.

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O ano do Imperador

Clotilde Tavares | 1 de janeiro de 2011

É Ano Novo, e todo mundoestá aí a fazer lista dos melhores isso, dos melhores aquilo.
Eu não tenho muita paciência para isso, mas publiquei no twitter, e publico de novo aqui minhas resoluções para 2011, que são apenas quatro, uma vez que se diz que este ano é dedicado ao Arcano 4 do Tarô, o Imperador – diz-se isso porque a soma dos algarismos do ano é 4.
Então, a quem interessar possa, comunico que em 2011 vou:
1) FAZER ARTE
Fazer Arte porque é a Arte que dá sentido à vida, e que nos conecta com o Mistério. Minhas Artes são a Literatura e o Teatro, e neste ano vou me deciar bastante a elas, principalmente aos meus livros e escritos.
2) FAZER BONITO
Fazer Bonito é fazer tudo da melhor maneira possível, não importa quanto trabalho dê.
3) FAZER NADA
Fazer Nada é me dar o direito de descansar, de me balançar numa rede, de olhar as nuvenzinhas correrem no céu ou me estirar na frente da TV vendo filmes dos quais vou me esquecer em seguida. Vadiar, não levar as coisas muito a sério, deixar a mente soltar-se e ir não sei pra onde, e dormir quando tiver vontade.
4) FAZER TUDO
Fazer Tudo é viver cada minuto da forma como ele vier, ser intensa, ter responsabilidade, justiça, esperança e alegria, sempre sempre sempre. Fazer Tudo é aproveitar a Vida minuto por minuto, essa Vida Rapadura, doce e dura, mais doce do que dura, porque meus dentes são fortes e porque aprendi o poder do doce. Fazer Tudo é Viver.
Feliz Ano Novo.
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Nem sempre é como a gente quer

Clotilde Tavares | 18 de outubro de 2010

Como a vida nem sempre é como a gente quer, eu nunca mais tive tempo ou disposição para escrever.

Então, para que não me esqueça, distraia-se com o link abaixo, de um post antiguinho deste blog.

https://umaseoutras.com.br/facilitando-a-vida/

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Por favor, deixem-me comprar!

Clotilde Tavares | 29 de setembro de 2010

Ando ultimamente cuidando de temas pessoais: arrumando a casa, verificando o closet, jogando fora coisas velhas que não vou usar mais, reorganizando pastas e arquivos, essas coisas que a gente faz quando termina um trabalho grande e quer dar um tempo antes de começar nova e intensa atividade intelectual.

Entre as muitas coisas que estou fazendo, incluem-se as compras, e organizada que sou, fiz uma listinha. Coisinha simples: uma bolsa nova, uns anéis, uma bijuteria fina – pulseira ou colar, uma sapatilha preta e outra colorida, uma espadrilha (ah, não sabe o que é? Veja aqui!), underware underwear (porque não acho chique dizer “calcinhas”), hidratante, umas duas ou três écharpes para renovar meu estoque – adoro écharpe, tenho várias – e mais uma meia dúzia de miudezas que fazem a felicidade de qualquer mulher, principalmente as escritoras que nem eu que precisam desses ataques de futilidade antes que se tornem umas chatas irremediáveis, falando somente em livros e autores.

Mas comprar é difícil, meu caro leitor. É difícil porque as vendedoras não deixam. Nenhuma delas – ou as pessoas que as treinam – entende que o cliente precisa de longos momentos de silenciosa reflexão antes de decidir se vai levar o sapato, a bolsa ou a blusa para casa. Tem que responder a questões profundas e fundamentais como: esse sapato dá certo com as roupas que eu tenho? Essa bolsa não é igualzinha àquela que comprei por impulso e uso tão pouco? Ou essa blusinha não vai chamar a atenção para a celulite do meu braço? E muitas e muitas outras perguntas importantes e que precisam ser respondidas intimamente e em silêncio enquanto estamos aparentemente absortas em frente à vitrine.

Mas nenhuma vendedora deixa que esse processo aconteça. Ela diz: essa bolsa chegou ontem e está num preço ótimo (Ótimo para quem, pergunto, se a bolsa custa R$ 600?). Esse colar está muito em gosto (Não precisa estar “em gosto”, eu é que tenho de gostar dele). Essa sapatilha calça muito bem e temos e mais duas cores (Mas eu quero preta, e já vi que você não tem). Nós também dividimos em quatro vezes no cartão. No cheque a senhora pode dar o primeiro para quarenta e cinco dias (Não perguntei sobre preço.) E bla bla bla, e eu sem poder pensar.

Quando você diz que está só olhando ela finalmente se cala, mas permanece ao seu lado ou nas proximidades, como uma unidade viva e pulsante de energia ansiosa que não sei se perturba os outros mas me perturba, e muito. Fora isso, quando você finalmente gosta de um artigo, pede para ver, e o artigo não lhe agrada, ela lhe dá as costas e vai amuada para o  fundo da loja como fizeram hoje comigo,

Cansada disso tudo fui almoçar, e na praça de alimentação, apesar dos cartazes de um metro de altura mostrando expressivas fotografias coloridas dos pratos, a jovem que estava ali a postos de cardápio em punho quase me enlouquece desfiando todos os pratos principais e os acompanhamentos possíveis.

Então, minha gente, a vida é dura quando precisamos comprar. Eu ando em busca da minha listinha colocada lá em cima, e vou conseguir, mas já entendi que algum poder superior bem intencionado me envia todas essas situações para que eu possa desenvolver as virtudes da paciência e do bom humor. Fazer o quê? Amanhã voltarei às compras.

Outros  posts sobre a difícil arte de comprar – e são tantos que daqui a pouco eu faço um livro somente com esse assunto:

Dança comigo?

Assédio no shopping

Velhice fashion: mais uma historinha de shopping

10 dicas para o vendedor

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Mulheres!

Clotilde Tavares | 11 de julho de 2010

Numa dessas correntes que a gente recebe pela Internet alguém pedia para listar o nome de 12 mulheres “que houvessem marcado minha vida de uma ou outra forma” e que constituíssem um grupo de tal forma cheio de excelência que, se este grupo de mulheres se juntasse, nada seria impossível.

Eu achei o exercício divertido e parei para pensar na minha vida e nas mulheres que cruzaram meu caminho, com quem convivi e que me serviram de inspiração. Escolhi somente mulheres com quem eu tivesse me relacionado a nível pessoal, e deixei de lado pessoas famosas. Escolhi mulheres a quem admiro incondicionalmente, a quem respeito, estimo e cujo exemplo, de uma forma ou de outra, contribuíram para que eu fosse o que sou hoje. Algumas já se foram; e outras são bem mais novas do que eu. Mas todas elas, independentemente de estarem ou não perto de mim, continuam me inspirando. E deixei de lado as maravilhosas mulheres da minha família – avós, tias, primas, sobrinhas, cunhadas, mãe, irmã, filha, neta – porque são todas muito especiais e merecem um post somente para elas.

Finalmente: não foram 12. Ficaram faltando três. Deve ser porque ainda vou conhecê-las por aí.

Dra. Giselda Trigueiro. Foi minha professora no curso de Medicina e durante o tempo em que convivemos, sempre me deu lições de ética, decência, competência e de amor ao conhecimento. Além disso, ensinou-me a me vestir melhor, a me ver com outros olhos, e elevava sempre minha auto-estima.

Lígia Loureiro

Lígia e Eleonora Loureiro. Foram minhas professoras no Curso Ginasial no Colégio Alfredo Dantas, em Campina Grande, no início da década de 1960. Lígia ensinava Ciências, Eleonora ensinava História. Ensinavam com amor, com dedicação, sendo ainda tão jovens, quase da idade das alunas. São responsáveis pela paixão que tenho até hoje por esses dois campos do conhecimento. Como esquecer delas?

Julieta Calazans. Só tive um contato com esta mulher, quando ainda muito jovem trabalhei numa pesquisa da qual ela era a consultora. Depois que trabalhei três meses em um texto, ela simplesmente o desmontou; com um lápis preto de ponta grossa, literalmente riscou e desaprovou meu trabalho. E enquanto eu derramava lágrimas quentes e silenciosas sobre o papel, ela me ensinou a reconstruir tudo da maneira certa. Foi fundamental para a minha vida de escritora e produtora de conhecimento. E me ensinou que a gente só cresce quando nos criticam.

Marlyse Meyer

Marlise Meyer. Um escritora famosa, mulher importante e requestada, cheia de histórias pra contar. Nas poucas ocasiões em que convivi com ela, tratou-me como igual em competência e saber. Contou-me histórias, compartilhou confidências, ensinou-me muito. Com certeza ela nem se lembra de mim, mas sou sua eterna devedora.

Keila Fonseca

Keyla Fonseca. Esta é talvez a minha mais talentosa aluna. Linda, elegante, inteligentíssima, excelente atriz, professora competente, inspirada e inspiradora, Dona Keilinha, como gosto de chamá-la, você é minha mais querida filha espiritual.

Martha Wanderley

Martha Wanderley. Quem mora em Natal já ouviu falar dela. É nome de praça. E me acolheu nos seus saraus na rua Pinto Martins, onde se desfrutava de um dos ambientes intelectuais mais requintados da cidade nos anos 1970. Sempre elegante e alegre diante dos lances agradáveis da vida, deu-me exemplo de força e tranquilidade diante das adversidades que levaram seus filhos queridos antes dela.  Dona Martha, uma lenda viva.

Irmã Irene. Quando menina, jogada num internato aos oito anos de idade, essa jovem freira me deu carinho, atenção, e o colo maternal que me faltava. Reencontrei-a depois de 50 anos, e ela não se lembrou de mim. Que me importa? Eu nunca esqueci dela.

Andréa Mota

Andrea Mota. Amigas para sempre, é o que melhor nos define. Linda, inteligente, genial, louca-de-pedra, seu seio maternal sempre me acolheu nas minhas maluquices ou nos meus desesperos. Junto dela sei que sempre serei bem-vinda, e sempre haverá lugar para mim seja lá onde for que ela estiver. Todo mundo devia ter uma amiga assim.

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