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Preparativos para viagem

Clotilde Tavares | 21 de outubro de 2009
Sartre e Simone

Sartre e Simone

A escritora Simone de Beauvoir relata num dos seus livros que Sartre, seu companheiro e também escritor, sempre saía de casa com bastante dinheiro em espécie, passaporte e todos os documentos. Para Sartre, isso significava que, se lhe desse vontade, podia dali mesmo de um daqueles cafés que frequentava viajar para onde quisesse sem precisar voltar em casa. Isso significava liberdade absoluta de ir e vir.

Eu morro de inveja desse tipo de atitude porque sou daquelas pessoas que para viajar nem que seja por dois dias preciso de milhares de preparativos. Desde os tradicionais “que roupa levar”, que somente isso daria um post quilométrico incluindo minha clamorosa indecisão a respeito não somente a roupa mas sapatos, bolsas e acessórios até os meus equipamentos eletrônicos dos quais não me separo e que dão sentido à minha vida. Então: roupa, sapatos, acessórios, maquilage, notebook e sua fonte, câmera, gravador, celular e carregador, o carrgador de pilhas, agenda, caderninho para escrever, canetas, remédios, produtos dietéticos… É uma troçada sem fim, da qual preciso todo dia. Antes levava livros também, mas agora com os livros em PDF (tenho cerca de 400 títulos no notebook) não preciso mais carregar esse peso extra.

Mas antes de viajar também tenho que tomar providências domésticas. O apartamento tem que ficar todo arrumado e a cozinha limpa, senão quando a gente volta, além daquele choque inicial de abrir a porta e ver logo uma bagunça, se ficar sujeira na cozinha cria mofo e atrai insetos. É preciso também deixar as plantas com água e em lugar protegido, mas onde haja alguma luz, para que não morram.

Fora isso, e princialmente se eu for para um lugar onde não tenha Internet ou a conexão seja difícil e precária, é preciso deixar agendados os posts dos blogs, colocar as listas de discussão (quase 30!) em modo web, e enviar antecipadamente as colunas para o jornal.

Então, meu caro leitor, viajar para mim é sempre uma trabalheira; é por isso que só saio de casa se o roteiro me atrair com muita força. Como farei amanhã, indo em direção ao Cariri Paraibano. Mas os detalhes dessa viagem você vai ter que esperar até amanhã para saber.

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Pequenos crimes

Clotilde Tavares | 20 de outubro de 2009

Segundo a Wikipedia, a contravenção é “uma infração penal, designada de crime menor, punida com pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumuladamente.” E, continua dizendo que parace não haver diferença entre crime e contravenção, “pois o mesmo fato pode ser considerado crime ou contravenção pelo legislador, de acordo com a necessidade da prevenção social”.

Fazendo uma analogia com as drogas, quando se diz que as chamadas “drogas leves”, como a maconha, podem servir de porta de entrada para drogas mais perigosas, como a cocaína e o crack, eu também posso pensar que a contravenção, que é um crime leve, pode servir de porta de entrada para o crime maior, o crime grande. O camarada se acostuma a viver muito próximo do ilegal até que vai se acostumando e termina por cometer um delito de verdade.

E é fácil detectar esses pequenos crimes no dia-a-dia. Um cara passa sossegado com uma gaiola na mão. Dentro, um pássaro. Será que ele tem licença do Ibama para possuir aquele passarinho? E o outro que conserta, por exemplo, geladeiras e fogões e usa a calçada da casa como oficina de trabalho, de onde se espalha o cheiro dos produtos químicos e da tinta utilizada? Além disso, trabalha sem máscara, sem camisa e descalço, prejudicando a própria saúde e pondo em risco sua vida.

Pelo leito inclinado da rua, desce uma grande grande quantidade de água. Não está chovendo. É um morador da parte alta da rua trocando a água da piscina! A água que ele não quer mais, despeja na rua e ela desce em corredeiras porque o novo rico construiu a piscina mas esqueceu de providenciar uma forma adequada de esvaziá-la.

No corredor do prédio de apartamentos, a mãe manda o garotinho de cinco anos jogar bola com a empregada, por certo quando o guri está insuportável dentro de casa. É como se dissesse: vai ser insuportável no corredor, e aproveita e incomoda os vizinhos. E a madame entra com o cachorrinho poodle no restaurante e dá pedacinhos de comida na boca do bicho, como se ele fosse gente.

E assim caminha a Humanidade, de crime em crime, sem nem saber que é crime porque não tiveram educação em casa, porque as escolas são frágeis, porque as políticas que deviam cuidar disso são frágeis, porque não há como fiscalizar, porque não há como reclamar, porque o dinheiro que devia ser utilizado para dar sustentabilidade às políticas de prevenção some depressa no sorvedouro da corrupção, esta sim, um crime grande, mas que começa e se origina nos pequenos crimes de todo dia.

Contravenção é uma infração penal, designada de crime menor, punida com pena de prisão simples ou multa, ou ambas, alternativa ou cumuladamente.

Não existe na realidade uma diferença substancial entre crime e contravenção penal, pois o mesmo fato pode ser considerado crime ou contravenção pelo legislador, de acordo com a necessidade da prevenção social. Ex: no Brasil, o porte ilegal de armas já foi considerado contravenção penal, com o advento do estatuto do desarmamento hoje é considerado crime.

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Você é muito inteligente, superdotado ou gênio?

Clotilde Tavares | 19 de outubro de 2009

Você deve ter visto ontem no Fantástico uma reportagem sobre um garotinho muito pequeno, que é considerado um prodígio. O menino chama-se Oscar, tem dois anos e meio, é uma gracinha e a mãe diz que com um ano e meio ele já tinha um vocabulário de 600 palavras, o que eu considero realmente espetacular haja vista que muitos ceresumanos adultos que conheço não chegam a conhecer e usar 300 palavras.

A reportagem acrescenta que o menino foi levado à Mensa, que é uma organização que aplica testes de inteligência e foi constatdo que o QI do pequeno infante alcançava 160 pontos, coeficiente altíssimo e que seria igual ao de Einstein.

Deixando um pouco de lado o caso do pequeno Oscar, quero falar um pouco sobre a Mensa, uma sociedade fundada na Inglaterra em 1946, que tem hoje mais de 100.000 membros no mundo inteiro e cujo objetivo é congregar pessoas intelectualmente estimulantes e fomentar o convívio entre elas. Tem cerca de 700 membros no Brasil e para filiar-se é preciso ter QI alto, comprovado por entidades reconhecidas pela Mensa ou através de testes por ela aplicados.

Mas o que é ser uma pessoa “inteligente”? Os grupos de estudos e pesquisas discordam quanto a detalhes, mas, no geral, aceita-se uma classificação que envolve três categorias: muito inteligentes, superdotados e gênios. O “muito inteligente” é a pessoa que em um teste de QI reconhecido obtêm um resultado superior a 95% da população em geral, ou seja, dentro dos 5% superiores. A Mensa seleciona como sócios somente aqueles que estão nos 2% superiores.

Já o superdotado é aquela pessoa que apresenta desempenho notável, somado ou não a capacidade intelectual superior, aptidão acadêmica específica, pensamento criador ou produtivo, capacidade de liderança, talento especial para artes visuais, artes dramáticas e música e capacidade psicomotora. O superdotado é curioso, persistente, crítico de si mesmo e dos outros, tem senso de humor altamente desenvolvido, não se conforma com avaliações superficiais, é sensível a injustiças tanto no nível pessoal como no social, é líder e vê relações entre idéias aparentemente diversas, gosta de investigar, faz muitas perguntas, resolve problemas de forma original, é independente, imaginativo, cheio de idéias, e irrita-se com a rotina.

Quanto aos gênios, existem duas definições em disputa pelo termo. Uma delas diz que é possível medir quantitativamente a genialidade pela medição de QI, que estaria entre 180-190. A outra, mais qualitativa, define gênio como aquela pessoa que consiga elaborar raciocínios e inferências tais que, somados a uma intuição também muito acima do normal, lhe permitam não somente imaginar como também formular e realizar uma obra fundamentalmente original e reconhecidamente de alto valor.

Os membros da Mensa são todos muito inteligentes mas não são necessariamente superdotados ou gênios. Entre eles, encontrei o nome de Roger Rocha Moreira, guitarrista e fundador da Banda Ultraje a Rigor, o que mostra que, como eu sempre defendi, há muita vida inteligente no rock and roll.

Visitando esse site da Mensa, é possível acessar um setor onde há testes de inteligência para sua diversão. Em um deles você tem 25 minutos para responder a uma série de questões variadas, sendo o resultado avaliado tanto em termos de acerto quanto em termos de tempo gasto. Além disso, há os desafios em vários níveis, com questões que deixam você louco para largar o que está fazendo e se dedicar o resto do seu dia somente a resolvê-las.

Voltando ao pequeno Oscar, com seu QI de 160, a preocupação dos pais é porque o garoto se sente deslocado na escola, pois comenta e fala sobre coisas que os coleguinhas não entendem. Imediatamente me remeti à minha própria infância, onde sempre me senti uma outsider, uma estranha no ninho, completamente tomada pela síndrome Sheldon-Cooper. Lia muito, conhecia coisas que ninguém sabia o que era e incomodava demais os professores com perguntas que não sabiam ou não queriam responder.

Aos 16 anos, fiz um teste de QI que apresentou 148 pontos; meu pai, que gostava de novidades e que havia me inscrito para o teste, ficou vaidoso, satisfeito, mas isso não adiantou de nada para mim, pois era o ano de 1963 em Campina Grande, época e local que não abriam muitas possibilidades para uma menina filha de gente remediada como eu era, mesmo com esse QI apreciável.

Às vezes penso que a vida teria sido melhor e menos solitária se eu percebesse menos do mundo que me cerca, se compreendesse menos as coisas, se tudo não fosse tão claro; poderia me contentar com pequenos prazeres, com coisas mais simples, não seria tão seletiva e não exigiria tanto do mundo nem das pessoas. Mas essa foi a minha sina e eu tive e continuo tendo uma vida boa, afinal de contas. Gosto da forma como me localizo no mundo e continuo treinando minha mente, para ver se os tais pontos não diminuem muito sob o efeito poderoso dos anos.

Finalmente, recomendo a visita ao site da Mensa, que é muito interessante. Mesmo que você não seja superdotado nem nada, vale a pena a visita, para ler os artigos, navegar por alguns dos links recomendados e divertir-se com os desafios à sua inteligência. E habilidade mental é como qualquer outra: se exercitada, só tende a aumentar.

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Os gatos

Clotilde Tavares | 18 de outubro de 2009
Com Galileu. 1995.

Com Galileu. 1995.

Dizem os médicos que as pessoas que têm um bicho de estimação são menos propensas a uma série de doenças. Parece que a companhia do animal desperta nos humanos mecanismos de carinho, de afeto, de atenção, sobretudo naquelas pessoas muito solitárias, não importa a idade. O contato com o bicho, que se apega ao dono de uma forma amorosa e irrestrita, proporciona calma, tranquilidade e um canal para a expressão do afeto. Com isso, vem a saúde, ou pelo menos se evita ou retarda a doença.

Com Julio Braga III. 1999.

Com Julio Braga III. 1999.

Evidentemente, quando os médicos falam essas coisas, estão se referindo a animais tais como um cachorro, um peixinho, um pássaro. Nunca, porém, a um gato.

Os gatos não são animais de estimação. Pelo contrário: nós, humanos, é que somos propriedade desses felinos, que acham que os seres humanos foram criados para servi-los, alimentá-los, acariciá-los e alisar-lhes o pelo. Quer ver?

Zureiúdo. 1967.

Zureiúdo. 1967.

Quando você vai viajar, e coloca a mala em cima da cama para arrumar suas roupas, o gato aparece imediatamente se deita em cima do seu blazer preto de griffe. Para ele, você apenas arrumou aquele lugar para que ele se deitasse.

Compre um sofá novo e caríssimo, forrado com aquele tecido rugoso e tão alinhado. O gato logo entende que aquela textura foi fabricada apenas para que ele afiasse as preciosas unhas. E o patê de atum que você quer preparar para os seus convidados provavelmente será desviado para satisfazer a gulodice do bichano que, atraído pelo cheiro, lhe olhará com olhos suplicantes e ternos, sem um só miado, mas com um convencimento tão grande na expressão que é impossível resistir. Acomode-se na cama, na posição ideal para adormecer ou ler que ele chega, sorrateiro, quente e pesado, deitando-se sobre suas pernas e obstruindo sua circulação.

Teobaldo. 2008.

Teobaldo. 2008.

Não adianta ensinar-lhe gracinhas, como ao cachorro, ou ao papagaio. O gato é superior demais para prestar-se a esse papel. Também não é o melhor amigo do homem: é, sim, o melhor amigo dele mesmo. Orgulhoso, esnobe e delicado, amante amoroso e fera bravia, quando se entrega aos nossos carinhos não o faz por afeto a nós: antes permite que o acarinhemos, recebendo isso como um tributo que nós, humanos, lhe devemos.

Everaldo. 2001.

Everaldo. 2001.

Já pertenci a muitos gatos na minha vida, cada um deles com sua personalidade própria e especial, cheia de nuances. Nessa relação com os bichanos minha vida ganhou um novo significado e me lembro de uma ocasião em que um leitor me ligou uma noite e leu ao telefone um poema que ele fez – adivinhe para quem? Para meu dois gatos, caro leitor, e não para mim, como você talvez tivesse imaginado.

Finalmente, antes que os proprietários de cachorros saiam aflitos em defesa dos seus bichos, dizendo-os mais especiais do que os gatos, respondo com uma simples pergunta. Quando você chama um homem de “cachorro”, você quer dizer o que? E quando o chama de “gato”, qual é o significado? Responda, se for capaz.

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Sapatos: um fetiche

Clotilde Tavares | 17 de outubro de 2009

Toda vez que vejo um desfile de modas na TV, ou quando assisto à série America’s Next Top Model, fico fascinada pelos sapatos com saltos altíssimos que as meninas usam.

O sapato, principalmente o de salto alto, é carregado de forte conteúdo erótico e tem gente que é doida por eles. Basta lembrar a personagem Carrie Bradshaw, na série “Sex and the City”. Eu também sou doida por sapatos, tema do post de hoje.

Jimmy Choo – um clássico!

Christian Loub0utin: uma jóia, com seu tradicional solado vermelho.

Yves Saint Laurent: ahhhhhhhhhhhhhh… A propósito, há uma frase dele que eu adoro. Ele diz: : “A roupa mais bonita de uma mulher são os braços do homem que ela ama. Para as que nao têm esta felicidade, eu estou aqui.”

O tênis mais bonito do mundo, que pertence à Rainha Denize – aqui.

Achei aqui.

Seriam os sapatinhos de cristal da Cinderela? Tem mais aqui.

Ai meu Deus! E o tênis-hamburger? Veja mais aqui.

Os MEUS sapatinhos, baixos e de pulseirinha!

E finalmente um clássico: These Boots Are Made For Walking, com Nancy Sinatra, que pisou em cima de muito marmanjo fetichista dos anos 60 para cá.

http://www.youtube.com/watch?v=yRkovnss7sg

A minha sobrinha Gina Gomes me deu a ideia deste post. Era para sair outra coisa, um post somente sobre sapatos bizarros, mas me deixei levar pela paixão das grandes marcas e terminou saindo isso daí.

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Sem água e sem luz

Clotilde Tavares | 16 de outubro de 2009

Hoje o dia começou estranho por aqui, pois houve uma pane elétrica no bairro; a energia faltou às quatro da manhã e só veio chegar agora às onze. No prédio, antigo e precário, a bomba que eleva a água para a caixa não funcionou – pois faltava energia – e mais ou menos às nove da manhã acabou a água.

Eu acordei morta de calor – o ar condicionado sem funcionar – e, sem poder blogar, twittar, ler e-mails, tomar banho, cozinhar (sem água – fica difícil) e com preguiça de descer os quatro andares (sem elevador) para ir a um lugar qualquer onde o mundo funcionasse, fiquei simplesmente na varanda, curtindo a brisa da manhã e lendo. Não que eu não faça isso todo dia – faço, mas depois de cumprir as outras obrigações, todas elas ligadas a um fornecimento normal de água e energia elétrica.

Então é curioso como o mundo estaciona quando não existem esses dois serviços mais do que básicos. Quando a gente vê na televisão aquelas notícias de catástrofes e desastres naturais, onde as pessoas ficam sem água e sem luz a gente não tem idéia do que é isso. É difícil ficar sem as duas coisas ao mesmo tempo e eu fico cá comigo pensando o transtorno que deve ser isso não para mim, que não tenho obrigações de trabalho com horário fixo, vivo por minha conta e tenho saúde, mas o que deve ser ficar sem água e sem luz para a imensa massa de pessoas que precisam levantar na hora, fazer café, tomar banho, descer de elevador e tudo o mais? E quem tem crianças, ou gente doente em casa? Pois é, meu caro leitor. Por isso não reclamo, nem reclame de mim por só estar blogando a essa hora, uma vez que logo cedo, todo dia, estou aqui com esse pão-de-cada-dia em forma de texto para lhe oferecer.

Você, que acordou, tomou banho, ligou secador de cabelo ou barbeador elétrico, fez café na sua cafeteira, ligou microondas, viu seus e-mails, desceu de elevador e abriu o portão eletrônico com o controle, não reclame de mim: hoje você, sem sombra de dúvida, teve muito, muito mais do que eu.

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Dia do professor

Clotilde Tavares | 15 de outubro de 2009
Dando aula. 1999.

Dando aula. 1999.

De todas as coisas que faço e fiz na vida, e eu garanto que são muitas, talvez a que goste mais de fazer seja ensinar. Ensinar, dar aulas, para mim, é uma das atividades mais importantes a que uma pessoa pode se dedicar. Não é simplesmente ensinar uma técnica, ou passar um conhecimento qualquer. Para mim ensinar é compartilhar experiências. Esse processo é uma coisa tão rica, tão fermentadora de novas idéias, de novas visões, de novos e maravilhosos insights, nos arremessando sempre a um nível mais elevado de existência, que não compreendo como é que ainda não existe a terapia do ensino.

Para mim, a sala de aula sempre funcionou como uma experiência quase transcendental de relação com o outro, de comunhão através das idéias. Por mais chateada, doente, ou estressada que estivesse, ao entrar na sala de aula sempre experimentei uma grande felicidade, e essa é uma das grandes perdas que eu tive com a aposentadoria. Procuro contrabalançá-la dando palestras aqui e ali, me comunicando com os jovens, mantendo viva a cpacidade de aprender/ensinar.

Palestra. 2007.

Palestra. 2007.

Como professora que fui/sou desde a minha juventude, penso que ninguém ensina nada a ninguém. As pessoas aprendem quando estão motivadas para isso e acho que essa é a verdadeira função do professor: motivar seus alunos a experimentarem a aventura do conhecimento. Eu gostava de dizer que meu objetivo como professora era “plugar” o meu aluno no Universo, coisa que a maioria não consegue fazer sozinho. Quando eu conseguia com que ele “se ligasse”, o trabalho estava feito, e daí em diante era só orientar a leitura, compartilhar experiências e conhecimentos, e ver o milagre daquela mente jovem descobrindo o Mundo.

Com alunos. 2006

Com alunos. 2006

Sempre tive dedicação integral aos meus alunos. Sempre acreditei que, como o professor de natação, qualquer professor não pode ficar na borda da piscina: tem que cair na água junto com o discípulo, e sempre estar disponível quando ele precisar. Aqueles que foram meus alunos e que lêem essas linhas sabem o que estou dizendo e é com prazer que os encontro no cotidiano, aqui e ali, já profissionais, e fico feliz de saber que contribuí para a construção daquele ser humano tão especial.

Como falei no início, ensinar é uma coisa tão rica e tão excitante que não sei como os médicos ainda não inventaram a terapia do ensino. Está estressado, doente, entediado, ansioso, angustiado? Dedique-se a ensinar a alguém qualquer coisa que você saiba fazer, qualquer conhecimento que você domine. Seja lá o que for, compartilhe com alguém. Garanto que você vai se sentir muito melhor.

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A música das manhãs

Clotilde Tavares | 14 de outubro de 2009

Acordei com a obrigação de enviar a minha coluna para o jornal, mas sem saber direito o que ia escrever. Em busca de inspiração, liguei a TV e o canal que estava sintonizado era um daqueles que passam filmes antigos. Em preto e branco, um musical daqueles em que os homens usam paletós com ombreiras largas e os vestidos das mulheres têm saias rodadas; os personagens estão conversando e de repente começam a cantar como se fosse a coisa mais natural do mundo – e é, nesses filmes.Uma das canções era “A música das manhãs”, onde o personagem, entregando leite de porta em porta, canta os sons matinais da cidade.

O caso é que acordamos sempre atrasados, correndo para o trabalho, tendo de deixar antes as crianças na escola, além de outras obrigações e terminamos por ficar surdo ao mundo que, junto conosco, desperta à nossa volta. Acredite, meu caro leitor, que é possível distinguir entre o ruído dos carros nas avenidas apinhadas, o cantar dos passarinhos e o rumor do vento nas folhas das árvores. Para mim, que não saio de casa de manhã, a música da manhã tem os bem-te-vis cantando e o vento na palmeira em frente à minha janela; como uma grande avenida está a menos de trinta metros, carros e ônibus se juntam à sinfonia, encarregados dos tons graves. Uma moto acelera na esquina, e a campainha do colégio no outro quarteirão chega aos meus ouvidos.

chaleira_vaca-709205Dentro do prédio, os pedreiros já começaram o trabalho no apartamento do final do corredor; ao longe, ouço o ruído surdo da porta do elevador quando alguém a deixa bater, e o portão eletrônico de saída dos carros toca sua rumba rascante, rolando sobre o trilho. Um flautim agudíssmo sobrepõe-se a tudo: é o apito da chaleira avisando que a água está pronta para ser despejada sobre o pó do café, já pronto sobre a garrafa, e o tlim-tlim do forno de microondas me diz que o pão está quentinho e o queijo deliciosamente derretido.

Uma voz forte de homem predomina agora: é o vigia do prédio em frente, falando com alguém; um cão late; e o ventilador, já velho, com defeito e ligado a esta hora, marca o tempo com seu estacato seco e duro, pois mesmo cedo o calor já é grande.

Esta é a música das manhãs, e este concerto de sons me traz a certeza de vida. Ouço, logo existo, e existo feliz nesse mundo variado, bom de viver, porque é o único mundo que conheço. Para completar, o recado de mais uma canção do filme, ingênuo e tolo, mas que me deu o assunto de hoje: “Entregue-se a esse gigante gentil chamado Amor… “

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Cappela degli Scrovegni

Clotilde Tavares | 13 de outubro de 2009

Existe na Itália, na cidade de Pádua, uma pequena capela decorada com pinturas de temática religiosa que é uma das obras primas da Humanidade. É a Cappella degli Scrovegni, trabalho sem igual da pintura do século XIV, ou “Trecento” italiano, realizado por Giotto e considerado o ciclo mais completo de afrescos realizado pelo grande mestre toscano na sua maturidade.

Tais pinturas exerceram uma influência marcante em todo o desenvolvimento da arte pictórica não somente na Itália mas também em outros países da Europa pela cor, pela luz, pela inovação da representação em perspectiva e pelos sentimentos que despertam em quem contempla essas cenas sagradas.

Foi construída pelo rico banqueiro italiano Enrico Scrovegni em 1303, anexo ao palácio da família, com a intenção de salvar das chamas do inferno o seu pai, um agiota, morto há pouco tempo. Nessa época, Giotto já era um artista célebre: havia trabalhdo para o papa na Basílica de São Francisco em Assis, em São João de Latrão em Roma, e em Pádua na Basílica de Santo Antonio e no Palácio Comunal. Ao encomendar a obra, o banqueiro pediu a Giotto para representar uma sequência de histórias do Velho e do Novo Testamento, culminando com a morte e a ressurreição do Filho de Deus e o Juízo Final, com o objetivo de levar os visitantes que penetravam na capela a meditarem sobre o sacrifício de Cristo para salvar a Humanidade.

Concluído em apenas dois anos, o ciclo pictórico da capela é dividido em três temas principais: os episódios da vida de Joaquim e Ana (pais da Virgem Maria) e os acontecimentos da vida e morte de Cristo. Além disso, há ainda uma série de pinturas que ilustram alegoricamente os Vícios e as Virtudes, culminando com a representação do Juízo Final.

No século 19 o patrimônio foi abandonado e começou a se deteriorar. As pinturas se esfarelavam e se transformavam em pó, correndo risco de destruição total. A Prefeitura da cidade de Pádua interveio e tombou a construção, mas as restaurações realizadas não obtiveram êxito. Finalmente, as modernas tecnologias mobilizadas conseguiram, no ínício do ano 2000, estabilizar o monumento, impedir a deterioração e, em seguida, realizar a restauração.

Atualmente, a Cappella degli Scrovegni está restaurada com suas vívidas cores originais e aberta à visitação pública, mas de uma forma muito especial: quem quiser visitá-la precisa agendar essa visita com antecedência, e são permitidos apenas 25 visitantes de cada vez no seu interior. Antes de entrar no recinto da capela propriamente dita, a pessoa deve permanecer por 15 minutos numa sala especial para estabilização do microclima interno; somente então pode ser admitido no recinto da capela propriamente dita, onde não pode permanecer mais de 15 minutos.

Fora isso, o visitante pode ter acesso a uma sala multimídia onde, através de vários instrumentos de informação – videos, imagens, reconstrução virtual – toma conhecimento detalhado das pinturas, do trabalho de Giotto e do contexto no qual ele produziu suas obras. O preço da visita é de 12 Euros e é possível agendar através do site oficial do monumento.

Quando vejo essas coisas, além da paixão que me move pela Arte daquele período, vem imediatamente à minha lembrança o costume do nosso público de entrar nos teatros, muitas vezes seculares, portando refrigerantes e salgadinhos, ou de reclamarem quando em outros locais se proíbe a etnrrada com qualquer tipo de alimento. Retornam à minha mente cenas que já vi, de pessoas esfregando o dedo em quadros expostos em museus, colocando os pés em cima das cadeiras nos teatros, vandalizando, destruindo, contaminando, uns por ignorância e falta de educação, outros pelo prazer de destruir.

Ainda estamos muito distantes dos visitantes da capela italiana, que se submetem a ficar durante quinze minutos trancados em uma sala climatizada com a finalidade de equilibrarem a temperatura de seus corpos para que a umidade gerada não danifique as obras de arte!

Penso que a nossa caminhada na construção de um comportamento civilizado é muito longa ainda, meu caro leitor, mas tenho esperança de que um dia chegaremos lá.

Aproveite e veja o video sobre a Capela.


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As crianças da minha vida

Clotilde Tavares | 12 de outubro de 2009

Tenho dois netos, Marcelo e Isabela. Só Marcelo é criança ainda, com 10 anos, sendo Isabela já uma mocinha de quase 15. Fora Marcelo, há ainda outras crianças importantes na minha vida. Minha sobrinha-neta Maria Luísa, de 1 ano e 2 meses, a quem chamo do “Botãozinho-de-Rosa” e sua irmãzinha de 4 anos, Maria Eduarda. Há ainda “o pequeno João“, de 2 anos e meio, também meu sobrinho-neto, para quem eu sou a “Titia-Grande”. Além dessas crianças, que são ligadas a mim pelo sangue, há outras duas, que se ligaram ao meu coração com laços igualmente poderosos: os do afeto e da amizade. São eles meu afilhado Vinicius, de 10 anos, e Ilana (“Ilaninha”), sua irmã de 8 anos. São filhos dos meus queridos amigos Carlos e Ilana von Sohsten.

Não sou jeitosa com crianças. Não tenho paciência, não sei brincar, não sei lidar com essas criaturas tao especiais e tão diferentes de mim. Mas amo profundamente as crianças da minha vida e através deles as crianças do mundo todo. Quando Vinicius tinha oito meses, escrevi para ele um texto que publiquei na Tribuna do Norte-RN; em 2008, novamente dediquei o mesmo texto a Maria Luísa, quando do seu nascimento. Já quando meus netos nasceram eu fiquei tão abestalhada que não consegui escrever nada. Hoje, quero aqui dedicar a todas as crianças do mundo o mesmo texto que escrevi para Vinicius há dez anos.


Você ainda não sabe ler, pequeno Vinicius, mas hoje eu estou escrevendo para você. Você é tão novinho, nos seus oito meses de vida que além de não saber ler também não sabe sequer o que é um jornal. A televisão, para você, também é apenas um objeto colorido e brilhante que lhe chama atenção mais pelo movimento e pelo som do que pelas imagens propriamente ditas.

Mas não demora muito e você devagarinho vai começar a compreender o mundo, a interpretar as imagens da TV e a entender o que dizem os jornais. Talvez então você se surpreenda com as notícias que a mídia derrama diariamente sobre nós. Confesso, pequeno Vinicius, que muitas vezes preferiria viver num lugar onde não houvesse jornal ou TV para não ver coisas que me deixam assim meio desorientada em relação ao nosso Destino: o meu, o seu, o da Humanidade.

Ultimamente, vimos as notícias estarrecedoras de políticos de várias partes do país envolvidos com o narcotráfico, corrupção e assassinatos. Assistimos boquiabertos à violência do cotidiano, onde as pessoas perdem o controle e voam em cima dos outros para matar por qualquer motivo fútil. Vemos a intolerância, o preconceito, a homofobia, a falta de amor, tudo isso, pipocando na tela na nossa frente, nos deixando muitas vezes temerosos até de sair de casa para comprar o pão na padaria da esquina.

Mas é exatamente por causa de todas essas tragédias que estou mandando este recado para você. O recado, Vinicius, diz apenas o seguinte: o mundo tem jeito. Sabe por que? Porque enquanto todas essas desgraças estão acontecendo, muita coisa boa também acontece. Enquanto a violência corre solta, a corrupção mina a vida política e a crueldade aciona o gatilho dos revólveres, cientistas e pesquisadores trabalham sem descanso para descobrir a cura de doenças, pessoas de bom coração se dedicam a ajudar aqueles que precisam e ecologistas estão vigilantes na defesa do Meio Ambiente.

Enquanto a mídia aumenta seus níveis de audiência graças à exploração da notícia ruim, da desgraça, do flash violento, a Internet aproxima pessoas que conversam, estudam, pesquisa, trocam informações, namoram, praticam a democracia e exercem sua cidadania.

Enquanto bandidos com ou sem gravata se organizam em quadrilhas para matar, seqüestrar e roubar, gente de bem se congrega em organizações e entidades para a promoção dos valores humanos, para a arte, a cultura, a educação.

O mundo tem jeito sim, Vinicius, enquanto a Esperança, de quem você e todas as crianças são o símbolo vivo e amoroso, banhar o coração dos homens. Mesmo diante da morte, da violência, da brutalidade e da injustiça, a Esperança brilha como farol a nos dar alento. Eu, que sou sua orgulhosa madrinha, ainda espero viver bastante para lhe ver desfrutando de um mundo de Paz e Harmonia, como você e todas as crianças merecem.

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