O “textão”
Clotilde Tavares | 6 de abril de 2021Pessoas me mandam mensagens no privado: – Clotilde, pelamor, diminua o tamanho desses textos.
Rapaz, eu sou uma escritora.
Então, pedir a mim para escrever textos menores é a mesma coisa que…
… pedir a um cantor para cantar somente a metade da música.
… pedir a um engenheiro para construir somente a metade de uma ponte.
… pedir à costureira para fazer uma calça somente com um perna.
… pedir ao cirurgião para operar e deixar a ferida aberta.
… pedir ao padre para encerrar a missa antes da comunhão.
… você já entendeu.
Ninguém é obrigado a ler textão.
Há outras mídias onde os textos são limitados, como o twitter, onde só cabem 280 caracteres – aí o pessoal do textão inventou o artifício do “fio”, ou “thread”, pra poder encompridar a conversa.
Finalmente: eu escrevo do meu jeito e do tamanho que gosto. E você também lê do jeito e do tamanho que quiser. Se a gente se encontrar no meio do caminho dessa leitura, seremos felizes juntos. Se não, seremos felizes separados.
Simples assim.